sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

SERGUEI, PIONEIRO DO ROCK NO BRASIL E CAPA DE ESTREIA DO OPINIÃO, PRECISA DE SUA AJUDA!

Sete anos depois o Opinião reverencia seu padrinho e pede a colaboração dos fans do roqueiro


Em novembro de 2009 chegava ás bancas o primeiro número do Jornal Opinião, com a proposta - já naquela época - de jogar um pouco de ar fresco em um momento da sociedade que, infelizmente, perdura até hoje: são os dias cinzentos, os quais ainda vivemos sob uma “liberdade” hipócrita e vigiada pelas patrulhas ideológicas ou, no sentido oposto, pelo fundamentalismo religioso.

O resultado disso já alertávamos na ocasião: censura, e é o que ocorre hoje na prática, onde calam-se as vozes discordantes através dos Tribunais e sob perfeita aparência legal, sem prejuízo dos linchamentos morais das redes sociais aos que destoarem da bipolaridade que aceitamos como padrão: o divisionismo do ódio pela esquerda ou o moralismo carola dos religiosos.

Na atual conjuntura, onde até anúncios de fraldas infantis sofrem a indefectível tarja embaçada por sobre os pobres piu-pius das crianças ou bonecos ostentando cabeleira black power são taxados como racistas, cremos ser - mais do que nunca - válido o brado de alerta de nosso entrevistado, o qual reproduzimos aqui tendo em vista a recente “redescoberta” do Pai do Rock pela grande mídia.

Serguei precisa de ajuda
Segundo uma surpreendente sucessão de matérias publicadas pelo O Globo, “Serguei, apelido dado a Sérgio Augusto Bustamante, 82 anos, considerado o roqueiro mais antigo do país, passa pelo momento mais difícil de sua vida. Ele ganha R$ 880 (bruto) de aposentadoria, além de uma ajuda de custo de R$ 1.200 da prefeitura de Saquarema, cidade do Rio de Janeiro onde mora, para manter o Templo do Rock.

Assim como a maioria dos aposentados do país, o dinheiro mal dá para pagar seus remédios, que custam mais de mil reais mensais. O lendário Serguei, conhecido por ter ido ao Festival de Woodstock e ter virado amigo de Jimi Hendrix e Janis Joplin, tem passado até fome, segundo amigos. Aliás, eles estão fazendo um mutirão para recuperar o acervo e o casarão onde o roqueiro mora. Mas ele precisa de mais ajuda”.

De acordo com a matéria, publicada no Blog do Anselmo,“Serguei poderia ser garoto-propaganda de motos ou até, quem sabe?, de um estimulante sexual. A gente abre a geladeira dele e só tem água”, conta o produtor Rogério Silva, que tenta arrecadar dinheiro para fazer um filme sobre o cantor, “O último beatnik”, a ser estrelado por Eriberto Leão”.

Contra os aproveitadores
Diego Brisse, guitarrista do Serguei, falou a respeito da matéria divulgada no jornal O Globo :
"Pessoal, cuidado com algumas informações que podem estar veiculando por aí. Infelizmente eu devo me abster de comentar certos fatos para evitar conflitos estapafúrdios. Fato é que o Alex da Banda Serguei Pandemonium sempre ajudou muito o Serguei, e a banda sempre apoiou ele em diversos projetos.

Resgatamos o material autoral dele, fizemos um cd novo sem nenhum patrocínio, com dinheiro do nosso bolso, fizemos um esforço descomunal para levantarmos a carreira dele e depois que ele começou a aparecer, vieram muitos oportunistas.

Tudo que fizemos pelo Serguei foi de puro coração, nunca nos beneficiamos financeiramente disso, sempre demos total apoio nos projetos dele, fomos muito mal tratados por diversos produtores de show e tv e sempre aturamos porque queríamos ajuda lo. Nós também estamos cientes das verdades e vamos intervir em benefício do mesmo se for necessário."

Se você também é fã do bom e velho Serguei, não deixe de ajudar.
Para encontrá-lo é fácil, basta ir ao Templo do Rock, em Saquarema, e deixar diretamente lá a sua ajuda!
O Jornal Opinião vai voltar ao Templo em busca de mais informações sobre como dar uma moral ao nosso amigo via internet ou outros meios, e publicaremos sem falta na semana que vem.
Aguarde!

