quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

OBITUÁRIO



OBITUÁRIO DE UM GOVERNO INGLÓRIO

Casa Azul, 13 de dezembro de 2012

Faltam praticamente duas semanas para o término, à luz das leis, da administração mais desastrosa da história de Cabo Frio. É importante frisar a expressão “à luz das leis” porque, sob as luzes dos fatos, ela sequer começou.
Foram oito anos; oito longos e inertes anos onde comerciantes perderam o que construíram, a cidade perdeu sua importância, o povo empobreceu, o crime chegou e se instalou disposto a não mais sair, doentes morreram por descaso das autoridades responsáveis, o ensino emburreceu e vulgarizou-se no pior sentido, a máquina administrativa desmoralizou-se sob desmandos que criaram feudos em secretarias quase autônomas, os custos municipais incharam e agora a cidade geme sob o peso de uma folha de pagamento que sustenta colegas e não servidores. E o que é pior: jovens chegaram à velhice e os velhos, à inanição – tudo isso sob a égide de uma arrecadação que se situou na casa do bilhão de reais – bilhão que jamais poderá ter seu destino traduzido em obras e investimentos, pois nada – nada – foi feito.
O populismo rasteiro foi o selo sob o qual toda a espécie de incompetência era justificada – apelar ao nome divino funcionou como “nihil obstat” para promover um discurso de pastelão, elaborado por mentalidades medievais que, por pouco, não puseram o surto de meningite na conta de uma das 7 pragas do Egito. Grande parte da mídia amestrou-se, curvou – docemente constrangida – sob a chuva de dinheiro dada por um prefeito que sequer corou – titular de uma administração obrigada por Carta Magna da Federação a ser laica – ao empunhar microfones e aparecer em câmeras de TV entoando disparidades quase fundamentalistas, misturando Estado e fé, em um samba do crioulo doido que enlameou a ambos, e tudo isso objetivando a auto promoção e culto de sua personalidade de bom rapaz e temente a Deus.
Durante os oito mais tenebrosos anos da história da cidade, a administração que ora agoniza perpetrou a façanha de não só destruir o que Alair fez em seus mandatos: conseguiu aniquilar até mesmo conquistas anteriores, por menores que fossem.
Diante de tal quadro de indecência governamental, a vitória estrondosa de Alair Corrêa significa muito mais a refundação de uma cidade do que sua mera recuperação. É quase um presente de grego, um espinhudo abacaxí que Alair terá de descascar – em que deve ser levado em conta o assalto – verdadeiro motim dos Estados, cobiçosos dos dinheiros dos royalties – contra um Rio de Janeiro inerte e desmoralizado, que sangrará por obra e graça de uma conjuntura de incompetências – Federal, Estadual e Municipal – que ameaça varrer a cidade do mapa e suscitar o separatismo nos mais exaltados.
Aos que pensam neste obituário como vela demais para tão exíguo defunto, lembro que o cadáver é grotesco mas seu odor ecoa e prenuncia outras exéquias muito mais significativas que, longe de justificar, ajudam a explicar o verdadeiro Armagedom que atravessamos: o fim dos mandatos Federal e Estadual, o ocaso do pesadelo que abate o Brasil desde a virada do século.
Que a paz das salinas acolha tal medíocre e nefasta administração. E que breve sofra a companhia de seus comparsas das mais altas hierarquias federativas da administração pública.

Walter Biancardine

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012



Sobre política e avestruzes

Aqueles que ouviram o rádio hoje certamente sentiram-se abençoados pelas cândidas declarações de conhecido político, humilhantemente derrotado nas urnas e no tapetão, segundo as quais ele iria ficar quietinho depois de tudo o que passou.
O radialista, demagogo incorrigível e que breve acrescentará o título de “adesista” ao seu extenso currículo babaovista, perguntou ao acima referido se “ainda caberiam recursos após a derrota de ontem”.
Ora, a pergunta só denota duas hipóteses: ou uma profunda deficiência neuronial ou uma má-fé retumbante.
A deficiência neuronial é suposta por ser de uma obviedade indecente que, a partir do momento em que os recursos do indigitado sequer foram conhecidos pela Corte, não haveria com o quê recorrer no STF. Não bastasse, a sede de poder do grupo expôs – às claras – as manobras políticas que enlamearam a reputação do TRE-RJ, ao “esticar demais a corda”, segundo o Ministro Marco Aurélio de Mello, e produzindo uma verdadeira “teratologia” jurídica, segundo a Ministra Luciana Lossio. Ou seja, mais um tiro no próprio pé, do grupo.
Já a má-fé retumbante – de ambos – é perfeitamente cabível pela resposta dada ao radialista, pelo derrotado: “Meu profundo amor por esta cidade me impede de lançá-la em mais incertezas políticas como foram os últimos anos, por isso não recorrerei.”
Que nobre! Que coração bom!
Ou seja: toda a grandeza d'alma do derrotado resume-se ao fato – intransponível – de que não há mais como apelar, protelar, engambelar e enganar. Como não tem mais saída, traveste seu ódio impotente como “amor pela cidade”. É o paroxismo da cara de pau, elevado à enésima potência!
Estejam certos amigos leitores, que enormidades como essa ainda serão muito, demasiadamente ouvidas e lidas pela cidade, nos próximos meses: gente dizendo que, “graças ao derrotado, a cidade respira tranquila, sem as incertezas dos últimos anos”. É de dar nojo, mas tal prosa não durará muito tempo, pois a necessidade baterá à porta.
E quando isso acontecer – que será logo – o teor das declarações mudará um pouco. Alguns, com uma visão maior à longo prazo, inclusive já adotaram a outra vertente do imundo script.
Jornalistas, radialistas, blogueiros, políticos, cabos eleitorais, detentores de portarias, empresários, artistas e mesmo gente que não faz coisa nenhuma além de pendurar-se no saco do mais forte envergarão o discurso polido, cavalheiresco e politicamente correto – que suas calhordices não passaram de “regras do jogo, nada pessoal” - como ponte para a tentativa desesperada de aderirem ao grupo vencedor e lá continuarem a desfrutar de suas boquinhas.
Mais do que forças para o hercúleo trabalho de reconstruir a cidade que Memê devastou, Alair precisará de muito estômago para aguentar esse tipo de gente. Aguentar sim, pois como o próprio derrotado – e seus apaniguados – bradam, ele será o prefeito de todos os cabo frienses. Inclusive deles, também.
Não era à toa que ele criava avestruzes, pois na política ou você engole muito ou enterra a cabeça na areia e finge que não vê.
Simbolismo perfeito!

Walter Biancardine

NÃO TEM MAIS VOLTA: ALAIR É O PREFEITO DE CABO FRIO!



Casa Azul, 4 de dezembro de 2012

Mãos trêmulas, voz embargada e um discurso à princípio um tanto quanto subserviente: estas foram minhas primeiras impressões ao acompanhar a sustentação oral do Dr. Carlos Magno, diante do colegiado do TSE em Brasília, esta noite.
Minha irritação cresceu ao ouvir o segundo advogado – em prol dos argumentos do TRE-RJ e outros quetais – quando percebi sua excessiva auto confiança. Cheguei mesmo a crer que o inacreditável feito jurídico do Rio de Janeiro se repetiria na capital do país.
Mas o auge de minha raiva aconteceu diante da bem vinda arrogância do advogado do sr. Jânio Mendes, que pretendeu dar aulas aos magistrados lá presentes. Digo “bem vinda arrogância” pelo fato de ter sido ela o gatilho que me despertou para as realidades inequívocas, que redundariam na soberba vitória de Alair no TSE: Dr. Carlos Magno é um advogado de uma cidade do interior fluminense e, por mais brilhante que seja, estava diante da mais alta Corte de Justiça Eleitoral do pais, televisionada para 200 milhões de almas. Só isso faria tremer qualquer um que não julgasse à si mesmo um semi-deus, como os advogados continuístas até então acreditavam ser. O Dr. Magno, por mais fé que tivesse na limpidez do direito de seu cliente e na sua competência profissional, tinha a exata consciência do quanto milhares de pessoas dependiam dele, naquele instante. E tremeu, como qualquer mortal tremeria.
E ao evidente arquétipo do humilde que busca a Justiça igualitária, somou-se a poderosa e inescapável – quase estarrecedora, diria – realidade dos fatos: Alair tinha o bom direito, vítima de um julgamento inacreditável por parte do TRE-RJ. E contra isso nenhum sofisma prospera, e a hermenêutica maliciosa sucumbe.
O Ministro Marco Aurélio deu bem a dimensão de seu papel no jogo em pauta, ao mal deixar a doce, quase tímida Ministra Lossio falar, soterrando-a com sua antiguidade e projeção nacional. Entretanto, quase como em um folhetim de suspense, deu meia volta e lavou a alma de milhares ao proferir, com todas as letras, o que todos desejavam dizer: que o TRE havia “esticado demais a corda”, num julgamento “estarrecedor”. E para bom entendedor, pingo é intervenção. Ou deveria ser.
Suprema humilhação: “Não conheço dos recursos”, fulminou a frágil porém decidida Ministra relatora. Ou seja, todos os sofismas e protelações, manobras e conchavos, embargos e expedientes mesquinhos do ungido municipal foram solenemente ignorados pela verdadeira Lei. E como golpe de misericórdia, foi a Ministra seguida por todos.
De nada adiantou argumentação tão rasteira, procurando adular juizes por sua participação no julgamento do Mensalão – e até mesmo cometendo sem pejo a enormidade de tentar colar em Alair o rótulo de “mensaleiro” - vai que cola? - em um raciocínio tão tortuoso quanto desprovido de escrúpulos. A verdade dos fatos, decidida em última instância, é que Alair Corrêa é ficha limpa, foi vitima de pressões políticas no TRE-RJ e jamais deveria – sequer – ter sofrido toda essa agonia.
Igualmente verdadeiro é o fato de que o pequenino Davi venceu, novamente, o Golias lobista – que apenas gastou dinheiro, influências e noites sem sono, ao tentar movimentar céus e terras em sua ânsia de perpetuação no poder.
O Brasil está mudando, é o que temos visto. Desde o julgamento e condenação dos mensaleiros que a maré não se encontra mais tão favorável ao grupo que pretendia transformar o país em uma nova ditadura. Como símbolo dessa mudança, será sempre lembrado o telefone desligado na cara do governador do Rio, pela presidente Dilma, por ocasião do veto à nova lei dos Royalties.
E como destroços da feia batalha travada entre a luz e as trevas, restam os escombros de Dilma, Lula, Sérgio Cabral, Marquinho Mendes e o TRE do Rio de Janeiro.
Temos de agradecer à arrogância dos janistas – advogados, políticos ou articuladores – por terem servido de contraste, para realçar e delinear à perfeição, a mais chocante radiografia já feita nos extensos e tristes anais da teratologia – expressão da Ministra Lossio – política e jurídica brasileira.
Que permaneça em nossas mentes, para que lembremos do fato de termos o que reparar, consertar e colocar um ponto final, se desejamos evitar uma repetição destas agonias daqui há quatro anos.
E que tenham aprendido a lição todos os arrogantes, debochados, boateiros, intimidadores e velhacos destas terras – pois não será um pseudo cavalheirismo de reconhecimento da derrota que apagará nossa consciência do quão sujo podem jogar.

