sexta-feira, 6 de abril de 2018

ENTREVISTA INÉDITA - O pensamento político do homem que construiu Cabo Frio e agora quer a ALERJ


Recordista de mandatos não para e diz que ainda tem muito o que fazer por Cabo Frio

Com a impressionante marca de oito mandatos - dois de vereador, dois de deputado e quatro de prefeito - Alair Corrêa poderia se aposentar e curtir, finalmente, a família. Mas, irriquieto, não se permitiu parar, sabendo que ainda tem muito a contribuir para Cabo Frio e Região dos Lagos.

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Quando o país faliu
Em seu último mandato como prefeito, a cidade perdia mais de R$30 milhões a cada mês, junto a Petrobras, sem que houvesse a menor compreensão – até por parte da imprensa. Não se sabe se por coragem ou temeridade, Alair conduziu seu governo até o último dia, e teve de sofrer toda a rejeição que a falência do Rio de Janeiro e do Brasil acarretou.

Já em 2017, a situação nacional melhorou e Cabo Frio arrecadava impressionantes 100 milhões de reais a mais que em seu último ano de governo, mas ainda assim vive, até hoje, uma rotina de ineficiência terrível.

O homem tem moral
O seu prestígio no Estado do Rio, entretanto, não sofreu arranhões: convidado ao longo deste ano por vários partidos para se filiar, acabou escolhendo o PRP, também escolhido por Anthony Garotinho, que o convidou para uma dobradinha – ele, candidato ao Governo do Estado e Alair para tratar dos interesses de Cabo Frio na ALERJ.

Desnecessário dizer que o recordista de mandatos e obras na região aceitou e ontem, com Garotinho, assinou a ficha partidária.

A notícia já se espalhou pela região, mas o Opinião realizou uma exclusiva entrevista com Alair Corrêa falando de um assunto que poucas vezes toca: sua visão e seu pensamento político.

Leia a seguir:

OP – Revista Opinião
AC – Alair Corrêa

OP – O senhor atravessou uma das piores tempestades financeiras que este país e esta cidade já viram, e sobreviveu. Seu pensamento político continua igual?

AC – Acho que algumas coisas mudaram em mim. Hoje valorizo mais meu lado empreendedor, acreditando que quem gera empregos é o empresário. Quando o Estado toma seu lugar fica pesado, caro para o contribuinte, e normalmente ruim nestas funções. Na verdade, pode até se transformar em uma fonte de corrupção.

OP – Então hoje o Estado não deve ser o principal empregador?

AC – Eu acreditava que numa cidade como Cabo Frio, os empregos públicos tinham um peso enorme em nossa economia, como ainda tem atualmente. Mas hoje creio que esse peso tem de ser menor, pois estes salários saem do bolso do eleitor. O principal na economia local tem de ser a iniciativa privada, porque o dinheiro gasto pela Prefeitura pagando salários deve ser usado onde seu papel é fundamental: saúde, educação, infra estrutura e habitação. Estas são as áreas que meu pensamento nunca vai mudar. Todos conhecem tudo o que fiz nos meus mandatos, sabem a transformação que fiz nesta cidade. O que Cabo Frio sempre foi? Como ficou, depois de meus governos?

“O dinheiro gasto pela Prefeitura pagando salários deve ser usado 
onde seu papel é fundamental: saúde, educação, infra estrutura e habitação”

OP – E os empregos?

AC – Em minha opinião, a Prefeitura e os políticos da cidade tem que dar facilidades para que empresários confiem e invistam, trazendo – ou criando – novas empresas, que irão gerar empregos e, é claro, mais impostos para financiar o lado social. Por outro lado, o imposto que pagamos deve voltar para nós em forma de infra estrutura, escolas, hospitais e ruas. Faça uma experiência, conte quantos comércios foram abertos nos meus tempos como Prefeito e o número de empregos criados!

OP – O quê o senhor pode apontar como positivo nesse pensamento que o senhor adotou?

AC – Creio que quanto mais as pessoas pensarem numa Prefeitura como garantia de saúde, educação e bem estar, não como sustento, mais o governante estará livre para cuidar do que realmente é a sua obrigação com o povo.

