sábado, 27 de fevereiro de 2016

DA REDAÇÃO – Eu quero é frescor nas partes porque hoje é sábado!

Pixuleco -
A coluna mais prestigiada e séria da cidade anda feito a oposição do jornal de Odacir Gagau, o Falha dos Largos: igual a um vaga-lume, e pelos mesmos motivos, que é o vil metal.
Odacir é o genial criador da “Oposição-Vagalume”, que acende e apaga conforme entram (no bom sentido, é claro) as verbas dos governos. Nossa prestigiada e conceituada calúnia – digo, coluna – também aparece e desaparece, conforme consigo juntar uns pixulecos pra pagar o espaço aqui no Opinião.

Saiu do armário -
Alair Corrêa no Lombo saiu do armário e, em reunião petit comité realizada ontem, assumiu: é pré candidato, e vai mostrar a todo mundo seu vigor e disposição pra dar duas governadas sem tirar de dentro. Aos gritos histéricos e excitados de milhares de mulheres caidinhas pelos “Velhos Olhos Azuis”, o Frank Sinatra dos lagos teve de sofrer o constrangimento de mandar retirar uma senhora – baixinha e enfurecida, mais tarde identificada como Janete – que gritava para quem quisesse ouvir: - “Traidor! Você prometeu que seria uma vez só! Duas eu não vou aguentar! Traidor!”
Hoje cedo, a A.T.E.U. - Associação dos Transformistas Enrustidos Unidos – emitiu nota de repúdio contra Alair, por ter mandado um grupo de boys-magia acalmar a dama.

O segredo da disposição -
Eu, como velho e experimentado homem de imprensa, procurei Alair após o evento, querendo arrancar uns trocados pro ônibus da volta e a informação sobre como ele, com 40 anos de linha na pipa, conseguia manter o vigor, a disposição e a rigidez impressionante de princípios da adolescência.
O bom e velho Olhos Azuis me confidenciou, recostado de roupão de seda em seu chaise longue e abanado por quatro odaliscas: - “Na verdade, eu tenho uma tara: gosto que me batam. Quanto mais me batem, mais eu cresço”, afirmou o experimentado Lobo da Costa do Sol.
E não me deu o dinheiro do ônibus, o pão duro.
Culpou os royalties.

Transtorno -
O SEBE/Lagos – Sindicato dos Sebosos da Região dos Lagos – já se pronunciou sobre o impressionante vigor e disposição do velho Capitão, que mostrou ontem á todo mundo o tamanho de seu ânimo: convocou seus filiados a acamparem na frente da Prefeitura, afirmando que dali só sairão quando Alair guardar sua Corrêa e sossegar.

As Três Marias -
Maria Mole, Maria Vai Com as Outras e Maria Farinha – as três mais conhecidas dirigentes do SEBE, cujo ódio recíproco era por todos conhecido – afirmaram que “superaram as diferenças do passado” e que estão “unidas e coesas” no propósito de sossegar o fogo de Alair.
Contudo, Maria Mole mais tarde confessou que até “sentia um certo chamego pelo velho Olhos Azuis”, sendo contestada violentamente por Maria Farinha. Maria Vai com as Outras fez questão de afirmar que “muito pelo contrário, quem sabe, poderia ser, mas é isso aí, não sei”. E acabou apanhando das outras duas que, depois, brigaram entre si.

A reação das oposições -
Obronho, lider da seita “Seguidores de Onan” e conhecido como o “Divino Mão Peluda”, blogueiro e feroz opositor de Alair, jamais aceitou que o velho Olhos Azuis houvesse, no passado, roubado seu grande amor, Janete. Esta é uma rixa, portanto, que remonta ao tempo em que rede social era só uma tarrafa com placa de “bem vindos”.
Sua reação não poderia ser outra que não condenar Alair: “Aquele sujeito, só por causa dos olhos azuis dele, encantou minha Janete! Prometeu que daria um Royalty só pra ela, mas fugiu”, segundo apurei.
Seu filho adotivo e também blogueiro da oposição, Efebo – apesar do feio cacoete de repetir tudo que o pai fala – também se manifestou contra: “Aquele sujeito, só por causa dos olhos azuis dele, encantou minha tia velha! Prometeu que daria um Royalty só pra ela, mas fugiu”, disse ele, acrescentando essa informação fundamental.

Porque hoje é sábado -
Por hoje chega. Estamos num belo sábado ensolarado, ainda tenho crédito na barraca de Vadico pra tomar duas doses de Amansa Côrno e o calor tá de rachar.
Pra falar a verdade, me sinto até meio ofendido por ter ido ao jantar boca livre de Alair ontem: pra quê isso? Só pra ele mostrar que o tamanho do mandato dele é maior que o meu?
Não tenho culpa, assim por Deus fui servido. E Josilaine, uma criatura que ajudo, gosta.
Chega. Eu quero é frescor nas partes, porque hoje é sábado!

Assis Jatoubrigando é jornalista, escroque, aproveitador e líder de movimento sindical nas horas vagas

Todas as notícias aqui veiculadas são rigorosamente falsas. Qualquer semelhança com a realidade é muito azar.


GRAFITEIROS REPUDIAM PICHAÇÃO NO FORTE SÃO MATEUS


A associação de grafiteiros Domingo Com Arte divulgou uma nota de repúdio as pichações que ocorreram no Forte São Mateus, na ocasião do evento Cabo Frio 400 Cores.

A nota faz questão de diferenciar a arte de rua – o grafite – do vandalismo, punível por lei e que, segundo afirmam, teria sido praticado por dois elementos vindos da cidade de Petrópolis (RJ) conhecidos como Zero e Rame.

Nelson Feitosa, um dos organizadores do evento, sentiu a necessidade de divulgar a nota não apenas pelo ato de vandalismo em si mas, igualmente, por ter percebido nas redes sociais que muitas pessoas estariam associando o crime praticado ao tipo de arte exercida pelo grupo:

- A pichação não passa de poluição visual e vandalismo, caracterizado pelo ato de escrever em muros, edifícios, monumentos vias públicas, ou privados sem a concessão ou autorização do proprietário se constitui como crime, disse ele. E completou:

- O grafite é desempenhado com qualidade artística, em grandes painéis bem produzidos .como os do muro do complexo Aracy machado, onde foi feito um grande painel ao ar livre com cerca de 900 metros quadrados projeto realizado através do PROEDI. E sempre feitos com a permissão do proprietário, afirmou Nélson.

Segue abaixo a nota divulgada pela associação:

Nota de esclarecimento e repúdio -

A associação Domingo com Arte, com sua fundação em 2002, juntamente com o grupo TÁ NA RUA GRAFFITI da cidade de cabo frio e demais artistas da cidade, lança uma nota de repúdio ao acontecimento da pichação que aconteceu no forte São Matheus, um monumento turístico e histórico da cidade de Cabo Frio.

Afirmando que o ato não foi feito por nenhum artista envolvido com o evento Cabo Frio em 400 Cores onde, nos dias 29, 30 e 31 de janeiro foi realizado o primeiro Encontro Nacional de Graffiti da cidade de Cabo Frio.

Este evento contou com mais de 65 dos melhores artistas de 7 estados e conhecidos nacionalmente e internacionalmente, mas está sendo discutido em rede sociais que os envolvidos teriam praticado o ato pelo fato de terem ligação com o evento.

O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. Para esse movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas.

O grafite foi introduzido no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque brasileiro. O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo.

Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, pois de um lado o grafite é desempenhado com qualidade artística, grandes painéis bem produzidos como os realizados no muro do complexo Aracy machado, onde foi feito um grande painel ao ar livre com cerca de 900 metros quadrados – um projeto obtido através do PROEDI.

Do outro não passa de poluição visual e vandalismo. A pichação ou vandalismo é caracterizado pelo ato de escrever em muros, edifícios, monumentos vias públicas, ou privados sem a concessão ou autorização do proprietário se constitui como crime de acordo com as leis brasileiras nos termos do art.65,da lei 9.605/98 com pena de 3 meses a um ano e multa, como o acontecido no nosso Forte e que foi um ato cometido por dois rapazes da cidade de Petrópolis apelidados de ZERO e RAME, os quais estiveram na cidade no carnaval e praticaram o vandalismo.