Parabéns Alair Corrêa: sua vitória nos faz crer que este pais ainda pode ter jeito!

Walter Biancardine

domingo, 2 de dezembro de 2012


A esquerda, a naftalina e o crime



É de causar pasmo ver gente nova – notadamente efebos mal-entrados na pubescência – agarrados a conceitos mortos e anacrônicos como “direita” e “esquerda”.
Produzindo textos com cheiro e cor dos antigos panfletos mimeografados dos “contestadores” de 68, a gurizada nascida na virada dos anos 80 para os 90 crê piamente que o emprego de expressões como “burguesia”, “extrema direita”, “esquerda progressista” ou até a podre “consciência social” emprestarão uma seriedade, maturidade e experiência aos seus autores bem mais verossímeis que suas faces sarapintadas de espinhas nos permitiriam supor.
Essa turminha da creche socialista, que jamais viu um governo militar na vida e nem de longe sabe o que é uma ditadura declarada – e não essa covardia absolutista disfarçada que grassa nas esferas estadual e federal – aceita de bom grado o exercício do mando pessoal e nada vê de errado nisso, quando o vento sopra à seu favor. Enormidades como o “Veta Dilma” referente aos royalties, nada mais são do que um endosso popular que os donos desses meninos querem emprestar ao poder discricionário de uma presidente.
Fosse outro a ocupar a principal cadeira do Planalto – um Aécio Neves, que fosse – e essa turminha já estaria gritando, com as veias do pescoço inchadas, que um assunto tão importante teria de ser levado à decisão popular e nunca ser submetido à decisão de um só – um presidente.
Digno de nota é a falta de memória dessa criançada: até ontem bradavam que nada mais justo as embromações protelatórias de Jânio em Brasília, sob a alegação de que a Justiça era a única forma de impedir que “uma minoria” prevalecesse sobre todos. E o que acontece nos royalties? Nada mais nada menos que todos os estados do Brasil querendo enfiar a faca e sangrar os cofres de dois ou três Estados da Federação – ou seja, maioria absoluta a favor do fim dos royalties para nós.
E os bobinhos se esquecem das próprias besteiras que falam. Desde que seja conveniente à seus donos, é claro.
Pior: batem nos peitinhos adolescentes e bradam com orgulho serem “de esquerda”. Andaram lendo um pouquinho mais que a grande massa analfagoogle e se acham profundos conhecedores de Karl Marx e de toda a burrice decorrente das sandices do mesmo.
Nunca pararam para pensar no fato – pois é um fato – que governos “de esquerda” só conseguem produzir resultados quando exercidos através de ditaduras – e os resultados sempre são bélicos.
Nunca pararam para pensar que a “direita”, como conceito, sequer existe – pois o que eles acusam como “defeitos direitistas” nada mais são que falta de caráter e ganância do espécime humano – que também se manifesta nas esquerdas através do fanatismo, absolutismo e violência.
A verdade é que eles só falam essas bobagens porque ainda existem menininhas tolas que suspiram por seus “idealismos”. Todo o socialismo, esquerdismo e consciência social desembocam – inevitavelmente – na cama de um motel. E pior: desaparecem por completo, ao crescerem, terem filhos, contas para pagar e mais o que fazer do que exibir seus egos inflados por aí.
No frigir dos ovos, é de causar pasmo estarmos no ano de 2012, boca de 2013, e ainda ter gente que não saiu de 1968 – o ano que nunca acabou para eles, que não terminaram de ler o livro que conta como foi.
E é de embasbacar mais ainda constatar que esse discurso rasteiro, inverossímil, repleto de sofismas, ainda encontre eco nas cabecinhas ocas da estudantada e demagogos de plantão.
A petizada que aplaude as esquerdopatias expelidas por uns e outros por aí é a mesma que repudia nosso atual e triste estado de guerra civil do crime, com – no mínimo – quatro Estados da Federação submetidos ás ordens de chefinhos nas cadeias. Rio, São Paulo, Minas Gerais e até – pasmem – Santa Catarina vivem hoje uma rotina de terror e toque de recolher que os cidadãos se auto impuseram. Abdicaram do direito de ir e vir por medo do crime. E o Estado nada faz – ou o faz com medidas protelatórias e tímidas, dignas de suspeitas de má-fé e conivência com o crime.
E estes Estados suspeitos quais são? Curiosamente, os mesmos cujas capitais acolheram o dito “pensamento de esquerda”. Depois do “Brizola na Cabeça” e da proibição da polícia carioca de subir morros, toda suspeita de conivência é justificável.
A promiscuidade entre o Estado “com consciência social” e o crime é nítida, e só não vê quem não quer. Mensalões, assassinato do prefeito Celso Daniel, super-secretárias, dinheiro nas cuecas e toda a sorte de bandalhas e evidências dessa relação inaceitável são jogadas em nossas caras pagadoras de impostos todos os dias.
E para quê pagamos 35% do PIB ao Governo?
Para que ele não dê nada em troca – conto do vigário, estelionato – e nos puna se inadimplentes – extorsão.
A esquerda hoje mostra sua verdadeira face: a face de uma quadrilha organizada para reduzir o brasileiro ao paternalismo mais miserável, trancá-lo em casa por medo da morte, extorquir-lhe os últimos tostões em impostos e eternizar-se no poder – sem oposição graças ao “controle da mídia”.
E essa gurizada ainda acha o máximo “ser de esquerda”.
Amiguinhos: o tempo de falar merda acabou! Cresçam! Não existe esquerda ou direita, o que existe são bons ou maus governos. Parem de discutir utopias e sofismas marxistas e prestem atenção na realidade!
Ou o futuro de vocês será viver ás custas de um “bolsa família”, assistindo Faustão na TV, cercados de grades em casa e felizes com a vitória do seu time nas finais do Brasileirão.
Se esta é a ideia da tal “dignidade” que vocês tanto falam, me desculpem.
Qualquer um tem o direito de almejar horizontes bem mais altos que um carnê das Casas Bahia.
Pois somos todos iguais diante de Deus.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

