domingo, 23 de setembro de 2012


Amores, tempestades e o Bloco da Rama


Eleutério era um exemplo de cidadão cabofriense bem sucedido: herdeiro de uma pequena rede de lojas de eletrodomésticos, casado há dez anos com a mesma mulher, dois filhos irriquietos e um dos principais animadores do então ativíssimo Bloco da Rama, Leléu – como era chamado pelos colegas – tinha tudo que um jovem senhor de seus trinta e seis anos poderia querer.
Mesmo com o velho ainda a frente dos negócios, sua idade avançada fazia com que Leléu atuasse, na prática, como o verdadeiro dono de tudo. Da admissão de funcionários à compras e reposição de estoque, em tudo estava o dedo do jovem centralizador. Mesmo em suas horas de folga sua liderança era sentida, como na organização das saídas da grande paixão de sua vida – o Bloco da Rama.
Tinha Leléu três parceiros inseparáveis no Bloco, aos quais delegava o pouco que sobrava de sua febril atividade organizadora. Ele e Nandinho – um dos parceiros – varavam madrugadas em intermináveis reuniões à portas fechadas na casa de Carlinhos, o outro parceiro e – convenientemente – solteiro e com uma casa disponível, e isso tornara-se rotina tão forte que nem mais incomodava Marieta, sua mulher.
Aos comentários de que o Bloco da Rama era um amontoado de bichas enrustidas procurando derivativo, o trio sempre respondia com um sorriso de desdém e a categórica afirmação de que seriam tão machos que sequer precisariam provar isso.

* * *
Ás vésperas do carnaval do ano da graça de Nosso Senhor de 1975, após uma lotada sexta-feira trabalhando na matriz de sua loja, entendeu Leléu de investir sua macheza na exuberância glútea de sestrosa mulatinha, a qual atendia na seção de rádio-vitrolas e sobre cujas nádegas o patrão já assestara sua pontaria desde que a mesma fora admitida.
Uma formidável tempestade de verão se aproximava, com trovões roncando, relâmpagos iluminando o lusco-fusco do entardecer e ensejando conveniente desculpa de Leléu para segurar a mulatinha após o expediente, sob pretexto de cobrir com lona algumas caixas que estavam no estoque, para evitar que molhassem.
A bem da verdade Luzia – a mulatinha – não rechaçava as investidas de Leléu. Afinal ele era jovem, rico e bem poderia ser um senhor que a ajudasse, nesta dura e difícil senda da vida, a montar sua própria casa. Sorria, lançava olhares e mesmo confidenciava intimidades como sua virgindade em seus dezessete anos. Pois naquele entardecer tempestuoso ela sentia-se criativa e sugerira uma alternativa obscena para desafligi-los da angústia descerebrada dos quadris.
Tal sugestão foi como prêmio de loteria para Leléu, antigo em cobiçar as nádegas rotundas da pequena saliente: apressadamente jogou-a de quatro por cima das caixas de papelão do estoque e ali mesmo satisfizeram-se.

* * *
Terminada a aflição, lembrou-se Leléu de sair de cima de Luzia e fumar um cigarro. Entretanto, o pior acontecera: amigos já o haviam prevenido contra os perigos da sodomia e agora, ao que tudo indicava, seus piores pesadelos tornaram-se realidade – estavam, ambos, engatados tal como dois cachorros em despudorado acasalamento.
Tudo tentaram, todas as posições, óleo de máquina de costura, cutucões na barriga da pobre que – cada vez mais nervosa – desesperava-se em gritos e xiliques histéricos, e nada funcionava.
Com suas partes cada vez mais edemaciadas e sentindo dores somente suspeitadas no inferno, decidiu Leléu cobrir a sí e a pobre desgraçadinha com tosco e imundo lençol, entrar em seu carro com ela no colo e dirigir até o hospital, última possibilidade de salvação, apesar do escândalo.
Como se o próprio Deus tivesse a firme resolução de castigá-los por seus pecados, a imensa tempestade que começara junto com suas libidinagens descia com fúria divina por sobre toda a cidade, tornando quase impossível distinguir um palmo que fosse, à frente.
Tudo tem seu lado bom, pensou Leléu: esta mesma tempestade também serviu para acabar com a luz de toda a região, permitindo que alcançassem o pronto-socorro sem serem incomodados – eis que nenhum doido se atreveria a sair ás ruas debaixo do verdadeiro dilúvio que se abatia sobre Cabo Frio.
Mas a ira de Deus não se detém com a simples escuridão. No próprio hospital Leléu – conhecidíssimo na cidade – logo foi avistado por enfermeiras companheiras de carnaval e médicos amigos do Bloco, os quais rapidamente tornaram pública sua miserável e humilhante condição.
Não fosse pouca tal desgraça, tão forte foi a tempestade que todo o teto mais a fachada de sua loja desabaram, sob o peso de toneladas de água, acionando um escandaloso e comentado trabalho do brioso Corpo de Bombeiros.
Feito antiga brincadeira do “telefone sem fio”, às notícias do pobre entalado somaram-se à do desabamento de sua loja, provocando uma romaria de amigos, amigas, parentes e mesmo autoridades, ao hospital em busca de notícias.
- É verdade que Leléu ficou preso nos escombros da loja?, perguntava um.
- Pois é, parece que ele e mais uma funcionária estavam trabalhando, e tiveram de ser separados com serra elétrica!, exagerava outro.
Lívido, Carlinhos entrara no hospital sem se importar com mais nada e berrando, alto e bom som:
- Leléu! Eu sabia! Sempre desconfiei de seus olhares pro Nandinho!
Toda aquela multidão teve sua curiosidade desperta pela insinuação, e cobrou explicações do pobre rapaz, acuado contra a parede. Sem ter como resistir, abriu o verbo:
- Eu, Nandinho e Leléu nos reuníamos em minha casa fingindo que era pra tratar dos assuntos do bloco...
- E dai?, urraram todos.
- E daí que a gente ficava juntos, os três...mas ele me trair e ficar só com o Nandinho escondido na loja, é muita sacanagem!
Mais sacanagem ainda o pobre deve ter achado, ao se deparar com as bisonhas figuras de Leléu e Luzia enrolados em lençóis, cabisbaixos e apressados, rumando de mãos dadas em direção ao carro.
Sem se fazer de rogado, o médico que os acompanhara satisfez a curiosidade popular detalhando, à sordidez possível, tudo o que os apetites irritados da turba quis saber.

