quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

OBITUÁRIO



OBITUÁRIO DE UM GOVERNO INGLÓRIO

Casa Azul, 13 de dezembro de 2012

Faltam praticamente duas semanas para o término, à luz das leis, da administração mais desastrosa da história de Cabo Frio. É importante frisar a expressão “à luz das leis” porque, sob as luzes dos fatos, ela sequer começou.
Foram oito anos; oito longos e inertes anos onde comerciantes perderam o que construíram, a cidade perdeu sua importância, o povo empobreceu, o crime chegou e se instalou disposto a não mais sair, doentes morreram por descaso das autoridades responsáveis, o ensino emburreceu e vulgarizou-se no pior sentido, a máquina administrativa desmoralizou-se sob desmandos que criaram feudos em secretarias quase autônomas, os custos municipais incharam e agora a cidade geme sob o peso de uma folha de pagamento que sustenta colegas e não servidores. E o que é pior: jovens chegaram à velhice e os velhos, à inanição – tudo isso sob a égide de uma arrecadação que se situou na casa do bilhão de reais – bilhão que jamais poderá ter seu destino traduzido em obras e investimentos, pois nada – nada – foi feito.
O populismo rasteiro foi o selo sob o qual toda a espécie de incompetência era justificada – apelar ao nome divino funcionou como “nihil obstat” para promover um discurso de pastelão, elaborado por mentalidades medievais que, por pouco, não puseram o surto de meningite na conta de uma das 7 pragas do Egito. Grande parte da mídia amestrou-se, curvou – docemente constrangida – sob a chuva de dinheiro dada por um prefeito que sequer corou – titular de uma administração obrigada por Carta Magna da Federação a ser laica – ao empunhar microfones e aparecer em câmeras de TV entoando disparidades quase fundamentalistas, misturando Estado e fé, em um samba do crioulo doido que enlameou a ambos, e tudo isso objetivando a auto promoção e culto de sua personalidade de bom rapaz e temente a Deus.
Durante os oito mais tenebrosos anos da história da cidade, a administração que ora agoniza perpetrou a façanha de não só destruir o que Alair fez em seus mandatos: conseguiu aniquilar até mesmo conquistas anteriores, por menores que fossem.
Diante de tal quadro de indecência governamental, a vitória estrondosa de Alair Corrêa significa muito mais a refundação de uma cidade do que sua mera recuperação. É quase um presente de grego, um espinhudo abacaxí que Alair terá de descascar – em que deve ser levado em conta o assalto – verdadeiro motim dos Estados, cobiçosos dos dinheiros dos royalties – contra um Rio de Janeiro inerte e desmoralizado, que sangrará por obra e graça de uma conjuntura de incompetências – Federal, Estadual e Municipal – que ameaça varrer a cidade do mapa e suscitar o separatismo nos mais exaltados.
Aos que pensam neste obituário como vela demais para tão exíguo defunto, lembro que o cadáver é grotesco mas seu odor ecoa e prenuncia outras exéquias muito mais significativas que, longe de justificar, ajudam a explicar o verdadeiro Armagedom que atravessamos: o fim dos mandatos Federal e Estadual, o ocaso do pesadelo que abate o Brasil desde a virada do século.
Que a paz das salinas acolha tal medíocre e nefasta administração. E que breve sofra a companhia de seus comparsas das mais altas hierarquias federativas da administração pública.