IMPRENSA CABO FRIENSE NÃO RESISTE: SEMPRE DESMORALIZA A SI MESMA



A mídia que não respeita a si mesma

Muito se fala sobre a falta de credibilidade e profissionalismo da mídia cabofriense. Campanhas são feitas para tentar emprestar um ar mais “moralizado” a mesma, jornalistas e jornais se auto proclamam “independentes” e detentores da tão propalada “credibilidade”, mas o fato é que – de uma maneira quase compulsiva – esta mesma midia desmoralizada rotineiramente cede a seus impulsos suicidas e atira-se, sem a menor vergonha, no despenhadeiro do ridículo e do descrédito.
Assim acontece com badalada jornalista local, muito melhor situada na delegacia cobrindo fatos policiais do que imiscuindo-se nas esferas políticas.
Segundo noticiado em seu blog – e não é só isso, foi as rádios falar também! – o candidato derrotado, Jânio Mendes, teria sido “avisado” pelo TRE-RJ que tomaria posse no próximo dia 13. Ainda segundo a mesma repórter, “fontes” próximas ao derrotado afirmaram isso, de maneira “extra-oficial”.
Ou seja: a jornalista – teoricamente diplomada e detentora da tão almejada credibilidade – joga tudo isso pro alto na ânsia de um “furo” de reportagem. E o “furo” cobiçado se resumiria no fato de que “alguém” disse que o TRE “avisou” a Jânio que DARIA UM GOLPE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O EMPOSSARIA NO DIA 13.” Ainda segundo a notícia tão precisa, o próprio Jânio “não teria confirmado isso”. Ponto.
Uma notícia de transcendental importância como essa é dada – pela repórter de credibilidade – baseada em cochichos de fontes não identificadas e pelo silêncio do principal envolvido – Jânio.
Pior: brada aos quatro ventos que um tribunal rasgará, deliberadamente e à troco sabe-se lá do quê – a Constituição Federal (que determina novas eleições caso o 1º colocado ultrapasse 50% dos votos mas não assuma) e dará, de presente, a posse ao segundo colocado.
Ao que parece, a escola de Obronho encontrou seguidores. O estilo de noticiar – sempre baseados em “ouví dizer” ou “fontes me disseram” ou mesmo o covarde “um conhecido assessor gordinho de político local e que manca da perna esquerda” - representa o que há de pior e que nenhum diploma de faculdade pode assegurar. Espalhar boatos, confundir a população, não precisar as clássicas e fundamentais perguntas do jornalismo – o quê, onde, como, quando e por quê, respondidas apenas por insinuações e sorrisinhos – fornecem a indiscutível prova de que o noticiado, na verdade, não é notícia: é BOATO, é CONTRA INFORMAÇÃO.
São atitudes assim, infelizmente corriqueiras em nossa imprensa local, que desmoralizam o trabalho de não mais que meia dúzia de abnegados – estes sim, empenhados em NOTICIAR, não em ESPALHAR BOATOS.
E depois, como paga, recebem o triste e ridículo troféu oferecido pela Prefeitura de Cabo Frio à mídia mais domesticada e serviçal da cidade, que se destaque das demais em suas atitudes de capacho e subserviência.
Hoje, me envergonho de ser jornalista, mas infelizmente ainda não aprendi outra profissão.

Walter Biancrdine

terça-feira, 20 de novembro de 2012

DA REDAÇÃO: Como somos burros, então nem pensaremos nisso:



Foi publicado no blog do professor Chicão uma mensagem do Dr. Carlos Magno, destinada a calar a boca dos ovarianos seguidores janistas.
Entretanto, lá no finalzinho da mesma, um trecho chama atenção dos mais atentos:
Não poderá ser diplomado nas eleições majoritárias (prefeito e vice) ou proporcionais (vereador) o candidato que estiver com o seu registro indeferido, ainda que sub judice. Nas eleições majoritárias, se, à data da respectiva posse (1º de janeiro), não houver candidato diplomado, o TSE entende que caberá ao presidente do Poder Legislativo assumir e exercer o cargo até que sobrevenha decisão favorável no processo de registro ou, se já encerrado, se realizem novas eleições, com a posse dos eleitos.”
Assim, aposto um litro de Jack Daniel's como os causídicos januários enrolarão – pouco se importando com a clara má-fé deduzida de seus atos protelatórios – com embargos, vistas, despachos, ebós, macumbas, retoques de maquiagem, não importa, tudo o que puderem; nunca com vistas à obtenção do bom direito mas sempre com o claro intuito de tumultuar, zonear e esculachar mais ainda a pobre vida do pobre povo da pobre Cabo Frio.
Como orgasmo dessa quizumba toda, o espasmo se dará na assunção do presidente da Câmara de Vereadores no dia 1º de Janeiro – data em que os janiopatas se congraçarão em uma catarse coletiva, pela enfim conseguida morte da cidade.
É o apocalipse almejado pelos derrotados, a velha máxima psicótica do “se não pode ser meu, não será de ninguém”.
Falando como jornalista – e mesmo como partidário de Alair – espero que a Justiça seja feita, ao decretar o fim inapelável das manhas embargantes dos queixosos sem razão.
Mas, falando como um cidadão que sou, apenas espero que Alair chame a turminha de Jânio pra uma conversa. Uma conversa muito, muito séria, em profundidade digna da política externa norte americana – que ofereça a paz em uma das mãos mas segurando um grosso porrete na outra.
Do contrário, quero o meu whisky entregue em casa.


EDITORIAL: JANISTAS DEVIAM REZAR PARA ALAIR GANHAR NO TSE



Por vezes indiscrições sérias são cometidas por vaidade, infantilidade, imaturidade, soberba.
Quando todas essas razões convergem para a pena de um blogueiro, engajado partidariamente apenas por questões afetivas e pessoais, o resultado pode ser desastroso.
E foi o que aconteceu com o Efebo blogueiro, arremêdo de Totonho, que tenta desesperadamente seguir os passos debochados de seu mestre e, de maneira contumaz, descamba para indiscrições sérias – sempre motivadas pelas razões listadas acima.
Recentemente o mesmo publicou nota, assaz esclarecedora, na qual informava que o advogado Carlos Magno estaria sofrendo uma sucessão de derrotas em Brasília por não contar mais com o apoio do “grupo político” para o qual advogava anteriormente – leia-se grupo do senhor Sérgio Cabral, Marcos Mendes, etc.
Na ocasião o Opinião publicou, na seção “Bloguices”, uma observação que tal nota seria mesmo passível de um aprofundamento muito sério, dada a irresponsabilidade do autor em alardear algo que, se verdadeiro, poderia comprometer seriamente – e ainda mais – as reputações dos políticos governistas envolvidos.
O tempo passou, entretanto, e a imaturidade do menino não foi refreada pois o mesmo insiste na cantilena de que não importam as leis nem advogados, o que importa é a força de seu grupo.
Pois bem, dada a extensão do deboche provocativo, é o caso de perguntarmos de maneira clara ao autor o que ele pretende insinuar com isso. E o faço nas questões abaixo:

1 – Senhor blogueiro, é sua intenção afirmar que seu grupo político influencia decisões judiciais – sejam elas em quaisquer instâncias?

2 – É sua intenção mostrar que a habilidade profissional do Dr. Carlos Magno foi um casuísmo oriundo apenas da força política de seu grupo?

3 – De que maneira o seu grupo político consegue “influenciar” as decisões judiciais? Através de argumentos ou oferecimentos?

4 – É ponto pacífico que, sendo a situação de Alair a exposta por todos, sua vitória no TSE é certa – isso é algo afirmado por juristas e não por leigos. Quais seriam as razões mágicas, que nenhum advogado viu até agora, e que irá provocar a inexorável derrota de Alair, prevista pelo senhor?

5 – Qual é sua explicação para o fato de, nas eleições de 2008, o grupo do governador Sérgio Cabral ter conquistado 99% das prefeituras do Estado do Rio? Bons candidatos apenas?

6 – Qual sua explicação para as controversas decisões do TRE-RJ relacionadas a todos os adversários do Governador? E estas decisões não estariam, a seu ver, relacionadas com os reveses de Alair no TRE? Ou foi só coincidência?

7 – Por que o senhor não expôe, como um veículo da mídia tem por obrigação fazer, suas notícias de maneira clara, objetiva e sem as informações que o senhor declaradamente omite – contrariando a obrigação de qualquer profissional da área? Trata-se de blefe ou existe realmente a sonegação? Seus "espiões" em Brasilia conseguem realmente obter informações privilegiadas? Eles tem acesso aos juízes?

8 – Por último, não custa repisar: é fato que o senhor insinua a manipulação de sentenças a favor de seu grupo político? O que o senhor quis dizer quando afirmou que as vitórias jurídicas deviam-se ao “grupo político”? Explique de maneira clara, por favor.

É improvável que o menino-blogueiro responda as questões acima. Entretanto, dada a gravidade de suas insinuações irresponsáveis, seria extremamente previdente que os janistas, governistas, sergistas, marquinhistas e outros quetais se unissem em preces pela vitória – rápida, sem a nítida má-fé das “vistas de processos”, novos advogados, e etc – de Alair no TSE.
Uma vitória deste já tão desgastado grupo poderá ser uma verdadeira vitória de Pirro, que destruirá para sempre quaisquer resquícios de credibilidade que o mesmo ainda possa desfrutar entre os eleitores.
Graças ao blogueiro afoito, uma improvável e absurda vitória de Janio será a prova material da promiscuidade de relações entre o Executivo e o Judiciário em nossas tristes terras fluminenses.

Walter Biancardine

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Misérias diversas

Fiel à causa, nunca à pátria
Causa espécie ler no blog do Efebo mais velho de Obronho um vasto texto, no qual o imberbe procura arrotar seus bonitos diplomas e deita falação sobre o quão inexorável será a perda dos Royalties, pelo Estado do Rio de Janeiro, com a nova lei de divisão dos mesmos. O rapazinho nos alerta – do alto de toda a sua idade e experiência de vida – que é próprio do sistema democrático que o desejo da maioria vença. Logo, se a maioria do país tem os olhos gordos postos na grana do petróleo, nós fluminenses devemos nos conformar. Quietinhos.

