A ditadura sem máscaras
Casa azul, 18 de
outubro de 2012
Vejo cada vez mais,
aqui e ali, publicarem matérias e artigos onde, finalmente, percebe-se
que o povo acordou.
Articulistas de
prestígio, que não arriscariam seu bom nome duramente conquistado rendem-se, enfim, à inescapável constatação de que vivemos uma proto-ditadura – nascida de sete meses, que apenas aguarda a incubadora
das eleições chegar para expor, sem nenhum pejo, suas garras ao
país e revelar-se como tal, sem disfarces. Um irmão bastardo do
chavismo, cujos gêmeos se espalham pela triste América Latina; concebido como projeto de poder e amamentado pelo ódio ao TSE e á
toda mídia livre, que expôs suas fraldas sujas.
Palavras como “regime
de exceção”, “autoritarismo”, “ditadura” e até “atentado
contra a República” (no caso do mensalão) são, cada vez mais,
presentes nos textos dos articulistas mais consagrados e ponderados.
As opiniões sobre como
nos livrarmos do jugo petista são várias, mas o temor é um só:
que uma reação violenta enseje nova ditadura, em um processo de
simples substituição do ditador.
Penso que vivemos uma
situação singular, na qual não podemos utilizar dados de um
passado relativamente recente – 1964 – já que, à época,
existia um claro e forte componente idealista em ambos os lados.
Hoje, o que existe é o mercantilismo do poder e, como tal, o teor
das reações contrárias são imprevisíveis mas – tristemente –
justificáveis em um primeiro momento.
O PT no poder
demonstrou, através do mensalão, que não existe a menor conotação
ideológica em suas ações. A busca pela hegemonia, poder absoluto e
perpétuo, tendo como base a compra de gente, revelou ao país a
cínica face dos monstros que empunham bandeiras vermelhas contra o
capital, mas elegeram o dinheiro como seu único e soberano norte
ideológico.
Tolice é, portanto,
imaginar que um mensalão servirá de freio ás suas ações torpes
no Congresso: novas votações virão, e com elas, novas compras de
gente pelo PT, tal qual vimos recentemente nas eleições no
nordeste. O PNDH III volta à baila, não só como brecha para a
censura de imprensa mas, igualmente, como vingança e aviso: “não
mexam com o PT”, já disse um inominável esquecido.
Igualmente ingênuo
será supor que pararão por aí. A coisa é muito maior, mais
ambiciosa, e tem como objetivo unir toda a América do Sul em um
continente de ditaduras, uma espécie de “Mercado Comum do
Absolutismo”, com vistas ao enfrentamento do eterno objeto de
inveja “esquerdista” (parêntesis sim, pois não é mais
ideologia): os Estados Unidos da América do Norte.
A máxima taoísta está
em pleno vigor: “esvazie as cabeças, encha os ventres”. O
assistencialismo, aliado ao eterno carnaval, forjaram uma geração
de frouxos que só agora – mal e mal, pois nem 5% do país sabe ou
se importa com isso – começa a cair na triste realidade
liberticida.
O fato inconteste é
que, por vias legais e constitucionais, eles não sairão do poder.
Comprarão tudo, todos, Deus, o diabo e até a terra do sol se
preciso for.
Tristemente, é o que
já podemos observar acontecer, pontualmente, em diversos rincões do
país. Governadores, deputados e senadores aliam-se aos ditadores –
uns por medo, outros por malícia e cálculo, mas todos se dão as
mãos contra a presa inerte, o Brasil.
Estamos tangenciando o
maelstrom de uma reação e tudo dependerá do comportamento do
Governo Federal, logo após as eleições.
Para aqueles que temem
as balas, não se esqueçam que mesmo São Tomás de Aquino já dizia
que a “reação, se é para reparar a ordem, é benéfica e
necessária”.
Para aqueles que
apostam que tudo terminará na Marquês de Sapucaí, eu, em absoluto
desdenharei: tristemente, ainda não encontramos qual é o limite de
nossa dignidade.
Sempre podemos ir mais
abaixo.
Mas os avisos já foram
lançados.
Walter Biancardine