Esperando ter esclarecido os fatos, convidamos toda a população da cidade para visitar a exposição Cabo Frio em 400 Cores Art Indoor, que esta acontecendo no CAV - Centro de Artes Visuais, encerrando dia 27 de março.
O espaço funciona de terça a domingo das 17:00 as 22;00.

Nelson Feitosa
Tesoureiro do projeto, membro do grupo TÁ NA RUA e um dos organizadores do evento Cabo Frio em 400 Cores.

Projeto Domingo com Arte, grupo TÁ NA RUA GRAFFITI

URGENTE: ALAIR VAI CONCORRER A REELEIÇÃO EM OUTUBRO


Em reunião realizada nesta sexta feira a noite, o prefeito Alair Corrêa anunciou que vai concorrer a reeleição como prefeito de Cabo Frio.

O anúncio – que pegou desprevenido até mesmo apoiadores mais próximos – certamente desequilibra as contas dos atuais candidatos da oposição, que não esperavam enfrentar o reconhecido cacife eleitoral de Alair.

Em seu discurso, Alair agradeceu a coragem daqueles que se mantém firmes em seu apoio – inclusive nas redes sociais – e disse que, por conta das graves dificuldades financeiras, nenhum outro prefeito havia sido tão combatido e criticado quanto ele:

- Só uma oposição louca desperdiçaria as consequências administrativas de uma prefeitura que, do dia pra noite, perde 50 milhões de reais em seu orçamento daquele mês. O resultado é que estou sendo massacrado nas redes sociais, mas por outro lado pude constatar o quanto me defendem e apoiam, disse ele. E completou:

- Me recolhi, pois precisava me dedicar exclusivamente a administrar o caos que se transformou nossos encargos diante de um dinheiro cada vez menor. Não tratei de candidaturas, apoios, nada, e isso fez que a oposição pensasse que eu houvesse desistido. Não há como desistir quando temos uma missão a completar e nos damos conta de tanta gente que nos ama, que nos apoia, que entende os sacrifícios que temos feito. Em outubro, eles vão ter de me enfrentar, exclamou, entusiasmado.

Pensando friamente
Na verdade, qual louco gostaria de ser prefeito em uma cidade quebrada? E por quê?
Essas perguntas, a oposição não responde.

As razões da recusa são idênticas as de um sindicato que se recusou a gerir as verbas do FUNDEB, conforme Alair propôs – sabem que é inviável.

Do mesmo modo, fogem apavorados quando se ventila a hipótese de imaginarmos que um outro administrador – sem os 40 anos de traquejo de Alair – estivesse a frente da administração da cidade em um momento emergencial como esse.

Algum dos pretensos pré candidatos teria algum truque, que multiplicasse dinheiro?

Algum deles conseguiria efetuar mais cortes ainda nas despesas, sem que isso significasse prejuízo ao cidadão? Não, pois não existe mágica.

O fato é um só: Alair não fechou nenhuma escola. Não fechou nenhum hospital. Não deu calote em ninguém – atrasou sim, mas não declarou o famoso “Estado de Emergência Financeira” o qual recorreu Teresópolis, recentemente. 

Além disso, cortou na própria carne e reduziu as secretarias ao número miserável de apenas 9 pastas. As receitas caíram, e não foi 10 ou 20 por cento. Foram absurdos e inviáveis 90% de perdas, que teriam feito qualquer outro chefe do Executivo entregar o abacaxi para outro descascar ou, pelo menos, enlouquecer.

Diante de um implacável plano de cargos e salários – que mesmo nos tempos de fartura já inviabilizaria a folha, já que foi feito com o único objetivo de ser um calo no sapato de Alair – e de uma despesa já enxugada ao máximo, é quase uma desfeita imaginar que qualquer outro prefeito em seu lugar teria se saído melhor.

Estamos no meio de uma das piores tempestades já enfrentadas por esta cidade.

É hora de deixarmos nosso Capitão entregar seu navio e passageiros – sãos e salvos – em bom e seguro porto.


Walter Biancardine

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

CURTAS & GROSSAS


Serguei
Sérgio Augusto Bustamante, mais conhecido como Serguei e possuidor, entre outros títulos, do “Lenda Viva do Rock”, testemunho vivo de Woodstock, pegou – de uma tacada só – Janis Joplin e uma samambaia; padrinho e muso inspirador deste jornal, está passando graves dificuldades.
O Opinião promete ir ao Templo do Rock semana que vem para obter mais detalhes sobre como ajudar nosso bom e velho bastião da verdadeira cultura hippie. Por enquanto, se você quer ajudar, dê uma passadinha lá no Templo do Rock, em Saquarema.

Serguei II
Uma impressionante sequência de matérias sobre o ídolo (umas quatro, no total) foi publicada no jornalão O Globo, que nunca deu atenção ao nosso amigo.
Estariam os abutres farejando morte, para depois dizerem a velha ladainha que “sempre apoiaram”?
Deus salve e guarde o decano do rock, com boa saúde e lucidez, para que desfrutemos ainda por muito tempo sua irreverência – tão necessária em um mundo cada vez mais cinza.

Errata: Professor Chicão e a falha do Opinião
Mesmo gente com anos de estrada as vezes escorrega e dá origem a mal entendidos. E – mea-culpa – foi nosso caso. Em recente resenha sobre artigo publicado pelo prefeito Alair Corrê em seu blog, no qual reclamava que Chicão o apresentava como “doente”, publicamos uma nota em que dizíamos ter buscado nos escritos do professor tal qualificativo para Alair – e, de fato, não encontramos. O que achamos foi a alegação de que “sua família deveria pensar em sua saúde” - uma frase de sentido duvidoso, já que dá margens a especulações. Nosso erro foi dizer que, por isso, publicávamos a “errata”, coisa que só autores fazem, pois não podemos fazer erratas em textos alheios.

Muito doido: Professor Chicão e seus fantasmas
Vai daí que agora Chicão – que nunca foi muito bom do juízo, mesmo – afirma que somos nós do Opinião que escrevemos os textos publicados pelo prefeito.
Nem duvido que Alair tenha um “ghost writer” para isso, já que um prefeito deve ter mais o que fazer do que ficar igual uma candinha nas redes sociais e blogs. Certamente ele daria o tema e o cabra desenvolveria. Simples e nada de mais.
Só que Chicão é doido, e agora isso virou um furdunço.
Desculpe, prefeito! Falha nossa! Mas, como andamos mal de finanças, aceitaríamos tal emprego, se rolar!

Sexta feira
Prometemos que não falaríamos mais de um tal sindicato, e não falaremos. Hoje é sexta feira, dia internacional da cerveja depois do trabalho, dia de afrouxar a gravata e lembrar das coisas boas da vida. Mesmo que, ao chegar em casa, encontremos meia dúzia de crianças correndo pelas paredes, infernizando com o tédio da mais longa das férias (forçadas) já vista no planeta.
Tranquilo...em outubro, isso acaba!

Bom fim de semana, gente!


SERGUEI, PIONEIRO DO ROCK NO BRASIL E CAPA DE ESTREIA DO OPINIÃO, PRECISA DE SUA AJUDA!

Sete anos depois o Opinião reverencia seu padrinho e pede a colaboração dos fans do roqueiro


Em novembro de 2009 chegava ás bancas o primeiro número do Jornal Opinião, com a proposta - já naquela época - de jogar um pouco de ar fresco em um momento da sociedade que, infelizmente, perdura até hoje: são os dias cinzentos, os quais ainda vivemos sob uma “liberdade” hipócrita e vigiada pelas patrulhas ideológicas ou, no sentido oposto, pelo fundamentalismo religioso.

O resultado disso já alertávamos na ocasião: censura, e é o que ocorre hoje na prática, onde calam-se as vozes discordantes através dos Tribunais e sob perfeita aparência legal, sem prejuízo dos linchamentos morais das redes sociais aos que destoarem da bipolaridade que aceitamos como padrão: o divisionismo do ódio pela esquerda ou o moralismo carola dos religiosos.

Na atual conjuntura, onde até anúncios de fraldas infantis sofrem a indefectível tarja embaçada por sobre os pobres piu-pius das crianças ou bonecos ostentando cabeleira black power são taxados como racistas, cremos ser - mais do que nunca - válido o brado de alerta de nosso entrevistado, o qual reproduzimos aqui tendo em vista a recente “redescoberta” do Pai do Rock pela grande mídia.