* * *
O casal, na verdade, nem chegara a entrar no carro e já voltara ao hospital. Marieta os esperava na chuva, armada com a mesma pá que minutos antes estava usando para desafogar – sozinha – sua casa do lamaçal que infiltrara, e os moera à golpes.

* * *
O pai de Leléu vendeu a loja a uma rede carioca de eletrodomésticos, logo após seu filho mudar-se – desquitado – para São Paulo.
A família de Leléu – ex-mulher e filhos – igualmente saíram da cidade e ninguém nunca mais soube deles.
Nandinho e Carlinhos casaram-se informalmente, e foram morar no Arraial do Cabo, trabalhando como assessores de Luzia – que elegeu-se vereadora pelo novo município, logo após sua emancipação.

Walter Biancardine

Intervenção e cura

Saiu no blog do Garotinho* um artigo no qual o ex-governador sugere a intervenção do TSE no TRE-RJ, por contaminado que estaria.
Embora nem de longe morra de amores por este senhor, no momento tenho de aplaudi-lo por ser o único – e não me interessam as razões que o move – com peso e projeção a ter peito para denunciar o fim da República em nosso Estado do Rio.
Segundo o ex-governador, o TRE-RJ vive sob a batuta de Sérgio Cabral, através dos “bons” ofícios de Luís Zveiter, comportando-se de maneira pavlovianamente condicionada aos gestos da desastrada batuta do antigo X-9 da Juventude peemedebista.
Tal é a despreocupação de Cabral com quaisquer consequências de seu despotismo que sequer uma meia dúzia de opositores ele deixou: limou um por um, de maneira “perfeitamente” legal, todos os candidatos contrários, nas corridas às prefeituras dos 92 municípios fluminenses. Seus atos tornaram-se provas flagrantes da acusação e um juiz que não acolha estas circunstâncias pisará irremediavelmente no terreno das suspeições.
Entretanto, ouso ir mais longe e supor que não apenas o TRE-RJ precisa de intervenção: igualmente o Governo do Estado do Rio carece disto, mas só após uma completa faxina no Planalto, seguida de uma dolorida e (vamos ser realistas) irrealizável depuração em todo o judiciário brasileiro.
Seria rematada ingenuidade supor que um Serginho teria tamanha ousadia de perpetrar seus atropelos e rasgar o equilíbrio republicano entre os Poderes, somente amparado em uma coragem que sabidamente não tem: notoriamente protegido, acalentado e amamentado pelo Governo Federal, apenas mimetiza um modus operandi que se tornou praxe da dinastia Lulla, desde que o PT assaltou o poder e extinguiu a República e a democracia.
O insaciável e personalista Lulla manda em Dilma. Igualmente, sempre mandou em Zé Dirceu, Genoíno, Delúbio, Marcos Valério e toda a corja de ladrões que assaltou os cofres da República. Somente um profissional da imbecilidade acreditaria que o barbudo não sabia de nada sobre mensalões, e fica difícil crer que não saiba de Deltas e Cachoeiras – tal foi a desavergonhada combinação que livrou Cabralzinho da CPI – e por cujo pesado dedão afastou seu aliado graças à subserviência sem pátria dos que se acovardam diante do mando pessoal.
É impossível não traçar uma linha reta, verdadeira espinha dorsal, que una toda essa imundície: o mensalão que o povo nem quer saber se replica na Delta, que igualmente o povo nem quer saber. A manipulação Lullo-Dilmista no Supremo – graças a Deus até agora ineficaz – se replica nas influências espúrias do Governador por sobre o TRE-RJ.
Seria tão difícil assim imaginar que o desespero continuista em uma pequena cidade do interior – entretanto convenientemente inchada de royalties – se deva aos mesmos motivos?
O Brasil precisa, urgentemente e de cima a baixo, de uma séria e profunda intervenção.
É preciso refundar a República.

Resta agora, para desanuviar, a clássica pergunta do Chapolim Colorado, do seriado Chaves:
- E agora? Quem poderá nos salvar?

*(http://www.blogdogarotinho.com.br/lartigo.aspx?id=11928)

Walter Biancardine

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Vai trabalhar, gordo!

...E aproveitando o momento "Ascético-Messiânico-Onanista-Digital-Eleitoral" de conhecido e rubicundo blogueiro, que pensa que se deu bem, transcrevemos com o devido e merecido respeito e reverência um trecho do Evangelho de Nosso Senhor:

"...E se tua mão direita é causa de escândalo, 
corta-a e atira aos cães.
Melhor entrardes no Paraíso aleijado do que em pecado..."

E arrematando com Cazuza: 
"Saiba que ainda estão rolando os dados. Porque o tempo não para".

Que sirva de pequeno lembrete ao referido e rotundo escrevinhador, pois em breve o mesmo terá de trabalhar para viver e deixar de amparar-se em muletinhas amistosas. Melhor perder uns quilinhos, bicho. Antes que a dieta das privações o faça por você!


