sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Imparcial?

É sabido que o Opinião defende a tese de que não existe jornalismo imparcial. Mesmo assim, caminhando para seus 3 anos de existência, jamais fizemos propaganda formal de candidatos em nossas páginas e é por isso que - prevendo a surpresa de nossos leitores - redigimos este breve introito: serve o mesmo para apresentar dois candidatos á vereador por Cabo Frio, cujas qualidades acompanhei e confirmei pessoalmente ao longo de vários anos de convivência.
São eles Emanoel Fernandes e Lulacal.
Conheço Emanoel desde os idos de 2006 quando eu ainda trabalhava na rádio Ondas FM e o acompanhava em seu cargo de Vice-presidente da Câmara de Vereadores. Tenho a certeza, pelo que ví pessoalmente, que trata-se de pessoa honesta, um dos raros que ainda tem ideais e sonhos para esta cidade.
Lulacal, o outro amigo, é velho companheiro de reportagens e daquelas enrascadas que só os jornalistas conseguem se meter. Me salvou de muitas delas e talvez este seja seu traço de caráter mais marcante: Lula é um sujeito que não deixa seus amigos ao mar. Estende a mão e faz tudo o que pode para ajudar.
Abaixo, as propagandas dos amigos - e o aval deste jornal sobre ambos, certamente merecedores de seu voto.

Obs: como na propaganda de Emanoel Fernandes não há nada escrito sobre ele, reproduzo breve resenha extraída de sua página em rede social:

Niteroiense nascido em 09/08/73, casado com Cristiane Fernandes e pai de três filhos, EMANOEL FERNANDES escolheu Cabo Frio para viver, sendo muito bem acolhido pelo povo que conquistou de vez seu coração. Filho de Emanoel Fernandes e Vera Maria Freire, foi à luta armado apenas de ousadia e dedicação para crescer na região. Foi Assessor Parlamentar do Legislativo Cabofriense e, em seguida, implementou relevantes ações sociais com o “Projeto Educarte”, um sonho que foi materializado com muita luta e que se transformou, oito anos depois, no “Instituto Social Educarte”. O objetivo do Instituto é dos mais significativos: Oportunidades aos cidadãos e alfabetização de adultos e idosos. Apaixonou-se pela atividade política nas funções administrativas que exerceu,ingressou no PSC em 1999 e no ano seguinte conquistou uma das cadeiras de Agente Administrativo. Em sua gestão pautou sua atuação no desenvolvimento efetivo das grandes questões sociais. Transformou o “Instituto Social Educarte” e o “Lar Esperança” em utilidade pública pelos relevantes serviços prestados a sociedade. Criou Leis como: A obrigatoriedade de guarda vidas em todas as embarcações turísticas em Cabo Frio; Criação do Conselho Tutelar do Idoso que colocou Cabo Frio como a única cidade do Brasil a ter um conselho específico a cuidar da tutela da terceira idade; Criou o Projeto de Resolução “Disque Melhor Idade” pelo telefone 0800 20611 para sanar problemas de maus tratos; criou a Comissão de Despoluição da Laguna de Araruama, uma vez que é, sem sombra de dúvidas, nossa maior riqueza natural, entre outras Leis de suma importância para a população. EMANOEL FERNANDES também é autor dos Projetos de Lei de criação da “Semana do Aleitamento Materno”, da “Semana da Ecologia”, o “Dia do Gari” – quem faz verdadeiramente Cabo Frio ostentar o título de “Cidade mais limpa do Brasil”; Fez indicações como a de implantação da “Academia Popular”, de pavimentação de diversas ruas no 1º e 2º Distritos de Cabo Frio, entre tantas outras. Também atuou para instalação de postos de saúde, escolas, praças, distribuição de correspondências em bairros extremamente carentes, água potável e muito mais. Pelo seu posicionamento forte e sempre voltado para as questões sociais e de extrema fidelidade à comunidade e a seus pares, chegou à vice-presidência da Câmara Municipal de Cabo Frio, quando obteve 15 dos 16 votos válidos, o que lhe credenciou também a ocupação da presidência em exercício do Legislativo. Foi líder da bancada do PSC, partido ao qual é filiado desde 1999, uma mostra clara da sua fidelidade e de compromisso partidário e com a mesma intensidade junto ao povo. Assumiu a Presidência do Partido Social Cristão onde demonstrou sabedoria em alavancar o PSC ao posto de segundo Partido do estado do RJ.


POR AMOR A CABO FRIO


Estamos a alguns poucos dias do pleito que irá decidir os rumos que Cabo Frio seguirá nos próximos 4 anos. O que queremos? A continuação de tudo que presenciamos neste octoênio perdido ou a troca, a renovação, o novo em termos de tudo aquilo que se propõe para o nosso município? Nos meios universitários já se compara este período de 8 anos de estagnação de Cabo Frio à famosa década perdida, termo que caracterizou a estagnação econômica vivida pela América Latina na década de 80.
Não é necessário irmos longe. Basta que façamos uma rápida pesquisa nos indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, não precisamos enveredar pelos números e pelas técnicas estatísticas. O rei está nu! Vamos dar uma volta por Cabo Frio: hospitais sucateados, sem médicos, sem enfermeiros, sem auxiliares de enfermagem, sem remédios, verdadeiras catedrais do horror! Ensino de baixa qualidade, com profissionais necessitando reciclagem, falta de creches, filas, preparo inadequado de alunos, o que remete analfabetos funcionais para as universidades e por aí vai! Se fossemos listar todas as mazelas preencheríamos algumas laudas.
De um lado, temos um candidato que se propôs a jogar fora o seu passado e se aliar com poderosos a fim de realizar um projeto pessoal. Fez um percurso maldito: como suplente de deputado estadual em exercício se destacou pelo apoio a grupos de interesses, votando com prejuízo para os bombeiros, policiais, profissionais da saúde, professores e, pasmem, como candidato recebe apoio – alguns dizem que um pouco constrangido (ou não!) – de uma prefeitura incompetente, rejeitada pela maioria dos cidadãos e promotora da falência de nosso município, além de suporte de toda ordem de um governo estadual abalado por gravíssimos escândalos É este grupo que almeja seqüestrar a cidade de Cabo Frio..
Quanto a isso, é interessante comentar a tese desposada pelo economista Pedro Nascimento quando, em emblemático artigo, demonstra que a cidade não faliu totalmente nos últimos 8 anos (2005/2012), em função dos 8 anos anteriores (1998/2004). Resumindo: A revolução urbana realizada por Alair Corrêa em seu último mandato foi de tal ordem que seus efeitos ainda se fazem sentir até hoje! Em suas palavras: “... a herança que recebeu (MM) foi tão grande que ele pôde optar por não trabalhar durante 8 anos, para dizer o mínimo. Porém, quem o suceder receberá de herança nada além de problemas e terá de trabalhar dobrado para compensar pelos seus 8 anos de absoluta paralisia”.
Ao longo desse período de propostas, Alair esmiuçou todo o seu Plano de Governo, deixando bem claro para Cabo Frio quais são seus projetos para a educação, saúde, turismo, cultura, habitacional, trânsito, fiscalização e posturas, segurança, esporte, lazer, inclusão social e dignidade do cidadão. Enquanto isso, na falta do que comentar sobre seus planos de governo, alguns pseudoespecialistas do adversário ficam entregues a exercícios simbólicos da numerologia da campanha ou a interpretações semânticas de palavras e frases, numa lógica que beira as raias da insanidade. Já outros, de menor valor, partem para o deboche, a grosseria, a agressão e a mentira
Aliás, Alair não precisa demonstrar a sua capacidade laboral, já por todos bem conhecida, que, associada à sua invejável disposição física, sobejamente demonstrada nesta campanha em longas caminhadas com sol a pino, pedaladas e comícios, visitações, reuniões de trabalho que, muitas vezes, varam as madrugadas, deixam alguns companheiros com a língua de fora, incluindo quem lhes escreve... Porém, o mais importante de tudo é, em primeiro lugar, o seu amor por Cabo Frio e, depois, a sua vontade firme e inabalável de fazer um governo para a história!
Se somarmos a tudo isso o seu conhecimento de gestão pública, sua experiência e seu idealismo, podemos ter certeza de que ele superará em muito o que já fez de bom para Cabo Frio e fará melhor!
Não podemos deixar de registrar que nesta fase final da campanha há certo destempero do candidato da máquina administrativa estadual e municipal, quiçá um furor ressentido, pois toda a trama urdida nos subterrâneos fétidos do poder foi em vão! Isso fica bem evidente em suas propagandas e no exibicionismo e extravagância histérica de suas penas de aluguel, em que exegetas políticos de poucas luzes despejam seus ressentimentos e fracassos recorrentes numa tentativa desesperada de atingir o inalcançável, a terceira margem do rio ...
E o mais curioso é que as últimas atitudes “a la Corleone” deste bizarro grupo surtiram o efeito oposto ao que eles esperavam. Isto só vem a confirmar que o povo de nossa cidade não suporta mais essas tentativas de estupro à dama de olhos vendados!
Mas, o mais importante é que nesse momento é preciso tomar muito cuidado e trabalhar intensamente para evitar o acontecido em passado recente. Cada cidadão cabo-friense deve se tornar um fiscal da democracia. É preciso que no dia 7 de outubro cada cidadão fiscalize e denuncie abusos, tentativa de compra de votos, eleitores fantasmas ou votando com outro título, adulterações, enfim qualquer tipo de crime eleitoral. Desta forma, poderemos exercer o voto livre, sem coação, que é o objetivo maior de qualquer sistema democrático.
Enfim, tudo está nas mãos do povo cabo-friense – o verdadeiro detentor do poder! 

