Salvo bruxaria, Alair
já é prefeito!
O que se acabou de ver
no debate promovido pela Inter TV, afiliada local da Rede Globo, foi
a confissão implícita de derrota, por parte do candidato Jânio
Mendes.
O mesmo, em sua
primeira pergunta a Alair, disparou: “ - O que o senhor fará, como
prefeito...”, ao invés de usar a adequada suposição “faria”.
Nem quero falar sobre o
constrangimento de Jânio diante da observação que Alair fez do
discurso do candidato de Marquinho, no qual Jânio insinua que “tudo
o que se precisa para governar é o apoio (puxar o saco – nota do
editor) dos governos Estadual e Federal.
Alair não teve meias
medidas e foi direto ao talo, em sua réplica: “não é nenhum favor do
Governador ou do Presidente; a Constituição MANDA o apoio aos
municípios”.
Vexaminoso, e por isso
prefiro ater-me a aspectos mais subjetivos do debate.
O sucessor que nega seu
apoiador, Jânio “Hamlet” Mendes, definitivamente não é mais o
mesmo que conheci há mais de seis anos atrás, na Câmara de
Vereadores. Maneiroso, sorridente, ares desconfortavelmente íntimos
de mim, telespectador, comportou-se como um apresentador de programas
de auditório. Escorregadio, não deu uma só resposta objetiva ao
que foi perguntado pelos outros dois candidatos, além de ter
abandonado a gravidade e circunspecção que sempre foram
características suas – talvez, por influência de seus novos
“amigos”, seja esta a versão Jânio Paz e Amor replicada do
inefável Lulla Lá. A bem da verdade, senti-me invadido por tamanha
e não autorizada intimidade.
Perdulário, sequer
soube tirar proveito de seu inegável dom para a oratória, de sua
boa voz e melhor dicção em prol de uma persuasão convincente
através de respostas concretas: tal como um bagre ensaboado, sorria
quase cúmplice para o telespectador. De tal forma foi desagradável
esta versão de animador de auditório que custei a acreditar que o
debate se encerrou e Jânio não piscou – brejeiro – para mim!
Restou comprovado, após
o debate, que a perspectiva de poder é moeda suficiente para que uns
e outros se julguem pagos por atirarem na lama uma reputação,
coerência e carreira construída ao longo de mais de uma década. E
o que mais doerá ao candidato Jânio será constatar, após as
eleições e a embriaguez da possibilidade do poder, que ele saiu
menor – muito menor do que a desventura genética que o fez ficar
na ponta dos pés para alcançar o púlpito dos debates. Jânio sairá anão em
estatura moral.
Resta saber se este
súbito amor entre Marquinho e Jânio, os Mendes, sobreviverá ao 7
de outubro.
Eu aposto que não.
Cláudio Leitão, a bem
da verdade, não pode mais ser considerado como “uma grata
surpresa”: já a um bom tempo o moço vem ganhando destaque no
cenário político local com sua coerência e contundência em suas
críticas e propostas.
É um novato na
política, quase ingênuo – se me permitem o paradoxo – e com
muita estrada pela frente. Se um dia conseguir se livrar da tola
utopia socialista que ainda insiste em carregar como bandeira, poderá
realmente ser uma alternativa viável para a Prefeitura – desde que
se dê ao rapaz mais uns dez anos para aprender e amadurecer.
Visivelmente o mais
natural e à vontade dos três – sem a intimidade inconveniente e
teatral de Jânio e a paúra televisiva de Alair – exibiu
corretamente, de forma ponderada e leve, as suas propostas e
críticas. Bem articulado, bom no discurso e voz vagamente
professoral, teve como único inconveniente suas mãos, quase
italianas, a disputar as câmeras com o rosto do candidato.
E é justamente o dom
da fala – presente em ambos – que faltou em Alair mas consagrou
sua vitória neste debate. Rouco, jeito de operário que, por respeito a seu Deus, obrigou-se a vestir um terno e ir à igreja após um dia inteiro de
suor e trabalho duro, o veterano e virtual prefeito de Cabo Frio
mostrou exatamente o que o povo quer de volta nesta cidade: pouca
conversa e muito trabalho, mas trabalho de macho, coisa de calejar as
mãos, acordar as cinco da manhã e ir fiscalizar obra.
Alair deu ao eleitor
neste debate o conforto da esperança em dias melhores, a segurança
de saber que teremos na prefeitura não um animador de auditório ou
um bom moço, mas um chefe de família responsável e trabalhador,
que estará de pé enquanto todos dormem, para garantir que a cidade
funcione para nós.
Bendita rouquidão de
Alair. Ela é a mais perfeita tradução da doação extrema de um
homem pela sua cidade, por seu povo.
E será pelas mãos
calejadas deste homem, pela sua voz desgastada nos chamando ao dever,
que teremos novamente nossa Cabo Frio de volta ao lugar que – por
inação e descaso dos que apoiam Jânio – jamais deveria ter
saído: o lugar de “Capital da Região dos Lagos”.
NOTA: no jornal RJ TV da InterTV, desta quinta feira, apareceram os três candidatos. Leitão, falando para a câmera sozinho, Jânio depondo diante de uma razoável quantidade de seguidores e Alair, carregado nos braços de uma multidão tal que nem mesmo sei onde foi o comício ou seja lá o que aconteceu.
Está explicada a rouquidão do homem.
NOTA: no jornal RJ TV da InterTV, desta quinta feira, apareceram os três candidatos. Leitão, falando para a câmera sozinho, Jânio depondo diante de uma razoável quantidade de seguidores e Alair, carregado nos braços de uma multidão tal que nem mesmo sei onde foi o comício ou seja lá o que aconteceu.
Está explicada a rouquidão do homem.
Walter Biancardine