Serguei precisa de ajuda
Segundo uma surpreendente sucessão de matérias publicadas pelo O Globo, “Serguei, apelido dado a Sérgio Augusto Bustamante, 82 anos, considerado o roqueiro mais antigo do país, passa pelo momento mais difícil de sua vida. Ele ganha R$ 880 (bruto) de aposentadoria, além de uma ajuda de custo de R$ 1.200 da prefeitura de Saquarema, cidade do Rio de Janeiro onde mora, para manter o Templo do Rock.

Assim como a maioria dos aposentados do país, o dinheiro mal dá para pagar seus remédios, que custam mais de mil reais mensais. O lendário Serguei, conhecido por ter ido ao Festival de Woodstock e ter virado amigo de Jimi Hendrix e Janis Joplin, tem passado até fome, segundo amigos. Aliás, eles estão fazendo um mutirão para recuperar o acervo e o casarão onde o roqueiro mora. Mas ele precisa de mais ajuda”.

De acordo com a matéria, publicada no Blog do Anselmo,“Serguei poderia ser garoto-propaganda de motos ou até, quem sabe?, de um estimulante sexual. A gente abre a geladeira dele e só tem água”, conta o produtor Rogério Silva, que tenta arrecadar dinheiro para fazer um filme sobre o cantor, “O último beatnik”, a ser estrelado por Eriberto Leão”.

Contra os aproveitadores
Diego Brisse, guitarrista do Serguei, falou a respeito da matéria divulgada no jornal O Globo :
"Pessoal, cuidado com algumas informações que podem estar veiculando por aí. Infelizmente eu devo me abster de comentar certos fatos para evitar conflitos estapafúrdios. Fato é que o Alex da Banda Serguei Pandemonium sempre ajudou muito o Serguei, e a banda sempre apoiou ele em diversos projetos.

Resgatamos o material autoral dele, fizemos um cd novo sem nenhum patrocínio, com dinheiro do nosso bolso, fizemos um esforço descomunal para levantarmos a carreira dele e depois que ele começou a aparecer, vieram muitos oportunistas.

Tudo que fizemos pelo Serguei foi de puro coração, nunca nos beneficiamos financeiramente disso, sempre demos total apoio nos projetos dele, fomos muito mal tratados por diversos produtores de show e tv e sempre aturamos porque queríamos ajuda lo. Nós também estamos cientes das verdades e vamos intervir em benefício do mesmo se for necessário."

Se você também é fã do bom e velho Serguei, não deixe de ajudar.
Para encontrá-lo é fácil, basta ir ao Templo do Rock, em Saquarema, e deixar diretamente lá a sua ajuda!
O Jornal Opinião vai voltar ao Templo em busca de mais informações sobre como dar uma moral ao nosso amigo via internet ou outros meios, e publicaremos sem falta na semana que vem.
Aguarde!

Veja abaixo a matéria, publicada no número de estreia do Opinião, em novembro de 2009:


Serguei: “Nunca fomos tão caretas”
Uma conversa descolada sobre um mundo cinza
Serguei filosofa e diz que a sociedade regrediu

Foi preciso a revolução dos costumes feita na década de sessenta e um governo civil tomando posse nos anos oitenta para que muitos jovens atuais passassem a usar os cabelos com corte militar.

Foi preciso uma onda mundial de “fazer pelas próprias mãos”, o artesanato, a plantação de comida e as comunidades para que o sistema se sentisse profundamente ameaçado e criasse os “hippies de boutique”, logo depois os “youppies” e fizesse com que hoje a maioria da juventude elegesse o dinheiro, o consumismo e a carreira como aspirações supremas.

Foi preciso surgir o amor livre para que parcela significativa dos recém saídos da adolescência optasse – por livre e espontânea vontade – pela virgindade até o casamento e resgatassem hábitos machistas.

Foi preciso o fim do sonho comunista – mostrando ao mundo sua dura realidade – para que quase a totalidade destes mesmos jovens enxergasse a política sob uma ótica cada vez mais reacionária e descrente, travestida de pragmatismo.

Vivendo em um mundo onde o lema “Paz e Amor” desperta nas pessoas apenas sorrisos condescendentes de quem escuta uma utopia enquanto procuram se desviar de balas perdidas e gangues espancando inocentes em boates, Serguei – um verdadeiro retrato congelado de uma época – se espanta e abre o verbo sobre o que acha desta juventude, que um dia tentou mudar o mundo e hoje acha normal linchar garotas por considerarem suas roupas “indecentes”.

Com vocês leitores, o garotão Sérgio Augusto Bustamante, 76 aninhos (N. do R: entrevista feita em 2009) mas com um corpinho de 75 e a disposição, energia, indignação e sonhos dos vinte e poucos anos; o conhecidíssimo Serguei, que hoje ostenta o honroso título de “Lenda Viva do Rock Nacional”.

Caretice geral: o computador
Serguei: “O bacana de você andar assim, conhecer uma pessoa, é andar pelas ruas; você não foi apresentado mas você bate os olhos, eles se comunicam, a emoção vem, entendeu?, na hora, assim: então você fala, você se abre...essa garotada é incapaz de falar, eles já perderam isso. Para tudo eles usam o quê? Um computador. Querem dar uma trepadinha, vão trepar com o computador...querem chorar, choram vendo as coisas do computador, querem rir...pô, o riso, o sorriso, a lágrima, tudo isso é emoção...a expressão facial, que não têm nenhuma. Pô, eu falo, digo isso assim, assim e assim (gesticula) e...outro dia eram quatro rapazes e eu fiz assim (bate palmas): - Hei! Falei: “Bicho, vocês só fazem assim (balança com a cabeça positivamente e negativamente)? Aí um sujeito atrás disse: eu sou o pai deles, você não sabia que essa geração é assim, Serguei? Eu disse: infelizmente, entendeu? Não há mais nada praticamente a se fazer, depois do que foi feito na década de sessenta. Você tinha a liberdade de tomar decisões.” (sic)

Caretice geral 2: look e comportamento
Serguei: “Voltaram a cortar os cabelos fazendo o pé...não há nada mais nojento do que isso. Engraxam os sapatos, fazem vinco nas calças! Bicho! E dizem que são envergonhados: ah, ele é tímido! Tímido é o c*lho! Pergunta se na hora em que estão dando o c* lá ou fazendo qualquer sexo, ou comendo ou que diabos que seja, não interessa, pergunta se eles são tímidos! Aliás (risos), eu tenho provas de que, de tímidos, eles não tem nada...teve um sujeito um dia que chegou pra mim e disse: 'Serguei, quero te chupar'! Eu disse, 'tudo bem mas outro dia, outra hora porque agora estou correndo pra pegar o ônibus'! Dois dias depois ele me achou de novo, e insistiu com os olhos arregalados: 'Vem cá, você come c*?' Respondi: 'Olha, eu como alface, como manga – que eu adoro manga – sorvete...' (risos). Pra você ver como eles são diretos agora. Dão beijos na boca, isso é ótimo...escandalosamente! Eu fiz um show na Up, lá em Campo Grande, no Rio de Janeiro, e estava cantando no palco, pulando e tal...quando eu estava saindo, um cara sentado numa mesa com garotas, garotões, jogou a cabeça assim pra trás e me pediu: 'Serguei! Me dá um beijo na boca!'. Depois, no camarim, ele voltou pra pedir um beijo mais legal...quer dizer, não tem mais o chaveco, perderam isso, que era o principal. Hoje é mecânico, direto.”

Todo mundo gosta de sexo, bicho.
Não tem um que não goste!”

