segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Eddylene Água Suja no OPINIÃO!


Eleições blasé

E finalmente o dia 7 chegou e já passou.
Sim, porque o dia de votação dura apenas até as 17 horas. Depois, tudo para até que se venha com a mensagem, boa ou ruim para alguém.
A eleição de Prefeito em um município realmente não me passa despercebida. São milhares de pessoas pelas ruas, clamando ou fingindo, não sei. Por um futuro incerto e que talvez sequer às envolvam ou às tenham inclusas na nova máquina, que está já formada ou para se formar.
Ainda assim, de uma forma muito especial, me emociona. É com sonhos que estão lidando; é com o futuro das crianças, de idosos e dos que estão ou não envolvidos com esse tão cobiçado jogo de poder.
Tal como diz a canção de Dominguinhos, “ Olha quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai “. É bem por ai a sensação.
Quando o Prefeito da cidade que eu estava chegou, carregado nos braços por homens que, esperançosamente, aguardam uma mudança drástica em suas vidas e que - de uma forma cruel - não irá acontecer, eu me emocionei. Não pela cena, mas pelo que envolve a cena.
Reparei pessoas com lágrimas nos olhos, pela vitória de um governo que já estava atuante e nada fez pelos mesmos; vi gente chorando pelo Prefeito que não entrou e, por um instante, fiquei confusa pensando em como uma mudança de governo, em uma cidade pequena, influi tanto na vida e sonhos de uma família.
Imaginei o pai dele emocionado, junto com os familiares, sinceros ou não, que agora tem a ele para se orgulhar. Imaginei centenas de mulheres com família grande e que receberam uma miséria por semana para segurarem placas com seu número, no sol quente, para poderem comprar mantimentos. Pensei em amigas, que dependiam daquela vitória para permanecerem estáveis, pensei em mim - que nada tinha a ver com aquilo e nunca precisei de política para traças minhas metas de vida e, definitivamente, não sei dizer se isso é bom ou ruim.
O dia da eleição em algumas cidades é quase que um carnaval. Abadás sem números, camuflando a campanha irregular, desfilavam pelas ruas como uma marcha em busca de um poder transferível, um poder que sequer vai chegar à despensa de quem o empunhou e mesmo brigou por isso. É como se a idade média tivesse se incorporado ao século vinte e um, todos amigos, mas num dia de rivalidade, onde quem tem - ou compra - a maioria, tivesse o maior exército por quatro anos.
Ainda fico confusa quando penso nas sensações que presenciei, talvez pela incredulidade que tenho sobre tudo isso. Fui à minha sessão, votei tranquila e fui para outra cidade para acompanhar de longe o que acontecia na minha e absorver com menos fervor o que se desenrolaria na outra.
Sei que é incrível analisar de longe o sincretismo que ainda envolve os cidadãos e cidadãs de uma cidade. Ponderar que a mudança pode realmente vir, que suas vidas podem mesmo evoluir com o novo homem que irá às representar na próxima gestão. Para alguns, isso representa portarias novas para a família e uma tranquilidade durante quatro anos - algo incerto, mas quem hoje em dia pode se dar ao luxo de pensar quatro anos a frente? Numa sociedade em que damos graças a deus por sobreviver no hoje, talvez seja lucro garantir os cinquenta reais da boca de urna que - na verdade - não, não acabou, a portaria que negam que darão, mas que sabemos que será distribuída como ticket leite, ou mesmo que o candidato apoiado não vença. Ainda assim, quem sabe valeram a pena os duzentos reais semanais, o carro emprestado pra tirar onda com os amigos, ou até mesmo a foto com o candidato vencedor...mesmo que você não consiga outra durante os próximos quatro anos?
Eu não saberia responder se acredito na mudança, até porque aprendi muito cedo que a responsável pelas mudanças em minha vida sou eu mesma.

Eddylene Água Suja resolveu escrever mais sério em sua estréia no Opinião e dispensa apresentações. Se você não conhece, não é da Região dos Lagos.