O custo do minuto televisivo em Cabo Frio deve ser extremamente barato, tal a quantidade de tempo gasta em coisas absolutamente inexpressivas ou sem nenhuma relevância. E assim foi a entrevista do prefeito eleito Marquinho Mendes dada hoje, no programa Amaury Valério.
Marquinho está certo, absolutamente seguro, que o cabofriense é uma besta quadrada, incapaz de raciocinar e lembrar de suas duas últimas gestões municipais – as quais fizeram ele e sua equipe saírem escorraçados do prédio Tiradentes.
E Marquinho tem razão: o cabofriense médio é, realmente, uma besta sem memória pois agora aclama o eleito como salvador da pátria – e pior, um salvador que apregoa orgulhosamente como saída para a crise a mesma providência que Alair Corrêa tentou tomar, mas que foi impedido de todas as formas pelos “deputados” minhocas da terra: o empréstimo.
Pior ainda: Marquinho quer pegar dinheiro de bancos privados, com taxas de juros de mercado, quase uma agiotagem como sabemos! Mas alega o faceiro e garboso eleito que “amortizará esta dívida ao longo de seus quatro anos de mandato”.
Que lindo! Mas tal fala não se deve unicamente á vergonha de fazer exatamente o que tanto criticou em Alair, mas também pelo fato de desconhecer solenemente que um dos princípios do governo republicano é a “impessoalidade administrativa” - ou seja, um governo eleito É SIM responsável pelas dívidas e obrigações contraídas pelo seu antecessor!
Tal como Alair teve arruinada sua administração pelo PCCR votado pela bovina Câmara de Vereadores, Marquinho TEM QUE PAGAR todas as obrigações contraídas por Alair – com exceção, é claro, de proventos de cargos comissionados.
De nada adianta posar de macho em frente as câmeras de TV e dizer “não vou pagar as dívidas de Alair”, porque tal ato é CALOTE. Marquinho é responsável por pagar o que Alair deixou, do mesmo modo que Alair teve – ou deveria ter tido – a obrigação de pagar o que Marquinho deixou.
Não foi assim com o PCCR?
Ainda assim – se descontarmos a pantomima das bravatas marquinianas e sua inevitável finalização de pastor evangélico, pedindo que Deus o ajude a fazer algo que, sozinho, não seria capaz – sobraram algumas boas novas.
Ao contrário da centralização personalista de Alair, Marquinho sempre teve bons quadros a seu redor – descontada a presença incômoda de seu irmão – e o secretário de Fazenda Clésio também compareceu, quase constrangido, ao programa. Dizemos “quase constrangido” porque qualquer cidadão de bom senso sabe que a atual calamidade financeira do município é 50% culpa de Alair e 50% culpa do Estado Brasil, que QUEBROU! Assim, por mais que se esforce, o resultado de suas ações serão tímidos, pois qualquer governo que entrasse dependeria dos resultados da recuperação de UM PAÍS FALIDO para se reerguer.
Uma boa surpresa foi a apresentação do jornalista Tomas Baggio, para a secretaria de Comunicação: competente e sério, Baggio certamente se concentrará em suas funções e não em rabos de saia perambulantes pelo Palácio Tiradentes – mas é aí que está o perigo: tal seriedade não conflitará com eventuais interesses do governo em divulgar, exagerar, minimizar ou mesmo ocultar alguns fatos ou informações? Resta-nos desejar que o rapaz tenha estômago para lidar com tais coisas, inevitáveis em quaisquer governos.
Por fim, sobra o Réveillón, que será bancado por – segundo Marquinho - “empresários amigos”.
Amigos MESMO, pois qualquer morador da cidade sabe quem são os donos das empresas que financiarão o evento.
De qualquer modo, que 2017 seja um ano mais sereno. Que o país se recupere e crie condições para que a cidade saia do buraco, pouco importando que o prefeito A ou B se aproveitará disso em seu benefício, pois o que interessa é a cidade, que não pode morrer.
E que fique a lição: queima de fogos é bom, mas em tal momento de luto, torna-se um deboche.
Trabalhe, Marquinho. Trabalhe.
Deixe a festa para depois.