Alberto Corrêa e Castro Neto





Salvo bruxaria, Alair já é prefeito!

O que se acabou de ver no debate promovido pela Inter TV, afiliada local da Rede Globo, foi a confissão implícita de derrota, por parte do candidato Jânio Mendes.
O mesmo, em sua primeira pergunta a Alair, disparou: “ - O que o senhor fará, como prefeito...”, ao invés de usar a adequada suposição “faria”.
Nem quero falar sobre o constrangimento de Jânio diante da observação que Alair fez do discurso do candidato de Marquinho, no qual Jânio insinua que “tudo o que se precisa para governar é o apoio (puxar o saco – nota do editor) dos governos Estadual e Federal.
Alair não teve meias medidas e foi direto ao talo, em sua réplica: “não é nenhum favor do Governador ou do Presidente; a Constituição MANDA o apoio aos municípios”.
Vexaminoso, e por isso prefiro ater-me a aspectos mais subjetivos do debate.
O sucessor que nega seu apoiador, Jânio “Hamlet” Mendes, definitivamente não é mais o mesmo que conheci há mais de seis anos atrás, na Câmara de Vereadores. Maneiroso, sorridente, ares desconfortavelmente íntimos de mim, telespectador, comportou-se como um apresentador de programas de auditório. Escorregadio, não deu uma só resposta objetiva ao que foi perguntado pelos outros dois candidatos, além de ter abandonado a gravidade e circunspecção que sempre foram características suas – talvez, por influência de seus novos “amigos”, seja esta a versão Jânio Paz e Amor replicada do inefável Lulla Lá. A bem da verdade, senti-me invadido por tamanha e não autorizada intimidade.
Perdulário, sequer soube tirar proveito de seu inegável dom para a oratória, de sua boa voz e melhor dicção em prol de uma persuasão convincente através de respostas concretas: tal como um bagre ensaboado, sorria quase cúmplice para o telespectador. De tal forma foi desagradável esta versão de animador de auditório que custei a acreditar que o debate se encerrou e Jânio não piscou – brejeiro – para mim!
Restou comprovado, após o debate, que a perspectiva de poder é moeda suficiente para que uns e outros se julguem pagos por atirarem na lama uma reputação, coerência e carreira construída ao longo de mais de uma década. E o que mais doerá ao candidato Jânio será constatar, após as eleições e a embriaguez da possibilidade do poder, que ele saiu menor – muito menor do que a desventura genética que o fez ficar na ponta dos pés para alcançar o púlpito dos debates. Jânio sairá anão em estatura moral.
Resta saber se este súbito amor entre Marquinho e Jânio, os Mendes, sobreviverá ao 7 de outubro.
Eu aposto que não.
Cláudio Leitão, a bem da verdade, não pode mais ser considerado como “uma grata surpresa”: já a um bom tempo o moço vem ganhando destaque no cenário político local com sua coerência e contundência em suas críticas e propostas.
É um novato na política, quase ingênuo – se me permitem o paradoxo – e com muita estrada pela frente. Se um dia conseguir se livrar da tola utopia socialista que ainda insiste em carregar como bandeira, poderá realmente ser uma alternativa viável para a Prefeitura – desde que se dê ao rapaz mais uns dez anos para aprender e amadurecer.
Visivelmente o mais natural e à vontade dos três – sem a intimidade inconveniente e teatral de Jânio e a paúra televisiva de Alair – exibiu corretamente, de forma ponderada e leve, as suas propostas e críticas. Bem articulado, bom no discurso e voz vagamente professoral, teve como único inconveniente suas mãos, quase italianas, a disputar as câmeras com o rosto do candidato.
E é justamente o dom da fala – presente em ambos – que faltou em Alair mas consagrou sua vitória neste debate. Rouco, jeito de operário que, por respeito a seu Deus, obrigou-se a vestir um terno e ir à igreja após um dia inteiro de suor e trabalho duro, o veterano e virtual prefeito de Cabo Frio mostrou exatamente o que o povo quer de volta nesta cidade: pouca conversa e muito trabalho, mas trabalho de macho, coisa de calejar as mãos, acordar as cinco da manhã e ir fiscalizar obra.
Alair deu ao eleitor neste debate o conforto da esperança em dias melhores, a segurança de saber que teremos na prefeitura não um animador de auditório ou um bom moço, mas um chefe de família responsável e trabalhador, que estará de pé enquanto todos dormem, para garantir que a cidade funcione para nós.
Bendita rouquidão de Alair. Ela é a mais perfeita tradução da doação extrema de um homem pela sua cidade, por seu povo.
E será pelas mãos calejadas deste homem, pela sua voz desgastada nos chamando ao dever, que teremos novamente nossa Cabo Frio de volta ao lugar que – por inação e descaso dos que apoiam Jânio – jamais deveria ter saído: o lugar de “Capital da Região dos Lagos”.

NOTA: no jornal RJ TV da InterTV, desta quinta feira, apareceram os três candidatos. Leitão, falando para a câmera sozinho, Jânio depondo diante de uma razoável quantidade de seguidores e Alair, carregado nos braços de uma multidão tal que nem mesmo sei onde foi o comício ou seja lá o que aconteceu.
Está explicada a rouquidão do homem.

Walter Biancardine

quinta-feira, 4 de outubro de 2012



A triste figura de um Sinistro do Supremo

Pior que um rábula, só um com pouca inteligência e que igualmente não acredite na inteligência alheia – pois como ele mesmo – Ricardo Lewandowiski, Sinistro do Supremo e mais conhecido como Tio Funéreo – afirma, só “acredita no que vê, e não em Papai Noel”.
Afirma o mesmo que a “teoria do domínio do fato” só seria plausível diante de situações de guerra ou graves perturbações internas – e arrota, arrogante, seus conhecimentos em um alemão falado nas docas.
Esta teoria surgiu na Alemanha, no final da década de 30, e foi atualizada – e não criada, como afirmou Tio Funéreo – depois por Claus Roxin na década de 60. O alemão Welzel a pariu, em 1939, e nunca sofreu qualquer contestação teórica de Roxin, ainda que o Sinistro do Supremo não o saiba. A teoria foi aperfeiçoada para assegurar a punição dos chefes das tropas de Hitler e, anos depois, dos oficiais envolvidos no assassinato de fugitivos do Muro de Berlim.
Pelas leis comuns, só os soldados, que estavam na linha de frente e atiravam contra os fugitivos, eram passíveis de condenação. A teoria do domínio do fato permitiria a responsabilização criminal de coronéis e oficiais que, mesmo não estando no front, tinham o poder de impedir os crimes com uma simples ordem aos soldados de plantão.
Logo depois, a teoria começou a ser usada para punir chefes das máfias italianas e outras organizações criminosas, sob a mesma lógica. Os chefes quase nunca deixam digitais nos crimes cometidos pela base das quadrilhas – ou, como diz a Ministra Rosa Weber, “o corrupto não emite recibo de sua corrupção”.
Em seu voto, após o Sinistro Lewandowiski citar a historieta acima, a Ministra sustentou que “nos crimes de guerra punem-se, em geral, os generais estrategistas, que desde seus gabinetes planejam os ataques, e não os simples soldados que os executam”. Rosa Weber fazia referência à ideia central da teoria, que prevê a responsabilização criminal do chefe de uma organização, mesmo que ele não apareça na cena do crime. É o que os alemães chamam de “o autor por detrás do autor”, e é o que Dirceu e seus capachos mais temem, em seus pesadelos atrozes.