OP – E seu antigo pensamento? Quais pontos de vista que o senhor manteve?

AC – Por vezes penso se não confundimos o amor ao próximo que aprendemos de nascença, nossa base cristã, com um modo de fazer política que parece ter transformado isso em mero discurso – a Lava Jato nos mostrou isso. Mas seja por amor á Deus, convicção ou ambos, jamais devemos abandonar a atenção especial nestes setores e eu continuo considerando-as como fundamentais, básicas, pois se um governante descuida disso, para quê ele está lá, no governo?

“Faça uma experiência, conte quantos comércios foram abertos 
nos meus tempos como Prefeito e o número de empregos criados”

OP – Mas como o senhor aplicaria este pensamento, se tratando de Cabo Frio?

AC – Aqui em Cabo Frio precisamos de escolas em todos os níveis, das básicas às de formação técnica, e todos sabem a quantidade de escolas que fiz. Precisamos de um sistema de saúde forte, pois recebemos gente de toda região, e todos podem apontar os hospitais que criei, inclusive o Hospital da Mulher, que virou referência nacional. Precisamos de uma infra estrutura eficiente, tanto para o turismo – que nos traz dinheiro –  como, principalmente, para o morador, e a cidade só passou a aparecer no mapa depois que a reconstruí inteira. Olhe quantos moradores vieram para cá! Olhe o que temos para oferecer ao turista, desde a Praça das Águas até o Terminal de Transatlântico!

OP – Mas isso não gasta dinheiro da Prefeitura?

AC – Gasta, mas ganha de volta com o turismo que, como sempre falei, é o nosso verdadeiro petróleo. Se a Prefeitura tiver uma folha de pagamentos enxuta sobrará dinheiro para estas necessidades, mesmo com as tais “verbas carimbadas”, que já chegam com um destino obrigatório. Para manejar estas verbas – muitas vezes destinadas a coisas que não são a maior prioridade no momento – precisamos ter deputados para nos representar, que direcionem estes recursos para onde o povo realmente precisa, e não fiquem por Brasília ou Alerj simplesmente passeando ou alugando seus votos ao poderoso de plantão.
Sou um homem que faz, nunca consegui ficar parado como tantos políticos por aí. Basta ver tudo o que fiz em Cabo Frio para imaginar o que eu farei na ALERJ.

“Precisamos ter deputados que direcionem recursos para onde o povo realmente precisa, 
e não fiquem por Brasília ou Alerj simplesmente passeando 
ou alugando seus votos ao poderoso de plantão”

OP – O senhor se definiria hoje como um político de “centro”?

AC – Não, de jeito nenhum e abomino este rótulo. Hoje, o que vemos no noticiário nos passa a impressão que ser de “centro” é ser “em cima do muro”, alguém que não quer se comprometer para poder tirar vantagem.
Pensando politicamente, não reconheceria hoje em dia meus aliados ou adversários por suas crenças ideológicas, partidos que pertencem ou grupos políticos e sim pelo que desejam e fazem para Cabo Frio ou pelo povo que o elegeu. Será que temos gente que possa mostrar algo parecido, aqui na região?

OP – Como o senhor se definiria politicamente, então?

AC – Como um ser humano que aprendeu muito, que teve uma experiência de quase 50 anos trabalhando e vivendo as necessidades do povo da cidade em que nasci e fui criado. Se todos nós conseguirmos progredir, prosperar, a cidade progride e enriquece também, nos dando em troca as suas obrigações, de forma cada vez melhor. Talvez esta tenha sido minha principal mudança: esquecer partidarismos, grupos, e me concentrar no que, afinal, me fez entrar na política – o povo daqui.

OP – Suas conclusões, sr. Alair.

AC – Já disse: não me importam mais grupos políticos, o que me chama atenção é o que o homem faz pelos que o elegeram. Por isso escolhi o partido que estou agora, porque fizeram, porque seus maiores nomes também reconstruíram cidades e deram uma vida melhor para seu povo, independente de seus pensamentos, de suas crenças.
Eu não paro, nem nunca vou parar. Tenho um histórico de realizações que ninguém por aqui pode igualar, mas ainda quero, posso e vou fazer mais, porque Cabo Frio não pode parar.