Fiel à causa, nunca à pátria II
Nosso incorrigível adolescente teórico esqueceu-se das incontáveis vezes em que prevaleceram desejos de minorias, tanto nas esferas Federais, quanto nas Estaduais e – principalmente no governo do padrinho de seu candidato – municipais. O bobinho empresta ao Regime Democrático uma força dinâmica incoercível, que jamais cederia ás vicissitudes e conjunturas momentâneas ou não, e que tornariam a posição de minorias prevalecente sobre as da maioria. Ou deseja o Efebo o fim de todas as leis que beneficiam negros, índios, gays, por inconstitucionais e anti-democráticas?
Deixa pra lá. Não é próprio desse povo de esquerda entender de democracia, mesmo...

Fiel à causa, nunca à pátria III
O que dá dó é perceber que o menino gasta laudas e laudas de sua erudição da Barsa apenas para – em uma esforçada hipérbole – raspar de leve em Alair e insinuar que, pelo seu suposto relacionamento distante com os governos Estadual e Federal, sua gestão seria inviável e inerte.
Bom mesmo, para ele, seria Jânio e seu pires, à mendigar uns trocados com Cabral e Dilma.

Paúra
No fundo no fundo, tudo isso é medo de um gurí que nunca teve o hábito de lutar pelo que acha certo. Tomaram nossos royalties, tal qual Evo Morales nos tomou a Petrobras na Bolívia? Tudo bem, deixa quieto, a vida é assim mesmo!
O gurí tem muito – mas muito mesmo – o que aprender com Alair...

Confissão?
E por último mas não menos importante – talvez seja mesmo o maior motivo de pasmo e horror aos que verdadeiramente compreendem o que seja democracia – se encontra sua cândida postagem, na qual sugere que o advogado Carlos Magno estaria enfrentando diversos problemas defendendo Alair em Brasília, por não contar mais com o “apoio” do grupo para o qual trabalhava anteriormente.
Com o mensalão na cabeça, é caso de se perguntar em quê diabos consistiria esse “apoio” sugestionado pelo incauto Efebo. Estaria ele insinuando que haveriam pessoas comprando sentenças, subornando juízes Federais, ou algo pior?
Realmente, tem gente que escreve o que vem na cabeça, e que se dane o resto. O negócio é parecer “rebelde e de esquerda”.

Frase do dia: Diploma nem sempre quer dizer excelência. A arca de Noé foi feita por amadores. O Titanic, por engenheiros...

domingo, 11 de novembro de 2012

OPINIÃO MEMÓRIA: SERGUEI EM ENTREVISTA EXCLUSIVA: "NUNCA FOMOS TÃO CARETAS" - PRIMEIRA EDIÇÃO JORNAL OPINIÃO, NOVEMBRO DE 2009




Em novembro de 2009 chegava ás bancas o primeiro número do Jornal Opinião, com a proposta - já naquela época - de jogar um pouco de ar fresco em um momento da sociedade que, infelizmente, perdura até hoje: são os dias cinzentos, os quais ainda vivemos sob um moralismo hipócrita e filho desvirtuado dos ensinamentos religiosos. O resultado disso já alertávamos na ocasião: censura, e é o que ocorre hoje na prática - batizada por nós de "censura danomoralista", onde calam-se as vozes discordantes através dos Tribunais e sob perfeita aparência legal. Na atual conjuntura, onde até anúncios de fraldas infantis sofrem a indefectível tarja embaçada por sobre os pobres piu-pius das crianças, cremos ser - mais do que nunca - válido o brado de alerta de nosso entrevistado, o qual reproduzimos aqui por homenagem ao seu aniversário de 79 anos.

 Serguei: “Nunca fomos tão caretas”
Uma conversa descolada sobre um mundo cinza
Serguei filosofa e diz que a sociedade regrediu

Foi preciso a revolução dos costumes feita na década de sessenta e um governo civil tomando posse nos anos oitenta para que muitos jovens atuais passassem a usar os cabelos com corte militar. Foi preciso uma onda mundial de “fazer pelas próprias mãos”, o artesanato, a plantação de comida e as comunidades para que o sistema se sentisse profundamente ameaçado e criasse os “hippies de boutique”, logo depois os “youppies” e fizesse com que hoje a maioria da juventude elegesse o dinheiro, o consumismo e a carreira como aspírações supremas. Foi preciso surgir o amor livre para que parcela significativa dos recém saídos da adolescência optasse – por livre e espontânea vontade – pela virgindade até o casamento e resgatassem hábitos machistas .
Foi preciso o fim do sonho comunista para que quase a totalidade destes mesmos jovens enxergasse a política sob uma ótica cada vez mais reacionária e descrente, travestida de pragmatismo.
Vivendo em um mundo onde o lema “Paz e Amor” desperta nas pessoas apenas sorrisos condescendentes de quem escuta uma utopia enquanto procuram se desviar de balas perdidas e gangues espancando inocentes em boates, Serguei – um verdadeiro retrato congelado de uma época – se espanta e abre o verbo sobre o que acha desta juventude, que um dia tentou mudar o mundo e hoje acha normal linchar garotas por considerarem suas roupas “indecentes”.
Com vocês leitores, o garotão Sérgio Augusto Bustamante, 76 aninhos mas com um corpinho de 75 e a disposição, energia, indignação e sonhos dos vinte e poucos anos; o conhecidissimo Serguei, que hoje ostenta o honroso título de lenda viva do Rock nacional.

Caretice geral: o computador
Serguei: “O bacana de você andar assim, conhecer uma pessoa, é andar pelas ruas, você não foi apresentado mas você bate os olhos, eles se comunicam, a emoção vem, entendeu?, na hora, assim: então você fala, você se abre...essa garotada é incapaz de falar, eles já perderam isso. Para tudo eles usam o quê? Um computador. Querem dar uma trepadinha, vão trepar com o computador...querem chorar, choram vendo as coisas do computador, querem rir...pô, o riso, o sorriso, a lágrima, tudo isso é emoção...a expressão facial, que não têm nenhuma. Pô, eu falo, digo isso assim, assim e assim (gesticula) e...outro dia eram quatro rapazes e eu fiz assim (bate palmas): - Hei! Falei: “Bicho, vocês só fazem assim (balança com a cabeça positivamente e negativamente)? Aí um sujeito atrás disse: eu sou o pai deles, você não sabia que essa geração é assim, Serguei? Eu disse: infelizmente, entendeu? Não há mais nada praticamente a se fazer, depois do que foi feito na década de sessenta. Você tinha a liberdade de tomar decisões.”

Caretice geral 2: look e comportamento
Serguei: “Voltaram a cortar os cabelos fazendo o pé...não há nada mais nojento do que isso. Engraxam os sapatos, fazem vinco nas calças! Bicho! E dizem que são envergonhados: ah, ele é tímido! Tímido é o c*lho! Pergunta se na hora em que estão dando o c* lá ou fazendo qualquer sexo, ou comendo ou que diabos que seja, não interessa, pergunta se eles são tímidos! Aliás (risos), eu tenho provas de que, de tímidos, eles não tem nada...teve um sujeito um dia que chegou pra mim e disse: 'Serguei, quero te chupar'! Eu disse, 'tudo bem mas outro dia, outra hora porque agora estou correndo pra pegar o ônibus'! Dois dias depois ele me achou de novo, e insistiu com os olhos arregalados: 'Vem cá, você come c*?' Respondi: 'Olha, eu como alface, como manga – que eu adoro manga – sorvete...' (risos). Pra você ver como eles são diretos agora. Dão beijos na boca, isso é ótimo...escandalosamente! Eu fiz um show na Up, lá em Campo Grande, no Rio de Janeiro, e estava cantando no palco, pulando e tal...quando eu estava saindo, um cara sentado numa mesa com garotas, garotões, jogou a cabeça assim pra trás e me pediu: 'Serguei! Me dá um beijo na boca!'. Depois, no camarim, ele voltou pra pedir um beijo mais legal...quer dizer, não tem mais o chaveco, perderam isso, que era o principal. Hoje é mecânico, direto.”

Todo mundo gosta de sexo, bicho.
Não tem um que não goste!”

Sexo:
Serguei: “Eu tô numa forma física, por assim dizer, esplendorosa. Eu conto essas sacanagens e me excito, tu acredita nisso? (bate na madeira) Agora, eu acho isso um exagero. Não é um exagero? Eu acordo de manhã, às vezes até de madrugada, naquele estado. Vou até lá fora, olho pra um lado, olho pro outro, ninguém! Digo: pô, que merda! Aí volto e tenho que dar meu jeito (risos). Quer dizer, acho que tô mais do que legal! Todo mundo gosta de sexo, bicho. Não tem um que não goste de sexo! Se bem que hoje tem esse tal de sexo virtual, no computador. É tão horrível que não merece...não tenho nem opinião pra definir isso! Bicho, é melhor o sexo por telefone, porque pelo menos você escuta a voz, e tal...pra você ver: um dia eu vinha andando, um sol quente, e tinha um cajueiro na beira do caminho. Me deu um tesão, meu (*) levantou, queria fazer alguma coisa com alguém e não encontrava – não passava ninguém...passou um cachorro velho, mas eu não ia comer o cachorro, pô. Aí eu ia andando e encostei numa árvore – o cajueiro, grande, frondoso. Aí tirei pra fora e comecei sozinho. Na hora de gozar, a perna tremeu e eu me abracei ao cajueiro. Onde eu ia me agarrar? Me agarrei na árvore! Aí, na entrevista que dei ao Jô Soares, ele perguntou: 'Bom, então você comeu a árvore?' Aí eu disse assim: 'É Jô, comí...' A pergunta merecia essa resposta. E eu ironizo tudo, mesmo...no Brasil, se não ironizar ninguém aguenta. Se não ironizo, tô f*dido, vou ficar doente.”

