sábado, 10 de março de 2018

Joesley Batista deixa carceragem da PF em São Paulo

Juiz que o soltou diz que "excesso de prazo" da prisão é “constrangimento ilegal"


O empresário Joesley Batista, um dos donos grupo J&F, deixou na noite desta sexta-feira (9) a carceragem da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na Lapa, onde estava preso. A saída dele ocorreu horas após o juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília, determinar sua soltura.Além de Joesley, também foi solto, seguindo a mesma decisão do juiz Reis Bastos, o ex-executivo do grupo J&F Ricardo Saud. Ele foi preso no mesmo dia que Joesley, em 10 de setembro, e estava no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Saud deixou a prisão por volta de 21h desta sexta.

Joesley seguiu para casa, na capital paulista, onde era esperado pela esposa e pelo filho. Para permanecer solto, ele vai precisar cumprir as medidas cautelares que foram impostas pelo Superior Tribunal de Justiça na decisão que reverteu o mandado de prisão de um outro processo, em São Paulo.

Entre as exigências, o empresário vai ter que usar tornozeleira eletrônica, não pode entrar na própria empresa e nem pode se comunicar com outros investigados, nem mesmo com o irmão, Wesley Batista, solto em fevereiro. Ele tinha sido preso no ano passado, acusado de cometer “insider trading”, que é o uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro.

A prisão de Joesley, em setembro do ano passado, ocorreu após ele ter o acordo de delação premiada rescindido pela Procuradoria Geral da República (PGR), por suposta omissão de informações nos depoimentos. Três dias depois, a Justiça expediu novo mandado de prisão contra o empresário, pela prática de "insider trading", que consiste em usar informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro.

Pela decisão judicial desta sexta-feira, para ficar solto Joesley precisa:
  • Entregar o passaporte;
  • Não pode deixar o país sem autorização judicial;
  • Comparecer a todos os atos dos processos;
  • Manter os endereços atualizados.
A decisão

No despacho desta sexta-feira, o juiz Marcus Vinícius Reis Bastos afirma que o "excesso de prazo" da prisão "corrobora o constrangimento ilegal".

"O requerido (Joesley Batista) tem residência conhecida, ocupação lícita e colabora com as investigações, sem notícia de antecedentes que o desabonem, circunstâncias que favorecem o pretendido restabelecimento de sua liberdade", diz a decisão.

Opinião:

A soltura de Joesley, considerando o símbolo de corrupção que ele representa, é um escárnio judicial na cara do brasileiro.

Chama atenção, no despacho do juiz Reis Bastos, as alegações de que o ex açougueiro e dono da JBS Friboi tem “ocupação lícita” e não há “notícias de antecedentes que o desabonem”.

Ora, não falamos de seu cargo nas empresas que comanda e muito menos de algum antecedente de desordem na cadeia; falamos – isso sim – que sua ocupação foi corromper a quase totalidade dos três poderes, em sociedade com a quadrilha petista.

Esta é sua ocupação e o antecedente que o desabona, “esquecido” pelo magistrado!

Infelizmente, diante de escorregões clamorosos do Judiciário como esta soltura, nada podemos fazer a curto prazo. Somente uma completa e moralizadora reforma na totalidade de nossas leis poderão, se não impedir, ao menos amansar atos legais mas imorais como este.

Agora, os ícones brasileiros da corrupção estão nas ruas: Lula e Joesley.
Até quando?

Walter Biancardine