A mídia que não
respeita a si mesma
Muito se fala sobre a
falta de credibilidade e profissionalismo da mídia cabofriense.
Campanhas são feitas para tentar emprestar um ar mais “moralizado”
a mesma, jornalistas e jornais se auto proclamam “independentes”
e detentores da tão propalada “credibilidade”, mas o fato é que
– de uma maneira quase compulsiva – esta mesma midia
desmoralizada rotineiramente cede a seus impulsos suicidas e
atira-se, sem a menor vergonha, no despenhadeiro do ridículo e do
descrédito.
Assim acontece com
badalada jornalista local, muito melhor situada na delegacia cobrindo
fatos policiais do que imiscuindo-se nas esferas políticas.
Segundo noticiado em
seu blog – e não é só isso, foi as rádios falar também! – o
candidato derrotado, Jânio Mendes, teria sido “avisado” pelo
TRE-RJ que tomaria posse no próximo dia 13. Ainda segundo a mesma
repórter, “fontes” próximas ao derrotado afirmaram isso, de
maneira “extra-oficial”.
Ou seja: a jornalista –
teoricamente diplomada e detentora da tão almejada credibilidade –
joga tudo isso pro alto na ânsia de um “furo” de reportagem. E o
“furo” cobiçado se resumiria no fato de que “alguém” disse
que o TRE “avisou” a Jânio que DARIA UM GOLPE NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL E O EMPOSSARIA NO DIA 13.” Ainda segundo a notícia tão
precisa, o próprio Jânio “não teria confirmado isso”. Ponto.
Uma notícia de
transcendental importância como essa é dada – pela repórter de
credibilidade – baseada em cochichos de fontes não identificadas e
pelo silêncio do principal envolvido – Jânio.
Pior: brada aos quatro
ventos que um tribunal rasgará, deliberadamente e à troco sabe-se
lá do quê – a Constituição Federal (que determina novas
eleições caso o 1º colocado ultrapasse 50% dos votos mas não
assuma) e dará, de presente, a posse ao segundo colocado.
Ao que parece, a escola
de Obronho encontrou seguidores. O estilo de noticiar – sempre
baseados em “ouví dizer” ou “fontes me disseram” ou mesmo o
covarde “um conhecido assessor gordinho de político local e que
manca da perna esquerda” - representa o que há de pior e que
nenhum diploma de faculdade pode assegurar. Espalhar boatos,
confundir a população, não precisar as clássicas e fundamentais
perguntas do jornalismo – o quê, onde, como, quando e por quê,
respondidas apenas por insinuações e sorrisinhos – fornecem a
indiscutível prova de que o noticiado, na verdade, não é notícia:
é BOATO, é CONTRA INFORMAÇÃO.
São atitudes assim,
infelizmente corriqueiras em nossa imprensa local, que desmoralizam o
trabalho de não mais que meia dúzia de abnegados – estes sim,
empenhados em NOTICIAR, não em ESPALHAR BOATOS.
E depois, como paga,
recebem o triste e ridículo troféu oferecido pela Prefeitura de
Cabo Frio à mídia mais domesticada e serviçal da cidade, que se
destaque das demais em suas atitudes de capacho e subserviência.
Hoje, me envergonho de
ser jornalista, mas infelizmente ainda não aprendi outra profissão.
Walter Biancrdine