Walter Biancardine

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012



Sobre política e avestruzes

Aqueles que ouviram o rádio hoje certamente sentiram-se abençoados pelas cândidas declarações de conhecido político, humilhantemente derrotado nas urnas e no tapetão, segundo as quais ele iria ficar quietinho depois de tudo o que passou.
O radialista, demagogo incorrigível e que breve acrescentará o título de “adesista” ao seu extenso currículo babaovista, perguntou ao acima referido se “ainda caberiam recursos após a derrota de ontem”.
Ora, a pergunta só denota duas hipóteses: ou uma profunda deficiência neuronial ou uma má-fé retumbante.
A deficiência neuronial é suposta por ser de uma obviedade indecente que, a partir do momento em que os recursos do indigitado sequer foram conhecidos pela Corte, não haveria com o quê recorrer no STF. Não bastasse, a sede de poder do grupo expôs – às claras – as manobras políticas que enlamearam a reputação do TRE-RJ, ao “esticar demais a corda”, segundo o Ministro Marco Aurélio de Mello, e produzindo uma verdadeira “teratologia” jurídica, segundo a Ministra Luciana Lossio. Ou seja, mais um tiro no próprio pé, do grupo.
Já a má-fé retumbante – de ambos – é perfeitamente cabível pela resposta dada ao radialista, pelo derrotado: “Meu profundo amor por esta cidade me impede de lançá-la em mais incertezas políticas como foram os últimos anos, por isso não recorrerei.”
Que nobre! Que coração bom!
Ou seja: toda a grandeza d'alma do derrotado resume-se ao fato – intransponível – de que não há mais como apelar, protelar, engambelar e enganar. Como não tem mais saída, traveste seu ódio impotente como “amor pela cidade”. É o paroxismo da cara de pau, elevado à enésima potência!
Estejam certos amigos leitores, que enormidades como essa ainda serão muito, demasiadamente ouvidas e lidas pela cidade, nos próximos meses: gente dizendo que, “graças ao derrotado, a cidade respira tranquila, sem as incertezas dos últimos anos”. É de dar nojo, mas tal prosa não durará muito tempo, pois a necessidade baterá à porta.
E quando isso acontecer – que será logo – o teor das declarações mudará um pouco. Alguns, com uma visão maior à longo prazo, inclusive já adotaram a outra vertente do imundo script.
Jornalistas, radialistas, blogueiros, políticos, cabos eleitorais, detentores de portarias, empresários, artistas e mesmo gente que não faz coisa nenhuma além de pendurar-se no saco do mais forte envergarão o discurso polido, cavalheiresco e politicamente correto – que suas calhordices não passaram de “regras do jogo, nada pessoal” - como ponte para a tentativa desesperada de aderirem ao grupo vencedor e lá continuarem a desfrutar de suas boquinhas.
Mais do que forças para o hercúleo trabalho de reconstruir a cidade que Memê devastou, Alair precisará de muito estômago para aguentar esse tipo de gente. Aguentar sim, pois como o próprio derrotado – e seus apaniguados – bradam, ele será o prefeito de todos os cabo frienses. Inclusive deles, também.
Não era à toa que ele criava avestruzes, pois na política ou você engole muito ou enterra a cabeça na areia e finge que não vê.
Simbolismo perfeito!

Walter Biancardine

NÃO TEM MAIS VOLTA: ALAIR É O PREFEITO DE CABO FRIO!