Sexo: o dia em que Serguei comeu a samambaia – que não era samambaia
Serguei: “Eu tô numa forma física, por assim dizer, esplendorosa. Eu conto essas sacanagens e me excito, tu acredita nisso? (bate na madeira) Agora, eu acho isso um exagero. Não é um exagero? Eu acordo de manhã, às vezes até de madrugada, naquele estado. Vou até lá fora, olho pra um lado, olho pro outro, ninguém! Digo: pô, que merda! Aí volto e tenho que dar meu jeito (risos). Quer dizer, acho que tô mais do que legal! Todo mundo gosta de sexo, bicho. Não tem um que não goste de sexo! Se bem que hoje tem esse tal de sexo virtual, no computador. É tão horrível que não merece...não tenho nem opinião pra definir isso! Bicho, é melhor o sexo por telefone, porque pelo menos você escuta a voz, e tal...pra você ver: um dia eu vinha andando, um sol quente, e tinha um cajueiro na beira do caminho. Me deu um tesão, meu (*) levantou, queria fazer alguma coisa com alguém e não encontrava – não passava ninguém...passou um cachorro velho, mas eu não ia comer o cachorro, pô. Aí eu ia andando e encostei numa árvore – o cajueiro, grande, frondoso. Aí tirei pra fora e comecei sozinho. Na hora de gozar, a perna tremeu e eu me abracei ao cajueiro. Onde eu ia me agarrar? Me agarrei na árvore! Aí, na entrevista que dei ao Jô Soares, ele perguntou: 'Bom, então você comeu a árvore?' Aí eu disse assim: 'É Jô, comí...' A pergunta merecia essa resposta. Só não sei por que depois vieram dizer que foi com uma samambaia, não sei de onde tiraram isso. E eu ironizo tudo, mesmo...no Brasil, se não ironizar ninguém aguenta. Se não ironizo, tô f*dido, vou ficar doente.”

Drogas:
Serguei: “Droga é uma droga, uma merda...você fica com os olhos inchados, vermelhos, você fica rindo à toa, que nem um babaca, o outro com o olho arregalado, com a bunda pra dentro... 'é...qualé...o que é...?' Bicho, eu não tenho como falar disso. Eu dei um esporro na Janis (Joplin) uma vez...ela tava no banheiro, cantando...aquela voz que todo mundo conhece, e com a mesma emoção. Quando ela saiu, nua com uma toalha jogada no ombro, ela abriu a porta e eu disse: 'Vem cá, tô aqui observando você o tempo todo, te ouvindo. Que maravilha...mas por que você usa essas merdas? Isso vai levar você muito cedo do convívio da gente'. Ela olhou pra mim e disse assim: 'Sergei, nobody plays that game on me', ou seja, 'ninguém me força o jogo', por assim dizer. ( N. do R: 'Ninguém faz esse joguinho comigo') Eu disse, 'você sabe o que faz, então f*da-se'. E aconteceu o que aconteceu...”
(pequena pausa para um cochilo de alguns minutos do entrevistado)
“Bicho, cuidado comigo que as vezes eu durmo...eu ontem fiquei dois dias sem dormir. Tava falando com a Beth, minha amiga, pelo telefone. Estava sentado naquela cama, que é no chão, e enquanto eu falava, cochilei e batí com a cabeça no chão.”

Rock and Roll:
Serguei: “O Rock começou na minha vida ainda nos anos 50. Estive em Paris, conheci Juliette Grécou, sabia o que estavam dizendo dela, que ela era escriturária e saía que nem uma louca depois do serviço com uma porção de rapazes e moças, todos vestidos de preto, iam pros porões do Quartier Latin tomar drink, tomar café, eram os beatniks (N. do R: Juliette Grécou foi uma cantora francesa que se tornou uma espécie de “musa” dos existencialistas, tendo se apresentado inclusive no Brasil), e depois dos beatniks vieram os hippies. E aí eu me encontrei.”

Rock and Roll 2: o Templo
Serguei: “A casa antiga não era minha, era de um cara daqui, comerciante, e quem me deu essa nova aqui foi Russel Coffin, um dos grandões da Coca-Cola no mundo. É um cara com dinheiro, tem como fazer, trabalha com ecologia, pássaros, florestas, tem vários hectares na floresta em Santa Catarina, que ele protege. Essa casa aqui ele que mandou construir pra mim, tudo à prova de som, tudo. A prefeitura na época deu o terreno e ele mandou construir. No dia da inauguração eu ví ele com milhões de papéis, assinando aqui, ali, e disse que a casa é minha. Eu disse, 'então tá bom'. Se alguma coisa estranha acontecer, eu daqui não saio, aqui é minha casa, minha vida, e eles não me desonrariam nessa altura de minha vida. Eles vão ter que me aturar, e eu sou bem enjoado...mas eu acredito no caráter deles, acredito que a casa seja minha.”

...O movimento social que mudou a cara do mundo(...)
Hoje em dia, infelizmente, a gente viu traídos todos os seus princípios.”


Rock and Roll 3: o sonho
Serguei: “Minha casa é um museu histórico, que conta a história do Rock e a época em que o Rock começou e explodiu. Conta a história da geração hippie, da qual eu sou um dos últimos, principalmente pela filosofia (e mostra dois livros – On the road, de Jack Kerouac, e Howl', de Allen Ginsberg). Eu sempre vivi nisso, eu vivi todas as revoluções da década de 60, entendeu? Todas aquelas maravilhas, o movimento social que mudou a cara do mundo. Beatles, Rolling Stones, os concertos, proclamavam a liberdade, a paz e o amor pelos parques...isso foi a coisa mais importante que aconteceu no mundo. Hoje em dia, infelizmente, a gente viu traídos todos os princípios de vida, o sonho – de uma certa forma – acabou, embora ainda existam remanescentes como eu. Mas posso dizer que esse sonho, ele foi vitorioso, e fechou com o concerto de Woodstock, reunindo mais de um milhão de pessoas. Ali, toda a razão de existir, o sentimento de liberdade, tudo isso provou estar implantado, mas o movimento em si, a partir dali, foi declinando. Aí começou a mediocridade, a falta de autenticidade (nas propostas), começou tudo a se misturar. É como a Bíblia: você lê e entende de um jeito, eu leio e entendo de outro, cada um dá a sua versão. A versão que eles deram foi a pior possível: ficaram contra tudo o que foi feito e quiseram mostrar a versão deles, feia, pequena, medíocre, inexpressiva, estúpida. E nosso Cazuza resumiu muito bem: 'ideologia, eu quero uma pra viver'...Cazuza querido, do coração! (e faz um gesto de quem manda beijos ao céu) Falta as pessoas terem uma liberdade mais inteligente, mais prática, e não ficarem como quase a totalidade dos brasileiros, pendurados num chavão ridículo: 'os portugueses nos exploraram, nós somos tão bonzinhos...' Fomos! Fomos! Passado do verbo! Não somos mais! Hoje as pessoas vivem sem horizontes, elas vivem o momento, mas um momento muito escroto. Não há um propósito de vida, aquela coisa de 'vamos fazer', entendeu? Acho que já encontraram pronto. E, se não estiver pronto, compram no shopping fazendo sempre a pior escolha.”

Pela milionésima vez: como Sergei comeu Janis Joplin
Serguei: “Que saco! Quem me apresentou tá ali, ó, no retrato na parede: Oliveira, percussionista da banda Chicago. Ele era amigo da Janis e me apresentou nos EUA. Tinha uma festa de escola e eu levei minha banda, Centauro. Ela vinha descendo uma ladeira vestida de cigana e ele me apresentou: 'Sergei, Ms. Janis Joplin'. Meu queixo caiu e eu fiquei rindo, brinquei perguntando se não era Jackie Kennedy. Ela riu e depois ficou séria. E me deu um beijo. Aí depois ela veio ao Brasil, mas me perguntar datas, lugares...é uma certa maldade (risos). Aqui no Brasil, a gente estava na Avenida Copacabana e ela me pediu uma caneta. (Interrupção provocada pelo cachorro Nick, que fuçou a lata de lixo) Aí eu dei e ela escreveu uma dedicatória na calça, na altura da coxa. Guardei aquela calça até hoje, como relíquia, mas muitos anos depois minha mãe achou ela nas minhas coisas, viu que tava suja e botou pra lavar! Perdí a dedicatória! Mas a calça tá ali, na parede.”

Viver é difícil, e a vida é curta.
Então, bota pra f*der!”

