A Justiça é jovem
Um estranho comportamento birrento parece ter tomado conta dos mais altos quadros do Judiciário Federal e Estadual, nos últimos tempos.
Uma sucessão de decisões controversas tomadas pelos magistrados de ambas as esferas passam à opinião pública a impressão de que, tal como adolescentes que adotam posturas exatamente opostas ao bom senso apenas para provar sua independência, viveriam estes mesmos togados uma crise de autoafirmação sem precedentes na história republicana.
No âmbito Estadual, uma sistemática fileira de condenações e barreiras ás pretensões eleitorais de todos os candidatos não alinhados com o Governador Sérgio Cabral – ao lado de liberações e absolvições de aliados – ultrapassam todos os limites da coincidência e lançam uma triste sombra de suspeita sobre a independência e isenção deste Poder.
Já em Brasília, decisões que fulminam a crença de um povo na justiça dos homens são tomadas sem pejo e ainda alardeadas como prova de independência de juízes.
O direito é uma ciência e os leigos devem se abster de criticar condutas ditadas por uma técnica a qual desconhecem. Porém, sendo uma área das ciências humanas, seus executores tem o dever moral de não permitir o divórcio entre aquilo que é lei e o que é justo.
Quando as cortes fecham os olhos aos fatos e, acanhada ou convenientemente, se atém ás provas, preparam o caminho sem volta para o absolutismo e mando pessoal de um ou outro, que empolgue o Poder no momento.
Viciado em seu nascedouro, o sistema de escolha de magistrados pelo Presidente da República ou equivalente, já adentra ao contraditório devedor de favores.
Quando uma nação conclui que não mais possui instituições, cria-se grave crise moral e abrem-se as portas para toda e qualquer aventura revolucionária que vise impor a ordem.
Atitudes como o voto do revisor do mensalão teriam, em outros tempos, provocado o afiar de baionetas nas casernas. Mas vivemos em um país tão desfibrado pela mídia tropical e malemolente que – se por um lado é bom que a farda se atenha aos quartéis – por outro perpetua no poder uma outra ditadura, bem mais simpática e demagógica, que esconde por trás de seu assistencialismo os dentes afiados do stalinismo estatizante e censório.
Não podemos nos esquecer que quanto mais simpático o ditador, pior é para a nação.
Passamos da hora de dar um basta.
Walter Biancardine