Casa Azul, 4 de dezembro de 2012

Mãos trêmulas, voz embargada e um discurso à princípio um tanto quanto subserviente: estas foram minhas primeiras impressões ao acompanhar a sustentação oral do Dr. Carlos Magno, diante do colegiado do TSE em Brasília, esta noite.
Minha irritação cresceu ao ouvir o segundo advogado – em prol dos argumentos do TRE-RJ e outros quetais – quando percebi sua excessiva auto confiança. Cheguei mesmo a crer que o inacreditável feito jurídico do Rio de Janeiro se repetiria na capital do país.
Mas o auge de minha raiva aconteceu diante da bem vinda arrogância do advogado do sr. Jânio Mendes, que pretendeu dar aulas aos magistrados lá presentes. Digo “bem vinda arrogância” pelo fato de ter sido ela o gatilho que me despertou para as realidades inequívocas, que redundariam na soberba vitória de Alair no TSE: Dr. Carlos Magno é um advogado de uma cidade do interior fluminense e, por mais brilhante que seja, estava diante da mais alta Corte de Justiça Eleitoral do pais, televisionada para 200 milhões de almas. Só isso faria tremer qualquer um que não julgasse à si mesmo um semi-deus, como os advogados continuístas até então acreditavam ser. O Dr. Magno, por mais fé que tivesse na limpidez do direito de seu cliente e na sua competência profissional, tinha a exata consciência do quanto milhares de pessoas dependiam dele, naquele instante. E tremeu, como qualquer mortal tremeria.
E ao evidente arquétipo do humilde que busca a Justiça igualitária, somou-se a poderosa e inescapável – quase estarrecedora, diria – realidade dos fatos: Alair tinha o bom direito, vítima de um julgamento inacreditável por parte do TRE-RJ. E contra isso nenhum sofisma prospera, e a hermenêutica maliciosa sucumbe.
O Ministro Marco Aurélio deu bem a dimensão de seu papel no jogo em pauta, ao mal deixar a doce, quase tímida Ministra Lossio falar, soterrando-a com sua antiguidade e projeção nacional. Entretanto, quase como em um folhetim de suspense, deu meia volta e lavou a alma de milhares ao proferir, com todas as letras, o que todos desejavam dizer: que o TRE havia “esticado demais a corda”, num julgamento “estarrecedor”. E para bom entendedor, pingo é intervenção. Ou deveria ser.
Suprema humilhação: “Não conheço dos recursos”, fulminou a frágil porém decidida Ministra relatora. Ou seja, todos os sofismas e protelações, manobras e conchavos, embargos e expedientes mesquinhos do ungido municipal foram solenemente ignorados pela verdadeira Lei. E como golpe de misericórdia, foi a Ministra seguida por todos.
De nada adiantou argumentação tão rasteira, procurando adular juizes por sua participação no julgamento do Mensalão – e até mesmo cometendo sem pejo a enormidade de tentar colar em Alair o rótulo de “mensaleiro” - vai que cola? - em um raciocínio tão tortuoso quanto desprovido de escrúpulos. A verdade dos fatos, decidida em última instância, é que Alair Corrêa é ficha limpa, foi vitima de pressões políticas no TRE-RJ e jamais deveria – sequer – ter sofrido toda essa agonia.
Igualmente verdadeiro é o fato de que o pequenino Davi venceu, novamente, o Golias lobista – que apenas gastou dinheiro, influências e noites sem sono, ao tentar movimentar céus e terras em sua ânsia de perpetuação no poder.
O Brasil está mudando, é o que temos visto. Desde o julgamento e condenação dos mensaleiros que a maré não se encontra mais tão favorável ao grupo que pretendia transformar o país em uma nova ditadura. Como símbolo dessa mudança, será sempre lembrado o telefone desligado na cara do governador do Rio, pela presidente Dilma, por ocasião do veto à nova lei dos Royalties.
E como destroços da feia batalha travada entre a luz e as trevas, restam os escombros de Dilma, Lula, Sérgio Cabral, Marquinho Mendes e o TRE do Rio de Janeiro.
Temos de agradecer à arrogância dos janistas – advogados, políticos ou articuladores – por terem servido de contraste, para realçar e delinear à perfeição, a mais chocante radiografia já feita nos extensos e tristes anais da teratologia – expressão da Ministra Lossio – política e jurídica brasileira.
Que permaneça em nossas mentes, para que lembremos do fato de termos o que reparar, consertar e colocar um ponto final, se desejamos evitar uma repetição destas agonias daqui há quatro anos.
E que tenham aprendido a lição todos os arrogantes, debochados, boateiros, intimidadores e velhacos destas terras – pois não será um pseudo cavalheirismo de reconhecimento da derrota que apagará nossa consciência do quão sujo podem jogar.

Parabéns Alair Corrêa: sua vitória nos faz crer que este pais ainda pode ter jeito!