Veja abaixo a matéria, publicada no número de estreia do Opinião, em novembro de 2009:


Serguei: “Nunca fomos tão caretas”
Uma conversa descolada sobre um mundo cinza
Serguei filosofa e diz que a sociedade regrediu

Foi preciso a revolução dos costumes feita na década de sessenta e um governo civil tomando posse nos anos oitenta para que muitos jovens atuais passassem a usar os cabelos com corte militar.

Foi preciso uma onda mundial de “fazer pelas próprias mãos”, o artesanato, a plantação de comida e as comunidades para que o sistema se sentisse profundamente ameaçado e criasse os “hippies de boutique”, logo depois os “youppies” e fizesse com que hoje a maioria da juventude elegesse o dinheiro, o consumismo e a carreira como aspirações supremas.

Foi preciso surgir o amor livre para que parcela significativa dos recém saídos da adolescência optasse – por livre e espontânea vontade – pela virgindade até o casamento e resgatassem hábitos machistas.

Foi preciso o fim do sonho comunista – mostrando ao mundo sua dura realidade – para que quase a totalidade destes mesmos jovens enxergasse a política sob uma ótica cada vez mais reacionária e descrente, travestida de pragmatismo.

Vivendo em um mundo onde o lema “Paz e Amor” desperta nas pessoas apenas sorrisos condescendentes de quem escuta uma utopia enquanto procuram se desviar de balas perdidas e gangues espancando inocentes em boates, Serguei – um verdadeiro retrato congelado de uma época – se espanta e abre o verbo sobre o que acha desta juventude, que um dia tentou mudar o mundo e hoje acha normal linchar garotas por considerarem suas roupas “indecentes”.

Com vocês leitores, o garotão Sérgio Augusto Bustamante, 76 aninhos (N. do R: entrevista feita em 2009) mas com um corpinho de 75 e a disposição, energia, indignação e sonhos dos vinte e poucos anos; o conhecidíssimo Serguei, que hoje ostenta o honroso título de “Lenda Viva do Rock Nacional”.

Caretice geral: o computador
Serguei: “O bacana de você andar assim, conhecer uma pessoa, é andar pelas ruas; você não foi apresentado mas você bate os olhos, eles se comunicam, a emoção vem, entendeu?, na hora, assim: então você fala, você se abre...essa garotada é incapaz de falar, eles já perderam isso. Para tudo eles usam o quê? Um computador. Querem dar uma trepadinha, vão trepar com o computador...querem chorar, choram vendo as coisas do computador, querem rir...pô, o riso, o sorriso, a lágrima, tudo isso é emoção...a expressão facial, que não têm nenhuma. Pô, eu falo, digo isso assim, assim e assim (gesticula) e...outro dia eram quatro rapazes e eu fiz assim (bate palmas): - Hei! Falei: “Bicho, vocês só fazem assim (balança com a cabeça positivamente e negativamente)? Aí um sujeito atrás disse: eu sou o pai deles, você não sabia que essa geração é assim, Serguei? Eu disse: infelizmente, entendeu? Não há mais nada praticamente a se fazer, depois do que foi feito na década de sessenta. Você tinha a liberdade de tomar decisões.” (sic)

Caretice geral 2: look e comportamento
Serguei: “Voltaram a cortar os cabelos fazendo o pé...não há nada mais nojento do que isso. Engraxam os sapatos, fazem vinco nas calças! Bicho! E dizem que são envergonhados: ah, ele é tímido! Tímido é o c*lho! Pergunta se na hora em que estão dando o c* lá ou fazendo qualquer sexo, ou comendo ou que diabos que seja, não interessa, pergunta se eles são tímidos! Aliás (risos), eu tenho provas de que, de tímidos, eles não tem nada...teve um sujeito um dia que chegou pra mim e disse: 'Serguei, quero te chupar'! Eu disse, 'tudo bem mas outro dia, outra hora porque agora estou correndo pra pegar o ônibus'! Dois dias depois ele me achou de novo, e insistiu com os olhos arregalados: 'Vem cá, você come c*?' Respondi: 'Olha, eu como alface, como manga – que eu adoro manga – sorvete...' (risos). Pra você ver como eles são diretos agora. Dão beijos na boca, isso é ótimo...escandalosamente! Eu fiz um show na Up, lá em Campo Grande, no Rio de Janeiro, e estava cantando no palco, pulando e tal...quando eu estava saindo, um cara sentado numa mesa com garotas, garotões, jogou a cabeça assim pra trás e me pediu: 'Serguei! Me dá um beijo na boca!'. Depois, no camarim, ele voltou pra pedir um beijo mais legal...quer dizer, não tem mais o chaveco, perderam isso, que era o principal. Hoje é mecânico, direto.”