Shows:
Serguei: “Eu estou voltando de Belém do Pará, onde sou padrinho dessa campanha (mostra a camiseta) 'APAVERDE – Salvar o planeta é uma tarefa de todos nós', e todos os anos tem isso e eu vou lá, fazer um show. Estava lá a Mulher-Moranguinho! Tão bonitinha! Ela tem um rosto lindo! Tava aquela outra, que foi mulher daquele cantor, o Latino...a Kelly Key, e ela tem um programa na TV Record, e ela me entrevistou no camarim dela. Acho que é um programa pra crianças, ela falou 'crianças, é o Serguei!'
(Nova interrupção, desta vez pelo cachorro Nick, que entrou de focinho na barriga do entrevistado, pedindo comida)
Eles tem uma vida de rei aqui...todos vacinados, com muita água, comida, carinho...Nick, sai daí! Ele foi pra cozinha...vai comer alguma coisa que tá lá...ai meu Deus...essa é a entrevista mais underground que eu já fiz...!
Agora você vê que maravilha...as pessoas tem que sair dessa mesmice. Jovem cabeça, como você é, tem que prestigiar esse tipo de atitude...(bate palmas) acorda! Acorda! Viver é difícil, e a vida é curta. Então, bota pra f*der! Mostra sua opinião, senão...(risos) tem que comprar esse jornal, pra de repente ouvir essas coisas! Mostra sua opinião, diz o porque...que também não é todo mundo que merece uma opinião, uma idéia, uma explicação. E pronto! Mete a cara e vai em frente! Se alguem vier criticar alguma coisa, que critique por si mesmo. Não pela nação, que a nação não faz nada pela gente.”

Living in the USA:
Serguei: “Minha avó achava que minha educação não tinha de ser feita aqui no Brasil. Ela dizia: 'vocês são burros, incompetentes e preguiçosos. Vocês tem nas mãos um continente e nunca fizeram acontecer coisa nenhuma'. Minha avó era americana, e fazia a comparação: 'olha nós aqui e olha vocês lá'. Os garotos me perguntavam, no colégio: 'vem cá, naquele teu buraco lá na América do Sul, vocês pensam com os pés, não é?' Aí todo mundo aplaudia o cara. O Brasil é bonito, tem grandes potencialidades, mas nunca aconteceu mesmo. Quer dizer, minha avó tava certa.”

Política:
Serguei: “É igual a esse oba-oba em torno do Lula: acho muito carnaval, mas preciso te confessar uma coisa, que eu tenho medo de que ele saia. Porque eu não sei qual equipe econômica vai vir após ele, certa ou errada, essa equipe conseguiu colocar o Brasil muito bem colocadinho, a situação de hoje não é a de antes. Aquele batom vermelho, escandaloso, só pode ser usado por uma mulher linda, cheia de curvas e fazendo vários charmes com o corpo. Não pode ser uma matrona horrorosa. E o batom vermelho aí seria usado pelo Brasil, que é uma nação feia, politicamente. Então, pintar a boca do Brasil com esse batom vai ser um horror. Teria que ser um Brasil mais forte, porque hoje o país não pode ter o que quiser, como os países desenvolvidos. A democracia é para os Estados Unidos da América do Norte!, e não para quem quer. Nós não merecemos democracia, estamos completamente despreparados! Nós sequer sabemos o que queremos. E não existe nação sem povo. Temos uma bandeira em que tá escrito 'Ordem e Progresso', onde 'ordem' vem antes da palavra 'progresso'. Por que? Porque já se sabia naquela época, há um milhão de anos atrás, que não existe progresso sem ordem, cacete! Por que não temos progresso? Porque não existe ordem! É um corredor de loucos, onde ninguém se entende. O Brasil é um lugar onde todos roubam todo mundo o tempo todo! E pelo poder da televisão e do rádio, mostrando, falando, denunciando, o povo vai ficando desapontado e chega a um ponto que já vai ficando safado também! Dizem: 'Ah, é? Então vou roubar também!'. Então, a democracia é para os povos mais civilizados.
Nós não merecemos democracia, estamos completamente despreparados!
Nós sequer sabemos o que queremos.”

Serguei: “O Brasil é um país lindo, mas como nação, não existe. Só São Paulo que escapa, a única praga é ser mandado por Brasília. Se a revolução de 1932 tivesse dado certo, eu teria apresentado meu passaporte pra pedir cidadania paulista. Aqui em Saquarema pediram uma vez pra eu ser candidato a vereador, eu disse que ia ser, eu vou. Eu ia de sunga, meião e tênis. Esculhambava todo mundo e voltava pra casa. Ganhei 280 votos e eu disse: agora eu saio e deixo o suplente, que eu não quero assumir porra nenhuma, então não tem nada a ver comigo essa de política. As pessoas são muito engraçadas...a política partidária, é tudo muito burro! Aquí em Saquarema, por exemplo (risos)...eu tenho que rir...existe um deputado que é o que faz tudo pela cidade, e é amigo do Lula, é do PMDB, é colega, amigo do Governador, pega as coisas, as coisas vem pra cá, o dinheiro, as obras a serem executadas, então é o seguinte: o prefeito, governador, presidente de qualquer país, nada mais são que os homens do escritório. Homens ou mulheres, no caso daqui é uma mulher. Então tudo bem, é bonitinha, simpática, tem um sorriso, é inteligente, e ela tá entrando na vida política...ela tem uma certa competência, mas ela é a 'mulher do escritório'. Como Bush (EUA) era o cara do escritório, o presidente, prefeito não sei da onde são pessoas do escritório. Tem que despachar, pedir uma influência política, se vale a pena despachar aquilo favorável ou não, entendeu? Então eles são os caras do escritório, não fazem política, isso quem faz é o político. Ele faz todas aquelas coordenações, aquelas coisas, e consegue todo esse progresso que tem conseguido para a cidade. Aí o povo vai e vota num outro rapaz, que tinha problemas sérios com o Ministério Público. Ele poderia ser a pessoa que fosse, mas não poderia ser candidato a coisa nenhuma, pois se o MP tava processando o cara, como é que esse mesmo Ministério, ele entende – agora pegaram essa mania: eles 'entendem'. Ah, porque o Juiz 'entendeu'...mas eu também entendi, só que ao contrário do que ele está dizendo, porra! Então o MP 'entendeu' que ele pode se candidatar, mas se ele ganhar não assume! Bicho, isso parece aquelas comédias de circo! Aí o cara se candidatou e o povo daqui votou nele e não na mulher esposa do cara que faz a política pra trazer o dinheiro, executar as obras em Saquarema! O povo não votou porque tinha fixação nesse outro homem, sabe aquela coisa bem 'Sulamérica'? 'Este señor, Getúlio Vargas, Perón'...entendeu? O povo adora esse tipo de coisa! O povo vive o 'homem', o povo tem ícones políticos. Isso foi uma prova de estupidez extrema, burrice. Tem que atrair quem tem o dinheiro, quem tem o poder, quem tem amizades, que aí as coisas chegam! Prefeitos, essas coisas, eles são representativos, embora participem. Eles são apenas os 'caras do escritório'. E o resto? O resultado foi que o cara ganhou mas não entrou, e aí veio a prefeita.”

O povo vive o 'homem', o povo tem ícones políticos.
Isso é uma prova de estupidez.”

Imprensa:
Serguei: “Graças à Deus ainda leio jornais. Não tem nada melhor. Eu não fumo, mas quem fuma acorda, vai na banca de jornal, compra um e volta pra casa. Fica lendo, fumando e tomando café quentinho – ou suco de laranja, ou champagne, o que preferir. Mas o babaca, o imbecil, senta o c* numa cadeira, liga a máquina de escrever com tela, bate nas teclas e fica olhando...quer dizer, é o mau uso do computador. Se usar pra decisões ou pra adquirir conhecimentos, maravilha! Mas ficar assim igual a um babaca, os pais...aliás, os pais são culpados de tudo. Caráter, comportamento, isso tudo vem de casa e não da escola. Escola se aprende que 2 e 2 são 4, mas assim mesmo tem uns professores que dizem que não (risos), que é outro resultado...Existe muita sacanagem na imprensa, mas ela é livre! Pelo menos isso! De maneira que você tem acesso às palavras...que são as coisas mais importantes da vida, não é não?”

Paz? Amor?
Serguei: “Outro dia o governador do Rio estava no programa do Datena e disse que, no Brasil, os estados deveriam ser autônomos. Na mesma hora entrou a vinheta e veio uma mulher falar de sexo! E o cara sumiu. Se isso não é censura, não sei mais o que é. Aí depois o bandido pega um foguete e bota um helicóptero abaixo. Bicho, onde estamos? Eu não sei! Depois dessa, não entendo mais nada! Cadê a autoridade? A verdade é que quem manda no Brasil é o crime, porque é organizado. Por isso o nome: 'crime organizado'. Os caras mandam! Bicho! Os caras mandam!

Imagine se, nos EUA, derrubam um helicóptero
e o Governo não se pronuncia?
Vergonha mundial!”