Walter Biancardine

domingo, 2 de dezembro de 2012


A esquerda, a naftalina e o crime



É de causar pasmo ver gente nova – notadamente efebos mal-entrados na pubescência – agarrados a conceitos mortos e anacrônicos como “direita” e “esquerda”.
Produzindo textos com cheiro e cor dos antigos panfletos mimeografados dos “contestadores” de 68, a gurizada nascida na virada dos anos 80 para os 90 crê piamente que o emprego de expressões como “burguesia”, “extrema direita”, “esquerda progressista” ou até a podre “consciência social” emprestarão uma seriedade, maturidade e experiência aos seus autores bem mais verossímeis que suas faces sarapintadas de espinhas nos permitiriam supor.
Essa turminha da creche socialista, que jamais viu um governo militar na vida e nem de longe sabe o que é uma ditadura declarada – e não essa covardia absolutista disfarçada que grassa nas esferas estadual e federal – aceita de bom grado o exercício do mando pessoal e nada vê de errado nisso, quando o vento sopra à seu favor. Enormidades como o “Veta Dilma” referente aos royalties, nada mais são do que um endosso popular que os donos desses meninos querem emprestar ao poder discricionário de uma presidente.
Fosse outro a ocupar a principal cadeira do Planalto – um Aécio Neves, que fosse – e essa turminha já estaria gritando, com as veias do pescoço inchadas, que um assunto tão importante teria de ser levado à decisão popular e nunca ser submetido à decisão de um só – um presidente.
Digno de nota é a falta de memória dessa criançada: até ontem bradavam que nada mais justo as embromações protelatórias de Jânio em Brasília, sob a alegação de que a Justiça era a única forma de impedir que “uma minoria” prevalecesse sobre todos. E o que acontece nos royalties? Nada mais nada menos que todos os estados do Brasil querendo enfiar a faca e sangrar os cofres de dois ou três Estados da Federação – ou seja, maioria absoluta a favor do fim dos royalties para nós.
E os bobinhos se esquecem das próprias besteiras que falam. Desde que seja conveniente à seus donos, é claro.
Pior: batem nos peitinhos adolescentes e bradam com orgulho serem “de esquerda”. Andaram lendo um pouquinho mais que a grande massa analfagoogle e se acham profundos conhecedores de Karl Marx e de toda a burrice decorrente das sandices do mesmo.
Nunca pararam para pensar no fato – pois é um fato – que governos “de esquerda” só conseguem produzir resultados quando exercidos através de ditaduras – e os resultados sempre são bélicos.
Nunca pararam para pensar que a “direita”, como conceito, sequer existe – pois o que eles acusam como “defeitos direitistas” nada mais são que falta de caráter e ganância do espécime humano – que também se manifesta nas esquerdas através do fanatismo, absolutismo e violência.
A verdade é que eles só falam essas bobagens porque ainda existem menininhas tolas que suspiram por seus “idealismos”. Todo o socialismo, esquerdismo e consciência social desembocam – inevitavelmente – na cama de um motel. E pior: desaparecem por completo, ao crescerem, terem filhos, contas para pagar e mais o que fazer do que exibir seus egos inflados por aí.
No frigir dos ovos, é de causar pasmo estarmos no ano de 2012, boca de 2013, e ainda ter gente que não saiu de 1968 – o ano que nunca acabou para eles, que não terminaram de ler o livro que conta como foi.
E é de embasbacar mais ainda constatar que esse discurso rasteiro, inverossímil, repleto de sofismas, ainda encontre eco nas cabecinhas ocas da estudantada e demagogos de plantão.
A petizada que aplaude as esquerdopatias expelidas por uns e outros por aí é a mesma que repudia nosso atual e triste estado de guerra civil do crime, com – no mínimo – quatro Estados da Federação submetidos ás ordens de chefinhos nas cadeias. Rio, São Paulo, Minas Gerais e até – pasmem – Santa Catarina vivem hoje uma rotina de terror e toque de recolher que os cidadãos se auto impuseram. Abdicaram do direito de ir e vir por medo do crime. E o Estado nada faz – ou o faz com medidas protelatórias e tímidas, dignas de suspeitas de má-fé e conivência com o crime.
E estes Estados suspeitos quais são? Curiosamente, os mesmos cujas capitais acolheram o dito “pensamento de esquerda”. Depois do “Brizola na Cabeça” e da proibição da polícia carioca de subir morros, toda suspeita de conivência é justificável.
A promiscuidade entre o Estado “com consciência social” e o crime é nítida, e só não vê quem não quer. Mensalões, assassinato do prefeito Celso Daniel, super-secretárias, dinheiro nas cuecas e toda a sorte de bandalhas e evidências dessa relação inaceitável são jogadas em nossas caras pagadoras de impostos todos os dias.
E para quê pagamos 35% do PIB ao Governo?
Para que ele não dê nada em troca – conto do vigário, estelionato – e nos puna se inadimplentes – extorsão.
A esquerda hoje mostra sua verdadeira face: a face de uma quadrilha organizada para reduzir o brasileiro ao paternalismo mais miserável, trancá-lo em casa por medo da morte, extorquir-lhe os últimos tostões em impostos e eternizar-se no poder – sem oposição graças ao “controle da mídia”.
E essa gurizada ainda acha o máximo “ser de esquerda”.
Amiguinhos: o tempo de falar merda acabou! Cresçam! Não existe esquerda ou direita, o que existe são bons ou maus governos. Parem de discutir utopias e sofismas marxistas e prestem atenção na realidade!
Ou o futuro de vocês será viver ás custas de um “bolsa família”, assistindo Faustão na TV, cercados de grades em casa e felizes com a vitória do seu time nas finais do Brasileirão.
Se esta é a ideia da tal “dignidade” que vocês tanto falam, me desculpem.
Qualquer um tem o direito de almejar horizontes bem mais altos que um carnê das Casas Bahia.
Pois somos todos iguais diante de Deus.