Todo mundo gosta de sexo, bicho.
Não tem um que não goste!”

Sexo: o dia em que Serguei comeu a samambaia – que não era samambaia
Serguei: “Eu tô numa forma física, por assim dizer, esplendorosa. Eu conto essas sacanagens e me excito, tu acredita nisso? (bate na madeira) Agora, eu acho isso um exagero. Não é um exagero? Eu acordo de manhã, às vezes até de madrugada, naquele estado. Vou até lá fora, olho pra um lado, olho pro outro, ninguém! Digo: pô, que merda! Aí volto e tenho que dar meu jeito (risos). Quer dizer, acho que tô mais do que legal! Todo mundo gosta de sexo, bicho. Não tem um que não goste de sexo! Se bem que hoje tem esse tal de sexo virtual, no computador. É tão horrível que não merece...não tenho nem opinião pra definir isso! Bicho, é melhor o sexo por telefone, porque pelo menos você escuta a voz, e tal...pra você ver: um dia eu vinha andando, um sol quente, e tinha um cajueiro na beira do caminho. Me deu um tesão, meu (*) levantou, queria fazer alguma coisa com alguém e não encontrava – não passava ninguém...passou um cachorro velho, mas eu não ia comer o cachorro, pô. Aí eu ia andando e encostei numa árvore – o cajueiro, grande, frondoso. Aí tirei pra fora e comecei sozinho. Na hora de gozar, a perna tremeu e eu me abracei ao cajueiro. Onde eu ia me agarrar? Me agarrei na árvore! Aí, na entrevista que dei ao Jô Soares, ele perguntou: 'Bom, então você comeu a árvore?' Aí eu disse assim: 'É Jô, comí...' A pergunta merecia essa resposta. Só não sei por que depois vieram dizer que foi com uma samambaia, não sei de onde tiraram isso. E eu ironizo tudo, mesmo...no Brasil, se não ironizar ninguém aguenta. Se não ironizo, tô f*dido, vou ficar doente.”

Drogas:
Serguei: “Droga é uma droga, uma merda...você fica com os olhos inchados, vermelhos, você fica rindo à toa, que nem um babaca, o outro com o olho arregalado, com a bunda pra dentro... 'é...qualé...o que é...?' Bicho, eu não tenho como falar disso. Eu dei um esporro na Janis (Joplin) uma vez...ela tava no banheiro, cantando...aquela voz que todo mundo conhece, e com a mesma emoção. Quando ela saiu, nua com uma toalha jogada no ombro, ela abriu a porta e eu disse: 'Vem cá, tô aqui observando você o tempo todo, te ouvindo. Que maravilha...mas por que você usa essas merdas? Isso vai levar você muito cedo do convívio da gente'. Ela olhou pra mim e disse assim: 'Sergei, nobody plays that game on me', ou seja, 'ninguém me força o jogo', por assim dizer. ( N. do R: 'Ninguém faz esse joguinho comigo') Eu disse, 'você sabe o que faz, então f*da-se'. E aconteceu o que aconteceu...”
(pequena pausa para um cochilo de alguns minutos do entrevistado)
“Bicho, cuidado comigo que as vezes eu durmo...eu ontem fiquei dois dias sem dormir. Tava falando com a Beth, minha amiga, pelo telefone. Estava sentado naquela cama, que é no chão, e enquanto eu falava, cochilei e batí com a cabeça no chão.”

Rock and Roll:
Serguei: “O Rock começou na minha vida ainda nos anos 50. Estive em Paris, conheci Juliette Grécou, sabia o que estavam dizendo dela, que ela era escriturária e saía que nem uma louca depois do serviço com uma porção de rapazes e moças, todos vestidos de preto, iam pros porões do Quartier Latin tomar drink, tomar café, eram os beatniks (N. do R: Juliette Grécou foi uma cantora francesa que se tornou uma espécie de “musa” dos existencialistas, tendo se apresentado inclusive no Brasil), e depois dos beatniks vieram os hippies. E aí eu me encontrei.”