Tanto mandam que, se não fosse assim, não iam derrubar um helicóptero da PM, ou mesmo civil. Aí saíram pra procurar no morro o desgraçado que fez isso. Só que o desgraçado já sumiu, não vão encontrar e acabou! E se encontrarem, logo depois o morro volta a ficar igualzinho a antes. Imagine se em Washington, Miami, ou o que for, lá nos EUA, um bandido derruba um helicóptero seja de quem for, e o governo americano não se pronuncia e nada acontece: meu Deus do céu! Vergonha mundial! E aquí ninguém fala nada e está tudo bem, fica por isso mesmo!
Cansei, sabe?”

Entrevista concedida ao editor, Walter Biancardine, em outubro de 2009 no Templo do Rock - Saquarema, RJ


Um pouco sobre o ídolo:
SÉRGIO AUGUSTO BUSTAMANTE (Serguei) 8/11/1933 - Rio de Janeiro
Cantor cuja carreira artística sempre foi pontuada pela irreverência. Fez parte da Jovem Guarda, da Contracultura e do Movimento Hippie. Artista irreverente, irriquieto e ousado, sua primeira gravação - um compacto simples pelo selo Equipe em 1966 - trazia as composições "As Alucinações de Serguei" e "Eu Não Volto Mais", com acompanhamento do grupo The Youngsters. Serguei foi amigo pessoal de Janis Joplin e Jim Morrison quando, por alguns anos, morou nos Estados Unidos.
Sua discografia é bastante heterogênea:

1966 - As Alucinações de Serguei-CS-Equipe
1968 - Eu Sou Psicodélico -LP-Continental,
1970 - Ouriço - CS-Polydor,
1972 - Alfa Centauro – CS - Orange,
1975 - Psicodélico – CS - Groove Records,
1979 - Serguei- Samba,Salsa – CD -Arlequim,
1983 - Hell's Angels do Rio - CS - Fermata,
1984 - Mamãe Não Diga Nada ao Papai -TopTape
1991 - Coleção de Vícios - LP-RCA-Victor,
2002 - Serguei-Coletânea – CD - Baratos Afins.
2009 - Bom Selvagem – CD – Blues Time Records

Estudou teatro com Paschoal Carlos Magno e atuou no filme "Toda Vida em Quinze Minutos". Também participou da segunda edição do Rock in Rio em 1991 e no ano de 1997 foi lançada a sua biografia "Serguei, o Anjo Maldito", autor João Henrique Schiller, pela CZA Editora.

Kid Vinil assim o definiu:"Serguei é um outsider do rock nacional."

Filho único de um executivo da IBM, Domingos Bustamante, e da dona de casa Maria. Na infância, teve um amigo russo que lhe chamava de "Sergei" ("Sérgio" em russo), porque tinha dificuldade em pronunciar seu nome corretamente, por isso o apelido ficou. Aos 12 anos, foi morar com Lia Anderson, sua avó materna, em Long Island, Nova Iorque, onde participou de festivais estudantis. De volta ao Brasil, em 1955, trabalhou no Banco Boavista (onde foi demitido), e depois como comissário de bordo na Loyd Aéreo, Cruzeiro do Sul, Panair e Varig, sendo também demitido após uma bebedeira em Madrid.

Voltou aos Estados Unidos onde começou sua carreira musical. Em 1969, esteve no famoso Festival de Woodstock , e no final deste mesmo ano, o cantor afirma ter conhecido a cantora americana Janis Joplin, em Long Island, um dos motivos pelo qual ficou conhecido. Em 1972, de volta ao Brasil, foi morar na cidade de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, onde vive até hoje.

Serguei fez shows em duas edições do Rock in Rio: Rock In Rio II (1991) e Rock In Rio III (2001); fez também aparições como espectador no Rock in Rio IV e Rock in Rio V. Nos últimos anos, o cantor tem participado de diversos programas na televisão. Em 2011, participou de alguns quadros do programa Show do Tom, da Rede Record; e em 2012, foi entrevistado por Danilo Gentili no programa Agora é Tarde. Serguei é um dos artistas que mais teve convites e aparições no Programa do Jô, apresentado por Jô Soares, de quem é grande amigo.

Em 2011, o Multishow produziu o programa "Serguei Rock Show", que contou com 10 episódios, e a participação de roqueiros como Rogério Skylab e Zéu Brito.

Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, Serguei faz shows até hoje ao lado de sua atual banda, a Pandemonium, que o acompanha desde 2008. É considerado cantor oficial do grupo Hells Angels (motoclube internacional).

Em abril de 2013, sentindo fortes dores pelo corpo, Serguei foi internado no hospital Nossa Senhora Nazareth, no Rio de Janeiro. Voltou para casa após alguns dias, mas duas semanas depois retornou, passando mais dois dias internado. Ao ser liberado novamente, declarou estar tomando remédios e querer voltar a fazer shows, pois já se sentia bem.

Em sua residência, na cidade de Saquarema, foi criado o "Museu do Rock", administrado por Serguei, constituído com peças de roupas, discos, prêmios, livros, cartazes, filmes em VHS e outros materiais sobre a vida do cantor. Sua residência é um ponto turístico da cidade.
Em 2009 concedeu a entrevista acima, na estreia do Opinião, e acabou por tornar-se o padrinho e muso inspirador do jornal.
Em 2010, a prefeitura de Saquarema fez uma ampliação em casa, reformando-a.
O Templo do Rock é considerado um local histórico na cidade.

Walter Biancardine



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

EDITORIAL - CRIANÇAS PROVINCIANAS



Câmara de Búzios pede o afastamento do Dr. André do Cargo.
Um fedelho em Cabo Frio protocola um requerimento querendo destituir Alair do poder.
Um sindicato faz greves sem fim, acreditando que o mundo parou para assisti-lo.
Requerimentos, protocolos, processos, greves, passeatas…em Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia...e por aí vai.
Qual dos casos acima é justo? Qual é mero oportunismo?

A classe politica e os aspirantes á ela na Região dos Lagos estão se assemelhando, nos últimos tempos, a bebês que descobriram seu poder de destruir empurrando um copo de cima da mesa: encantados, repetem, repetem, abusam do direito e o prostituem, transformando armas legítimas da democracia em um achincalhe – uma alavanca de suas vaidades e ambições pessoais.

Vivemos hoje em um momento que mal podemos distinguir o que é uma iniciativa cabível, embasada, daquilo que surge na mídia – sempre escandalosa – como mera fanfarronice eleitoral.

O desgaste provocado por este tipo de espetáculo tosco – na verdade, uma farsa, pois não se busca solucionar o problema e sim “aparecer bem na foto”, como defensor dos oprimidos – apenas gera o descrédito que hoje as instituições brasileiras sofrem.

Aos olhos do povo, um mar de impunidade corre solto quando, na verdade, muitas coisas não seriam realmente puníveis e sim lá arroladas apenas pelo desejo de aparecer, por parte de seus promotores.

Enquanto isso crimes verdadeiros são varridos para baixo do tapete, pois a atenção pública foi desviada para factóides com evidente finalidade de auto promoção.

Está na hora de abandonar o provincianismo.
Está na hora de crescer.


Walter Biancardine

GREVE DO SEPE TEM DATA E HORA PARA ACABAR


A greve do SEPE já tem data e hora para acabar: zero hora do dia 02 de outubro de 2016, dia das eleições municipais em todo o Brasil e, é claro, em Cabo Frio – onde o sindicato espera emplacar alguns de seus dirigentes como vereadores ou, no mínimo, angariar votos suficientes para garantir um bom cargo ou posição de poder e influência na administração municipal.

Publicamos ontem que os dirigentes do mais espúrio dos sindicatos teriam tomado algum tipo de calmante para terem sido tão compreensivos, educados e cordatos com o homem que, apesar de seus mais de 70 anos, xingavam não só a ele mas sua família também até o dia anterior.

Alair teve seu gesto de boa vontade. Procurou o diálogo, mostrou as contas, explicou as dificuldades e impossibilidades. Entre quatro paredes, dirigentes foram compreensivos e reconheceram o aperto passado pelo município. Mas esta compreensão funcionaria em uma assembleia repleta de militantes sedentos de sangue?

Falhou. Ainda que tenha havido uma boa vontade real do SEPE, o mesmo agora é prisioneiro do monstro que criou, a turba inflamada das assembleias, que não aceitará nada menos que a cabeça de Alair em uma bandeja de prata.

