quinta-feira, 28 de maio de 2015

ESTAMOS DE LUTO – A POLÍTICA MORREU



De molho, acometido por forte gripe que vaza o ânimo pela coriza insistente, havia jurado que passaria o dia quieto, mas não foi possível.

Imprudente, resolvi buscar informações sobre a manifestação do SEPE – Lagos, ocorrida nesta quinta feira 28, em frente á Prefeitura. Tão imprudente quanto, foi minha busca por atualização do que se passa na Cultura (pois, como disse, hoje fiquei de molho) e em ambos os setores o que vi, lí e ouvi, através das redes sociais e blogs, foi de enojar.

Em outubro de 2013 eu já havia escrito (matéria publicada no Blog Álvaro Neves – http://nevesalvaro.blogspot.com.br/2013/10/com-palavra-reporter-walter-biancardine.html) sobre o pasmo que senti ao presenciar negociação entre este mesmo SEPE e o Prefeito Alair Corrêa, em seu gabinete: lá discutiram, ponderaram, debateram, chegaram á um acordo e apertaram as mãos, firmando o mesmo. Pois bastou a comissão negociadora descer ás ruas, aos braços da turba ululante, para se romper a palavra e desdizer, sem nenhuma cerimônia, o que haviam apalavrado naquela ocasião diante do Prefeito.

Agora a cena se repete, revista e piorada: não bastasse a já habitual quebra de palavra dada, somou-se o ingrediente preocupante da deseducação explícita de quem teria, em tese, justamente a missão de educar – e não foi digna de nenhuns outros qualificativos a atitude da sindicalista (e professora nas horas vagas) Denise Teixeira, ao discordar publicamente de seu colega de sindicato Olney Vianna, tomar-lhe a palavra e incitar a turba a vaiar o prefeito, que havia descido á rua e se misturado aos queixosos para negociar olho no olho, como só um verdadeiro cabra macho tem a hombridade de fazer.

Quero ver um outro sujeito – nem precisa ser prefeito – ter os culhões arroxeados no tom necessário para encarar uma multidão manipulada e negociar de igual para igual. Mas isso sequer foi levado em conta por esta senhora, sedenta de holofotes e que certamente desagradou-se do fato, pois muito mais gostosamente teria deitado sua falação incendiária e desconexa se Alair fosse um frouxo que se escondesse atrás de uma escrivaninha, tal qual nos cansamos de assistir em passado recente.
É claro que, diante de tal absurdo anti democrático, o Prefeito não iria ficar alí parado feito bobo, enquanto a nervosa e insatisfeita senhora puxava a claque em direção ao desvairio. Alair voltou ao seu gabinete e a negociação terminou como ela queria, ou seja, muito ruim – o que rende aplausos e justifica sua existência como sindicalista: o importante não é conseguir o pretendido e sim fazer barulho e sair de vítima.

E o mais triste disso tudo é perceber que nós, como pais, entregamos crianças aos cuidados de tais cabeças – intolerantes, irascíveis, agitadoras e que nenhuma importância dão á palavra dada e ao compromisso firmado.

Cabe agora as duas mais importantes perguntas: esta senhora exibe alguma ponderação para representar uma classe? Outra: esta senhora tem o equilíbrio e comedimento necessários para a tarefa de educar uma mente em formação? Pois se um sindicato elege tal pessoa como seu ideal representativo, falando, agindo e decidindo por todos, realmente a Educação precisa, urgentemente, ser repensada de cabo á rabo.

Por outro lado, ainda em minha busca por informações no dia de hoje, o que constatei como tônica e exemplo do nível de argumentação daqueles que se dizem formadores de opinião e representantes ou pertencentes á classe cultural de Cabo Frio não esteve muito distante do que se poderia ouvir em uma delegacia ou jogo de futebol.

Gente que se diz artista acusando o Governo Municipal de tramar um calote contra a classe, que reclama diante da suposição de “ser tratado como um marginal” por um governo, que chamam um Secretário Municipal de Cultura de “sem cultura e irresponsável” e reclamam pelo setor em que atuam – quase morto por anos de falcatruas – estar anêmico, como se a sangria tivesse o mesmo Secretário como causa.

Outros, birrentos como crianças contrariadas, criam seu “universo paralelo” e de lá desancam tudo e todos, clamando que a extinção da Secretaria de Cultura extinguirá a própria cultura de Cabo Frio. Se tal fato é verdade, então a mesma é tão débil que certamente não fará falta, já que a criatividade local só existiria entubada em balão de oxigênio estatal.

No meio disso tudo, vaidosos de plantão aproveitam para extravasar seu ego e queixarem-se de absurdos como “o Prefeito deveria dar descontos no Imposto de Renda para quem investe na Cultura” - como se o Município tivesse ingerência na legislação Federal que regula a tributação!
Gritam, xingam, são agressivos mas se encolhem e fazem-se de vítimas quando são tratados da mesma maneira – digo por experiência própria.

Coroando tudo isso, teimam em remarcar que suas queixas não possuem nenhuma conotação política, que estão unicamente preocupados com os rumos da Cultura na cidade, e outros clichês de igual teor – mas acusam sistematicamente o ex-Secretário da pasta como se ele fosse a última instância decisória do Governo Municipal. Acusam, batem em quem se encontra exatamente no limbo administrativo (pois não é mais Secretário, oficialmente, nem Presidente da Fundação e por isso nada pode afirmar ou se comprometer, pois nenhum poder tem) e evitam cuidadosamente que sua fúria extrapole para outras instâncias, superiores, pois apostam que sua fúria será paga com benesses do Gabinete.

E coroando este circo dos horrores, uma ex-sub secretária torna-se íntima e participante de grupo oposicionista, frequentando via telefone um programa de TV por eles mantido e chegando ao absurdo em sua indisciplina e falta de noção hierárquica – incompetência e arrogância mesmo – ao oferecer uma outra secretaria, sobre a qual nenhuma função ou poder possui, para patrocinar um número de um participante deste mesmo programa de TV já que, segundo ela, a Secretaria de Cultura nada faz.

Este é o baixíssimo nível ao qual chegamos. Nenhuma coerência, nenhuma objetividade, nenhuma proposta – apenas críticas, vaidades e sede de poder, tanto na Cultura quanto na Educação.

A bem da verdade e para sermos absolutamente justos, este é um mal que não foi provocado por nenhum governo municipal, seja ele recente ou distante.

Esta não é uma deficiência conjuntural e sim de caráter, de gente que crê piamente em um diploma ou honras concedidas – ou compradas – como suficientes para substituir a cordialidade, o sentido do bem comum, humildade e trabalho duro. Como negociar com semelhantes cérebros? Como exercer a política com quem se crê dono de todas as verdades do mundo? Como tentar acordos com quem se alimenta da discórdia? Como falar para ouvidos surdos pela vaidade e ambição?

Diplomas, cargos e ideologias jamais substituirão a educação de berço, e é isso que essa gente não entende ou já esqueceu.


Walter Biancardine