terça-feira, 21 de agosto de 2012



RIO - Moradores da comunidade do Conjunto das Casinhas acusam a polícia de ter entrado atirando na favela. 

Na tarde desta segunda-feira, a família de Yasmin – morta por um tiro de fuzil em um confronto entre policiais e traficantes – conseguiu a certidão de nascimento e o atestado de óbito da criança, necessários para a liberação do corpo da vitima no Instituto Médico-Legal (IML).
O clima na rua onde a família de Yasmin mora é de medo. O delegado Reginaldo Félix, da 39ª DP (Pavuna), que investiga a morte da menina, disse que fará uma reconstituição do crime, mas espera a mãe, a ambulante Tereza Odete Bento de Moura, ter condições emocionais para realizar o procedimento.
A Polícia Militar, por meio de nota, informou que um blindado estava estacionado na Estrada do Camboatá com o objetivo de reprimir o roubo de veículos. Segundo o comunicado, “um motorista que passava pelo local avisou aos policiais militares que perto dali havia cerca de 30 de bandidos tentando fechar a rua”.
Com isso, ainda segundo a nota, os policiais do 41º BPM (Irajá) deslocaram o blindado até o local para checar a denúncia. Ao chegar ao endereço, eles teriam sido recebidos a tiros. Segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel Carlos Eduardo Sarmento, os policiais militares não revidaram. Na mesma nota, a PM também lamentou a morte de Yasmin.
De acordo com vizinhos, a criança foi baleada após um carro blindado da Polícia Militar ter entrado na comunidade do Conjunto das Casinhas. Por volta de 23h30m, quando os tiros foram disparados, houve muita correria, e a criança ficou caída no chão. Após perceberem que a menina havia sido baleada, os moradores cercaram o carro blindado do 41º BPM, informaram que a criança estava ferida e pediram que os policiais a socorressem.
A mãe da criança carregou a filha nos braços até o carro blindado, que as levou até a UPA de Costa Barros, onde foi constatado que o tiro entrou pela nuca e ficou alojado na cabeça. A criança faleceu no Hospital Souza Aguiar, no Centro, para onde foi transferida com perda de massa encefálica. A mãe de Yasmim foi encaminhada para a 39ª DP pelo próprios policiais militares.
Funcionários da UPA relataram que, ao darem entrada na unidade, os PMs contaram que a criança havia sido baleada em um confronto entre traficantes de facções criminosas rivais. O padrinho de Yasmim, que pediu para ter a identidade preservada, contesta a versão e alega que os policias entraram atirando na comunidade e que não havia tiroteio.
No último sábado, o adolescente Elizeu Santos Trigueiro da Silva, de 15 anos, foi morto durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Favela do Arará, em Benfica. Em nota, a corporação afirma que o menor foi encontrado ferido numa da vielas da comunidade, mas parentes dizem que ele foi baleado pelos policiais. Os pais do menino, que foi enterrado neste domingo, pretendem processar o Estado.

Mãe de jovem morto em ação do Bope se solidariza com família de Yasmin

A mãe de Elizeu Santos Trigueiro da Silva, de 15 anos, morto durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Favela Parque Arará, em Benfica, na Zona Norte do Rio, na sexta-feira, Aurea Cristina da Silva Santos, de 40, mandou um recado para a família da menina Yasmin de Moura Camilo.
— Estamos juntos na dor. Se eles quiserem, vamos lutar juntos contra essa polícia — disse Aurea.
Parentes e vizinhos acusam PMs do 41º BPM (Irajá) de terem feito o disparo. O batalhão nega.
— Eu vou processar o Estado. Se eles (os pais de Yasmin) quiserem podem entrar na Justiça comigo. Vamos lutar juntos contra essa polícia. A gente não pode ver a história se repetindo todos os dias e não fazer nada. Esses PMs parecem que chegam às comunidades com o diabo no corpo — afirmou a mãe de Elizeu

Opinião - A quem interessa o fim do BOPE?

Desde os nefastos anos do governo Brizola no Rio de Janeiro, uma sistemática operação de desmoralização e desmantelamento da Polícia Civil e Militar está em curso.
É impossível não associar o slogan do então candidato Leonel - “Brizola na cabeça” - com tudo o que se viu depois: proibição da polícia subir morros, desaparelhamento, achatamento salarial, falta de treinamento e perseguição na mídia. 
O resultado disso é a guerra civil pela qual o Estado do Rio passa há quase 30 anos e que, a julgar pelas estatísticas, espalha-se pelo país. O crime foi preservado, protegido e amamentado. E agora é organizado.
Orientados por suspeitíssimos movimentos em favor dos “direitos humanos”, parentes de vítimas de balas perdidas sempre são por eles orientados a culparem a Polícia e processarem o Estado – até porque processar um traficante não só nada rende como, igualmente, colocará uma enxurrada de “balas perdidas” em toda a família enlutada.
Passado o momento de euforia inicial pelo sucesso do filme “Tropa de Elite” - espinho que atravessou muitas gargantas coroadas do governo – entendeu o sistema que é hora de atacar e desmoralizar o até então super treinado e inatacável Batalhão de Operações Especiais – BOPE.
As denúncias já começaram e o leitor pode esperar: é só uma questão de tempo até se saírem com a acusação de que algum integrante desta tropa integrava quadrilhas, traficava ou era assassino de aluguel.
A quem interessa o fim da polícia?