domingo, 23 de setembro de 2012


Intervenção e cura

Saiu no blog do Garotinho* um artigo no qual o ex-governador sugere a intervenção do TSE no TRE-RJ, por contaminado que estaria.
Embora nem de longe morra de amores por este senhor, no momento tenho de aplaudi-lo por ser o único – e não me interessam as razões que o move – com peso e projeção a ter peito para denunciar o fim da República em nosso Estado do Rio.
Segundo o ex-governador, o TRE-RJ vive sob a batuta de Sérgio Cabral, através dos “bons” ofícios de Luís Zveiter, comportando-se de maneira pavlovianamente condicionada aos gestos da desastrada batuta do antigo X-9 da Juventude peemedebista.
Tal é a despreocupação de Cabral com quaisquer consequências de seu despotismo que sequer uma meia dúzia de opositores ele deixou: limou um por um, de maneira “perfeitamente” legal, todos os candidatos contrários, nas corridas às prefeituras dos 92 municípios fluminenses. Seus atos tornaram-se provas flagrantes da acusação e um juiz que não acolha estas circunstâncias pisará irremediavelmente no terreno das suspeições.
Entretanto, ouso ir mais longe e supor que não apenas o TRE-RJ precisa de intervenção: igualmente o Governo do Estado do Rio carece disto, mas só após uma completa faxina no Planalto, seguida de uma dolorida e (vamos ser realistas) irrealizável depuração em todo o judiciário brasileiro.
Seria rematada ingenuidade supor que um Serginho teria tamanha ousadia de perpetrar seus atropelos e rasgar o equilíbrio republicano entre os Poderes, somente amparado em uma coragem que sabidamente não tem: notoriamente protegido, acalentado e amamentado pelo Governo Federal, apenas mimetiza um modus operandi que se tornou praxe da dinastia Lulla, desde que o PT assaltou o poder e extinguiu a República e a democracia.
O insaciável e personalista Lulla manda em Dilma. Igualmente, sempre mandou em Zé Dirceu, Genoíno, Delúbio, Marcos Valério e toda a corja de ladrões que assaltou os cofres da República. Somente um profissional da imbecilidade acreditaria que o barbudo não sabia de nada sobre mensalões, e fica difícil crer que não saiba de Deltas e Cachoeiras – tal foi a desavergonhada combinação que livrou Cabralzinho da CPI – e por cujo pesado dedão afastou seu aliado graças à subserviência sem pátria dos que se acovardam diante do mando pessoal.
É impossível não traçar uma linha reta, verdadeira espinha dorsal, que una toda essa imundície: o mensalão que o povo nem quer saber se replica na Delta, que igualmente o povo nem quer saber. A manipulação Lullo-Dilmista no Supremo – graças a Deus até agora ineficaz – se replica nas influências espúrias do Governador por sobre o TRE-RJ.
Seria tão difícil assim imaginar que o desespero continuista em uma pequena cidade do interior – entretanto convenientemente inchada de royalties – se deva aos mesmos motivos?
O Brasil precisa, urgentemente e de cima a baixo, de uma séria e profunda intervenção.
É preciso refundar a República.

Resta agora, para desanuviar, a clássica pergunta do Chapolim Colorado, do seriado Chaves:
- E agora? Quem poderá nos salvar?

*(http://www.blogdogarotinho.com.br/lartigo.aspx?id=11928)

Walter Biancardine