Dr. Carlos Magno fala sobre cassação de Alair

Aproveitando e já agradecendo a gentileza oferecida por Álex Garcia em seu blog Cartão Vermelho, o Opinião reproduz aqui a entrevista originalmente publicada no mesmo. Vamos a ela:

O Blog Cartão Vermelho se antecipa e realiza a primeira entrevista com Dr. Carlos Magno advogado de Alair Corrêa após indeferimento de seu registro de candidatura pelo TRE-RJ.
Segundo Dr. Carlos Magno nos passou em entrevista por telefone a situação é muito tranquila para o candidato Alair Corrêa e será revertida em breve. Dr. Carlos Magno ainda afirma que conseguiu o mais difícil que seria livrar Alair de todas as acusações de seus adversários e que o TRE-RJ se ateve apenas à questão documental, fundamento que fere norma do próprio TSE.

“TRE INDEFERE REGISTRO DE ALAIR TÃO SOMENTE POR CERTIDÕES” – afirmou Dr. Carlos Magno

Blog CV: Como o doutor vê o resultado do julgamento?
Dr. Magno: Um pouco surpreso, mas decisão judicial não se comenta, se recorre. E é o que eu já estou fazendo.
Blog CV: Como fica a situação do candidato Alair?
Dr. Magno: Normal. Continuará sua campanha, terá seu nome nas urnas e será diplomado, já que acho que vai ser eleito.
Blog CV: Por que tanta tranqüilidade?
Dr. Magno: Porque a decisão do TRE fere a Resolução 23.373, que em seu artigo 32 determina que o candidato, caso suas certidões estejam incompletas, tem que ser intimado para em 72 horas suprir a falta, o que não ocorreu. Além do mais, o Cartório Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral, o Juiz e mais 2 Desembargadores afirmaram que Alair apresentou todas as certidões exigidas.
Como se não bastasse, Alair não tem qualquer condenação criminal, fim a que se destina as certidões.
Blog CV: Mas a situação é tão simples assim?
Dr. Magno: Mais do que você pensa. Além do que expliquei acima, no dia de ontem foi publicada uma decisão do Ministro do TSE Arnaldo Versiani deferindo o registro de um candidato de Magé por entender que o TRE do Rio não poderia exigir certidão de inteiro teor criminal, fato que foi utilizado para indeferir Alair.
Blog CV: Então, Dr. Magno, a situação é a mesma?
Dr. Magno: Não, a de Alair é melhor, pois sequer foi intimado. No caso de Magé o candidato foi intimado e em 72 horas não apresentou tais certidões. Mesmo assim, recorreu ao TSE e teve seu registro deferido, já que o TSE entendeu que o TRE do Rio não pode exigir certidão de inteiro teor criminal como fez com Alair.
Blog CV: Por que o TRE não seguiu essa decisão?
Dr. Magno: Não sei, ela foi publicada no dia de ontem. Inclusive a entreguei por memoriais ao Desembargador que a leu na sessão e a utilizou para justificar o seu voto favorável a Alair.
Blog CV: Mas mesmo assim o TRE indeferiu o registro?
Dr. Magno: Sim, mesmo assim mantiveram o indeferimento de Alair, que não me cabe, como disse, comentar, mas sim respeitar e recorrer.
Blog CV: Quais são as chances de ganhar no TSE?
Dr. Magno: Diante do que disse acima e pelo fato de Alair não ter qualquer condenação criminal, juridicamente não vejo a mínima possibilidade de perder.
A decisão do TRE contraria as normas e decisões do TSE.
Blog CV: Você acha que foi uma decisão política?
Dr. Magno: Pra mim, todas as decisões dos Tribunais são jurídicas. E é pelo ângulo do direito que analiso e recorro de tais decisões.

Do Blog Cartão Vermelho:
Entrevista livre para todos os amigos da imprensa que desejarem publicar, não é necessário citar a fonte.

O Jornal Opinião agradece ao colega de imprensa, em seu gesto de promover a verdadeira informação que o eleitor precisa para formular seu julgamento, e coloca suas páginas a disposição para outras matérias de interesse público.
TRE cassa Alair e libera miliciano
ou
Judiciário Eleitoral do Estado do Rio, cujo governador é Sergio Cabral – adversário de Alair – impugna candidatura do mesmo, mas libera miliciano.