Mensalão é um atentado a República e ao regime democrático

Ainda assim, e sem sentir nenhum resquício de vergonha, o Sinistro Revisor ameaçou os colegas, dizendo que seriam gravíssimas as consequências se, não obstante, votassem a existência da compra de votos, já que a reforma da previdência – entre outros – teria sido fraudada. Ora, ninguém contestou o Excelentíssimo para perguntar se estas mesmas consequências “gravíssimas” já não seriam razões suficientes – consoante com sua peculiar interpretação da teoria acima – para considerar o mensalão como um atentado à República e, por conseguinte, uma grave perturbação interna?
Pois Funéreo não se satisfez: no afã de exibir um suposto conhecimento jurídico e agradar seus donos – Dirceu e Lula – ignorou provas – alegando que o que não está nos autos não está no mundo, e valeu-se de impressões pessoais sobre o “caráter” de acusados, em uma clara contradição do que ele próprio dizia. Precipitou-se explicitamente na escravidão, entretanto, quando atacou o Ministério Público de maneira desrespeitosa e agressiva, debochando inclusive da doutrina defendida pelos pares, nos votos anteriores.
O magistrado vota com a sua consciência, espelhada em seu voto. Foi a abominável e indisfarçada distorção de fatos, conceitos e escolas acadêmicas que mostrou um Ministro do Supremo abandonando seu elevado posto e descendo, célere, para ombrear-se aos piores rábulas, defensores de porta de xadrez. O Sinistro do Supremo mostrou, para quem quisesse ver, que não passava de um advogado de defesa, e da pior extração.

Livrando a cara do chefe a qualquer custo

Funéreo insiste em absolver réus com base na teoria de que não houve compra de votos. Ora, como pode ele então ter condenado Marcos Valério e outros, por corrupção?
Insiste o Sinistro do Supremo em fincar pé no desmerecimento da prova testemunhal – que ao meu ver é a mais importante, posto que baseada na mesma presunção de inocência (e boa fé) do testemunho, presunção que Funério apenas invoca quando favorece Dirceuzinho – mas ao mesmo tempo invoca miríades de testemunhos, considerados “valiosíssimos” por ele, para exaltar a inocência de seu cliente, José Dirceu.
A verdade é que o relator baseou grande parte de seu voto em depoimentos de aliados dos petistas e de figuras que, se reconhecessem a existência do mensalão, poderiam ser responsabilizadas judicialmente.
Na versão do Sinistro do Supremo, coube a Delúbio e ao publicitário Marcos Valério a decisão política de corromper deputados e a tarefa de providenciar os recursos ilícitos que consolidariam a empreitada. Geniais, a dupla teria conseguido arrancar milhões de um banco sem que a direção do PT ou seu chefe maior – Dirceu – soubesse.
Tio Funéreo ficou sozinho: um a um, os Ministros começaram em apartes e, sem sequer corar, o Sinistro do Supremo teve de ouvir críticas dos outros ministros a respeito dos pontos fracos de seu voto. "Vossa excelência condena alguns deputados por corrupção passiva, entendendo que houve repasses de recursos para algum ato, provavelmente de apoio político. Também em seu voto condena Delúbio Soares como corruptor ativo. Não está havendo uma contradição?", disse Gilmar Mendes, apontando a falta de coerência entre a postura anterior de Tio Funéreo e o voto dele no caso de Dirceu.
Marco Aurélio Mello, por sua vez, estranhou o Sinistro do Supremo condenar Delúbio, então tesoureiro do PT, mas absolver José Dirceu e José Genoino, manda-chuvas do partido na época: "Vossa excelência imagina que um tesoureiro de partido político teria essa autonomia?", indagou.
Celso de Mello, o mais antigo Ministro da corte, também se pronunciou para questionar Funéreo, quando o revisor tentou apontar uma contradição na tese de Joaquim Barbosa – que houve compra de apoio político no Congresso: "Compra-se a Câmara mas não se compra o Senado?", perguntou o Sinistro. Celso de Mello lembrou o óbvio: "Talvez porque não houvesse prova de que houve compra no Senado", disse, lembrando que o que está nos autos pode ser apenas parte de um esquema maior.
Mais cedo, o presidente da corte, Carlos Ayres Britto, rebateu o colega revisor e lembrou que Roberto Jefferson não desmentiu à Justiça o que afirmou à imprensa e ao Congresso, quando denunciou o mensalão.
Cada Dirceu tem a Marília que merece.

O fim da sessão

Nitidamente amedrontada, nervosa e gaguejando bastante, foi até compreensível o temor exibido pela Ministra Rosa Weber ao proferir seu voto. Coerente, minucioso e acurado, talvez sejam essas as razões de tais possíveis receios – afinal, juízes são apenas seres humanos; tem maridos, mulheres, filhos, pais, mães...e Tio Funéreo tem o guerrilheiro terrorista Zé Dirceu e o cangaceiro stalinista Genoíno – uma dupla para a qual não se vira as costas.
De comportamento mais desassombrado foi o Ministro Luis Fux, que fulminou – uma a uma – as pobres razões de Funéreo e, de quebra, utilizou-se do mesmo autor Roxin para contestar os balbucios funéricos.
O mais engraçado entretanto – e que, infelizmente, ficou para semana que vem – foi o gozador Fux citar um juizo condenatório do próprio Supremo, que justificava a tese de que "indícios reforçados tem poder condenatório sobre os réus" – exatamente o contrário dos “meros indícios” fartamente expelidos pelo Sinistro.
Seu autor? Dias Toffoli – que vai ter muito o que explicar pro Papai Lula, Tio Dirceu e aquele jagunço enfezado deles, o cabra Genoíno.

Nota: sempre é atual a genial série de reportagens de David Nasser para os Diários Associados - "Falta alguém em Nuremberg" - teoricamente sobre analogias entre os criminosos nazistas e o regime ditatorial de Vargas, mais precisamente centrado na figura de Filinto Muller. 
Delúbios e Marcos Valérios não poderiam ter feito o que fizeram sem o conhecimento e anuência de Zé Dirceu. E Zé Dirceu? Poderia ter feito o que fez, sem o conhecimento de seu superior?
Valho-me da mesma sutileza de Nasser para afirmar que falta alguém a ser julgado no Supremo.

Walter Biancardine




quarta-feira, 3 de outubro de 2012


Para pensar na cama

Dr. Ives Gandra

Hoje, tenho eu a impressão de que no Brasil o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades governamentais constituidas e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que eles sejam índios, afrodescendentes, sem terra, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, ou seja, um pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles. Em igualdade de condições, o branco hoje é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior (Carta Magna).

Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que eles ocupassem em 05 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado, e ponham passado nisso. Assim, menos de 450 mil índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também por tabela - passaram a ser donos de mais de 15%  de todo o território nacional, enquanto os outros 195 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% do restante dele. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas aqueles descendentes dos participantes de quilombos, e não todos os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição Federal permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef o direito de ter um Congresso e Seminários financiado por dinheiro público, para realçar as suas orientações sexuais - algo que um cidadão comum jamais conseguiria do governo!

Os invasores de terras, que matam, destroem e violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que este governo considera, mais que legítima, digamos justa e meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse 'privilégio', simplesmente porque esse cumpre a lei.

Desertores, terroristas, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de R$ 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.

E são tantas as discriminações, que chegou a hora de se perguntar: de que vale o inciso IV, do art. 3º, da Lei Suprema?

Como modesto professor, advogado, cidadão comum e além disso branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço nesta sociedade, em terra de castas e privilégios, deste governo.



Para os que desconhecem o Inciso IV, do art. 3°, da Constituição Federal a que se refere o Dr. Ives Granda, eis sua íntegra:
"promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação." 

Assim, volta a ser atual, ou melhor nunca deixou de ser atual, a constatação do grande Professor e Orador Rui Barbosa:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86).

(*Ives Gandra da Silva Martins, é professor emérito das Universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado Maior do Exército Brasileiro e Presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo ).

domingo, 23 de setembro de 2012


Amores, tempestades e o Bloco da Rama


Eleutério era um exemplo de cidadão cabofriense bem sucedido: herdeiro de uma pequena rede de lojas de eletrodomésticos, casado há dez anos com a mesma mulher, dois filhos irriquietos e um dos principais animadores do então ativíssimo Bloco da Rama, Leléu – como era chamado pelos colegas – tinha tudo que um jovem senhor de seus trinta e seis anos poderia querer.
Mesmo com o velho ainda a frente dos negócios, sua idade avançada fazia com que Leléu atuasse, na prática, como o verdadeiro dono de tudo. Da admissão de funcionários à compras e reposição de estoque, em tudo estava o dedo do jovem centralizador. Mesmo em suas horas de folga sua liderança era sentida, como na organização das saídas da grande paixão de sua vida – o Bloco da Rama.
Tinha Leléu três parceiros inseparáveis no Bloco, aos quais delegava o pouco que sobrava de sua febril atividade organizadora. Ele e Nandinho – um dos parceiros – varavam madrugadas em intermináveis reuniões à portas fechadas na casa de Carlinhos, o outro parceiro e – convenientemente – solteiro e com uma casa disponível, e isso tornara-se rotina tão forte que nem mais incomodava Marieta, sua mulher.
Aos comentários de que o Bloco da Rama era um amontoado de bichas enrustidas procurando derivativo, o trio sempre respondia com um sorriso de desdém e a categórica afirmação de que seriam tão machos que sequer precisariam provar isso.

