quinta-feira, 8 de março de 2018

EDITORIAL – O que vai acontecer em Cabo Frio?


EDITORIAL – O quê vai acontecer em Cabo Frio?

Vamos resumir de maneira bem clara: pela votação do STF hoje, não há mais nenhuma possibilidade da posse imediata do Dr. Adriano, como segundo colocado no pleito. Marquinho Mendes ainda será julgado, o que deverá ocorrer em, aproximadamente, 40 dias.

Caso tenha cassado seu registro de candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral, só então serão convocadas novas eleições, 90 dias após a data da cassação. Isso posto, vamos à análise da situação.

Boataria -
Não apenas nas redes sociais mas até em meios de comunicação da cidade existem rumores que Dr. Adriano teria um acordo com Jânio Mendes, inclusive abrigando o vereador Rafael Peçanha como vice. Em entrevista hoje no Programa Sidney Marinho, TV Litoral, o OPINIÃO perguntou ao Dr. Adriano se isso seria fato: a resposta não foi conclusiva e mesmo chegou a sorrir, sem graça, durante sua fala – o que contrastou fortemente com o início do programa, onde fez um convincente discurso adotando a postura de “novo”, de um “outsider” (forasteiro) da política, que inclusive é martelada repetidamente por seus seguidores.

Teremos um “Donald Dória”?
Existe uma inegável decepção com os políticos atuais, no Brasil e no mundo.

Nos Estados Unidos por exemplo, Donald Trump foi eleito explorando justamente o fato de ser uma pessoa alheia à política e seus “acordos sujos”. Cá no Brasil e seguindo seus passos, elegemos João Dória em São Paulo – igualmente vindo da TV e dizendo-se “fora” de todo um esquema, quase contra o dito “establishment”.

Cabo Frio não ficou imune à novidade: temos aqui um misto, “Donald Dória”, encarnado pelo Dr. Adriano e que repete os mesmos discursos de “fora desse esquema sujo” que os citados acima.

O quê isso representa?
Na verdade, dos três citados acima o Dr. Adriano é o único que já foi eleito para algo: foi vereador em Cabo Frio. Nem Dória nem Trump jamais tiveram cargo eletivo público nenhum, e isso já enevoa um pouco sua alegação de “novo” - afinal, como atuar politicamente na Câmara sem misturar-se, sem aceitar como as coisas funcionam?

Este mesmo raciocínio serve para sua eventual eleição à Prefeito: como governar uma cidade sem acordos, sem concessões – e nada disso significa exatamente desonestidade – sem misturar-se e falar a mesma língua que a classe que tanto combate: a dos políticos?

Alianças e outros -
Se for verdade o acordo entre Dr. Adriano e Jânio Mendes, só ficaremos sabendo uma vez ele eleito, e será tarde demais para não nos decepcionarmos – não com acordos em si, mas pelo fato de, até agora, negar que haja este trato. E o “novo” terá começado mal.

Também comenta-se sobre outros candidatos que disputariam o pleito, tais como o próprio Rafael Peçanha, Jânio Mendes, Paulo César, coligados de Marquinho (sua mulher Camila ou outros) e até mesmo Alair Corrêa.

Quanto à Rafael Peçanha, mesmo eleito vereador, começou mentindo: alegava em 2016 que sua ativa participação nas paralisações do SEPE – Lagos não possuía nenhuma intenção eleitoral. E acabou eleito. Na Prefeitura, contra ele pesa esta mentira inicial e sua completa falta de experiência no Executivo – mesmo mal que sofre Jânio Mendes, sempre estridente na tribuna, mas completamente alheio ao administrar de uma cidade.

Já os coligados do atual prefeito contarão com a brutal força financeira da máquina pública, mas é pouco provável que isso seja suficiente para superar a antipatia, falta de carisma ou mesmo a nenhuma identificação com o eleitor, que possuem.

Paulo César, desnecessário falar: ninguém o supera na arte de deixar passar o cavalo selado, que volta e meia desfila à sua frente. Provavelmente, carta fora do baralho.

Alair Corrêa é, sem dúvida, o mais experiente e com uma longa lista de realizações para mostrar, mas sofre com isso: todo e qualquer um que pretenda ser candidato, tem como bordão bater em Alair e “tudo isso que está aí”. 

Em seu último mandato, viu a cidade afundar por conta da seca dos royalties e da roubalheira Federal e Estadual, que afundou o Brasil inteiro. Obviamente, saiu bastante impopular e nesta campanha eleitoral extemporânea, é claro, já sofre os ataques da turma do “novo”, que esquecem ter Alair praticamente construído a cidade em que disputam o governo. 

Politicamente sábio, talvez o veterano ex prefeito decida por candidatar-se à ALERJ – afastando-se da imundície certa que serão as próximas eleições do Executivo e poupando-se de um desgaste desnecessário.

Agora resta saber o veredito do julgamento do atual Prefeito. Ele decidirá toda a pauta da cidade nos próximos dois anos.

Aguardemos.

Walter Biancardine