Rock and Roll 2: o Templo
Serguei: “A casa antiga não era minha, era de um cara daqui, comerciante, e quem me deu essa nova aqui foi Russel Coffin, um dos grandões da Coca-Cola no mundo. É um cara com dinheiro, tem como fazer, trabalha com ecologia, pássaros, florestas, tem vários hectares na floresta em Santa Catarina, que ele protege. Essa casa aqui ele que mandou construir pra mim, tudo à prova de som, tudo. A prefeitura na época deu o terreno e ele mandou construir. No dia da inauguração eu ví ele com milhões de papéis, assinando aqui, ali, e disse que a casa é minha. Eu disse, 'então tá bom'. Se alguma coisa estranha acontecer, eu daqui não saio, aqui é minha casa, minha vida, e eles não me desonrariam nessa altura de minha vida. Eles vão ter que me aturar, e eu sou bem enjoado...mas eu acredito no caráter deles, acredito que a casa seja minha.”

...O movimento social que mudou a cara do mundo(...)
Hoje em dia, infelizmente, a gente viu traídos todos os seus princípios.”


Rock and Roll 3: o sonho
Serguei: “Minha casa é um museu histórico, que conta a história do Rock e a época em que o Rock começou e explodiu. Conta a história da geração hippie, da qual eu sou um dos últimos, principalmente pela filosofia (e mostra dois livros – On the road, de Jack Kerouac, e Howl', de Allen Ginsberg). Eu sempre vivi nisso, eu vivi todas as revoluções da década de 60, entendeu? Todas aquelas maravilhas, o movimento social que mudou a cara do mundo. Beatles, Rolling Stones, os concertos, proclamavam a liberdade, a paz e o amor pelos parques...isso foi a coisa mais importante que aconteceu no mundo. Hoje em dia, infelizmente, a gente viu traídos todos os princípios de vida, o sonho – de uma certa forma – acabou, embora ainda existam remanescentes como eu. Mas posso dizer que esse sonho, ele foi vitorioso, e fechou com o concerto de Woodstock, reunindo mais de um milhão de pessoas. Ali, toda a razão de existir, o sentimento de liberdade, tudo isso provou estar implantado, mas o movimento em si, a partir dali, foi declinando. Aí começou a mediocridade, a falta de autenticidade (nas propostas), começou tudo a se misturar. É como a Bíblia: você lê e entende de um jeito, eu leio e entendo de outro, cada um dá a sua versão. A versão que eles deram foi a pior possível: ficaram contra tudo o que foi feito e quiseram mostrar a versão deles, feia, pequena, medíocre, inexpressiva, estúpida. E nosso Cazuza resumiu muito bem: 'ideologia, eu quero uma pra viver'...Cazuza querido, do coração! (e faz um gesto de quem manda beijos ao céu) Falta as pessoas terem uma liberdade mais inteligente, mais prática, e não ficarem como quase a totalidade dos brasileiros, pendurados num chavão ridículo: 'os portugueses nos exploraram, nós somos tão bonzinhos...' Fomos! Fomos! Passado do verbo! Não somos mais! Hoje as pessoas vivem sem horizontes, elas vivem o momento, mas um momento muito escroto. Não há um propósito de vida, aquela coisa de 'vamos fazer', entendeu? Acho que já encontraram pronto. E, se não estiver pronto, compram no shopping fazendo sempre a pior escolha.”

Pela milionésima vez: como Sergei comeu Janis Joplin
Serguei: “Que saco! Quem me apresentou tá ali, ó, no retrato na parede: Oliveira, percussionista da banda Chicago. Ele era amigo da Janis e me apresentou nos EUA. Tinha uma festa de escola e eu levei minha banda, Centauro. Ela vinha descendo uma ladeira vestida de cigana e ele me apresentou: 'Sergei, Ms. Janis Joplin'. Meu queixo caiu e eu fiquei rindo, brinquei perguntando se não era Jackie Kennedy. Ela riu e depois ficou séria. E me deu um beijo. Aí depois ela veio ao Brasil, mas me perguntar datas, lugares...é uma certa maldade (risos). Aqui no Brasil, a gente estava na Avenida Copacabana e ela me pediu uma caneta. (Interrupção provocada pelo cachorro Nick, que fuçou a lata de lixo) Aí eu dei e ela escreveu uma dedicatória na calça, na altura da coxa. Guardei aquela calça até hoje, como relíquia, mas muitos anos depois minha mãe achou ela nas minhas coisas, viu que tava suja e botou pra lavar! Perdí a dedicatória! Mas a calça tá ali, na parede.”