A manchete é auto explicativa, diz tudo e cabe em sí o próprio juízo do fundo de poço à que se chegou a promiscuidade entre os Poderes, nas mãos de um Governador que não dá a mínima para os principios básicos da democracia e só se interessa por dominar os 92 municípios do Estado que, teoricamente, darão sustentação aos seus sonhos de suceder Dilma Roussef no Planalto.
Há tempos já se sabia que a candidatura de Alair seria impugnada, era carta marcada e a combinação, pública e notória, foi amplamente noticiada por toda a imprensa independente. Nenhuma surpresa nisso.
A surpresa resume-se na total incapacidade do cidadão mediano protestar contra a usurpação de seus direitos, de sua cidadania e ver, candidamente, que seu voto e nada valem a mesma coisa.
De cima a baixo, do Federal ao Estadual e Municipal, urnas nada mais valem. O que vale é a Justiça (tenha dó!) e, mesmo assim, a de última instância, ainda que encruadas de corpos estranhos como Toffolis e Lewandowiskis.
Na “Ditadura Legalista” implantada pelo PT, nada é feito pela força do ditador e sim disfarçada sob a força das leis. Assalta-se o Judiciário, manietam-se os juízes – que, em última análise, são apenas e tão somente seres humanos – e todos os atropelos e violências são abonados pela sentença favorável.
Vivemos sob uma ditadura. Não é de esquerda (nem nunca foi, basta farejar um Zé Dirceu e ver se ele realmente acredita nisso), não é de direita, não obedece à nenhum ideal. Seu único propósito é o enriquecimento material de seus integrantes, seja através de maracutaias, conchavos ou mesmo crimes, se necessário for.
Iludem o povo com brinquedinhos como urnas eletrônicas – boas fossem e o resto do mundo as usaria – engambelam a massa submissa com simulacros de eleições, códigos, leis – sendo o nosso um dos países cujo elenco penal é o mais extenso – apenas para servir de “mel na chupeta”, para que não possamos protestar contra uma suposta impossibilidade de escolha de nossos representantes.
Pois bem, Alair é o escolhido, isso é notório e manifesto não apenas nas pesquisas como, principalmente, nas ruas. O que se faz? Arruma-se uma filigrana legal e cassa-se seus direitos – sob todo o sério e inatacável trâmite legal. Assim, a sua escolha, eleitor, se resume aos que restam: um, bom rapaz mas votação inexpressiva. Outro, simplório serviçal em terceiro grau, de uma família que vendeu-se ao projeto Federal do Chefe do Executivo Estadual.
Que escolha, cara pálida? Que “democracia” é essa?
Alair roubou? Matou? Tirou dinheiro das velhinhas? Não. Mas não apresentou uma certidão sabe-se lá de quê, então a mão pesada da Lei amestrada cai sobre o mesmo.
Você já se perguntou o por quê votar? Para quê? Vivemos realmente numa democracia?
Este texto provavelmente será objeto de um processo – mais um, sob a perfeita aparência legal – então não mais poderei expor minhas ideias contrárias. Meu candidato foi impugnado. Não posso manifestar minhas preferências, meus gostos e nem mesmo exercer o comezinho hábito de fumar.
A patrulha do “politicamente correto” é a face youppie da mais feroz ditadura liberticida que se tem notícia, e manipula-nos sem que nos apercebamos.
Ditadores roubaram seu candidato de você. Cassaram seu direito de votar no escolhido. Calaram sua boca e seus protestos. E então, vai ficar aí, parado?
É hora de irmos para as ruas gritar, exigir a volta da verdadeira democracia! Proteste, grite, exija retorno, em ações dignas, do salário que você paga aos que te tiram todos os seus direitos e escolhas!
Chega de sermos um povo de carneiros mansos, que deixamos nos conduzirem mansamente aos matadouros da liberdade!
É hora de irmos ás ruas! É hora de gritar! É hora do basta!

Walter Biancardine

Sic Transit Gloria, Imundi !!!

Não é de hoje que esta página chama atenção para os alarmantes sintomas ético-degenerativos-cerebrais de rubicundo blogueiro e dublê de voyeur nas horas vagas.
A moderna medicina já cataloga, em seus compêndios, a evidente ligação entre o emocional e o físico, a assim chamada “somatização”. Assim, antigas tradições da vovó que associavam sentimentos de medo à doenças renais, ou mesmo o rancor à bílis – tal como acusam uns e outros de “fazer política com o fígado” – encontra sua mais perfeita exemplificação no caso de nosso blogueiro sindrômico. Sim, trata-se realmente de síndrome, já que seus males compõem-se de diversas doenças combinadas e associadas, destacando-se a provável disfunção erétil que o conduz aos obscuros derivativos das fotografias de mulher pelada e, quiçá, um grave caso de protusão das hemorróidas – couve-flôr, para os antigos – responsável pelo evidente desequilíbrio emocional, falta de irrigação na terceira circunvolução parietal esquerda do cérebro (esclerose gagá, mesmo), confusão de datas e locais, além da ideia fixa e obsessão em um determinado personagem – no caso, Alair Corrêa, a vítima de seus chacras em fúria.
Triste cena é ser obrigado a contemplar cotidianamente a decomposição e putrefação pública de um cérebro, exposto sob os holofotes digitais. O alucinado surto delirante que levou o referido e vetusto senhor a – tal qual babalorixá wi-fi – prever o que iria ou não acontecer em um comício sequer realizado, além de ainda elaborar requintadas análises político-figadais sobre o feito que ainda era porvir, comprovou de maneira acachapante a urgente e piedosa necessidade de interdição dos dedos rombudos que insistem em batucar desordenadamente seu teclado gosmento.
Finalizando e mantendo a tradição, imperativo é lembrar que o mesmo esférico senhor dedicou igual comportamento obsessivo em jogar pedras sobre o evento Cabo Folia, mas bastou receber anúncios do mesmo para silenciar-se e, pior, apagar todos os posts depreciativos que havia feito.
Um conselho aos efebos imberbes que secundam o imenso senhor, tal qual planetóides ao redor de estrela em vias de explodir: meninos, vocês são recém-chegados e já querem sentar na janelinha? E ainda por cima copiam descaradamente maneirismos, estilos (ou falta dele), e fúria desmedida?
Que péssima escolha, que péssimo exemplo, nenéns!
Melhor é tomar bastante Toddy, viver mais – por mais que colecionem, vaidosos, títulos e diplomas, os mesmos não dão sabedoria – e não se meterem em assuntos de adultos.
Esta é a brancaleônica trupe midiática do “Continuísmo Diferente”, a que se pretende cheia de credibilidade e moral. Tal qual esquerdopatas furiosos do ABC paulista, berram irados e apontam dedões imundos para tudo apenas para alcançar o poder. Uma vez lá, não só repetem os mesmos descalabros que condenaram, como os amplificam desavergonhadamente. Taí o mensalão para provar.