Drogas:
Serguei: “Droga é uma droga, uma merda...você fica com os olhos inchados, vermelhos, você fica rindo à toa, que nem um babaca, o outro com o olho arregalado, com a bunda pra dentro... 'é...qualé...o que é...?' Bicho, eu não tenho como falar disso. Eu dei um esporro na Janis (Joplin) uma vez...ela tava no banheiro, cantando...aquela voz que todo mundo conhece, e com a mesma emoção. Quando ela saiu, nua com uma toalha jogada no ombro, ela abriu a porta e eu disse: 'Vem cá, tô aqui observando você o tempo todo, te ouvindo. Que maravilha...mas por que você usa essas merdas? Isso vai levar você muito cedo do convívio da gente'. Ela olhou pra mim e disse assim: 'Sergei, nobody plays that game on me', ou seja, 'ninguém me força o jogo', por assim dizer. ( N. do R: 'Ninguém faz esse joguinho comigo') Eu disse, 'você sabe o que faz, então f*da-se'. E aconteceu o que aconteceu...”
(pequena pausa para um cochilo de alguns minutos do entrevistado)
“Bicho, cuidado comigo que as vezes eu durmo...eu ontem fiquei dois dias sem dormir. Tava falando com a Beth, minha amiga, pelo telefone. Estava sentado naquela cama, que é no chão, e enquanto eu falava, cochilei e batí com a cabeça no chão.”

Rock and Roll:
Serguei: “O Rock começou na minha vida ainda nos anos 50. Estive em Paris, conheci Juliette Grécou, sabia o que estavam dizendo dela, que ela era escriturária e saía que nem uma louca depois do serviço com uma porção de rapazes e moças, todos vestidos de preto, iam pros porões do Quartier Latin tomar drink, tomar café, eram os beatniks (N. do R: Juliette Grécou foi uma cantora francesa que se tornou uma espécie de “musa” dos existencialistas, tendo se apresentado inclusive no Brasil), e depois dos beatniks vieram os hippies. E aí eu me encontrei.”

Rock and Roll 2: o Templo
Serguei: “A casa antiga não era minha, era de um cara daqui, comerciante, e quem me deu essa nova aqui foi Russel Coffin, um dos grandões da Coca-Cola no mundo. É um cara com dinheiro, tem como fazer, trabalha com ecologia, pássaros, florestas, tem vários hectares na floresta em Santa Catarina, que ele protege. Essa casa aqui ele que mandou construir pra mim, tudo à prova de som, tudo. A prefeitura na época deu o terreno e ele mandou construir. No dia da inauguração eu ví ele com milhões de papéis, assinando aqui, alí, e disse que a casa é minha. Eu disse, 'então tá bom'. Se alguma coisa estranha acontecer, eu daquí não saio, aquí é minha casa, minha vida, e eles não me desonrariam nessa altura de minha vida. Eles vão ter que me aturar, e eu sou bem enjoado...mas eu acredito no caráter deles, acredito que a casa seja minha.”

...O movimento social que mudou a cara do mundo(...)
Hoje em dia, infelizmente, a gente viu traídos todos os seus princípios.”

Rock and Roll 3: o sonho
Serguei: “Minha casa é um museu histórico, que conta a história do Rock e a época em que o Rock começou e explodiu. Conta a história da geração hippie, da qual eu sou um dos últimos, principalmente pela filosofia (e mostra dois livros – On the road, de Jack Kerouac, e Howl', de Allen Ginsberg). Eu sempre viví nisso, eu viví todas as revoluções da década de 60, entendeu? Todas aquelas maravilhas, o movimento social que mudou a cara do mundo. Beatles, Rolling Stones, os concertos, proclamavam a liberdade, a paz e o amor pelos parques...isso foi a coisa mais importante que aconteceu no mundo. Hoje em dia, infelizmente, a gente viu traídos todos os princípios de vida, o sonho – de uma certa forma – acabou, embora ainda existam remanescentes como eu. Mas posso dizer que esse sonho, ele foi vitorioso, e fechou com o concerto de Woodstock, reunindo mais de um milhão de pessoas. Alí, toda a razão de existir, o sentimento de liberdade, tudo isso provou estar implantado, mas o movimento em sí, a partir dalí, foi declinando. Aí começou a mediocridade, a falta de autenticidade (nas propostas), começou tudo a se misturar. É como a Bíblia: você lê e entende de um jeito, eu leio e entendo de outro, cada um dá a sua versão. A versão que eles deram foi a pior possível: ficaram contra tudo o que foi feito e quiseram mostrar a versão deles, feia, pequena, medíocre, inexpressiva, estúpida. E nosso Cazuza resumiu muito bem: 'ideologia, eu quero uma pra viver'...Cazuza querido, do coração! (e faz um gesto de quem manda beijos ao céu) Falta as pessoas terem uma liberdade mais inteligente, mais prática, e não ficarem como quase a totalidade dos brasileiros, pendurados num chavão ridículo: 'os portugueses nos exploraram, nós somos tão bonzinhos...' Fomos! Fomos! Passado do verbo! Não somos mais! Hoje as pessoas vivem sem horizontes, elas vivem o momento, mas um momento muito escrôto. Não há um propósito de vida, aquela coisa de 'vamos fazer', entendeu? Acho que já encontraram pronto. E, se não estiver pronto, compram no shopping fazendo sempre a pior escolha.”

Pela milionésima vez: como Sergei comeu Janis Joplin
Serguei: “Que saco! Quem me apresentou tá ali, ó, no retrato na parede: Oliveira, percussionista da banda Chicago. Ele era amigo da Janis e me apresentou nos EUA. Tinha uma festa de escola e eu levei minha banda, Centauro. Ela vinha descendo uma ladeira vestida de cigana e ele me apresentou: 'Sergei, Ms. Janis Joplin'. Meu queixo caiu e eu fiquei rindo, brinquei perguntando se não era Jackie Kennedy. Ela riu e depois ficou séria. E me deu um beijo. Aí depois ela veio ao Brasil, mas me perguntar datas, lugares...é uma certa maldade (risos). Aqui no Brasil, a gente estava na Avenida Copacabana e ela me pediu uma caneta. (Interrupção provocada pelo cachorro Nick, que fuçou a lata de lixo) Aí eu dei e ela escreveu uma dedicatória na calça, na altura da coxa. Guardei aquela calça até hoje, como relíquia, mas muitos anos depois minha mãe achou ela nas minhas coisas, viu que tava suja e botou pra lavar! Perdí a dedicatória! Mas a calça tá alí, na parede.”

Viver é difícil, e a vida é curta.
Então, bota pra f*der!”

Shows:
Serguei: “Eu estou voltando de Belém do Pará, onde sou padrinho dessa campanha (mostra a camiseta) 'APAVERDE – Salvar o planeta é uma tarefa de todos nós', e todos os anos tem isso e eu vou lá, fazer um show. Estava lá a Mulher-Moranguinho! Tão bonitinha! Ela tem um rosto lindo! Tava aquela outra, que foi mulher daquele cantor, o Latino...a Kelly Key, e ela tem um programa na TV Record, e ela me entrevistou no camarim dela. Acho que é um programa pra crianças, ela falou 'crianças, é o Serguei!'
(Nova interrupção, desta vez pelo cachorro Nick, que entrou de focinho na barriga do entrevistado, pedindo comida)
Eles tem uma vida de rei aqui...todos vacinados, com muita água, comida, carinho...Nick, sai daí! Ele foi pra cozinha...vai comer alguma coisa que tá lá...ai meu Deus...essa é a entrevista mais underground que eu já fiz...!
Agora você vê que maravilha...as pessoas tem que sair dessa mesmice. Jovem cabeça, como você é, tem que prestigiar esse tipo de atitude...(bate palmas) acorda! Acorda! Viver é difícil, e a vida é curta. Então, bota pra f*der! Mostra sua opinião, senão...(risos) tem que comprar esse jornal, pra de repente ouvir essas coisas! Mostra sua opinião, diz o porque...que também não é todo mundo que merece uma opinião, uma idéia, uma explicação. E pronto! Mete a cara e vai em frente! Se alguem vier criticar alguma coisa, que critique por si mesmo. Não pela nação, que a nação não faz nada pela gente.”

Living in the USA:
Serguei: “Minha avó achava que minha educação não tinha de ser feita aqui no Brasil. Ela dizia: 'vocês são burros, incompetentes e preguiçosos. Vocês tem nas mãos um continente e nunca fizeram acontecer coisa nenhuma'. Minha avó era americana, e fazia a comparação: 'olha nós aqui e olha vocês lá'. Os garotos me perguntavam, no colégio: 'vem cá, naquele teu buraco lá na América do Sul, vocês pensam com os pés, não é?' Aí todo mundo aplaudia o cara. O Brasil é bonito, tem grandes potencialidades, mas nunca aconteceu mesmo. Quer dizer, minha avó tava certa.”