* * *
Ás vésperas do carnaval do ano da graça de Nosso Senhor de 1975, após uma lotada sexta-feira trabalhando na matriz de sua loja, entendeu Leléu de investir sua macheza na exuberância glútea de sestrosa mulatinha, a qual atendia na seção de rádio-vitrolas e sobre cujas nádegas o patrão já assestara sua pontaria desde que a mesma fora admitida.
Uma formidável tempestade de verão se aproximava, com trovões roncando, relâmpagos iluminando o lusco-fusco do entardecer e ensejando conveniente desculpa de Leléu para segurar a mulatinha após o expediente, sob pretexto de cobrir com lona algumas caixas que estavam no estoque, para evitar que molhassem.
A bem da verdade Luzia – a mulatinha – não rechaçava as investidas de Leléu. Afinal ele era jovem, rico e bem poderia ser um senhor que a ajudasse, nesta dura e difícil senda da vida, a montar sua própria casa. Sorria, lançava olhares e mesmo confidenciava intimidades como sua virgindade em seus dezessete anos. Pois naquele entardecer tempestuoso ela sentia-se criativa e sugerira uma alternativa obscena para desafligi-los da angústia descerebrada dos quadris.
Tal sugestão foi como prêmio de loteria para Leléu, antigo em cobiçar as nádegas rotundas da pequena saliente: apressadamente jogou-a de quatro por cima das caixas de papelão do estoque e ali mesmo satisfizeram-se.

* * *
Terminada a aflição, lembrou-se Leléu de sair de cima de Luzia e fumar um cigarro. Entretanto, o pior acontecera: amigos já o haviam prevenido contra os perigos da sodomia e agora, ao que tudo indicava, seus piores pesadelos tornaram-se realidade – estavam, ambos, engatados tal como dois cachorros em despudorado acasalamento.
Tudo tentaram, todas as posições, óleo de máquina de costura, cutucões na barriga da pobre que – cada vez mais nervosa – desesperava-se em gritos e xiliques histéricos, e nada funcionava.
Com suas partes cada vez mais edemaciadas e sentindo dores somente suspeitadas no inferno, decidiu Leléu cobrir a sí e a pobre desgraçadinha com tosco e imundo lençol, entrar em seu carro com ela no colo e dirigir até o hospital, última possibilidade de salvação, apesar do escândalo.
Como se o próprio Deus tivesse a firme resolução de castigá-los por seus pecados, a imensa tempestade que começara junto com suas libidinagens descia com fúria divina por sobre toda a cidade, tornando quase impossível distinguir um palmo que fosse, à frente.
Tudo tem seu lado bom, pensou Leléu: esta mesma tempestade também serviu para acabar com a luz de toda a região, permitindo que alcançassem o pronto-socorro sem serem incomodados – eis que nenhum doido se atreveria a sair ás ruas debaixo do verdadeiro dilúvio que se abatia sobre Cabo Frio.
Mas a ira de Deus não se detém com a simples escuridão. No próprio hospital Leléu – conhecidíssimo na cidade – logo foi avistado por enfermeiras companheiras de carnaval e médicos amigos do Bloco, os quais rapidamente tornaram pública sua miserável e humilhante condição.
Não fosse pouca tal desgraça, tão forte foi a tempestade que todo o teto mais a fachada de sua loja desabaram, sob o peso de toneladas de água, acionando um escandaloso e comentado trabalho do brioso Corpo de Bombeiros.
Feito antiga brincadeira do “telefone sem fio”, às notícias do pobre entalado somaram-se à do desabamento de sua loja, provocando uma romaria de amigos, amigas, parentes e mesmo autoridades, ao hospital em busca de notícias.
- É verdade que Leléu ficou preso nos escombros da loja?, perguntava um.
- Pois é, parece que ele e mais uma funcionária estavam trabalhando, e tiveram de ser separados com serra elétrica!, exagerava outro.
Lívido, Carlinhos entrara no hospital sem se importar com mais nada e berrando, alto e bom som:
- Leléu! Eu sabia! Sempre desconfiei de seus olhares pro Nandinho!
Toda aquela multidão teve sua curiosidade desperta pela insinuação, e cobrou explicações do pobre rapaz, acuado contra a parede. Sem ter como resistir, abriu o verbo:
- Eu, Nandinho e Leléu nos reuníamos em minha casa fingindo que era pra tratar dos assuntos do bloco...
- E dai?, urraram todos.
- E daí que a gente ficava juntos, os três...mas ele me trair e ficar só com o Nandinho escondido na loja, é muita sacanagem!
Mais sacanagem ainda o pobre deve ter achado, ao se deparar com as bisonhas figuras de Leléu e Luzia enrolados em lençóis, cabisbaixos e apressados, rumando de mãos dadas em direção ao carro.
Sem se fazer de rogado, o médico que os acompanhara satisfez a curiosidade popular detalhando, à sordidez possível, tudo o que os apetites irritados da turba quis saber.

* * *
O casal, na verdade, nem chegara a entrar no carro e já voltara ao hospital. Marieta os esperava na chuva, armada com a mesma pá que minutos antes estava usando para desafogar – sozinha – sua casa do lamaçal que infiltrara, e os moera à golpes.

* * *
O pai de Leléu vendeu a loja a uma rede carioca de eletrodomésticos, logo após seu filho mudar-se – desquitado – para São Paulo.
A família de Leléu – ex-mulher e filhos – igualmente saíram da cidade e ninguém nunca mais soube deles.
Nandinho e Carlinhos casaram-se informalmente, e foram morar no Arraial do Cabo, trabalhando como assessores de Luzia – que elegeu-se vereadora pelo novo município, logo após sua emancipação.

Walter Biancardine

Intervenção e cura

Saiu no blog do Garotinho* um artigo no qual o ex-governador sugere a intervenção do TSE no TRE-RJ, por contaminado que estaria.
Embora nem de longe morra de amores por este senhor, no momento tenho de aplaudi-lo por ser o único – e não me interessam as razões que o move – com peso e projeção a ter peito para denunciar o fim da República em nosso Estado do Rio.
Segundo o ex-governador, o TRE-RJ vive sob a batuta de Sérgio Cabral, através dos “bons” ofícios de Luís Zveiter, comportando-se de maneira pavlovianamente condicionada aos gestos da desastrada batuta do antigo X-9 da Juventude peemedebista.
Tal é a despreocupação de Cabral com quaisquer consequências de seu despotismo que sequer uma meia dúzia de opositores ele deixou: limou um por um, de maneira “perfeitamente” legal, todos os candidatos contrários, nas corridas às prefeituras dos 92 municípios fluminenses. Seus atos tornaram-se provas flagrantes da acusação e um juiz que não acolha estas circunstâncias pisará irremediavelmente no terreno das suspeições.
Entretanto, ouso ir mais longe e supor que não apenas o TRE-RJ precisa de intervenção: igualmente o Governo do Estado do Rio carece disto, mas só após uma completa faxina no Planalto, seguida de uma dolorida e (vamos ser realistas) irrealizável depuração em todo o judiciário brasileiro.
Seria rematada ingenuidade supor que um Serginho teria tamanha ousadia de perpetrar seus atropelos e rasgar o equilíbrio republicano entre os Poderes, somente amparado em uma coragem que sabidamente não tem: notoriamente protegido, acalentado e amamentado pelo Governo Federal, apenas mimetiza um modus operandi que se tornou praxe da dinastia Lulla, desde que o PT assaltou o poder e extinguiu a República e a democracia.
O insaciável e personalista Lulla manda em Dilma. Igualmente, sempre mandou em Zé Dirceu, Genoíno, Delúbio, Marcos Valério e toda a corja de ladrões que assaltou os cofres da República. Somente um profissional da imbecilidade acreditaria que o barbudo não sabia de nada sobre mensalões, e fica difícil crer que não saiba de Deltas e Cachoeiras – tal foi a desavergonhada combinação que livrou Cabralzinho da CPI – e por cujo pesado dedão afastou seu aliado graças à subserviência sem pátria dos que se acovardam diante do mando pessoal.
É impossível não traçar uma linha reta, verdadeira espinha dorsal, que una toda essa imundície: o mensalão que o povo nem quer saber se replica na Delta, que igualmente o povo nem quer saber. A manipulação Lullo-Dilmista no Supremo – graças a Deus até agora ineficaz – se replica nas influências espúrias do Governador por sobre o TRE-RJ.
Seria tão difícil assim imaginar que o desespero continuista em uma pequena cidade do interior – entretanto convenientemente inchada de royalties – se deva aos mesmos motivos?
O Brasil precisa, urgentemente e de cima a baixo, de uma séria e profunda intervenção.
É preciso refundar a República.