Viver é difícil, e a vida é curta.
Então, bota pra f*der!”

Shows:
Serguei: “Eu estou voltando de Belém do Pará, onde sou padrinho dessa campanha (mostra a camiseta) 'APAVERDE – Salvar o planeta é uma tarefa de todos nós', e todos os anos tem isso e eu vou lá, fazer um show. Estava lá a Mulher-Moranguinho! Tão bonitinha! Ela tem um rosto lindo! Tava aquela outra, que foi mulher daquele cantor, o Latino...a Kelly Key, e ela tem um programa na TV Record, e ela me entrevistou no camarim dela. Acho que é um programa pra crianças, ela falou 'crianças, é o Serguei!'
(Nova interrupção, desta vez pelo cachorro Nick, que entrou de focinho na barriga do entrevistado, pedindo comida)
Eles tem uma vida de rei aqui...todos vacinados, com muita água, comida, carinho...Nick, sai daí! Ele foi pra cozinha...vai comer alguma coisa que tá lá...ai meu Deus...essa é a entrevista mais underground que eu já fiz...!
Agora você vê que maravilha...as pessoas tem que sair dessa mesmice. Jovem cabeça, como você é, tem que prestigiar esse tipo de atitude...(bate palmas) acorda! Acorda! Viver é difícil, e a vida é curta. Então, bota pra f*der! Mostra sua opinião, senão...(risos) tem que comprar esse jornal, pra de repente ouvir essas coisas! Mostra sua opinião, diz o porque...que também não é todo mundo que merece uma opinião, uma idéia, uma explicação. E pronto! Mete a cara e vai em frente! Se alguem vier criticar alguma coisa, que critique por si mesmo. Não pela nação, que a nação não faz nada pela gente.”

Living in the USA:
Serguei: “Minha avó achava que minha educação não tinha de ser feita aqui no Brasil. Ela dizia: 'vocês são burros, incompetentes e preguiçosos. Vocês tem nas mãos um continente e nunca fizeram acontecer coisa nenhuma'. Minha avó era americana, e fazia a comparação: 'olha nós aqui e olha vocês lá'. Os garotos me perguntavam, no colégio: 'vem cá, naquele teu buraco lá na América do Sul, vocês pensam com os pés, não é?' Aí todo mundo aplaudia o cara. O Brasil é bonito, tem grandes potencialidades, mas nunca aconteceu mesmo. Quer dizer, minha avó tava certa.”

Política:
Serguei: “É igual a esse oba-oba em torno do Lula: acho muito carnaval, mas preciso te confessar uma coisa, que eu tenho medo de que ele saia. Porque eu não sei qual equipe econômica vai vir após ele, certa ou errada, essa equipe conseguiu colocar o Brasil muito bem colocadinho, a situação de hoje não é a de antes. Aquele batom vermelho, escandaloso, só pode ser usado por uma mulher linda, cheia de curvas e fazendo vários charmes com o corpo. Não pode ser uma matrona horrorosa. E o batom vermelho aí seria usado pelo Brasil, que é uma nação feia, politicamente. Então, pintar a boca do Brasil com esse batom vai ser um horror. Teria que ser um Brasil mais forte, porque hoje o país não pode ter o que quiser, como os países desenvolvidos. A democracia é para os Estados Unidos da América do Norte!, e não para quem quer. Nós não merecemos democracia, estamos completamente despreparados! Nós sequer sabemos o que queremos. E não existe nação sem povo. Temos uma bandeira em que tá escrito 'Ordem e Progresso', onde 'ordem' vem antes da palavra 'progresso'. Por que? Porque já se sabia naquela época, há um milhão de anos atrás, que não existe progresso sem ordem, cacete! Por que não temos progresso? Porque não existe ordem! É um corredor de loucos, onde ninguém se entende. O Brasil é um lugar onde todos roubam todo mundo o tempo todo! E pelo poder da televisão e do rádio, mostrando, falando, denunciando, o povo vai ficando desapontado e chega a um ponto que já vai ficando safado também! Dizem: 'Ah, é? Então vou roubar também!'. Então, a democracia é para os povos mais civilizados.
Nós não merecemos democracia, estamos completamente despreparados!
Nós sequer sabemos o que queremos.”