Política:
Serguei: “É igual a esse oba-oba em torno do Lula: acho muito carnaval, mas preciso te confessar uma coisa, que eu tenho medo de que ele saia. Porque eu não sei qual equipe econômica vai vir após ele, certa ou errada, essa equipe conseguiu colocar o Brasil muito bem colocadinho, a situação de hoje não é a de antes. Aquele batom vermelho, escandaloso, só pode ser usado por uma mulher linda, cheia de curvas e fazendo vários charmes com o corpo. Não pode ser uma matrona horrorosa. E o batom vermelho aí seria usado pelo Brasil, que é uma nação feia, politicamente. Então, pintar a boca do Brasil com esse batom vai ser um horror. Teria que ser um Brasil mais forte, porque hoje o país não pode ter o que quiser, como os países desenvolvidos. A democracia é para os Estados Unidos da América do Norte!, e não para quem quer. Nós não merecemos democracia, estamos completamente despreparados! Nós sequer sabemos o que queremos. E não existe nação sem povo. Temos uma bandeira em que tá escrito 'Ordem e Progresso', onde 'ordem' vem antes da palavra 'progresso'. Por que? Porque já se sabia naquela época, há um milhão de anos atrás, que não existe progresso sem ordem, cacete! Por que não temos progresso? Porque não existe ordem! É um corredor de loucos, onde ninguém se entende. O Brasil é um lugar onde todos roubam todo mundo o tempo todo! E pelo poder da televisão e do rádio, mostrando, falando, denunciando, o povo vai ficando desapontado e chega a um ponto que já vai ficando safado também! Dizem: 'Ah, é? Então vou roubar também!'. Então, a democracia é para os povos mais civilizados.

Nós não merecemos democracia, estamos completamente despreparados!
Nós sequer sabemos o que queremos.”

Serguei: “O Brasil é um país lindo, mas como nação, não existe. Só São Paulo que escapa, a única praga é ser mandado por Brasília. Se a revolução de 1932 tivesse dado certo, eu teria apresentado meu passaporte pra pedir cidadania paulista. Aqui em Saquarema pediram uma vez pra eu ser candidato a vereador, eu disse que ia ser, eu vou. Eu ia de sunga, meião e tênis. Esculhambava todo mundo e voltava pra casa. Ganhei 280 votos e eu disse: agora eu saio e deixo o suplente, que eu não quero assumir porra nenhuma, então não tem nada a ver comigo essa de política. As pessoas são muito engraçadas...a política partidária, é tudo muito burro! Aquí em Saquarema, por exemplo (risos)...eu tenho que rir...existe um deputado, se chama Paulo Melo, que é o que faz tudo pela cidade, e é amigo do Lula, é do PMDB, é colega, amigo do Sérgio Cabral, pega as coisas, as coisas vem pra cá, o dinheiro, as obras a serem executadas, então é o seguinte: o prefeito, governador, presidente de qualquer país, nada mais são que os homens do escritório. Homens ou mulheres, no caso daqui é a Franciane Melo. Então tudo bem, é bonitinha, simpática, tem um sorriso, é inteligente, e ela tá entrando na vida política...ela tem uma certa competência, mas ela é a 'mulher do escritório'. Como Bush (EUA) era o cara do escritório, o presidente, prefeito não sei da onde são pessoas do escritório. Tem que despachar, pedir uma influência política, se vale a pena despachar aquilo favorável ou não, entendeu? Então eles são os caras do escritório, não fazem política, isso quem faz é o político, aqui no caso o Paulo Melo, que é uma águia, uma potência política. Ele faz todas aquelas coordenações, aquelas coisas, e consegue todo esse progresso que tem conseguido para a cidade. Aí o povo vai e vota num outro rapaz, que tinha problemas sérios com o Ministério Público. Ele poderia ser a pessoa que fosse, mas não poderia ser candidato a coisa nenhuma, pois se o MP tava processando o cara, como é que esse mesmo Ministério, ele entende – agora pegaram essa mania: eles 'entendem'. Ah, porque o Juiz 'entendeu'...mas eu também entendí, só que ao contrário do que ele está dizendo, porra! Então o MP 'entendeu' que ele pode se candidatar, mas se ele ganhar não assume! Bicho, isso parece aquelas comédias de circo! Aí o cara se candidatou e o povo daquí votou nele e não na Franciane, que é a esposa do cara que faz a política pra trazer o dinheiro, executar as obras em Saquarema! O povo não votou porque tinha fixação nesse outro homem, sabe aquela coisa bem 'Sulamérica'? 'Este señor, Getúlio Vargas, Perón'...entendeu? O povo adora esse tipo de coisa! O povo vive o 'homem', o povo tem ícones políticos. Isso foi uma prova de estupidez extrema, burrice. Tem que atrair quem tem o dinheiro, quem tem o poder, quem tem amizades, que aí as coisas chegam! Prefeitos, essas coisas, eles são representativos, embora participem. Eles são apenas os 'caras do escritório'. E o resto? O resultado foi que o cara ganhou mas não entrou, e aí veio a prefeita.”

O povo vive o 'homem', o povo tem ícones políticos.
Isso é uma prova de estupidez.”

Imprensa:
Serguei: “Graças à Deus ainda leio jornais. Não tem nada melhor. Eu não fumo, mas quem fuma acorda, vai na banca de jornal, compra um e volta pra casa. Fica lendo, fumando e tomando café quentinho – ou suco de laranja, ou champagne, o que preferir. Mas o babaca, o imbecil, senta o c* numa cadeira, liga a máquina de escrever com tela, bate nas teclas e fica olhando...quer dizer, é o mau uso do computador. Se usar pra decisões ou pra adquirir conhecimentos, maravilha! Mas ficar assim igual a um babaca, os pais...aliás, os pais são culpados de tudo. Caráter, comportamento, isso tudo vem de casa e não da escola. Escola se aprende que 2 e 2 são 4, mas assim mesmo tem uns professores que dizem que não (risos), que é outro resultado...Existe muita sacanagem na imprensa, mas ela é livre! Pelo menos isso! De maneira que você tem acesso às palavras...que são as coisas mais importantes da vida, não é não?”

Paz? Amor?
Serguei: “Outro dia o governador do Rio, Sérgio Cabral, estava no programa do Datena e disse que, no Brasil, os estados deveriam ser autônomos. Na mesma hora entrou a vinheta e veio uma mulher falar de sexo! E Sérgio Cabral sumiu. Se isso não é censura, não sei mais o que é. Aí depois o bandido pega um foguete e bota um helicóptero abaixo. Bicho, onde estamos? Eu não sei! Depois dessa, não entendo mais nada! Cadê a autoridade? A verdade é que quem manda no Brasil é o crime, porque é organizado. Por isso o nome: 'crime organizado'. Os caras mandam! Bicho! Os caras mandam!

Imagine se, nos EUA, derrubam um helicóptero
e o Governo não se pronuncia?
Vergonha mundial!”

Tanto mandam que, se não fosse assim, não iam derrubar um helicóptero da PM, ou mesmo civil. Aí saíram pra procurar no morro o desgraçado que fez isso. Só que o desgraçado já sumiu, não vão encontrar e acabou! E se encontrarem, logo depois o morro volta a ficar igualzinho a antes. Imagine se em Washington, Miami, ou o que for, lá nos EUA, um bandido derruba um helicóptero seja de quem for, e o governo americano não se pronuncia e nada acontece: meu Deus do céu! Vergonha mundial! E aquí ninguém fala nada e está tudo bem, fica por isso mesmo!
Cansei, sabe?”

Entrevista concedida ao editor, Walter Biancardine, em outubro de 2009 no Templo do Rock - Saquarema, RJ

AGORA É DE FATO: LUIS ANTÔNIO, O COMENDADOR DO ROCK AND ROLL


Aconteceu ontem, sábado, a entrega da Medalha Doutor José Bento Ribeiro Dantas ao nosso Rei do Rock, Luis Antônio – sim, aquele, do The House of Rock and Roll!
O evento rolou no Hotel Atlântico, em Armação dos Búzios, e contou com a presença de familiares, amigos e admiradores daquele que, agora, passará a ser por nós do OPINIÃO chamado de “O Comendador do Rock and Roll”.
Depois da solenidade, como era de se esperar, o Comendador do Rock partiu direto para o local mais quente da Armação, o The House of Rock and Roll, onde decretou o Juízo Final do marasmo e pasmaceira das noites desta reportagem.
Na foto ao lado, de autoria do inoxidável Paulinho Ribeiro, Luis Antônio recebe a medalha Doutor José Bento Ribeiro Dantas das mãos do vereador Genilson Drummond, em uma data que o fotógrafo observou ser muito especial: 10/11/12. Muita gente, com pendores para a numerologia, se perguntava o que será que significaria tal conjunção. Nós aqui do Opinião temos certeza que os números acima nada mais são do que a evolução do velho e bom “One, two, three”, usado em todo Rock que se preza!
Ao nosso querido Comendador do Rock, Luis Antônio, o Opinião e seu editor enviam seus mais calorosos abraços. O cara é a prova de que, se é verdade que “It's a Long Way To The Top, If You Wanna Rock and Roll”, em compensação, quando você consegue, vale a pena!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