O SEPE não pode viver sem a greve. Não pode viver sem os holofotes que a mídia amiga – composta igualmente de candidatos – dirige a eles. Não pode se dar ao luxo de entrar em um acordo e dispensar o precioso palanque eleitoral, que sangrará pais e alunos de Cabo Frio por todo ano de 2016 até que cheguem as eleições e suas ambições sejam satisfeitas.

Talvez já tenhamos gasto linhas e páginas demais com semelhante ajuntamento de desqualificados.

É hora de parar de falar neste sindicato de bandidos, de dar o cartaz que tanto querem.

Chega de SEPE. E que pais e alunos se lembrem de quem os deixou sem aulas, sem esperanças e sem o direito de tocar a vida adiante.

Greve que nunca acaba: o palco do eterno comício do SEPE.


Walter Biancardine

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CURTAS & GROSSAS


Dia atípico
O prefeito Alair Corrêa reuniu-se, na Câmara de Vereadores nesta quarta feira, em uma conversa com os sindicalistas do SEPE intermediada pelos edis.
Mostrou as contas, explicou pela enésima vez a questão da insuficiência do FUNDEB para a folha de pagamentos da educação e, a tal ponto foi didático que o vereador Aquiles Barreto – pasmem! – teria se oferecido para conseguir um empréstimo junto a Caixa Econômica Federal para aliviar as dores do magistério.

Dia atípico II
Os sindicalistas do SEPE devem ter tomado alguma coisa antes da tal reunião. Valium 20mg, Lexotan, o que seja. Espantosamente calmos, espantosamente cordatos, igualmente concluíram que a situação financeira da Prefeitura é terrível e concordaram em receber estas mesmas contas apresentadas na Câmara para análise.

Dia atípico III
Aproveitando a maré – tá tranquilo, tá favorável – o prefeito Alair Corrêa falou sobre a reunião na mídia. Primeiro, no programa Amaury Valério e depois – pasmem 2! – no Região em Foco, aquele mesmo que esculhambou o governo diante de um Secretário de Cultura, no caso o Facury, atônito e sem direito de resposta diante de tanta grosseria.

Dia atípico IV
Alair falou – pausadamente, calmo e de modo quase didático – sobre o conversado na Câmara. Explicou a insuficiência de fundos, a questão dos atrasos no pagamento mas sem nunca deixar de pagar aos professores e o porquê de ter aberto o diálogo com o SEPE:
- Sou um democrata, mas não admito que se reúnam na porta de minha casa e me xinguem, ofendam minha família, minha mulher. Na audiência de conciliação eles (os dirigentes) se mostraram mais calmos e cordatos, por isso resolvi conversar, explicou o prefeito.
Com a carapuça enterrada até o pescoço os dois apresentadores, que meses antes o esculhambaram, apenas engoliram em seco.

Dia atípico V
Aliás vale ressaltar a mansidão, cordura, educação – quase miaram para o prefeito, na verdade – da dupla a frente do Região em Foco. Bem diferente da agressividade barraqueira com que destrataram um Secretário Municipal do mesmo governo, naquele mesmo programa.
Quando Alair – sem nenhum sorriso – fala baixo, calmo e pausado, o sangue dessa gente gela nas veias.

Rotina
Entretanto, nem tudo são flores nesta nova conjunção astral que parece ter alinhado os planetas no dia de hoje. O radialista Ademilton Ferreira segue batendo duro em Alair, com uma ferocidade nunca vista. Parece que, quando o assunto é Prefeitura, Ademilton esquece o risinho debochado com que costuma soltar suas eternas indiretas. Papai Ariston garante.

Nova rotina
Já o blogueiro Chicão prossegue em sua nova função de espinafrar o mesmo prefeito o qual – pouco tempo atrás – morria de amores. Desapoderado, sai batendo em todo mundo sem guardar critério, lógica, coerência ou respeito à verdade.
Daqui a pouco poderá dar o braço á “anciã culta” em suas críticas contra a mão que o afagou.

NOTA POSTERIOR: verificamos as postagens no blog do Chicão e, realmente, ele não afirma que o prefeito estaria doente. Ele fala, isto sim, que a "família deveria se preocupar com sua saúde". Mesmo considerando o sentido dúbio da frase, publicamos esta errata.

Aposta
A verdade é que se o SEPE finalmente entrar em acordo com Alair, o blogueiro protegido de Janio ficará – tal como seu patrono – sem discurso.
Apostas já estão sendo feitas na certeza de que o menino vai tentar ressuscitar o pedido de cassação do prefeito, reclamar do Ibascaf, falar do buraco na rua ou que um imbecil pichou o convento – e a culpa, é claro, será do chefe do Executivo.
Desespero puro.



domingo, 21 de fevereiro de 2016

CRÔNICAS DE DOMINGO - Um senhor que ajuda


- Graças a Deus ela tem um senhor que ajuda, senão nem sei o que seria dos seus estudos, exclamou aliviada dona Palmira, ao saber que os três últimos meses do colégio da filha – uma linda jovem de 15 anos que desabrochava em flor diante da cobiça alheia – estavam adiantadamente pagos.

Rousemar – ou simplesmente Rose – era o fruto dourado do casamento daquela pobre costureira da Vila Nova, viúva de um pescador que ninguém sabia ao certo se havia, de fato, morrido.

Seu Alberízio – o senhor que ajudava devotadamente a jovem – era um conhecido e circunspecto dono de comércio na praça Porto Rocha e, altruísta, tudo fazia para que o anonimato de sua filantropia permanecesse.

Proprietário de um armazém de aviamentos e passamanarias, não apenas custeava os estudos da jovem como também provisionava a mãe da menina com fornecimento abundante de matéria-prima para suas costuras. De fato, a vida finalmente parecia facilitar um pouco as dores de dona Palmira, agora amealhando seus trocados com as costuras e apostando na formosura da filha como o arrimo de sua velhice.

Aquele final do ano de 1966 seria, de todas as maneiras, marcante para a pequena e modesta família. Sua pequena jóia, Rose, terminaria o primeiro grau, completaria 16 anos e poderia ajudar a mãe em sua faina de costuras e arremates. Dona Palmira já ensaiava o discurso de agradecimento que faria aos pés do generoso Alberízio, quando a pequena irrompeu pela sala, decidida:
- Mãe, vou embora daqui.

A velha sentiu o teto desabar-lhe sobre a cabeça, e perguntou quase em uma expectoração:
- Como assim, minha filha? Endoidou?

-Não, o seu Alberízio me disse que quando eu completasse os estudos ele montava uma casa para mim, revelou, sem a menor cerimônia.

Palmira sentou-se em seu sofá puído, em busca de amparo. Compreendera de um só lance tudo o que se passara nos últimos dois anos; da mudança de comportamento da pequena passando pelos seus trejeitos e gostos precocemente femininos, as conversas cochichadas entre Rose e seu protetor – que supunha somente caridosos e ajuizados conselhos paternais – e sentiu-se enojada e envergonhada de jamais ter enxergado a concupiscência em tantos “colinhos” que o abastado senhor oferecia à jovem, ainda menina.

Uma surra de cinta limitou o trânsito da rapariga entre seu quarto e o banheiro enquanto, resoluta, Palmira ganhava a rua rumo ao armazém de aviamentos.

* * *

- O senhor é um homem casado, seu Alberízio! Como pode fazer isso? E com uma menina que podia ser sua filha, disparou Palmira, defronte ao balcão da loja que ficava na frente do lar do comerciante.

O até então circunspecto senhor gelou com a súbita aparição da costureira e quase desmaiou ao constatar que sua mulher, alarmada com os gritos, veio à venda para saber o que se passava.

Palmira olhou a mulher, uma senhora de idade aproximada à sua, que enxugava as mãos em seu avental e trazia atrás de sí uma pequena fieira de crianças curiosas – uma prole que ia de uns 9 aos seus 15 anos – e perdeu o ímpeto.
- Seu Alberízio, eu preciso falar em particular com o senhor!

* * *

Arrependera-se daquela conversa. Arrependera-se mesmo de ter sentido alguma piedade da mulher do negociante, dos seus filhos, completamente inocentes da depravação que minava seu lar, feito infiltração dos piores esgotos da alma. 