Resta agora, para desanuviar, a clássica pergunta do Chapolim Colorado, do seriado Chaves:
- E agora? Quem poderá nos salvar?

*(http://www.blogdogarotinho.com.br/lartigo.aspx?id=11928)

Walter Biancardine

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Vai trabalhar, gordo!

...E aproveitando o momento "Ascético-Messiânico-Onanista-Digital-Eleitoral" de conhecido e rubicundo blogueiro, que pensa que se deu bem, transcrevemos com o devido e merecido respeito e reverência um trecho do Evangelho de Nosso Senhor:

"...E se tua mão direita é causa de escândalo, 
corta-a e atira aos cães.
Melhor entrardes no Paraíso aleijado do que em pecado..."

E arrematando com Cazuza: 
"Saiba que ainda estão rolando os dados. Porque o tempo não para".

Que sirva de pequeno lembrete ao referido e rotundo escrevinhador, pois em breve o mesmo terá de trabalhar para viver e deixar de amparar-se em muletinhas amistosas. Melhor perder uns quilinhos, bicho. Antes que a dieta das privações o faça por você!


Dr. Carlos Magno fala sobre cassação de Alair

Aproveitando e já agradecendo a gentileza oferecida por Álex Garcia em seu blog Cartão Vermelho, o Opinião reproduz aqui a entrevista originalmente publicada no mesmo. Vamos a ela:

O Blog Cartão Vermelho se antecipa e realiza a primeira entrevista com Dr. Carlos Magno advogado de Alair Corrêa após indeferimento de seu registro de candidatura pelo TRE-RJ.
Segundo Dr. Carlos Magno nos passou em entrevista por telefone a situação é muito tranquila para o candidato Alair Corrêa e será revertida em breve. Dr. Carlos Magno ainda afirma que conseguiu o mais difícil que seria livrar Alair de todas as acusações de seus adversários e que o TRE-RJ se ateve apenas à questão documental, fundamento que fere norma do próprio TSE.

“TRE INDEFERE REGISTRO DE ALAIR TÃO SOMENTE POR CERTIDÕES” – afirmou Dr. Carlos Magno

Blog CV: Como o doutor vê o resultado do julgamento?
Dr. Magno: Um pouco surpreso, mas decisão judicial não se comenta, se recorre. E é o que eu já estou fazendo.
Blog CV: Como fica a situação do candidato Alair?
Dr. Magno: Normal. Continuará sua campanha, terá seu nome nas urnas e será diplomado, já que acho que vai ser eleito.
Blog CV: Por que tanta tranqüilidade?
Dr. Magno: Porque a decisão do TRE fere a Resolução 23.373, que em seu artigo 32 determina que o candidato, caso suas certidões estejam incompletas, tem que ser intimado para em 72 horas suprir a falta, o que não ocorreu. Além do mais, o Cartório Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral, o Juiz e mais 2 Desembargadores afirmaram que Alair apresentou todas as certidões exigidas.
Como se não bastasse, Alair não tem qualquer condenação criminal, fim a que se destina as certidões.
Blog CV: Mas a situação é tão simples assim?
Dr. Magno: Mais do que você pensa. Além do que expliquei acima, no dia de ontem foi publicada uma decisão do Ministro do TSE Arnaldo Versiani deferindo o registro de um candidato de Magé por entender que o TRE do Rio não poderia exigir certidão de inteiro teor criminal, fato que foi utilizado para indeferir Alair.
Blog CV: Então, Dr. Magno, a situação é a mesma?
Dr. Magno: Não, a de Alair é melhor, pois sequer foi intimado. No caso de Magé o candidato foi intimado e em 72 horas não apresentou tais certidões. Mesmo assim, recorreu ao TSE e teve seu registro deferido, já que o TSE entendeu que o TRE do Rio não pode exigir certidão de inteiro teor criminal como fez com Alair.
Blog CV: Por que o TRE não seguiu essa decisão?
Dr. Magno: Não sei, ela foi publicada no dia de ontem. Inclusive a entreguei por memoriais ao Desembargador que a leu na sessão e a utilizou para justificar o seu voto favorável a Alair.
Blog CV: Mas mesmo assim o TRE indeferiu o registro?
Dr. Magno: Sim, mesmo assim mantiveram o indeferimento de Alair, que não me cabe, como disse, comentar, mas sim respeitar e recorrer.
Blog CV: Quais são as chances de ganhar no TSE?
Dr. Magno: Diante do que disse acima e pelo fato de Alair não ter qualquer condenação criminal, juridicamente não vejo a mínima possibilidade de perder.
A decisão do TRE contraria as normas e decisões do TSE.
Blog CV: Você acha que foi uma decisão política?
Dr. Magno: Pra mim, todas as decisões dos Tribunais são jurídicas. E é pelo ângulo do direito que analiso e recorro de tais decisões.

Do Blog Cartão Vermelho:
Entrevista livre para todos os amigos da imprensa que desejarem publicar, não é necessário citar a fonte.

O Jornal Opinião agradece ao colega de imprensa, em seu gesto de promover a verdadeira informação que o eleitor precisa para formular seu julgamento, e coloca suas páginas a disposição para outras matérias de interesse público.
TRE cassa Alair e libera miliciano
ou
Judiciário Eleitoral do Estado do Rio, cujo governador é Sergio Cabral – adversário de Alair – impugna candidatura do mesmo, mas libera miliciano.

A manchete é auto explicativa, diz tudo e cabe em sí o próprio juízo do fundo de poço à que se chegou a promiscuidade entre os Poderes, nas mãos de um Governador que não dá a mínima para os principios básicos da democracia e só se interessa por dominar os 92 municípios do Estado que, teoricamente, darão sustentação aos seus sonhos de suceder Dilma Roussef no Planalto.
Há tempos já se sabia que a candidatura de Alair seria impugnada, era carta marcada e a combinação, pública e notória, foi amplamente noticiada por toda a imprensa independente. Nenhuma surpresa nisso.
A surpresa resume-se na total incapacidade do cidadão mediano protestar contra a usurpação de seus direitos, de sua cidadania e ver, candidamente, que seu voto e nada valem a mesma coisa.
De cima a baixo, do Federal ao Estadual e Municipal, urnas nada mais valem. O que vale é a Justiça (tenha dó!) e, mesmo assim, a de última instância, ainda que encruadas de corpos estranhos como Toffolis e Lewandowiskis.
Na “Ditadura Legalista” implantada pelo PT, nada é feito pela força do ditador e sim disfarçada sob a força das leis. Assalta-se o Judiciário, manietam-se os juízes – que, em última análise, são apenas e tão somente seres humanos – e todos os atropelos e violências são abonados pela sentença favorável.
Vivemos sob uma ditadura. Não é de esquerda (nem nunca foi, basta farejar um Zé Dirceu e ver se ele realmente acredita nisso), não é de direita, não obedece à nenhum ideal. Seu único propósito é o enriquecimento material de seus integrantes, seja através de maracutaias, conchavos ou mesmo crimes, se necessário for.
Iludem o povo com brinquedinhos como urnas eletrônicas – boas fossem e o resto do mundo as usaria – engambelam a massa submissa com simulacros de eleições, códigos, leis – sendo o nosso um dos países cujo elenco penal é o mais extenso – apenas para servir de “mel na chupeta”, para que não possamos protestar contra uma suposta impossibilidade de escolha de nossos representantes.
Pois bem, Alair é o escolhido, isso é notório e manifesto não apenas nas pesquisas como, principalmente, nas ruas. O que se faz? Arruma-se uma filigrana legal e cassa-se seus direitos – sob todo o sério e inatacável trâmite legal. Assim, a sua escolha, eleitor, se resume aos que restam: um, bom rapaz mas votação inexpressiva. Outro, simplório serviçal em terceiro grau, de uma família que vendeu-se ao projeto Federal do Chefe do Executivo Estadual.
Que escolha, cara pálida? Que “democracia” é essa?
Alair roubou? Matou? Tirou dinheiro das velhinhas? Não. Mas não apresentou uma certidão sabe-se lá de quê, então a mão pesada da Lei amestrada cai sobre o mesmo.
Você já se perguntou o por quê votar? Para quê? Vivemos realmente numa democracia?
Este texto provavelmente será objeto de um processo – mais um, sob a perfeita aparência legal – então não mais poderei expor minhas ideias contrárias. Meu candidato foi impugnado. Não posso manifestar minhas preferências, meus gostos e nem mesmo exercer o comezinho hábito de fumar.
A patrulha do “politicamente correto” é a face youppie da mais feroz ditadura liberticida que se tem notícia, e manipula-nos sem que nos apercebamos.
Ditadores roubaram seu candidato de você. Cassaram seu direito de votar no escolhido. Calaram sua boca e seus protestos. E então, vai ficar aí, parado?
É hora de irmos para as ruas gritar, exigir a volta da verdadeira democracia! Proteste, grite, exija retorno, em ações dignas, do salário que você paga aos que te tiram todos os seus direitos e escolhas!
Chega de sermos um povo de carneiros mansos, que deixamos nos conduzirem mansamente aos matadouros da liberdade!
É hora de irmos ás ruas! É hora de gritar! É hora do basta!