UMA MEDALHA MAIS QUE MERECIDA


Pode-se dizer, generalizando, que as verdadeiras amizades são feitas antes dos 20 anos – quando somos inocentes o suficiente para nos guiarmos mais pelas afinidades pessoais do que interesses, em nossos relacionamentos.
A minha amizade com Luis Antônio é, portanto, um caso que contraria esta regra, já que o conheci no alto dos meus 44 anos, à época. Naquele 2008 eu rodava de moto em Búzios num belo fim de tarde, acompanhado de minha mulher Andréa, quando vimos seu bar, no Shopping Nº1.
Motociclista estradeiro cascudo, a primeira coisa que me chamou atenção foram as placas externas, referentes aos meus temas prediletos: motocicletas e rock and roll. Eu e Andréa estávamos órfãos de um bom local neste estilo e resolvemos voltar ali de noite para ver como seria; e assim fizemos, chegando por volta das 22 horas com o show já bombando e o bar lotado.
Pensávamos que o bar era quase um nicho reservado aos motociclistas, uma coisa meio underground, e por isso fomos vestidos tal qual saímos da estrada: jaquetas de couro, bandanas, capacetes nas mãos...e creio que a amizade com Luis Antônio começou ali. Tal qual crianças, as afinidades - motocicletas, Rock - prevaleceram.
O The House of Rock and Roll é um espaço aberto a todos os tipos de frequentadores, sem discriminação, e acolhe todo mundo com o mesmo calor e simpatia. Mas é inegável que, por ser igualmente motociclista estradeiro, Luis Antônio saudou-nos com seu indefectível “Oh Yeah!” e um sorriso a nós dirigido enquanto entrávamos, vestidos á caráter, no bar: pequenos sinais emitidos por um cara – acreditem – tímido, os quais com o tempo e a vivência, demos cada vez mais valor.
Já são quatro anos que desfrutamos desta amizade. Quatro anos em que Luis Antônio, diante de um perfeito estranho como eu era, ofereceu preciosa ajuda em momentos difíceis de minha vida, sem que eu sequer pedisse: o cara leu nos olhos e isso, hoje em dia, é quase inexistente em um mundo onde todos olham e ninguém vê.
E é esse sentido humanista, na melhor e mais correta acepção da palavra, que torna Luis Antônio Biato Pereira dos Santos um homem raro e merecedor de toda e qualquer medalha, comenda, título ou seja lá o que mais criarem.
Nunca pensei em arranjar um amigo após os vinte anos. Depois dos quarenta, eu sequer acreditava nisso. Entretanto agora, aos quarenta e oito, me dou conta de que os mestres só aparecem quando o aluno está pronto.

Parabéns, meu grande brôu Luis Antônio. Você merece!

Walter Biancardine


Segue abaixo a envergonhada notícia sobre a medalha postada no Facebook, a qual eu deseducadamente reproduzo aqui, sem nenhum respeito pela privacidade do cara.

Com um misto de vergonha pela autopromoção, de vaidade e de satisfação pelo reconhecimento, de orgulho pelos meus filhos me verem recebendo mais esta medalha e também de agradecimento ao vereador Genilson pelo carinho, compartilho com vocês mais este momento da minha vida".

PROJETO DE RESOLUÇÃO DE Nº 48/2012
PROMOVENTE VEREADOR GENILSON DRUMOND DE PINA
EMENTA: Dispõe sobre ficar outorgado ao Sr. LUIS ANTÔNIO BIATO PEREIRA DOS SANTOS, a Medalha Doutor José Bento Ribeiro Dantas.

"Ou seja , no dia 10 de novembro, amanhã, estarei recebendo esta medalha, que só é dada a quem já possui o titulo de Cidadão Buziano.


A solenidade começa às 18 horas no hotel Atlântico em Armação dos Búzios.
Se alguém puder ir, vai ser muito bom!”







OBITUÁRIO - MISSA 30º DIA

Efebos, hipopótamos, jabutís, esquerdopatas oligofrênicos e leitores sem-noção convidam parentes e amigos para a MISSA DE 30º DIA do passamento do saudoso JORNAL DO OBRONHO, do qual ninguém fez menção ou sentiu falta.
A solenidade será oficiada por um padre de passeata que se diz ex-preso político e contará com um coral de sexagenários desempregados e que vivem de contar mentiras sobre seu passado pseudo-revolucionário.
O local será no Bate Saco Café, ás 18:00 de hoje.



quinta-feira, 8 de novembro de 2012



Alta ansiedade

Casa Azul, 8 de novembro de 2012

Inegavelmente, uma das explicações para a ânsia com que o anúncio do secretariado Alair Corrêa seja feito é a inércia que tomou conta do governo municipal nos últimos oito anos.
Cada nome, devidamente vazado por fofoqueiros travestidos de “conhecedor dos bastidores do poder”, é recebido pelo eleitor como um norte bússola, que indicaria o diapasão que tal setor tomaria, de janeiro em diante. Grosso modo, existisse uma “Secretaria do Rock and Roll” e o indicado fosse o professor Chicão, o contribuinte poderia supor que ouviria muito Heavy Metal pelos próximos anos. Já se o nomeado fosse um empedernido tradicionalista como eu, os ponteiros do “achômetro” se voltariam todos para o bom e velho Rock clássico do Creedence Clearwater, e outros quetais.
A verdade é uma só: a ansiedade pelos nomes é diretamente proporcional ao absoluto vácuo governamental que, por quase uma década, engessou Cabo Frio – e serve como merecido réquiem à administração moribunda; um cadáver em cuja lápide nada poderá ser escrito, pois nada fez.
Uma outra faceta desta verdade é que, após a badalada reunião no Riala – onde os nomes teriam sido anunciados – aqueles que foram agraciados, longe de comemorarem uma “boquinha”, assumiram pesados fardos. Alair acorda cedo, trabalha até azedar a camisa e é chato pra cacête – leia-se “cobra resultados”. É a rara ótica da iniciativa privada, aplicada à coisa pública naquilo que ela mais carece: não trabalhou, rua.
Quase duzentas mil almas ansiosas pela atuação de um prefeito de verdade em suas vidas colocam Alair em uma posição ingrata, pois diante do rombo apocalíptico nos cofres municipais, sua óbvia e primeira tarefa será sanear as finanças – e muita gente certamente reclamará que “Alair assumiu semana passada e até agora não asfaltou minha rua!”
É preciso calma, muita calma nessa hora, já que a “ansiedade” parece estar se constituindo em um sintoma epidêmico, que poderá inclusive contaminar gente do futuro governo. De nada adiantará o secretariado assumir as rédeas das pastas e danar a atirar a esmo, sem projeto, sem objetivo, rumos traçados e concretos. Certamente todos os titulares possuem encargos determinados pelo futuro prefeito, e mais alguns de lavra própria. Mas ceder à hiperatividade e não ordenar uma escala de prioridades será tão prejudicial quanto o ócio ostensivo do falecido governo.
Ainda estamos no aguardo do retumbante julgamento no TSE. Datas são espalhadas por aí como boatos, especulações são feitas, bem como toda a sorte de bruxarias bizarras – como derrotados anunciarem secretários, dentre as bizarrices mais cotadas.
É preciso, pois, que façamos da adversidade nossa aliada; que do obstáculo retiremos nossa força, e que da demora aprendamos a serenidade.
Que o processo seja julgado e a Justiça seja feita.
Que Alair seja diplomado, em 17 de dezembro.
Que tome posse, em 1º de janeiro.
Que as finanças públicas sejam curadas.
E que, finalmente, Cabo Frio volte a andar para frente após a década perdida dos Mendes.

Eis a lista:

  • Administração – Axiles Corrêa
  • Agricultura – Júnior do PC do B
  • Ass. Especial – Robson Pereira
  • Assistência Social – José Vargas
  • Ciência e Tecnologia – Marcos Carrerete
  • Combate às Drogas – Cris Mansur
  • Comunicação – Edinho Ferrô
  • Cultura – José Facury
  • Defesa do Consumidor – Juliano Almeida
  • Educação – Elenice Martins
  • Esportes – Alfredo Gonçalves
  • Estatísticas – Alex Garcia
  • Eventos – Edson Leonardes
  • Fazenda – Valdemir Mendes
  • Gabinete – Dirlei Pereira
  • Governo – Taylor Jasmin (pai)
  • Habitação – Carlos Eugênio
  • Idoso – Cristiane Fernandes
  • Indústria e Comércio – José Martins
  • Mulher – Priscila Porto
  • Obras – Paulinho Castro
  • Ordem Pública – Adalberto Porto (Dal)
  • Pesca – Cláudio Bastos
  • Postura – Wilson Lobato
  • Procurador – Marcos Meneses
  • Procurador da Secaf – Carlos Cotia
  • Projetos Especiais – Carlos Augusto (Guta)
  • Saúde – Demócrito Azevedo
  • Secaf – Toninho Corrêa
  • Serviços Públicos – Renato Vianna
  • Subprefeitura Jardim Esperança – Aristeu Campanati
  • Subprefeitura Peró – Maurício Maia
  • Subprefeitura São Cristóvão – Alexandre de Alair
  • Transportes – Vitor Moreira
  • Turismo – Emanoel Fernandes

Fonte: Blog Renata Cristiane

Walter Biancardine

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Tapas e beijos

Meu amigo Álex Garcia publicou em seu blog uma resposta ao meu artigo da seção “bloguices”, no qual eu tirava um sarro com seu temperamento nuclear. Segue abaixo a resposta do amigo, com meus comentários em vermelho:

Na verdade não briguei com quase nenhum desses nomes, veja: De Marcos Mendes (PSDB) apenas cobrei um governo melhor e mais transparente, jamais bati boca com esse senhor. Jamais briguei com Silas Bento (PSDB) apenas quero saber por que gastar 150 mil reais em 5 sessões da Câmara Itinerante e isso em pouco mais de 60 dias, jamais briguei com Silas em minha vida, a não ser que um membro da mídia cobrar o uso do dinheiro público seja briga.

