sexta-feira, 5 de outubro de 2012



Salvo bruxaria, Alair já é prefeito!

O que se acabou de ver no debate promovido pela Inter TV, afiliada local da Rede Globo, foi a confissão implícita de derrota, por parte do candidato Jânio Mendes.
O mesmo, em sua primeira pergunta a Alair, disparou: “ - O que o senhor fará, como prefeito...”, ao invés de usar a adequada suposição “faria”.
Nem quero falar sobre o constrangimento de Jânio diante da observação que Alair fez do discurso do candidato de Marquinho, no qual Jânio insinua que “tudo o que se precisa para governar é o apoio (puxar o saco – nota do editor) dos governos Estadual e Federal.
Alair não teve meias medidas e foi direto ao talo, em sua réplica: “não é nenhum favor do Governador ou do Presidente; a Constituição MANDA o apoio aos municípios”.
Vexaminoso, e por isso prefiro ater-me a aspectos mais subjetivos do debate.
O sucessor que nega seu apoiador, Jânio “Hamlet” Mendes, definitivamente não é mais o mesmo que conheci há mais de seis anos atrás, na Câmara de Vereadores. Maneiroso, sorridente, ares desconfortavelmente íntimos de mim, telespectador, comportou-se como um apresentador de programas de auditório. Escorregadio, não deu uma só resposta objetiva ao que foi perguntado pelos outros dois candidatos, além de ter abandonado a gravidade e circunspecção que sempre foram características suas – talvez, por influência de seus novos “amigos”, seja esta a versão Jânio Paz e Amor replicada do inefável Lulla Lá. A bem da verdade, senti-me invadido por tamanha e não autorizada intimidade.
Perdulário, sequer soube tirar proveito de seu inegável dom para a oratória, de sua boa voz e melhor dicção em prol de uma persuasão convincente através de respostas concretas: tal como um bagre ensaboado, sorria quase cúmplice para o telespectador. De tal forma foi desagradável esta versão de animador de auditório que custei a acreditar que o debate se encerrou e Jânio não piscou – brejeiro – para mim!
Restou comprovado, após o debate, que a perspectiva de poder é moeda suficiente para que uns e outros se julguem pagos por atirarem na lama uma reputação, coerência e carreira construída ao longo de mais de uma década. E o que mais doerá ao candidato Jânio será constatar, após as eleições e a embriaguez da possibilidade do poder, que ele saiu menor – muito menor do que a desventura genética que o fez ficar na ponta dos pés para alcançar o púlpito dos debates. Jânio sairá anão em estatura moral.
Resta saber se este súbito amor entre Marquinho e Jânio, os Mendes, sobreviverá ao 7 de outubro.
Eu aposto que não.
Cláudio Leitão, a bem da verdade, não pode mais ser considerado como “uma grata surpresa”: já a um bom tempo o moço vem ganhando destaque no cenário político local com sua coerência e contundência em suas críticas e propostas.
É um novato na política, quase ingênuo – se me permitem o paradoxo – e com muita estrada pela frente. Se um dia conseguir se livrar da tola utopia socialista que ainda insiste em carregar como bandeira, poderá realmente ser uma alternativa viável para a Prefeitura – desde que se dê ao rapaz mais uns dez anos para aprender e amadurecer.
Visivelmente o mais natural e à vontade dos três – sem a intimidade inconveniente e teatral de Jânio e a paúra televisiva de Alair – exibiu corretamente, de forma ponderada e leve, as suas propostas e críticas. Bem articulado, bom no discurso e voz vagamente professoral, teve como único inconveniente suas mãos, quase italianas, a disputar as câmeras com o rosto do candidato.
E é justamente o dom da fala – presente em ambos – que faltou em Alair mas consagrou sua vitória neste debate. Rouco, jeito de operário que, por respeito a seu Deus, obrigou-se a vestir um terno e ir à igreja após um dia inteiro de suor e trabalho duro, o veterano e virtual prefeito de Cabo Frio mostrou exatamente o que o povo quer de volta nesta cidade: pouca conversa e muito trabalho, mas trabalho de macho, coisa de calejar as mãos, acordar as cinco da manhã e ir fiscalizar obra.
Alair deu ao eleitor neste debate o conforto da esperança em dias melhores, a segurança de saber que teremos na prefeitura não um animador de auditório ou um bom moço, mas um chefe de família responsável e trabalhador, que estará de pé enquanto todos dormem, para garantir que a cidade funcione para nós.
Bendita rouquidão de Alair. Ela é a mais perfeita tradução da doação extrema de um homem pela sua cidade, por seu povo.
E será pelas mãos calejadas deste homem, pela sua voz desgastada nos chamando ao dever, que teremos novamente nossa Cabo Frio de volta ao lugar que – por inação e descaso dos que apoiam Jânio – jamais deveria ter saído: o lugar de “Capital da Região dos Lagos”.

NOTA: no jornal RJ TV da InterTV, desta quinta feira, apareceram os três candidatos. Leitão, falando para a câmera sozinho, Jânio depondo diante de uma razoável quantidade de seguidores e Alair, carregado nos braços de uma multidão tal que nem mesmo sei onde foi o comício ou seja lá o que aconteceu.
Está explicada a rouquidão do homem.

Walter Biancardine