Serguei: “O Brasil é um país lindo, mas como nação, não existe. Só São Paulo que escapa, a única praga é ser mandado por Brasília. Se a revolução de 1932 tivesse dado certo, eu teria apresentado meu passaporte pra pedir cidadania paulista. Aqui em Saquarema pediram uma vez pra eu ser candidato a vereador, eu disse que ia ser, eu vou. Eu ia de sunga, meião e tênis. Esculhambava todo mundo e voltava pra casa. Ganhei 280 votos e eu disse: agora eu saio e deixo o suplente, que eu não quero assumir porra nenhuma, então não tem nada a ver comigo essa de política. As pessoas são muito engraçadas...a política partidária, é tudo muito burro! Aquí em Saquarema, por exemplo (risos)...eu tenho que rir...existe um deputado que é o que faz tudo pela cidade, e é amigo do Lula, é do PMDB, é colega, amigo do Governador, pega as coisas, as coisas vem pra cá, o dinheiro, as obras a serem executadas, então é o seguinte: o prefeito, governador, presidente de qualquer país, nada mais são que os homens do escritório. Homens ou mulheres, no caso daqui é uma mulher. Então tudo bem, é bonitinha, simpática, tem um sorriso, é inteligente, e ela tá entrando na vida política...ela tem uma certa competência, mas ela é a 'mulher do escritório'. Como Bush (EUA) era o cara do escritório, o presidente, prefeito não sei da onde são pessoas do escritório. Tem que despachar, pedir uma influência política, se vale a pena despachar aquilo favorável ou não, entendeu? Então eles são os caras do escritório, não fazem política, isso quem faz é o político. Ele faz todas aquelas coordenações, aquelas coisas, e consegue todo esse progresso que tem conseguido para a cidade. Aí o povo vai e vota num outro rapaz, que tinha problemas sérios com o Ministério Público. Ele poderia ser a pessoa que fosse, mas não poderia ser candidato a coisa nenhuma, pois se o MP tava processando o cara, como é que esse mesmo Ministério, ele entende – agora pegaram essa mania: eles 'entendem'. Ah, porque o Juiz 'entendeu'...mas eu também entendi, só que ao contrário do que ele está dizendo, porra! Então o MP 'entendeu' que ele pode se candidatar, mas se ele ganhar não assume! Bicho, isso parece aquelas comédias de circo! Aí o cara se candidatou e o povo daqui votou nele e não na mulher esposa do cara que faz a política pra trazer o dinheiro, executar as obras em Saquarema! O povo não votou porque tinha fixação nesse outro homem, sabe aquela coisa bem 'Sulamérica'? 'Este señor, Getúlio Vargas, Perón'...entendeu? O povo adora esse tipo de coisa! O povo vive o 'homem', o povo tem ícones políticos. Isso foi uma prova de estupidez extrema, burrice. Tem que atrair quem tem o dinheiro, quem tem o poder, quem tem amizades, que aí as coisas chegam! Prefeitos, essas coisas, eles são representativos, embora participem. Eles são apenas os 'caras do escritório'. E o resto? O resultado foi que o cara ganhou mas não entrou, e aí veio a prefeita.”

O povo vive o 'homem', o povo tem ícones políticos.
Isso é uma prova de estupidez.”

Imprensa:
Serguei: “Graças à Deus ainda leio jornais. Não tem nada melhor. Eu não fumo, mas quem fuma acorda, vai na banca de jornal, compra um e volta pra casa. Fica lendo, fumando e tomando café quentinho – ou suco de laranja, ou champagne, o que preferir. Mas o babaca, o imbecil, senta o c* numa cadeira, liga a máquina de escrever com tela, bate nas teclas e fica olhando...quer dizer, é o mau uso do computador. Se usar pra decisões ou pra adquirir conhecimentos, maravilha! Mas ficar assim igual a um babaca, os pais...aliás, os pais são culpados de tudo. Caráter, comportamento, isso tudo vem de casa e não da escola. Escola se aprende que 2 e 2 são 4, mas assim mesmo tem uns professores que dizem que não (risos), que é outro resultado...Existe muita sacanagem na imprensa, mas ela é livre! Pelo menos isso! De maneira que você tem acesso às palavras...que são as coisas mais importantes da vida, não é não?”