"Agitem a questão da reforma agrária. Mas não ao ponto de consegui-la!"
Conselho de Luis Carlos Prestes aos seus seguidores

Convocação de Alair para o comício, DIA 18 - notem a data á direita
Esta é a postagem ensandecida. Favor notar a data no canto inferior direito, em contraste com os comentários mediúnicos sobre os acontecidos do DIA 18.




domingo, 16 de setembro de 2012



O sonho acabou

Um triste e inglório réquiem para a geração que acreditou no sonho, que quis mudar o mundo e que orgulhava-se de ser diferente de seus pais.
Aconselharam a não confiar em ninguém com mais de trinta anos, esquecendo-se que eles próprios corriam o risco de envelhecer.
Proclamavam que queriam uma casa no campo, seus discos e livros, e nada mais. Mas fizeram as melhores cabeças quererem ideologias, quererem uma pra viver.
Não se agradavam do dinheiro, não. Mas foram os responsáveis pelo maior escândalo de corrupção e roubo, na história republicana deste país.
Houve uma época em que aconselhavam cuidado. Foram vencidos, e o sinal estava fechado para eles, que eram jovens. E somente para abraçar seus irmãos e beijar suas meninas nas ruas é que se fizeram seus braços, seus lábios e suas vozes.
Mas já então, tantos anos atrás, um visionário intuía que seus ídolos ainda eram os mesmos, e as aparências jamais enganaram.
E sofreu a dor de perceber que, apesar de terem feito tudo o que fizeram, ainda eram os mesmos e viviam como seus pais.
Agora, nas barras da mais alta Corte de Justiça da nação, compreendem que seus sonhos eram apenas a mais vil cobiça e ânsia de poder.
Que suas consciências possam, um dia, encontrar descanso do remorso de terem iludido e tripudiado dos sonhos, do sangue e da honra de toda uma geração de brasileiros, uma das poucas que realmente lutou e acreditou em algo – agora rifado de suas biografias, restando apenas um buraco na história de cada um.
Buraco este do tamanho de uma vida, e que jamais poderá ser remendado por nada além do conformar-se e esquecer.
No mensalão tornaram-se réus não apenas de maracutaias, mas principalmente culpados – até a máxima instância – do maior estelionato ideológico que se tem notícia.
É a morte do mito. O fim do culto à personalidade. Que Deus os absolva, desejaria.
Mas – os deuses não morreram? Então, nem mesmo o conforto do ópio popular restará a eles.
Mataram os deuses sem terem se tornado super-homens.
Triste fim.

Walter Biancardine


sábado, 15 de setembro de 2012



O MENSALÃO (antecessor do Mensalinho)

Os brasileiros estão cansados de saber o que representou o mensalão na vida política do país. Coisa simples para aquele que tinha como meta eternizar-se no poder ao alçá-lo em 2003 (PT). Ou seja, aparelhar os órgãos públicos com os militantes (milhares de cargos bem remunerados, na Petrobrás, Previ, BB, Cx.Econômica, etc.); corromper todos as associações que 
poderiam criar embaraços, como sindicatos, organizações estudantis através de farta distribuição de dinheiro público, e, finalmente, submeter o Congresso nacional à sanha dos que pretendiam silenciar – até a própria imprensa, o que sobrava da democracia. Estaria implantada a vontade daqueles que se julgavam os intocáveis. O mensalão, com base na afirmação do Lula quando deputado, seria a forma de conquistar a adesão dos “300 picaretas” que infestavam o legislativo nacional. O mensalão foi uma espécie de mesada transferida dos cofres públicos para o bolso dos chefes partidários da base do governo. O butim era concentrado nas mãos de Marcos Valério, o “mecenas” ligado ao PT. O Supremo Tribunal Federal acabou com o sonho dos petistas ao sentenciar, em julgamento histórico, que o mensalão existiu sim. E o Caixa 2 também! Mas não comemorem ainda, pois a “intelligenzia” bolivariana está atenta ao desenrolar dos acontecimentos no STF. É agora Zé Dirceu! 

DE NOVO LEWANDOWISK E TOFFOLI - Os dois foram os únicos a absolver Rogério Tolentino. Trata-se de quem contraiu o suposto empréstimo no BMG. e que comprou o apartamento de Maria Ângela da Silva Saragoça, ex-mulher de José Dirceu, adiantando R$ 20 mil em espécie. Maria Ângela também foi contratada para trabalhar no BMG a pedido de Marcos Valério. Mais coincidência. 


E O MENSALINHO? Um texto para comemorarmos o mês da Independência!

Por esse Brasil afora com o mau exemplo vindo de cima, institucionalizou-se a eternização de grupos patrimonialistas no comando das prefeituras municipais. O velho clichê do coronelismo comandando as eleições majoritárias e proporcionais. Com o substancial aumento dos orçamentos dos municípios brasileiros, ficou mais difícil para 
os prefeitos controlar o apetite voraz dos vereadores da situação. Eleições para o legislativo ficou caro e as cobranças foram dirigidas para o executivo. Nasciam os famintos por vantagens patrocinadas pelos prefeitos. Bancadas inteiras de oposição foram dizimadas através da cooptação via oferecimento de secretarias e cargos comissionados para a “parentada” eleitora. Era o mensalinho municipal a serviço da perpetuação dos poderosos. As oposições se enfraqueceram tanto que em muitos municípios houve dificuldade até de conseguir-se um candidato para fazer frente ao prefeito ou seu indicado. Controle quase total dos eleitores de modo a manipular as intenções de voto pela formação de uma gigantesca coligação partidária, sufocando o que restava de intenções de alteração do status quo político. Nascidos nos intestinos do poder central, projetos de lei são facilmente aprovados pela substancial maioria dos vereadores, claro, interessados no aumento do número de secretarias e cargos em comissão. Horas extras, elevação dos subsídios de comissionados através de portaria omitindo o nome do titular, e contratação de funcionários por cooperativa vencedora de "concorrência", constituem-se numa ferramenta efetiva para a manutenção do poder. Há ainda os que se vangloriam das adesões de ex-adversários, pensando enganar eleitores incautos sobre o mensalinho aplicado durante os anos à frente do executivo. Prefeituras do interior, geralmente em cidades com menos de 50 mil habitantes, são verdadeiras sinecuras. Tudo dentro do que determina a Lei da Responsabilidade Fiscal. Mas, com a vergonhoso arreglo entre prefeitos e vereadores. 



