quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Tudo tem limite

Tenho me mantido calado, sem postagens no blog nem comentários em espaços alheios generosamente concedidos, no aguardo de desdobramentos políticos que contrariem meu ceticismo e – paradoxalmente – minha convicção profunda de que, em definitivo, perderam-se todos os acanhamentos de demonstração pública de velhacaria, subserviência e peleguismo carreirista por parte de nossos governantes e associados.
Do inominável casamento entre Jânio e Marquinhos – os Mendes – passando pelo comportamento desonrado de sua mídia, mantida na salmoura das promessas de cargos, encrava-se o despudor estratégico do Governador do Estado do Rio de Janeiro, não apenas acolhendo o rebento politicamente bastardo em suas fileiras como, também e piormente, pressionando o Judiciário tal como tiranete de república de bananas, com o intuito de novamente anular e calar vozes contrárias à seu projeto pessoal de poder.

Em definitivo, perderam-se todos os acanhamentos
de demonstração pública de velhacaria, subserviência e peleguismo carreirista
por parte de nossos governantes e associados.”

As eternas “vistas” pedidas no processo de Alair Corrêa não tem outro fim que não guardar sua – digamos assim – “cassação” – para as vésperas do pleito, com o intuito de criar mais um factóide e impressionar uma massa por eles julgada como um bando de ignorantes e que deixarão de votar em Alair por, teoricamente, estar fora do páreo.
Não me iludo: este processo será postergado o quanto puderem segurar, e ainda outros com certeza virão – não só para ele como para seus seguidores, pois basta lembrar as eleições passadas, e todos rebentarão de véspera. O caos e a confusão favorece aos encastelados no Poder.
Recentemente escrevi pedindo um pouco de pensamento no bem comum, que se deixassem as urnas falarem e que preferíveis seriam os votos dos eleitores do que de juízes. Pois bem, parece ser do agrado continuísta marquiniano e janista que o direito de escolha seja arrancado do povo e jogado de presente nos braços de seus juízes, os quais creem estar sob seus sapatos.

As eternas 'vistas' pedidas no processo de Alair Corrêa não tem outro fim que não
guardar sua 'cassação' para as vésperas do pleito,
com o intuito de criar mais um factóide e impressionar uma massa
por eles julgada como um bando de ignorantes.
Não me iludo: este processo será postergado o quanto puderem segurar.”

Novamente veremos a molecagem imperar no processo eleitoral da cidade, tão desabridamente escrachado que renderia intervenção Federal se fossemos um povo medianamente esclarecido e não tão embrutecido por tantos e tantos escândalos. Novamente teremos de nos conformar em aceitar a ditadura que nos toma o direito de votar e falar, jogando-os em um verdadeiro buraco negro político – cujas piores implicações a censura e o terror, implantados desde a alçada Federal e permeados pelos Estados, não me permitem declinar.
Lutamos vinte anos pelo direito ao voto, e novamente nos tomam esse poder entregando-os ao Judiciário. Culparam vinte anos de ditadura militar por todos os males do país – a “herança maldita” – mas nos dezoito da ditadura petista nada mais foi feito do que nos amputar de tudo o que nos prometeram restituir, se eleitos. Condenam-se os oito últimos anos de Alair como símbolo de tudo o que não presta, mas para encravar as garras sedentas de royalties no poder, aliam-se com um governo que nada fez – por absolutamente inexpressivo – e que, até recentemente, era considerado “farinha do mesmo saco” mas agora, ao que parece, é tudo de bom.

Lutamos vinte anos pelo direito ao voto, e novamente nos tomam esse poder
entregando-o ao Judiciário.”

Exigiram demais de nós, caros leitores. Esticaram demais a corda, abusaram de nossa paciência e até mesmo de nossa omissão, mas isso tem de ter um fim – e já!
Antes que voltem as compras descaradas de votos, os “pacotinhos bons pra cacête”, os intermináveis processos judiciais, é preciso que o povo se dê ao respeito, vá para as ruas e exija – como patrões e pagadores de seus salários e mordomias que somos – o fim imediato dessa pouca vergonha que nos humilha e nos reduz à condição de escravos da grande senzala da Delta, da Boi Bom e dos sonhos de grandeza de seu patético e deslocado feitor de última hora.

Walter Biancardine

Walter Biancardine é jornalista e, para efeitos de processos movidos por políticos irritadinhos, desde já declara não possuir nenhum bem, morar em local incerto e não sabido e estar desempregado graças a essa mesma perseguição política. Igualmente afirma que anseia pela condenação, pois poderá fazer relevante matéria sobre prisões políticas no pais tropical, enquanto réus do mensalão e risonhos da Delta continuam em suas festas em Paris. Só essa matéria renderia um Prêmio Esso de Reportagem, prêmio de verdade, não esse conchavo eleitoreiro organizado pela claque municipal.