Walter Biancardine

Sic Transit Gloria, Imundi !!!

Não é de hoje que esta página chama atenção para os alarmantes sintomas ético-degenerativos-cerebrais de rubicundo blogueiro e dublê de voyeur nas horas vagas.
A moderna medicina já cataloga, em seus compêndios, a evidente ligação entre o emocional e o físico, a assim chamada “somatização”. Assim, antigas tradições da vovó que associavam sentimentos de medo à doenças renais, ou mesmo o rancor à bílis – tal como acusam uns e outros de “fazer política com o fígado” – encontra sua mais perfeita exemplificação no caso de nosso blogueiro sindrômico. Sim, trata-se realmente de síndrome, já que seus males compõem-se de diversas doenças combinadas e associadas, destacando-se a provável disfunção erétil que o conduz aos obscuros derivativos das fotografias de mulher pelada e, quiçá, um grave caso de protusão das hemorróidas – couve-flôr, para os antigos – responsável pelo evidente desequilíbrio emocional, falta de irrigação na terceira circunvolução parietal esquerda do cérebro (esclerose gagá, mesmo), confusão de datas e locais, além da ideia fixa e obsessão em um determinado personagem – no caso, Alair Corrêa, a vítima de seus chacras em fúria.
Triste cena é ser obrigado a contemplar cotidianamente a decomposição e putrefação pública de um cérebro, exposto sob os holofotes digitais. O alucinado surto delirante que levou o referido e vetusto senhor a – tal qual babalorixá wi-fi – prever o que iria ou não acontecer em um comício sequer realizado, além de ainda elaborar requintadas análises político-figadais sobre o feito que ainda era porvir, comprovou de maneira acachapante a urgente e piedosa necessidade de interdição dos dedos rombudos que insistem em batucar desordenadamente seu teclado gosmento.
Finalizando e mantendo a tradição, imperativo é lembrar que o mesmo esférico senhor dedicou igual comportamento obsessivo em jogar pedras sobre o evento Cabo Folia, mas bastou receber anúncios do mesmo para silenciar-se e, pior, apagar todos os posts depreciativos que havia feito.
Um conselho aos efebos imberbes que secundam o imenso senhor, tal qual planetóides ao redor de estrela em vias de explodir: meninos, vocês são recém-chegados e já querem sentar na janelinha? E ainda por cima copiam descaradamente maneirismos, estilos (ou falta dele), e fúria desmedida?
Que péssima escolha, que péssimo exemplo, nenéns!
Melhor é tomar bastante Toddy, viver mais – por mais que colecionem, vaidosos, títulos e diplomas, os mesmos não dão sabedoria – e não se meterem em assuntos de adultos.
Esta é a brancaleônica trupe midiática do “Continuísmo Diferente”, a que se pretende cheia de credibilidade e moral. Tal qual esquerdopatas furiosos do ABC paulista, berram irados e apontam dedões imundos para tudo apenas para alcançar o poder. Uma vez lá, não só repetem os mesmos descalabros que condenaram, como os amplificam desavergonhadamente. Taí o mensalão para provar.

"Agitem a questão da reforma agrária. Mas não ao ponto de consegui-la!"
Conselho de Luis Carlos Prestes aos seus seguidores

Convocação de Alair para o comício, DIA 18 - notem a data á direita
Esta é a postagem ensandecida. Favor notar a data no canto inferior direito, em contraste com os comentários mediúnicos sobre os acontecidos do DIA 18.




domingo, 16 de setembro de 2012



O sonho acabou

Um triste e inglório réquiem para a geração que acreditou no sonho, que quis mudar o mundo e que orgulhava-se de ser diferente de seus pais.
Aconselharam a não confiar em ninguém com mais de trinta anos, esquecendo-se que eles próprios corriam o risco de envelhecer.
Proclamavam que queriam uma casa no campo, seus discos e livros, e nada mais. Mas fizeram as melhores cabeças quererem ideologias, quererem uma pra viver.
Não se agradavam do dinheiro, não. Mas foram os responsáveis pelo maior escândalo de corrupção e roubo, na história republicana deste país.
Houve uma época em que aconselhavam cuidado. Foram vencidos, e o sinal estava fechado para eles, que eram jovens. E somente para abraçar seus irmãos e beijar suas meninas nas ruas é que se fizeram seus braços, seus lábios e suas vozes.
Mas já então, tantos anos atrás, um visionário intuía que seus ídolos ainda eram os mesmos, e as aparências jamais enganaram.
E sofreu a dor de perceber que, apesar de terem feito tudo o que fizeram, ainda eram os mesmos e viviam como seus pais.
Agora, nas barras da mais alta Corte de Justiça da nação, compreendem que seus sonhos eram apenas a mais vil cobiça e ânsia de poder.
Que suas consciências possam, um dia, encontrar descanso do remorso de terem iludido e tripudiado dos sonhos, do sangue e da honra de toda uma geração de brasileiros, uma das poucas que realmente lutou e acreditou em algo – agora rifado de suas biografias, restando apenas um buraco na história de cada um.
Buraco este do tamanho de uma vida, e que jamais poderá ser remendado por nada além do conformar-se e esquecer.
No mensalão tornaram-se réus não apenas de maracutaias, mas principalmente culpados – até a máxima instância – do maior estelionato ideológico que se tem notícia.
É a morte do mito. O fim do culto à personalidade. Que Deus os absolva, desejaria.
Mas – os deuses não morreram? Então, nem mesmo o conforto do ópio popular restará a eles.
Mataram os deuses sem terem se tornado super-homens.
Triste fim.

Walter Biancardine


sábado, 15 de setembro de 2012



O MENSALÃO (antecessor do Mensalinho)

Os brasileiros estão cansados de saber o que representou o mensalão na vida política do país. Coisa simples para aquele que tinha como meta eternizar-se no poder ao alçá-lo em 2003 (PT). Ou seja, aparelhar os órgãos públicos com os militantes (milhares de cargos bem remunerados, na Petrobrás, Previ, BB, Cx.Econômica, etc.); corromper todos as associações que 
poderiam criar embaraços, como sindicatos, organizações estudantis através de farta distribuição de dinheiro público, e, finalmente, submeter o Congresso nacional à sanha dos que pretendiam silenciar – até a própria imprensa, o que sobrava da democracia. Estaria implantada a vontade daqueles que se julgavam os intocáveis. O mensalão, com base na afirmação do Lula quando deputado, seria a forma de conquistar a adesão dos “300 picaretas” que infestavam o legislativo nacional. O mensalão foi uma espécie de mesada transferida dos cofres públicos para o bolso dos chefes partidários da base do governo. O butim era concentrado nas mãos de Marcos Valério, o “mecenas” ligado ao PT. O Supremo Tribunal Federal acabou com o sonho dos petistas ao sentenciar, em julgamento histórico, que o mensalão existiu sim. E o Caixa 2 também! Mas não comemorem ainda, pois a “intelligenzia” bolivariana está atenta ao desenrolar dos acontecimentos no STF. É agora Zé Dirceu! 

DE NOVO LEWANDOWISK E TOFFOLI - Os dois foram os únicos a absolver Rogério Tolentino. Trata-se de quem contraiu o suposto empréstimo no BMG. e que comprou o apartamento de Maria Ângela da Silva Saragoça, ex-mulher de José Dirceu, adiantando R$ 20 mil em espécie. Maria Ângela também foi contratada para trabalhar no BMG a pedido de Marcos Valério. Mais coincidência. 


E O MENSALINHO? Um texto para comemorarmos o mês da Independência!

Por esse Brasil afora com o mau exemplo vindo de cima, institucionalizou-se a eternização de grupos patrimonialistas no comando das prefeituras municipais. O velho clichê do coronelismo comandando as eleições majoritárias e proporcionais. Com o substancial aumento dos orçamentos dos municípios brasileiros, ficou mais difícil para 
os prefeitos controlar o apetite voraz dos vereadores da situação. Eleições para o legislativo ficou caro e as cobranças foram dirigidas para o executivo. Nasciam os famintos por vantagens patrocinadas pelos prefeitos. Bancadas inteiras de oposição foram dizimadas através da cooptação via oferecimento de secretarias e cargos comissionados para a “parentada” eleitora. Era o mensalinho municipal a serviço da perpetuação dos poderosos. As oposições se enfraqueceram tanto que em muitos municípios houve dificuldade até de conseguir-se um candidato para fazer frente ao prefeito ou seu indicado. Controle quase total dos eleitores de modo a manipular as intenções de voto pela formação de uma gigantesca coligação partidária, sufocando o que restava de intenções de alteração do status quo político. Nascidos nos intestinos do poder central, projetos de lei são facilmente aprovados pela substancial maioria dos vereadores, claro, interessados no aumento do número de secretarias e cargos em comissão. Horas extras, elevação dos subsídios de comissionados através de portaria omitindo o nome do titular, e contratação de funcionários por cooperativa vencedora de "concorrência", constituem-se numa ferramenta efetiva para a manutenção do poder. Há ainda os que se vangloriam das adesões de ex-adversários, pensando enganar eleitores incautos sobre o mensalinho aplicado durante os anos à frente do executivo. Prefeituras do interior, geralmente em cidades com menos de 50 mil habitantes, são verdadeiras sinecuras. Tudo dentro do que determina a Lei da Responsabilidade Fiscal. Mas, com a vergonhoso arreglo entre prefeitos e vereadores. 