Ricardo Villarinho

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Tudo tem limite

Tenho me mantido calado, sem postagens no blog nem comentários em espaços alheios generosamente concedidos, no aguardo de desdobramentos políticos que contrariem meu ceticismo e – paradoxalmente – minha convicção profunda de que, em definitivo, perderam-se todos os acanhamentos de demonstração pública de velhacaria, subserviência e peleguismo carreirista por parte de nossos governantes e associados.
Do inominável casamento entre Jânio e Marquinhos – os Mendes – passando pelo comportamento desonrado de sua mídia, mantida na salmoura das promessas de cargos, encrava-se o despudor estratégico do Governador do Estado do Rio de Janeiro, não apenas acolhendo o rebento politicamente bastardo em suas fileiras como, também e piormente, pressionando o Judiciário tal como tiranete de república de bananas, com o intuito de novamente anular e calar vozes contrárias à seu projeto pessoal de poder.

Em definitivo, perderam-se todos os acanhamentos
de demonstração pública de velhacaria, subserviência e peleguismo carreirista
por parte de nossos governantes e associados.”

As eternas “vistas” pedidas no processo de Alair Corrêa não tem outro fim que não guardar sua – digamos assim – “cassação” – para as vésperas do pleito, com o intuito de criar mais um factóide e impressionar uma massa por eles julgada como um bando de ignorantes e que deixarão de votar em Alair por, teoricamente, estar fora do páreo.
Não me iludo: este processo será postergado o quanto puderem segurar, e ainda outros com certeza virão – não só para ele como para seus seguidores, pois basta lembrar as eleições passadas, e todos rebentarão de véspera. O caos e a confusão favorece aos encastelados no Poder.
Recentemente escrevi pedindo um pouco de pensamento no bem comum, que se deixassem as urnas falarem e que preferíveis seriam os votos dos eleitores do que de juízes. Pois bem, parece ser do agrado continuísta marquiniano e janista que o direito de escolha seja arrancado do povo e jogado de presente nos braços de seus juízes, os quais creem estar sob seus sapatos.

As eternas 'vistas' pedidas no processo de Alair Corrêa não tem outro fim que não
guardar sua 'cassação' para as vésperas do pleito,
com o intuito de criar mais um factóide e impressionar uma massa
por eles julgada como um bando de ignorantes.
Não me iludo: este processo será postergado o quanto puderem segurar.”

Novamente veremos a molecagem imperar no processo eleitoral da cidade, tão desabridamente escrachado que renderia intervenção Federal se fossemos um povo medianamente esclarecido e não tão embrutecido por tantos e tantos escândalos. Novamente teremos de nos conformar em aceitar a ditadura que nos toma o direito de votar e falar, jogando-os em um verdadeiro buraco negro político – cujas piores implicações a censura e o terror, implantados desde a alçada Federal e permeados pelos Estados, não me permitem declinar.
Lutamos vinte anos pelo direito ao voto, e novamente nos tomam esse poder entregando-os ao Judiciário. Culparam vinte anos de ditadura militar por todos os males do país – a “herança maldita” – mas nos dezoito da ditadura petista nada mais foi feito do que nos amputar de tudo o que nos prometeram restituir, se eleitos. Condenam-se os oito últimos anos de Alair como símbolo de tudo o que não presta, mas para encravar as garras sedentas de royalties no poder, aliam-se com um governo que nada fez – por absolutamente inexpressivo – e que, até recentemente, era considerado “farinha do mesmo saco” mas agora, ao que parece, é tudo de bom.

Lutamos vinte anos pelo direito ao voto, e novamente nos tomam esse poder
entregando-o ao Judiciário.”

Exigiram demais de nós, caros leitores. Esticaram demais a corda, abusaram de nossa paciência e até mesmo de nossa omissão, mas isso tem de ter um fim – e já!
Antes que voltem as compras descaradas de votos, os “pacotinhos bons pra cacête”, os intermináveis processos judiciais, é preciso que o povo se dê ao respeito, vá para as ruas e exija – como patrões e pagadores de seus salários e mordomias que somos – o fim imediato dessa pouca vergonha que nos humilha e nos reduz à condição de escravos da grande senzala da Delta, da Boi Bom e dos sonhos de grandeza de seu patético e deslocado feitor de última hora.

Walter Biancardine

Walter Biancardine é jornalista e, para efeitos de processos movidos por políticos irritadinhos, desde já declara não possuir nenhum bem, morar em local incerto e não sabido e estar desempregado graças a essa mesma perseguição política. Igualmente afirma que anseia pela condenação, pois poderá fazer relevante matéria sobre prisões políticas no pais tropical, enquanto réus do mensalão e risonhos da Delta continuam em suas festas em Paris. Só essa matéria renderia um Prêmio Esso de Reportagem, prêmio de verdade, não esse conchavo eleitoreiro organizado pela claque municipal.