Pois é, acho que foi aí um ponto em que não me expliquei bem: eu e Álex fomos companheiros, réus em um processo escatológico que o digníssimo prefeito moveu contra nós, segundo uma lógica absurda. Admiro a grandeza de espírito do Álex, que se aporrinhou, gastou dinheiro e queimou a mufla por causa de processos assim e ainda consegue não brigar. Eu, de minha parte e segundo minha índole rasteira, não viro as costas para este tal de Sr. Marcos... Já com relação a Silas, concordo que todo homem público deve prestar contas de sua atuação. Apenas ando assombrado o suficiente para crer que, se chamarmos Silas Bento de feio, o povo lá de Memê se aproveita disso pra lascar mais uma tentativa de impugnação de Alair!

Quanto ao nosso querido Governador Sérgio Cabral (PMDB) apenas quero que pare de prejudicar os cidadãos de nosso estado, privatizar saúde, aumentar passagens, colocar cadeião no 2º distrito, prejudicar Bombeiros e Policiais Militares, isso é demais para minha cabeça.

Neste ponto, Governador Sérgio Cabral, devo guardar minhas opiniões só para mim. A coisa descamba para o baixo calão, mesmo. E de processos, já estou legal.

Podemos pular a parte sobre alcoolismo? Se não for possível pular conto em detalhes na próxima vez todo o drama vivido por mim e pelo Professor Chicão, mas lhe garanto jamais houve briga, foi apenas legítima defesa pessoal e de terceiros, e isso depois de suportar coisas que nem Francisco de Assis aguentaria.

Nesse vespeiro aí eu não meto o dedo, até porque a briga não é minha. Minha única tentativa de intervenção não foi nem mesmo com intenção de dar razão à um ou à outro e sim que devíamos nos manter unidos e civilizados. Acho que fui mal interpretado, até porque o professor Chicão parece que está meio de mal comigo...

Com Alair Corrêa briguei, briguei, briguei, briguei, briguei, briguei... e depois de brigar briguei mais um pouco, mas ele (Alair) venceu a eleição com 20 mil votos de diferença e com a imagem bem melhor do que na eleição de 2008, e enquanto o Alair Corrêa me quiser como prestador de serviço (faço isso há 4 eleições) e amigo irei brigar com ele, e faço isso sem medo de perder o cliente e o amigo, tenho convicção que todas as brigas que chegaram até a serem públicas (tiveram as que não chegaram ao público) fizeram mudanças imprescindíveis para que Alair se tornasse um político mais completo e moderno.

Nesse ponto concordamos: de puxa-sacos, todos os políticos já estão com suas cotas completas. Tenho certeza que o amigo Álex e eu temos pontos de vista bastante semelhantes; apenas que eu, pelo meu velho hábito de jornalista, uso palavras menos espinhudas. Por outro lado, esta postura é válida para ambos: por vezes discordei de algumas posições de Alair e expus isso da mesma maneira que exponho minhas discordâncias com o amigo: certo de que o que nos une é muito maior que quaisquer divergências.

Ah! O meu amigo Walter esqueceu de citar que já briguei com o radialista morde fronha, ex blogueiro tarado e miliciano da mídia, brigas essas que me enchem de orgulho.

Aí o assunto fica mais divertido: um, tenho certeza de que em menos de um mês será novamente fã incondicional de Alair. Já os dois últimos talvez tenham sido os responsáveis pelos momentos mais divertidos de minha passagem pelo Lagos Jornal: os tiroteios jornalísticos e públicos mereceriam uma compilação em livro!
E para os cães que ladram quando a caravana passa, fica a dica: quando as pessoas se unem em torno de um ideal – e não de uma boquinha – os elos tornam-se fortes o suficiente para sobreviverem até pelo longo e doloroso inverno dos últimos cinco anos...com brigas, sem brigas ou apesar delas!

Um grande abraço, amigo Álex!

Walter Biancardine
Misérias diversas

Criminalidade
Parece que só agora a mídia acordou: de repente, os “grandes” chegaram a conclusão que Cabo Frio e toda a Região dos Lagos vive um surto alarmante de criminalidade. O que entristece é que, diante da nulidade das medidas tomadas – isso quando tomam alguma – a coisa soa mais como demagogia e politicagem do que como uma real preocupação.

Criminalidade II
Aposto dez reais como adivinho a primeira medida que tomarão, diante do avanço da marginalidade: mais viaturas. Parece que o Governo do Estado acredita piamente que a PM de Cabo Frio não passa de um bando de Marias-Gasolina, que só se satisfazem com o desfilar em carros novos.

Criminalidade III
Ninguém lembra, mas se existe alguém a quem o crime organizado muito deve é o falecido ex-Governador do RJ, Leonel Brizola. Com sua proibição da polícia subir morros, criou uma “faixa sem lei”, onde o Estado não tinha autoridade nem jurisdição. E deu no que deu: os revólveres deram lugar ás bazucas e AK-47. Foi um absurdo tamanho que até hoje tem gente que se pergunta se foi só demagogia ou o slogan “Brizola na cabeça” queria dizer algo mais.

Criminalidade IV
O aumento da criminalidade segue um processo conhecidíssimo por todos, em escalas e ações que se repetem, seja lá em que localidade for. No RJ, só se pensou em tomar alguma medida depois que a bandidagem já estava armada o suficiente para enfrentar os Mariners dos EUA. Aqui em Cabo Frio e região, a coisa ainda é rastaquera. O que estão esperando para agir? Que se armem até os dentes?

Criminalidade V
De uma coisa todos podem ter certeza: se a Região dos Lagos se transformar num inferno tal qual Rio e São Paulo, isso será culpa única e exclusiva do Governo do Estado e do Comando da Polícia Militar. Ainda dá tempo de se cortar o mal pela raiz, sem que inocentes sofram. A inação de ambos será uma prova definitiva de, na melhor das hipóteses, uma incompetência clamorosa e uma ganância eleitoreira sem limites. Na pior das suposições, resta o conluio crime X Estado.

Criminalidade VI
Fica aqui uma sugestão ao prefeito Alair Corrêa: urbanize as favelas de Cabo Frio. Abra ruas largas, sem abrigos para atiradores e ilumine aquilo tudo. Vielas, becos e escuridão são aliados tanto das baratas quanto da bandidagem. E se “defensores dos direitos humanos” vierem protestar, mande-os entrar lá nos buracos quentes à meia noite, para explicar ao bandidão que o que ele está fazendo é muito feio e prejudicial à vida em comunidade. Depois a Secaf recolhe os pedaços.

Criminalidade VII
Enquanto o pau come e gente inocente morre em Cabo Frio, a PM continua (só) fazendo blitz para apreender veículos com IPVA atrasado. De onde concluo que, no dia em que não tivermos mais motoristas inadimplentes, o crime acaba.

Malícia e cálculo
Tanto fizeram que conseguiram tungar o Rio de Janeiro em seus royalties. Existe aí uma mistura de motivações, que a grande mídia se recusa – ou não pode – esclarecer devidamente: uma óbvia inveja dos demais estados da Federação, que desde a década de 60 sofrem o desejo ardente de fulminar cariocas e fluminenses (afinal, das paisagens deslumbrantes ao inegável posto de centro pensante, cultural e lançador de modas, é muito privilégio para um Estado só), além de uma inescusável vingança pela promiscuidade de relações entre a Presidente Dilma e o Governador Sérgio Cabral – leia-se PMDB e PT.

Malícia e cálculo II
Igualmente estranha é a reação – ou falta dela – por parte do Governador do Estado e mesmo do ainda prefeito Marquinho Mendes, em protestar pela espoliação promovida pelos outros Estados, em uma verdadeira disposição de Guerra Civil contra o Rio. Por que será? Da outra vez tivemos passeatas, gritaria, discursos e protestos. Agora, um mal-elaborado resmungo. Dá o que pensar.

Malícia e cálculo III
Durante a campanha para prefeito, os janistas batiam na tecla de que era preciso continuar o bom relacionamento do município com o Estado e, por consequência, com o Governo Federal – e que só Jânio, herdeiro de Marquinho – poderia fazer isso. Pois bem: onde andam os dois, Jânio e Marquinho, tão influentes com Sérgio Cabral? E onde anda Sérgio Cabral, tão influente com Dilma?

Nas coxas
É de dar nojo a qualidade do asfalto usado pela Prefeitura de Cabo Frio em sua “Operação Maquiagem” deflagrada na cidade. Não bastasse utilizar um produto que literalmente derrete sob sol quente e que já é colocado sem a menor preocupação de nivelamento – leia-se “plantação de futuros buracos” – as concessionárias de serviços públicos só entenderam de realizar suas obras nas vias públicas após os serviços de asfaltamento. Leia-se “esburacar tudo de novo, mostrar serviços prolongando a obra e gastar mais em compra de asfalto”. Coisa de gênio, que nenhum cabo friense reclama.