Ricardo Villarinho

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Tudo tem limite

Tenho me mantido calado, sem postagens no blog nem comentários em espaços alheios generosamente concedidos, no aguardo de desdobramentos políticos que contrariem meu ceticismo e – paradoxalmente – minha convicção profunda de que, em definitivo, perderam-se todos os acanhamentos de demonstração pública de velhacaria, subserviência e peleguismo carreirista por parte de nossos governantes e associados.
Do inominável casamento entre Jânio e Marquinhos – os Mendes – passando pelo comportamento desonrado de sua mídia, mantida na salmoura das promessas de cargos, encrava-se o despudor estratégico do Governador do Estado do Rio de Janeiro, não apenas acolhendo o rebento politicamente bastardo em suas fileiras como, também e piormente, pressionando o Judiciário tal como tiranete de república de bananas, com o intuito de novamente anular e calar vozes contrárias à seu projeto pessoal de poder.

Em definitivo, perderam-se todos os acanhamentos
de demonstração pública de velhacaria, subserviência e peleguismo carreirista
por parte de nossos governantes e associados.”

As eternas “vistas” pedidas no processo de Alair Corrêa não tem outro fim que não guardar sua – digamos assim – “cassação” – para as vésperas do pleito, com o intuito de criar mais um factóide e impressionar uma massa por eles julgada como um bando de ignorantes e que deixarão de votar em Alair por, teoricamente, estar fora do páreo.
Não me iludo: este processo será postergado o quanto puderem segurar, e ainda outros com certeza virão – não só para ele como para seus seguidores, pois basta lembrar as eleições passadas, e todos rebentarão de véspera. O caos e a confusão favorece aos encastelados no Poder.
Recentemente escrevi pedindo um pouco de pensamento no bem comum, que se deixassem as urnas falarem e que preferíveis seriam os votos dos eleitores do que de juízes. Pois bem, parece ser do agrado continuísta marquiniano e janista que o direito de escolha seja arrancado do povo e jogado de presente nos braços de seus juízes, os quais creem estar sob seus sapatos.

As eternas 'vistas' pedidas no processo de Alair Corrêa não tem outro fim que não
guardar sua 'cassação' para as vésperas do pleito,
com o intuito de criar mais um factóide e impressionar uma massa
por eles julgada como um bando de ignorantes.
Não me iludo: este processo será postergado o quanto puderem segurar.”

Novamente veremos a molecagem imperar no processo eleitoral da cidade, tão desabridamente escrachado que renderia intervenção Federal se fossemos um povo medianamente esclarecido e não tão embrutecido por tantos e tantos escândalos. Novamente teremos de nos conformar em aceitar a ditadura que nos toma o direito de votar e falar, jogando-os em um verdadeiro buraco negro político – cujas piores implicações a censura e o terror, implantados desde a alçada Federal e permeados pelos Estados, não me permitem declinar.
Lutamos vinte anos pelo direito ao voto, e novamente nos tomam esse poder entregando-os ao Judiciário. Culparam vinte anos de ditadura militar por todos os males do país – a “herança maldita” – mas nos dezoito da ditadura petista nada mais foi feito do que nos amputar de tudo o que nos prometeram restituir, se eleitos. Condenam-se os oito últimos anos de Alair como símbolo de tudo o que não presta, mas para encravar as garras sedentas de royalties no poder, aliam-se com um governo que nada fez – por absolutamente inexpressivo – e que, até recentemente, era considerado “farinha do mesmo saco” mas agora, ao que parece, é tudo de bom.

Lutamos vinte anos pelo direito ao voto, e novamente nos tomam esse poder
entregando-o ao Judiciário.”

Exigiram demais de nós, caros leitores. Esticaram demais a corda, abusaram de nossa paciência e até mesmo de nossa omissão, mas isso tem de ter um fim – e já!
Antes que voltem as compras descaradas de votos, os “pacotinhos bons pra cacête”, os intermináveis processos judiciais, é preciso que o povo se dê ao respeito, vá para as ruas e exija – como patrões e pagadores de seus salários e mordomias que somos – o fim imediato dessa pouca vergonha que nos humilha e nos reduz à condição de escravos da grande senzala da Delta, da Boi Bom e dos sonhos de grandeza de seu patético e deslocado feitor de última hora.

Walter Biancardine

Walter Biancardine é jornalista e, para efeitos de processos movidos por políticos irritadinhos, desde já declara não possuir nenhum bem, morar em local incerto e não sabido e estar desempregado graças a essa mesma perseguição política. Igualmente afirma que anseia pela condenação, pois poderá fazer relevante matéria sobre prisões políticas no pais tropical, enquanto réus do mensalão e risonhos da Delta continuam em suas festas em Paris. Só essa matéria renderia um Prêmio Esso de Reportagem, prêmio de verdade, não esse conchavo eleitoreiro organizado pela claque municipal.

terça-feira, 4 de setembro de 2012



Melhor o voto do povo que o de juízes

No já distante ano de 2008, por conta de diversas irregularidades em sua campanha de reeleição, o prefeito Marcos Mendes teve de responder à uma série de processos impetrados não apenas por Alair Corrêa, mas também por diversos outros políticos que, de uma forma ou de outra, sentiram-se igualmente prejudicados.
Fatos polêmicos como a gravação do militante petista Abílio Bernardino, que recebeu a proposta de “um pacotinho bom pra cacête (sic)” em troca de favores políticos, ficaram marcados na cabeça dos cabofrienses e produzem resultados até hoje. Sim, pois não foi outro o cotidiano da cidade além do inteirar-se de inumeráveis recursos, liminares, embargos e outras manobras jurídicas as quais, com efeito, mantiveram o prefeito em sua cadeira mesmo ás custas de um enorme desgaste político.
Erraram os estrategistas governistas ao tentar debitar a inércia administrativa de seu chefe na conta de resultados destes mesmos processos e erram novamente se pretendem impingir uma espécie de vingança – infantil e prejudicial sob todos os aspectos – tentando judicializar, novamente, o pleito atual.
Os embates políticos do passado deveram-se a fatos que, de maneira concreta, tiveram o poder alegado de alterar os resultados das urnas, ao contrário do momento atual em que tudo o que se almeja é tumultuar o processo, sem considerar nesta equação os interesses soberanos dos contribuintes que os sustentam.
É lícito temer que tais atitudes criem uma verdadeira escola de pensamento político onde o que menos importa são os resultados das urnas e sim a astúcia de advogados e a compreensão de juízes – ambos transformados, por esta perversão da cidadania, nos verdadeiros detentores de uma pseudo vontade popular, já que saída dos tribunais e não das urnas.
Que, passado o que ainda tiver de ser julgado, silenciem-se os advogados de parte a parte; que a máquina administrativa tenha a decência de não mais se prestar ao papel de arrecadadora de votos de cabresto e que as partes – em um inédito acordo de jogo limpo – conformem-se com os resultados decididos pela escolha popular.
Até porque, depois de tantas lutas pelo direito de votar, é patético que o povo entregue este poder na mão de terceiros. Bem melhor é o voto do povo que o de juízes.

