De molho, acometido
por forte gripe que vaza o ânimo pela coriza insistente, havia
jurado que passaria o dia quieto, mas não foi possível.
Imprudente, resolvi
buscar informações sobre a manifestação do SEPE – Lagos,
ocorrida nesta quinta feira 28, em frente á Prefeitura. Tão
imprudente quanto, foi minha busca por atualização do que se passa
na Cultura (pois, como disse, hoje fiquei de molho) e em ambos os
setores o que vi, lí e ouvi, através das redes sociais e blogs, foi
de enojar.
Em outubro de 2013
eu já havia escrito (matéria publicada no Blog Álvaro Neves – http://nevesalvaro.blogspot.com.br/2013/10/com-palavra-reporter-walter-biancardine.html) sobre o pasmo que senti ao presenciar negociação entre
este mesmo SEPE e o Prefeito Alair Corrêa, em seu gabinete: lá
discutiram, ponderaram, debateram, chegaram á um acordo e apertaram
as mãos, firmando o mesmo. Pois bastou a comissão negociadora
descer ás ruas, aos braços da turba ululante, para se romper a
palavra e desdizer, sem nenhuma cerimônia, o que haviam apalavrado
naquela ocasião diante do Prefeito.
Agora a cena se
repete, revista e piorada: não bastasse a já habitual quebra de
palavra dada, somou-se o ingrediente preocupante da deseducação
explícita de quem teria, em tese, justamente a missão de educar –
e não foi digna de nenhuns outros qualificativos a atitude da
sindicalista (e professora nas horas vagas) Denise Teixeira, ao
discordar publicamente de seu colega de sindicato Olney Vianna,
tomar-lhe a palavra e incitar a turba a vaiar o prefeito, que havia
descido á rua e se misturado aos queixosos para negociar olho no
olho, como só um verdadeiro cabra macho tem a hombridade de fazer.
Quero ver um outro
sujeito – nem precisa ser prefeito – ter os culhões arroxeados
no tom necessário para encarar uma multidão manipulada e negociar
de igual para igual. Mas isso sequer foi levado em conta por esta
senhora, sedenta de holofotes e que certamente desagradou-se do fato,
pois muito mais gostosamente teria deitado sua falação incendiária
e desconexa se Alair fosse um frouxo que se escondesse atrás de uma
escrivaninha, tal qual nos cansamos de assistir em passado recente.
É claro que, diante
de tal absurdo anti democrático, o Prefeito não iria ficar alí
parado feito bobo, enquanto a nervosa e insatisfeita senhora puxava a
claque em direção ao desvairio. Alair voltou ao seu gabinete e a
negociação terminou como ela queria, ou seja, muito ruim – o que
rende aplausos e justifica sua existência como sindicalista: o
importante não é conseguir o pretendido e sim fazer barulho e sair
de vítima.
E o mais triste
disso tudo é perceber que nós, como pais, entregamos crianças aos
cuidados de tais cabeças – intolerantes, irascíveis, agitadoras
e que nenhuma importância dão á palavra dada e ao compromisso
firmado.
Cabe agora as duas
mais importantes perguntas: esta senhora exibe alguma ponderação
para representar uma classe? Outra: esta senhora tem o equilíbrio e
comedimento necessários para a tarefa de educar uma mente em
formação? Pois se um sindicato elege tal pessoa como seu ideal
representativo, falando, agindo e decidindo por todos, realmente a
Educação precisa, urgentemente, ser repensada de cabo á rabo.
Por outro lado,
ainda em minha busca por informações no dia de hoje, o que
constatei como tônica e exemplo do nível de argumentação daqueles
que se dizem formadores de opinião e representantes ou pertencentes
á classe cultural de Cabo Frio não esteve muito distante do que se
poderia ouvir em uma delegacia ou jogo de futebol.
Gente que se diz
artista acusando o Governo Municipal de tramar um calote contra a
classe, que reclama diante da suposição de “ser tratado como um
marginal” por um governo, que chamam um Secretário Municipal de
Cultura de “sem cultura e irresponsável” e reclamam pelo setor
em que atuam – quase morto por anos de falcatruas – estar
anêmico, como se a sangria tivesse o mesmo Secretário como causa.
Outros, birrentos
como crianças contrariadas, criam seu “universo paralelo” e de
lá desancam tudo e todos, clamando que a extinção da Secretaria de
Cultura extinguirá a própria cultura de Cabo Frio. Se tal fato é
verdade, então a mesma é tão débil que certamente não fará
falta, já que a criatividade local só existiria entubada em balão
de oxigênio estatal.
No meio disso tudo,
vaidosos de plantão aproveitam para extravasar seu ego e
queixarem-se de absurdos como “o Prefeito deveria dar descontos no
Imposto de Renda para quem investe na Cultura” - como se o
Município tivesse ingerência na legislação Federal que regula a
tributação!
Gritam, xingam, são
agressivos mas se encolhem e fazem-se de vítimas quando são
tratados da mesma maneira – digo por experiência própria.
Coroando tudo isso,
teimam em remarcar que suas queixas não possuem nenhuma conotação
política, que estão unicamente preocupados com os rumos da Cultura
na cidade, e outros clichês de igual teor – mas acusam
sistematicamente o ex-Secretário da pasta como se ele fosse a última
instância decisória do Governo Municipal. Acusam, batem em quem se
encontra exatamente no limbo administrativo (pois não é mais
Secretário, oficialmente, nem Presidente da Fundação e por isso
nada pode afirmar ou se comprometer, pois nenhum poder tem) e evitam
cuidadosamente que sua fúria extrapole para outras instâncias,
superiores, pois apostam que sua fúria será paga com benesses do
Gabinete.
E coroando este
circo dos horrores, uma ex-sub secretária torna-se íntima e
participante de grupo oposicionista, frequentando via telefone um
programa de TV por eles mantido e chegando ao absurdo em sua
indisciplina e falta de noção hierárquica – incompetência e
arrogância mesmo – ao oferecer uma outra secretaria, sobre a qual
nenhuma função ou poder possui, para patrocinar um número de um
participante deste mesmo programa de TV já que, segundo ela, a
Secretaria de Cultura nada faz.
Este é o baixíssimo
nível ao qual chegamos. Nenhuma coerência, nenhuma objetividade,
nenhuma proposta – apenas críticas, vaidades e sede de poder,
tanto na Cultura quanto na Educação.
A bem da verdade e
para sermos absolutamente justos, este é um mal que não foi
provocado por nenhum governo municipal, seja ele recente ou distante.
Esta não é uma
deficiência conjuntural e sim de caráter, de gente que crê
piamente em um diploma ou honras concedidas – ou compradas – como
suficientes para substituir a cordialidade, o sentido do bem comum,
humildade e trabalho duro. Como negociar com semelhantes cérebros?
Como exercer a política com quem se crê dono de todas as verdades
do mundo? Como tentar acordos com quem se alimenta da discórdia?
Como falar para ouvidos surdos pela vaidade e ambição?
Diplomas, cargos e
ideologias jamais substituirão a educação de berço, e é isso que
essa gente não entende ou já esqueceu.
Walter Biancardine