Realmente, arrependera-se de tudo ao constatar que – na prática – aquele seríssimo senhor era agora proprietário de sua filha, um cafetão em trajes sociais cujo único interesse teria sido preservar uma libido decadente, alimentando-a de mocinhas cada vez mais jovens e que porventura já houvessem nascido sem o sentido da decência em suas almas.

Sim, porque não há concubinato com menos de dois culpados. Agora Palmira sabia que, por razões que só Deus entenderia, sua pequena filha sempre estivera disposta a trocar a virtude pelo conforto, desde que aprendera a traduzir as razões de tanta gentileza do velho senhor, e isso mal saída da infância. Na cabeça suja da pequena, pensava Palmira, que mal haveria em deixar-se apalpar se era tudo o que o velho queria? Em troca ela teria boas roupas, passeios, estudo!

Concluíra finalmente que sua filha achara a troca justa, quase uma pechincha, antes de cair ao chão vitimada por um derrame.

* * *

Quatro anos se passaram desde a morte da pobre velha. Quatro anos se passaram, nos quais a agora moça feita insistia em seu sonho de casar-se com o velho Alberízio – insinuações sempre rechaçadas a custa de piadas, brigas ou mesmo presentes caros.

Naquela véspera da decisão da Copa do Mundo, Rose encheu-se de razões cuidadosamente garimpadas entre os grãos de sua moral e bateu às portas do comércio de seu protetor. Sem a condescendência de sua falecida mãe, a moça criou um escândalo de proporções bíblicas ao provocar a expulsão do velho de sua própria casa pela sua enfurecida mulher que agora, finalmente, sabia de todo o lodaçal que corria sob seu nariz.

Assustada com as consequências avassaladoras de seus atos, escondeu-se Rose em sua casa de teúda e manteúda enquanto os comentários ganhavam a cidade, desmoralizando toda uma família, um comércio, e sem sinal de que aquilo fosse ter um fim tão cedo.

Os meses correram. Alberízio perdera o comércio para sua mulher, ameaçado pelos cunhados. 

Empobrecido, mudou-se para uma pequena casinha cujo aluguel às duras penas pagava, com seus parcos rendimentos de caseiro na mansão de um milionário carioca.

Imaginou o velho que seria a hora, então, de casar-se de fato com sua protegida e poder contar com o conforto daquela casa, que tão cara – em todos os aspectos – lhe saíra. A resposta a sua reivindicação, entretanto, fora uma debochada gargalhada. A formosa Rose era agora noiva, casaria em breve com um tenente que servia na Base Aero Naval de São Pedro da Aldeia, e que se ele não fosse embora logo, ela mandaria chamar os militares.

Alberízio terminou seus dias na mais sórdida miséria, em uma cabana nas matas do Peró, onde fazia uma pobre menina cega vender conchinhas na beira da estrada, aos turistas que passavam.

Walter Biancardine


AOS ALUNOS, COM CARINHO


Sendo tal cartaz de autoria do SEPE, podemos traduzir:

"Querido aluno, estamos nos lixando pra você.

Não sentimos falta nenhuma das salas de aula, pois o que importa pra nós é eleger alguém da diretoria como vereador.

Não estamos deixando de ensinar: estamos ensinando que o importante é o poder, o dinheiro, a influência - essa história de ir à luta é só pra engambelar pais e mães otários.

Vamos infernizar a cidade, não importa o preço, e vamos deixar o Governo do Estado em paz, pois mesmo que nosso sindicato seja estadual, não vamos contrariar aqueles que nos financiam.

Assim, amanhã você vai entender que alguém te ferrou em nome de suas próprias ambições, e que nessa vida vale a lei do mais canalha."

Com carinho,


Dos dirigentes que se dizem professores.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

SILÊNCIO GRÁVIDO


Hoje é sexta feira, fim de semana que chega e momento de tirar dos ombros a pesada mochila das batalhas cotidianas.

Porém, ao contrário de tantas outras, percebe-se nesta um estranho e pesado silêncio – calmaria após as tempestades, dirão os otimistas. Ou a quietude que prenuncia tormentas, segundo os pessimistas – silêncio grávido, cujo rebento é fruto de grande e duradoura interrogação.

Paira nos ares a tensão surda, indefinível, inquietante e que nos faz temer respostas tanto quanto a malícia dos que perguntam, posto que – ultimamente – nada parece acontecer de forma aleatória e inocente.

É o silêncio ensurdecedor, que confunde bússolas e angustia os homens.

Se nada pode ser feito, algo há de ser dito.

O silêncio adormece os corações.


Walter Biancardine

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

BULLYING VIRTUAL: A VALENTIA DOS ANÔNIMOS


Há um limite claro entre a luta justa, o bom combate – não importando as razões – e o jogo sujo, o golpe baixo e o terrorismo, seja ele real ou virtual.

Existe um padrão claríssimo, fácil de perceber, nas táticas de imposição de ideias pela força, empregadas por toda a esquerda brasileira: a patrulha ideológica virtual, o ciber-bullying, as agressões em comentários postados, difamações, boatos e calúnias na mídia seguem uma linha descendente, idênticos entre si em seu modus operandi, cujo início percebemos nos defensores do governo petista – e, a reboque, nos manifestantes pró-PT, MST, Passe Livre e outros – e que permeia todas as esferas de oposição governamental.

Os ataques baixos empregados em defesa da roubalheira Federal são replicados de maneira idêntica quando o governo de um Estado ou Município se interpõe entre tais “guerrilheiros” e seus objetivos.

O que vemos em Cabo Frio atualmente não é uma reação espontânea de trabalhadores indignados: trata-se de um movimento calculado, orquestrado e com uma finalidade precisa, que é desestabilizar o governo. Só um cego não perceberá as mesmas táticas e golpes baixos, empregados pelo SEPE para conseguir seus objetivos eleitorais.

O mais espúrio dos sindicatos se utiliza dos serviços de “guerrilheiros virtuais” para lotar as páginas de seus adversários com ofensas, calúnias e provocações. Em sua maioria são pessoas que sequer pertencem ao magistério, e que usam como desculpa “simpatia pela causa” ou por ter algum parente exercendo a profissão.

Outros, mais óbvios, servem-se de perfis falsos cuja única finalidade – coordenados pela direção do sindicato e seus patrocinadores – é lotar as redes sociais de xingamentos e assim aparentar, aos olhos de um visitante incauto, que formam uma “maioria esmagadora e indignada”.

Tudo mentira, tudo falsidade, tudo orquestrado!

Não mais de 10 perfis conseguem engarrafar as redes sociais com suas agressões, chegando ao ponto de políticos, como o prefeito Alair Corrêa, se retirarem da internet para preservar um mínimo de dignidade e que culminou com o absurdo linchamento moral de um garoto de 13 anos, que atreveu a dizer-se contra o movimento.

Só que a criatura, engendrada pelas esquerdas e adotada pelo SEPE, começa a sair do controle e ganhar vida própria, já que passou recentemente a atacar até mesmo aliados, como o ex-prefeito Marquinho Mendes, em suas intervenções na rede.

Ao lado desta presença terrorista e agressiva nas redes sociais, reza a cartilha esquerdista que igualmente dominem a mídia – e não foi outra a razão de convidarem artistas e jornalistas conhecidos na cidade, para concorrerem á vereança.

O Opinião, por diversas vezes, já alertou – e os fatos provaram ser verdade – quanto á utilização de pessoas proeminentes e movimentos reivindicatórios para fins eleitorais.

Não é outra a razão de, agora, o SEPE tentar “limpar sua barra” convocando reuniões com pais de alunos objetivando convencê-los a engolir o prejuízo.

Não foi outra a razão de acusarmos como político o protesto solitário de uma “rapper” – foi convidada pelo deputado Janio Mendes para ser candidata a vereadora.

Não é outra a razão de afirmarmos serem estas greves palanques eleitorais – dirigentes do SEPE serão candidatos em outubro.

E não foi a toa que afirmamos o propósito de dominação da mídia – a jornalista Renata Cristiane, igualmente convidada para concorrer á vereança.

Ilesos nesta guerra e posando de inocentes, só Janio Mendes e seu fiel escudeiro, dublé de agitador e dirigente sindical – os fiéis depositários, em Cabo Frio, de todos os horrores do desgoverno petista que quebrou o Brasil.

Cabe a pergunta: por que será?

Walter Biancardine