terça-feira, 4 de setembro de 2012



Melhor o voto do povo que o de juízes

No já distante ano de 2008, por conta de diversas irregularidades em sua campanha de reeleição, o prefeito Marcos Mendes teve de responder à uma série de processos impetrados não apenas por Alair Corrêa, mas também por diversos outros políticos que, de uma forma ou de outra, sentiram-se igualmente prejudicados.
Fatos polêmicos como a gravação do militante petista Abílio Bernardino, que recebeu a proposta de “um pacotinho bom pra cacête (sic)” em troca de favores políticos, ficaram marcados na cabeça dos cabofrienses e produzem resultados até hoje. Sim, pois não foi outro o cotidiano da cidade além do inteirar-se de inumeráveis recursos, liminares, embargos e outras manobras jurídicas as quais, com efeito, mantiveram o prefeito em sua cadeira mesmo ás custas de um enorme desgaste político.
Erraram os estrategistas governistas ao tentar debitar a inércia administrativa de seu chefe na conta de resultados destes mesmos processos e erram novamente se pretendem impingir uma espécie de vingança – infantil e prejudicial sob todos os aspectos – tentando judicializar, novamente, o pleito atual.
Os embates políticos do passado deveram-se a fatos que, de maneira concreta, tiveram o poder alegado de alterar os resultados das urnas, ao contrário do momento atual em que tudo o que se almeja é tumultuar o processo, sem considerar nesta equação os interesses soberanos dos contribuintes que os sustentam.
É lícito temer que tais atitudes criem uma verdadeira escola de pensamento político onde o que menos importa são os resultados das urnas e sim a astúcia de advogados e a compreensão de juízes – ambos transformados, por esta perversão da cidadania, nos verdadeiros detentores de uma pseudo vontade popular, já que saída dos tribunais e não das urnas.
Que, passado o que ainda tiver de ser julgado, silenciem-se os advogados de parte a parte; que a máquina administrativa tenha a decência de não mais se prestar ao papel de arrecadadora de votos de cabresto e que as partes – em um inédito acordo de jogo limpo – conformem-se com os resultados decididos pela escolha popular.
Até porque, depois de tantas lutas pelo direito de votar, é patético que o povo entregue este poder na mão de terceiros. Bem melhor é o voto do povo que o de juízes.

Walter Biancardine

segunda-feira, 3 de setembro de 2012



O passo do hipopotamozinho – caiu e não levanta mais

Tenho oscilado entre gargalhadas e pasmo ao verificar, em minhas leituras diárias e obrigatórias do que vai pela mídia, a patética decomposição senil do cérebro de um senhor que, um dia, arrogou-se “decano dos blogs”.
Fixado obsessivamente em seu ódio encruado e curtido sol à sol por Alair Corrêa, desesperado pela realidade dos fatos, que emprestam ao seu favorito uma intenção de votos medíocre nas pesquisas e diariamente sofrendo o vexame de ver seus escritos - que outrora já tiveram algum crédito - serem vergonhosamente desmentidos por todos os lados, arrasta-se o rubicundo em trajetória errante, cega, onde nem mais piadas cínicas e debochadas produzem sequer desbotado sorriso.
Amparado por sua claque de um ou dois blogueiros recém saídos da puberdade, que creem-se filósofos e - pasmem! - marxistas!, nosso pobre cetáceo vive hoje seu ocaso ideológico e de credibilidade, confortado apenas pela inocência de poucos pupilos que mal provaram a vida e ainda o enxergam, ele e seus sofismas, como exemplo a ser seguido. O mundo caminhou, as esquerdas tiveram suas exéquias - bastaria ver o "pragmatismo" das alianças e apoios de seu candidato - mas apenas dormiram e não viram.
Só a senilidade, portanto, conjuraria combinação de postagens tão tristes quanto as que o rubicundo teve a infelicidade de cometer, nas últimas semanas. Uma sequência de “notícias” sobre repetitivos dois ou três fatos – se Alair vai ou não aos debates, quem é coligado ao mesmo e profecias apocalípticas sobre julgamentos no TRE, além de acusar o Ibope de não ser o Ibope – somam-se à copioso desfile de beldades arreganhadas, que emprestam ao seu “respeitável” diário a aparência de calendário de borracheiro.
Como cúmulo, porém, destaca-se o gastar horas preciosas de seu tempo anotando, escrevendo e publicando notícia – que mais aparenta fofoquinha de comadres, tal a bichice do teor – chamando as esposas dos principais personagens da candidatura Alair de "desocupadas", ao serem flagradas em – no seu entender – criminoso ato de tomarem café juntas, à tarde.
Não bastou ao pobre ser desmentido sonoramente pelo Jornal do Brasil (Alair 56%): teve de sofrer ainda a vergonha de explicitar todo o mofo de sua cabeça emperrada e onanista - não só pelas mocinhas das fotos, mas também por repetir-se á farta, citar-se, alisar-se, referir-se á si mesmo. Trata-se, na verdade, de um extraordinário caso de masturbação jornalística e gramatical.
Que o bom e velho tiozinho não mais fique espreitando as senhoras que tomam chá e votam em Alair; elas são casadas, mães de família e tem sim responsabilidades e obrigações, como qualquer mulher de qualquer classe social.
Aconselha-se o banheiro, ao lado de farta provisão de fotografias das senhorinhas. É mais cavalheiresco e, se ninguém ver, não incomoda quem trabalha pois tais raciocínios relativos ás mulheres apenas revelam um arraigado preconceito de classes, panfletário, estudantil, demagógico e - fundamentalmente - deslocado no tempo.