Walter Biancardine

segunda-feira, 3 de setembro de 2012



O passo do hipopotamozinho – caiu e não levanta mais

Tenho oscilado entre gargalhadas e pasmo ao verificar, em minhas leituras diárias e obrigatórias do que vai pela mídia, a patética decomposição senil do cérebro de um senhor que, um dia, arrogou-se “decano dos blogs”.
Fixado obsessivamente em seu ódio encruado e curtido sol à sol por Alair Corrêa, desesperado pela realidade dos fatos, que emprestam ao seu favorito uma intenção de votos medíocre nas pesquisas e diariamente sofrendo o vexame de ver seus escritos - que outrora já tiveram algum crédito - serem vergonhosamente desmentidos por todos os lados, arrasta-se o rubicundo em trajetória errante, cega, onde nem mais piadas cínicas e debochadas produzem sequer desbotado sorriso.
Amparado por sua claque de um ou dois blogueiros recém saídos da puberdade, que creem-se filósofos e - pasmem! - marxistas!, nosso pobre cetáceo vive hoje seu ocaso ideológico e de credibilidade, confortado apenas pela inocência de poucos pupilos que mal provaram a vida e ainda o enxergam, ele e seus sofismas, como exemplo a ser seguido. O mundo caminhou, as esquerdas tiveram suas exéquias - bastaria ver o "pragmatismo" das alianças e apoios de seu candidato - mas apenas dormiram e não viram.
Só a senilidade, portanto, conjuraria combinação de postagens tão tristes quanto as que o rubicundo teve a infelicidade de cometer, nas últimas semanas. Uma sequência de “notícias” sobre repetitivos dois ou três fatos – se Alair vai ou não aos debates, quem é coligado ao mesmo e profecias apocalípticas sobre julgamentos no TRE, além de acusar o Ibope de não ser o Ibope – somam-se à copioso desfile de beldades arreganhadas, que emprestam ao seu “respeitável” diário a aparência de calendário de borracheiro.
Como cúmulo, porém, destaca-se o gastar horas preciosas de seu tempo anotando, escrevendo e publicando notícia – que mais aparenta fofoquinha de comadres, tal a bichice do teor – chamando as esposas dos principais personagens da candidatura Alair de "desocupadas", ao serem flagradas em – no seu entender – criminoso ato de tomarem café juntas, à tarde.
Não bastou ao pobre ser desmentido sonoramente pelo Jornal do Brasil (Alair 56%): teve de sofrer ainda a vergonha de explicitar todo o mofo de sua cabeça emperrada e onanista - não só pelas mocinhas das fotos, mas também por repetir-se á farta, citar-se, alisar-se, referir-se á si mesmo. Trata-se, na verdade, de um extraordinário caso de masturbação jornalística e gramatical.
Que o bom e velho tiozinho não mais fique espreitando as senhoras que tomam chá e votam em Alair; elas são casadas, mães de família e tem sim responsabilidades e obrigações, como qualquer mulher de qualquer classe social.
Aconselha-se o banheiro, ao lado de farta provisão de fotografias das senhorinhas. É mais cavalheiresco e, se ninguém ver, não incomoda quem trabalha pois tais raciocínios relativos ás mulheres apenas revelam um arraigado preconceito de classes, panfletário, estudantil, demagógico e - fundamentalmente - deslocado no tempo.

Walter Biancardine

sábado, 1 de setembro de 2012



João Sem-sonho

João era um orgulhoso marinheiro, que servia na Base Aero-naval de São Pedro da Aldeia.
Militar entusiasmado, conseguira chegar rapidamente à posições de destaque junto aos seus pares e a gozar de certo prestígio naquele restrito círculo.
Mesmo pagando mal, com condições de trabalho por vezes quase torturantes, o Sargento João prosseguia em sua carreira – ainda mais depois de haver conhecido uma bela mocinha, pela qual se apaixonara e casara tão rapidamente que pegara de surpresa amigos chegados e até mesmo parentes.
Estela era o nome de sua amada que, além de uma fatal beleza física, trabalhava e sustentava-se – coisa rara naqueles idos de 1970, ainda mais em uma pequena cidade como Cabo Frio.
Sua dedicação à João era comparável somente ao amor que nutria pela pintura, que retribuía sua atenção em obras incontestavelmente belas. Um crítico exigente até poderia apontar aqui e alí alguns senões, mas o que importava? Ela amava aquele homem que conhecera e aprendera a admirar como um bravo e competente militar, e nada seria maior que isso.
A vida seguia bela e feliz, coisa que desde que o mundo é mundo sempre irritou as invejas alheias, e com o casal não foi diferente: um superior de João, intimamente irritado com tanta felicidade, enviou-o para um dos piores trabalhos daqueles tempos – ajudar no aparelho repressor do governo, contra os subversivos.
O sargento não tinha saída: ou cumpria as ordens ou seria transferido para Rio do Sumiço, sabe-se lá onde. Como bom militar que era, cumpriu suas ordens o melhor que pode no frágil equilibrio entre seu dever e o que não lhe repugnaria a consciência.
Um dia, em um confronto com os tais subversivos, o Sargento João levou um tiro na perna que o deixou imobilizado durante meses. Uma longa recuperação se seguiu, com sua mulher o ajudando e amparando em todas as situações, até que o Alto Comando deu baixa em sua carreira.
João agora não era mais militar, e dias difíceis começaram.
O ex-sargento era agora um homem frustrado, irritadiço, que capengava pela casa mantida pela mulher que – além de tudo – ainda ouvia seus queixumes. Apegara-se João à promessa de um Almirante que, dizia-se, admirara sua bravura em combate, e iria providenciar seu retorno à ativa.
E assim os anos passaram, pingando lentamente como gotas de fel em uma taça de cristal que – percebia-se agora – embaçara.

* * *
Verdade seja dita, João até tentara trabalhar em outros empregos mas já não era jovem e, além do mais, talvez a única coisa que soubesse fazer bem fosse ser militar.
Persistia aferrado à promessa do Almirante, cada vez mais estereotipado no papel de homem em casa, cada vez mais desestimando-se, descendo lentamente os degraus que levariam o comum dos mortais à depressão.
Sua mulher, por sua vez, era apenas um ser humano. Abrigava-se daquele homem que agora desconhecia em suas telas e pincéis, produzindo obras cada vez mais angustiadas, escuras e distantes da vida que um dia imaginara.
Tudo tornara-se um círculo vicioso: João sabia que sua mulher o conhecera soldado, admirara o soldado e somente o amor que ainda nutria pelo homem a fazia suportar a amputação da alma de seu marido, estrangeiro agora á ela e até á ele mesmo.
Um dia conversaram muito sério e Estela suplicou-lhe que esquecesse o sonho de voltar à ativa. Ela não aguentava mais aquele trapo assombrando sua vida e seu pedido era tão desesperado de amor que se esquecia do que significava. Se abandonasse seu sonho, quem seria João? Ela amaria aquele sujeito amorfo, sem profissão, sem história, quase um recém-nascido em vias de encanecer?
João sabia disso, mas mesmo assim arriscou, pelo igual amor que devotava à sua amada e bela mulher: foi ao Comando Naval e cancelou formalmente todos os inúmeros pedidos de reintegração que o Almirante fizera requerer.

* * *
Em 1970 Cabo Frio mal aparecia nos mapas do Rio de Janeiro. Quem vivesse na bela cidadezinha teria de se conformar em passar sua existência adulta como pescador, salineiro, empregado da Álcalis ou Prefeitura – as duas últimas opções apenas para um restrito número de privilegiados, seja por formação acadêmica, seja por apadrinhamento. João não tinha padrinhos nem formação, e vagou em vão pelas ainda salitradas ruas da cidade durante meses, errando de porta em porta, fazendo bicos insignificantes e vendo-se nitidamente diminuir cada vez mais diante de sua mulher.
Quem era João? Era apenas um homem sem sonhos, como a maioria dos mortais que amadurecem. Mas acostumara-se a viver com eles, acostumara-se com o brilho da farda – que, no íntimo, bulia com sua tôsca vaidade – e, sobretudo, acostumara-se a ser não só amado como admirado por Estela, cujos olhos enevoavam em mágoas e decepções por todo cada dia seus juntos. João amargava-se, Estela pintava e esperava dias melhores. A pobre mulher acreditava tanto em seu amor que confiava poder continuar amando aquele homem, ainda que ele fizesse a vida atrás de um balcão de açougue.
Mas, prudentemente, jamais cogitara se continuaria admirando.
Por alguma intuição misteriosa, João sabia que não haveria mais retorno em sua vida e resolveu ir embora. Ao menos sua mulher – ainda bela e jovem – teria a chance de refazer sua vida ao lado de gente normal, que jamais tivesse tido o desatino de afundar-se em um enlouquecido combate à comunistas, e que estivesse em condições de disputar seu lugar na vida como homem prestante e arrimo de família – coisa que, no fundo, envaidece uma mulher normal.

* * *
Estela não soube mais de João. Nem ela, nem seus amigos, ninguém.
Em uma cidade tão pequena como Cabo Frio, era um absurdo que ninguém houvesse ao menos avistado ele pelas ruas, mas era o que acontecia.
Suspeitara mesmo que houvesse ido embora tentar a sorte em outro lugar, até que um dia, tomando um suco no Café Society, os olhos treinados de pintora deram à Estela a visão de um homem que lia as manchetes dos jornais expostos na banca: era apenas um homem, mas não se podia dizer que roupas trajava, qual sua altura, que rosto tinha. Era uma figura difusa, sem contornos, sem alma.
Era um homem sem sonhos.
E Estela compreendeu que João se fora.

Walter Biancardine