Melhor o voto do povo que o de juízes
No já distante ano de 2008, por conta de diversas irregularidades em sua campanha de reeleição, o prefeito Marcos Mendes teve de responder à uma série de processos impetrados não apenas por Alair Corrêa, mas também por diversos outros políticos que, de uma forma ou de outra, sentiram-se igualmente prejudicados.
Fatos polêmicos como a gravação do militante petista Abílio Bernardino, que recebeu a proposta de “um pacotinho bom pra cacête (sic)” em troca de favores políticos, ficaram marcados na cabeça dos cabofrienses e produzem resultados até hoje. Sim, pois não foi outro o cotidiano da cidade além do inteirar-se de inumeráveis recursos, liminares, embargos e outras manobras jurídicas as quais, com efeito, mantiveram o prefeito em sua cadeira mesmo ás custas de um enorme desgaste político.
Erraram os estrategistas governistas ao tentar debitar a inércia administrativa de seu chefe na conta de resultados destes mesmos processos e erram novamente se pretendem impingir uma espécie de vingança – infantil e prejudicial sob todos os aspectos – tentando judicializar, novamente, o pleito atual.
Os embates políticos do passado deveram-se a fatos que, de maneira concreta, tiveram o poder alegado de alterar os resultados das urnas, ao contrário do momento atual em que tudo o que se almeja é tumultuar o processo, sem considerar nesta equação os interesses soberanos dos contribuintes que os sustentam.
É lícito temer que tais atitudes criem uma verdadeira escola de pensamento político onde o que menos importa são os resultados das urnas e sim a astúcia de advogados e a compreensão de juízes – ambos transformados, por esta perversão da cidadania, nos verdadeiros detentores de uma pseudo vontade popular, já que saída dos tribunais e não das urnas.
Que, passado o que ainda tiver de ser julgado, silenciem-se os advogados de parte a parte; que a máquina administrativa tenha a decência de não mais se prestar ao papel de arrecadadora de votos de cabresto e que as partes – em um inédito acordo de jogo limpo – conformem-se com os resultados decididos pela escolha popular.
Até porque, depois de tantas lutas pelo direito de votar, é patético que o povo entregue este poder na mão de terceiros. Bem melhor é o voto do povo que o de juízes.
Walter Biancardine