Walter Biancardine

sábado, 1 de setembro de 2012



João Sem-sonho

João era um orgulhoso marinheiro, que servia na Base Aero-naval de São Pedro da Aldeia.
Militar entusiasmado, conseguira chegar rapidamente à posições de destaque junto aos seus pares e a gozar de certo prestígio naquele restrito círculo.
Mesmo pagando mal, com condições de trabalho por vezes quase torturantes, o Sargento João prosseguia em sua carreira – ainda mais depois de haver conhecido uma bela mocinha, pela qual se apaixonara e casara tão rapidamente que pegara de surpresa amigos chegados e até mesmo parentes.
Estela era o nome de sua amada que, além de uma fatal beleza física, trabalhava e sustentava-se – coisa rara naqueles idos de 1970, ainda mais em uma pequena cidade como Cabo Frio.
Sua dedicação à João era comparável somente ao amor que nutria pela pintura, que retribuía sua atenção em obras incontestavelmente belas. Um crítico exigente até poderia apontar aqui e alí alguns senões, mas o que importava? Ela amava aquele homem que conhecera e aprendera a admirar como um bravo e competente militar, e nada seria maior que isso.
A vida seguia bela e feliz, coisa que desde que o mundo é mundo sempre irritou as invejas alheias, e com o casal não foi diferente: um superior de João, intimamente irritado com tanta felicidade, enviou-o para um dos piores trabalhos daqueles tempos – ajudar no aparelho repressor do governo, contra os subversivos.
O sargento não tinha saída: ou cumpria as ordens ou seria transferido para Rio do Sumiço, sabe-se lá onde. Como bom militar que era, cumpriu suas ordens o melhor que pode no frágil equilibrio entre seu dever e o que não lhe repugnaria a consciência.
Um dia, em um confronto com os tais subversivos, o Sargento João levou um tiro na perna que o deixou imobilizado durante meses. Uma longa recuperação se seguiu, com sua mulher o ajudando e amparando em todas as situações, até que o Alto Comando deu baixa em sua carreira.
João agora não era mais militar, e dias difíceis começaram.
O ex-sargento era agora um homem frustrado, irritadiço, que capengava pela casa mantida pela mulher que – além de tudo – ainda ouvia seus queixumes. Apegara-se João à promessa de um Almirante que, dizia-se, admirara sua bravura em combate, e iria providenciar seu retorno à ativa.
E assim os anos passaram, pingando lentamente como gotas de fel em uma taça de cristal que – percebia-se agora – embaçara.

* * *
Verdade seja dita, João até tentara trabalhar em outros empregos mas já não era jovem e, além do mais, talvez a única coisa que soubesse fazer bem fosse ser militar.
Persistia aferrado à promessa do Almirante, cada vez mais estereotipado no papel de homem em casa, cada vez mais desestimando-se, descendo lentamente os degraus que levariam o comum dos mortais à depressão.
Sua mulher, por sua vez, era apenas um ser humano. Abrigava-se daquele homem que agora desconhecia em suas telas e pincéis, produzindo obras cada vez mais angustiadas, escuras e distantes da vida que um dia imaginara.
Tudo tornara-se um círculo vicioso: João sabia que sua mulher o conhecera soldado, admirara o soldado e somente o amor que ainda nutria pelo homem a fazia suportar a amputação da alma de seu marido, estrangeiro agora á ela e até á ele mesmo.
Um dia conversaram muito sério e Estela suplicou-lhe que esquecesse o sonho de voltar à ativa. Ela não aguentava mais aquele trapo assombrando sua vida e seu pedido era tão desesperado de amor que se esquecia do que significava. Se abandonasse seu sonho, quem seria João? Ela amaria aquele sujeito amorfo, sem profissão, sem história, quase um recém-nascido em vias de encanecer?
João sabia disso, mas mesmo assim arriscou, pelo igual amor que devotava à sua amada e bela mulher: foi ao Comando Naval e cancelou formalmente todos os inúmeros pedidos de reintegração que o Almirante fizera requerer.

* * *
Em 1970 Cabo Frio mal aparecia nos mapas do Rio de Janeiro. Quem vivesse na bela cidadezinha teria de se conformar em passar sua existência adulta como pescador, salineiro, empregado da Álcalis ou Prefeitura – as duas últimas opções apenas para um restrito número de privilegiados, seja por formação acadêmica, seja por apadrinhamento. João não tinha padrinhos nem formação, e vagou em vão pelas ainda salitradas ruas da cidade durante meses, errando de porta em porta, fazendo bicos insignificantes e vendo-se nitidamente diminuir cada vez mais diante de sua mulher.
Quem era João? Era apenas um homem sem sonhos, como a maioria dos mortais que amadurecem. Mas acostumara-se a viver com eles, acostumara-se com o brilho da farda – que, no íntimo, bulia com sua tôsca vaidade – e, sobretudo, acostumara-se a ser não só amado como admirado por Estela, cujos olhos enevoavam em mágoas e decepções por todo cada dia seus juntos. João amargava-se, Estela pintava e esperava dias melhores. A pobre mulher acreditava tanto em seu amor que confiava poder continuar amando aquele homem, ainda que ele fizesse a vida atrás de um balcão de açougue.
Mas, prudentemente, jamais cogitara se continuaria admirando.
Por alguma intuição misteriosa, João sabia que não haveria mais retorno em sua vida e resolveu ir embora. Ao menos sua mulher – ainda bela e jovem – teria a chance de refazer sua vida ao lado de gente normal, que jamais tivesse tido o desatino de afundar-se em um enlouquecido combate à comunistas, e que estivesse em condições de disputar seu lugar na vida como homem prestante e arrimo de família – coisa que, no fundo, envaidece uma mulher normal.

* * *
Estela não soube mais de João. Nem ela, nem seus amigos, ninguém.
Em uma cidade tão pequena como Cabo Frio, era um absurdo que ninguém houvesse ao menos avistado ele pelas ruas, mas era o que acontecia.
Suspeitara mesmo que houvesse ido embora tentar a sorte em outro lugar, até que um dia, tomando um suco no Café Society, os olhos treinados de pintora deram à Estela a visão de um homem que lia as manchetes dos jornais expostos na banca: era apenas um homem, mas não se podia dizer que roupas trajava, qual sua altura, que rosto tinha. Era uma figura difusa, sem contornos, sem alma.
Era um homem sem sonhos.
E Estela compreendeu que João se fora.

Walter Biancardine