segunda-feira, 2 de abril de 2018

Finalmente saiu o Minha Casa, Minha Vida


Quatro anos para ser entregue e dois adiamentos: por que tanta demora?

Após quatro anos de espera, beneficiados do programa Minha Casa Minha Vida receberam as chaves dos imóveis do Condomínio Monte Carlo, no Jardim Esperança, em Cabo Frio, neste sábado (31).


A entrega dos 1.800 apartamentos chegou a ser adiada por duas vezes pelo Governo Federal. As obras custaram R$ 120 milhões com recursos da União e não foi necessário nenhum investimento da Prefeitura.

Uma creche e uma escola também foram construídas no complexo, mas ainda não foram inauguradas. Com elas, o investimento chega a R$ 152 milhões.

O condomínio é dividido em sete blocos e cada apartamento possui 45m², com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. Pelo menos 58 apartamentos são adaptados para deficientes físicos, com rampas, banheiros adaptados e sinalização de vagas de estacionamento específicas.

Os beneficiados que tiverem algum tipo de dúvida podem entrar em contato com os seguintes Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) ou coordenação do programa Minha Casa Minha Vida:

CRAS Jacaré – (22) 99802-4295

CRAS Praia do Siqueira – (22) 99768-9677

CRAS Central – (22) 99879-1592

CRAS Manoel Correa - (22) 99607-9446 / 99741-5698

CRAS Jardim Esperança - (22) 99850-1065 / 98170-0287

CRAS Botafogo – (22) 99876-9923

CRAS Tamoios – (22) 99601-3435

CRAS Monte Alegre - (22) 98153-4473 / 99765-0848

Coordenação do PMCMV - (22) 99235-1815


Opinião: por que tanta demora?

Após o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, cancelar mais uma vez a vinda à cidade para a entrega das chaves das unidades habitacionais, prevista para o último sábado (30), moradores contemplados no programa interditaram a Avenida Wilson Mendes, na altura do Mercado de Peixes de Cabo Frio, como forma de protesto contra a decisão.

Em pouco tempo, a manifestação repercutiu nas redes sociais e, segundo a versão de alguns noticiários locais, teria sensibilizado o deputado Júlio Lopes, que estava coincidentemente na cidade e, após contato com o ministro, teria conseguido reverter a decisão e manter a entrega das chaves para a data marcada.

Esta é a história contada por veículos locais, cuja isenção temos o direito de analisar.

O que de fato sabemos é que a Polícia Federal prendeu recentemente a direção do Grupo Libra, controladora do Aeroporto Internacional de Cabo Frio. Quando o Ministro da Cidade finalmente resolveu aparecer, foi necessário apagar o letreiro com o nome da empresa.

E por quê?
Dentre as suspeitas sobre o grupo Libra estão doações feitas por integrantes da família Torrealba – controladora do grupo – nas eleições de 2014. Celina e Gonçalo Torrealba doaram, cada, R$ 250 mil para o PMDB do Rio de Janeiro naquele ano. Já Rodrigo Torrealba fez um repasse de R$ 500 mil para o diretório nacional do partido, à época comandado por Michel Temer. A PF suspeita que o grupo tenha sido favorecido pelo decreto dos Portos publicado por Temer no ano passado. O tema foi citado pelo doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB, em sua delação premiada.

A relação do MDB (antigo PMDB) com os escândalos revelados na Lava Jato é notória e envolve muitos de seus expoentes políticos. Do apoio dado pelo governo petista de Dilma e Lula á eleição de Marquinho Mendes em 2016 através da coligação que elegeu seu vice, Michel Temer, restou um comprometimento de ajuda que pode ter sido a verdadeira razão do atraso na entrega deste condomínio.

Todos sabem dos problemas que o prefeito de Cabo Frio tem enfrentado com a Justiça e a possibilidade de novas eleições. Ora, determinados grupos políticos da cidade ainda enxergam como mola mestra de uma eleição a concessão de “presentes”, de “favores” que poderiam ser simbolizados pelos apartamentos do “Minha Casa, Minha Vida” - daí o atraso, para deixar a entrega o mais próximo possível do pleito.

De nada adianta dizer que o governo do município nada tem a ver com os apartamentos, pois o raciocínio acima conta com uma suposta “burrice” dos eleitores – a mesma que estes políticos atualmente contam, apagando da internet todos os cartazes eleitorais de 2016 em que Marquinho Mendes aparecia ao lado de Dilma Roussef, a empichada.

Mas com a iminência do julgamento do Habeas Corpus absurdo de Lula pelo STF e a possível perda de mandato de Marquinho a ser brevemente decretada pela Justiça, a entrega dos imóveis fez-se urgente.

Não teria sido o “peso” ou influência de nenhum deputado e sim o mais básico instinto de “salve-se quem puder.

O desespero político entregou o “Minha Casa, Minha Vida” á seus donos - uma hipótese que vale ser investigada.