segunda-feira, 23 de abril de 2018

José Facury abre o verbo com a Cultura cabofriense!


Ex Secretário de Cultura de Cabo Frio, teatrólogo, empreendedor cultural e ator nacionalmente conhecido, com participação em novela global, fala aqui sobre o que anda acontecendo na cultura da cidade!

Um verdadeiro símbolo artístico na Região dos Lagos: José Facury Heluy, ex secretário de Cultura de Cabo Frio, defensor da implantação da Fundação Municipal, que complementaria a secretaria que dirigiu, e artista conhecido em todo o Brasil – principalmente depois de seu papel de “Antônio”, na novela das nove “Velho Chico”, da Rede Globo. Este é o homem que entrevistamos!


Facury concedeu esta entrevista exclusiva ao Opinião, onde ele faz resumido balanço de sua passagem pela Secult cabofriense e mostra todo o entusiasmo pelos sucessos de seu empreendimento USIN4.

Como não poderia deixar de lado, o teatrólogo também discorre sobre as verdadeiras cabeçadas que marcaram a elaboração do Plano Municipal de Cultura, acontecido recentemente.

OP - Que balanço você faz sobre sua passagem pelo governo municipal como Secretário de Cultura?

Facury: Posso dizer que, como trabalho e planejamento, nos dois primeiros anos cumprimos todas as metas. Em 2015 – que seria o pique, associado ao aniversário da cidade – a mesma entrou na crise econômica. Entreguei o cargo por falta de perspectivas funcionais, mesmo com o prefeito Alair Corrêa me oferecendo acumular mais duas secretarias, para conter as despesas.

OP - Quais suas discordâncias sobre a elaboração do Plano Municipal de Cultura?

Facury: Entregamos um Plano de Cultura Decenal que cumpriu todas as metas democráticas e técnicas. Já eles (governo atual - N. do E.), fizeram um no gabinete que, entre erros, plágios e omissões, vai ter que ser corrigido pela Câmara. E falo isso sem segundas intenções: hoje, exerço o cargo de Conselheiro Estadual de Cultura e isso me dá possibilidade de apoiar, incrementar e incentivar a área Cultural de toda a região da Baixada Litorânea.

Tenho feito isso em Silva Jardim, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu mas, infelizmente, aqui em Cabo Frio me olham como inimigo. Quando tento dizer alguma coisa, me acusam de querer pautar a Secretaria.

Eu não estou pautando nada, o que eu quero é que a região inteira tenha um vínculo forte com o Sistema Nacional de Cultura, com a grandiosidade que ela merece. Agora, se não entendem, o que é que eu posso fazer?

Só sei que continuarei indo naqueles eventos em que possa trocar conhecimentos, de forma democrática e participativa. Se for para exibição de despotismos, não contem comigo, e se errarem terão um crítico – não por querer sê-lo, mas porque sou conhecedor dos procedimentos da área, pois não é á toa que sou conselheiro estadual.

É lamentável não saber lidar com a participação democrática em uma área tão sensível.

OP - O sr. aceitaria voltar á Secretaria, caso convidado por governos futuros? Exigiria alguma condição?

Facury: Só assumiria hoje qualquer cargo na Cultura da cidade se fosse pra implantar uma fundação cultural pública, com funcionários concursados. É lógico, pediria a disponibilidade de alguns funcionários, competentes, da secretaria atual.

Neste cargo, com todas as dificuldades que área vive e sem apoio quase nenhum dos governos, digo que existem, contidas no sistema nacional de cultura, regras que precisam ser interiorizadas – aceitas – pelos seus gestores; quando sugeri no passado a criação da Fundação Cultural Pública era pra isso.

Termos técnicos competentes (procuradores, contabilistas, museólogos, bibliotecários, restauradores, iluminadores, cenotécnicos e etc.) nas diversas áreas da cultura, que entrariam através de concurso. Teríamos também a ampla possibilidade de arrecadar receita própria.

Isso, pelo menos, atenuaria a ausência de conhecimento dos gestores, que certamente não escapariam da indicação política.

OP - Em que consiste sua Carta Aberta Pelos “Direitos dos Artistas, Técnicos e Músicos”, pauta a ser julgada em breve pelo Supremo Tribunal Federal?

Facury: O governo golpista, imaginando serem os artistas seus inimigos, está acabando com as nossas conquistas, desde as de âmbito educacional como profissional. Para mim, isso se dá em um conluio indecente com as redes de televisão.

OP - O USIN4 está em plena atividade. O que está acontecendo por lá?

Facury: O Usin4 é um sonho meu e da família, abrir uma casa de artes que fui construindo aos poucos e tem o objetivo de ser um espaço privado de acolhimento das diversas expressões artísticas.

Na verdade, trata-se de um convênio salutar que aconteceu com a Associação Tribal, que tem sido um baluarte na expressão cultural da cidade.

Levamos a programação com cinema, teatro e música e queremos ser a referência do experimento das artes cênicas, do áudio visual e da poesia no município.

No momento estamos montando a peça “Macunaíma”, de Mário de Andrade, que vai estrear dia 12 de maio.

Fica aqui meu convite á todos, para que compareçam e prestigiem este clássico do teatro nacional!

Opinião:
A Revista Opinião é, assumidamente, uma publicação conservadora, de direita e jamais pretendeu-se posar de "isentona" - coisa que toda a imprensa faz e nenhuma consegue.

Entretanto, as posições políticas de José Facury em nada atrapalham, influenciam ou interferem em sua meta de trabalhar pelo melhor para a cultura da cidade - e é sob a ótica do grande artista, do homem que sonha em ver uma Cabo Frio com sua cultura livre das ambições particulares ou mesmo políticas de tantos, que sempre estaremos á disposição de Facury para o que precisar.

São por demais conhecidas nossas lutas contra o aparelhamento cultural de Cabo Frio, que chegou ao paroxismo de fundar uma "secretaria de cultura independente", particular, formada por insatisfeitos políticos que ambicionavam cargos e verbas, em passado recente.

Do mesmo modo lutamos contra um sindicato que prestou-se ao papel de trampolim político para aventureiros elegerem-se á custa de professores em dificuldades - e demos a cara para que batessem, jamais nos escondemos.

Assim fez, igualmente embora por tópicos diferentes, José Facury.

Ele merece ser ouvido, e com muita atenção.

Pois quem luta com dignidade tem moral para isso.

Walter Biancardine


Matéria patrocinada por Redneck Rebuilding de Motocicletas