domingo, 17 de abril de 2016

VELA DEMAIS PARA POUCO DEFUNTO


("Todos os que vão para o inferno, sempre o fazem por seus próprios pés" - WB)

Daqui há alguns anos, passada a vertigem atual, nos envergonharemos de tantos e tamanhos esforços e cuidados para expelir do poder uma mera quadrilha de celerados.

Para extirpá-los, juristas, políticos, artistas, jornalistas, intelectuais – todos – se esmeraram em fundamentar o óbvio, rever o já visto, deixar bem claro o evidente, explicar o que salta aos olhos e quase pedir desculpas ao criminoso, por condená-lo.

O único poder que o PT dispõe – e que elevou a esquerda à categoria de seita – é o da demagogia, e esta todos parecem temer.

Ao promover a canalhice, desonestidade, vigarice, preguiça, taras sexuais, ambições ocultas, crime, inveja, despeito e mediocridade como virtudes cardeais, o PT ganhou legiões de defensores fanáticos, que se dispunham a tudo pela manutenção e legitimação de suas próprias podridões – as quais eram vistas orgulhosamente, no espelho da República, enfeitadas pelo distante cheiro ideológico. E para os que ainda resistiam ao primarismo de suas tentações foi oferecido o dinheiro, puro e simples, que comprou tribunas, opiniões, rimas e emoções.

Tal como um diabo canhestro, a seita ganhou suas almas através dos sete pecados capitais – agora, por força de lei, tratados como virtude e dever – e contava com o que há de mais primitivo no ser humano em sua defesa.

Entretanto e diferentemente do anjo das trevas, seus líderes provaram de seus próprios vícios e neles chafurdaram, resultando num cadáver sem coração, sem cérebro e apenas com um enorme e insaciável ventre – que o matou pelo excesso.

O gigante era de barro e toda sua força se resumia à alcovitagem e intrigas.

Sofremos agora a cena patética dos cuidados exagerados com as exéquias de um avatar político, que mostra claramente o porquê de tantos terem sucumbido aos seus encantos. Porém, se partidos morrem, os vícios são eternos.

Quem empunhará as rédeas populistas da ode ao baixo ventre, agora vazias?

Velas demais, acesas por covardes, para tão exíguo defunto.


Walter Biancardine