Paz? Amor?
Serguei: “Outro dia o governador do Rio estava no programa do Datena e disse que, no Brasil, os estados deveriam ser autônomos. Na mesma hora entrou a vinheta e veio uma mulher falar de sexo! E o cara sumiu. Se isso não é censura, não sei mais o que é. Aí depois o bandido pega um foguete e bota um helicóptero abaixo. Bicho, onde estamos? Eu não sei! Depois dessa, não entendo mais nada! Cadê a autoridade? A verdade é que quem manda no Brasil é o crime, porque é organizado. Por isso o nome: 'crime organizado'. Os caras mandam! Bicho! Os caras mandam!

Imagine se, nos EUA, derrubam um helicóptero
e o Governo não se pronuncia?
Vergonha mundial!”

Tanto mandam que, se não fosse assim, não iam derrubar um helicóptero da PM, ou mesmo civil. Aí saíram pra procurar no morro o desgraçado que fez isso. Só que o desgraçado já sumiu, não vão encontrar e acabou! E se encontrarem, logo depois o morro volta a ficar igualzinho a antes. Imagine se em Washington, Miami, ou o que for, lá nos EUA, um bandido derruba um helicóptero seja de quem for, e o governo americano não se pronuncia e nada acontece: meu Deus do céu! Vergonha mundial! E aquí ninguém fala nada e está tudo bem, fica por isso mesmo!
Cansei, sabe?”

Entrevista concedida ao editor, Walter Biancardine, em outubro de 2009 no Templo do Rock - Saquarema, RJ


Um pouco sobre o ídolo:
SÉRGIO AUGUSTO BUSTAMANTE (Serguei) 8/11/1933 - Rio de Janeiro
Cantor cuja carreira artística sempre foi pontuada pela irreverência. Fez parte da Jovem Guarda, da Contracultura e do Movimento Hippie. Artista irreverente, irriquieto e ousado, sua primeira gravação - um compacto simples pelo selo Equipe em 1966 - trazia as composições "As Alucinações de Serguei" e "Eu Não Volto Mais", com acompanhamento do grupo The Youngsters. Serguei foi amigo pessoal de Janis Joplin e Jim Morrison quando, por alguns anos, morou nos Estados Unidos.
Sua discografia é bastante heterogênea:

1966 - As Alucinações de Serguei-CS-Equipe
1968 - Eu Sou Psicodélico -LP-Continental,
1970 - Ouriço - CS-Polydor,
1972 - Alfa Centauro – CS - Orange,
1975 - Psicodélico – CS - Groove Records,
1979 - Serguei- Samba,Salsa – CD -Arlequim,
1983 - Hell's Angels do Rio - CS - Fermata,
1984 - Mamãe Não Diga Nada ao Papai -TopTape
1991 - Coleção de Vícios - LP-RCA-Victor,
2002 - Serguei-Coletânea – CD - Baratos Afins.
2009 - Bom Selvagem – CD – Blues Time Records

Estudou teatro com Paschoal Carlos Magno e atuou no filme "Toda Vida em Quinze Minutos". Também participou da segunda edição do Rock in Rio em 1991 e no ano de 1997 foi lançada a sua biografia "Serguei, o Anjo Maldito", autor João Henrique Schiller, pela CZA Editora.

Kid Vinil assim o definiu:"Serguei é um outsider do rock nacional."

Filho único de um executivo da IBM, Domingos Bustamante, e da dona de casa Maria. Na infância, teve um amigo russo que lhe chamava de "Sergei" ("Sérgio" em russo), porque tinha dificuldade em pronunciar seu nome corretamente, por isso o apelido ficou. Aos 12 anos, foi morar com Lia Anderson, sua avó materna, em Long Island, Nova Iorque, onde participou de festivais estudantis. De volta ao Brasil, em 1955, trabalhou no Banco Boavista (onde foi demitido), e depois como comissário de bordo na Loyd Aéreo, Cruzeiro do Sul, Panair e Varig, sendo também demitido após uma bebedeira em Madrid.

Voltou aos Estados Unidos onde começou sua carreira musical. Em 1969, esteve no famoso Festival de Woodstock , e no final deste mesmo ano, o cantor afirma ter conhecido a cantora americana Janis Joplin, em Long Island, um dos motivos pelo qual ficou conhecido. Em 1972, de volta ao Brasil, foi morar na cidade de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, onde vive até hoje.

Serguei fez shows em duas edições do Rock in Rio: Rock In Rio II (1991) e Rock In Rio III (2001); fez também aparições como espectador no Rock in Rio IV e Rock in Rio V. Nos últimos anos, o cantor tem participado de diversos programas na televisão. Em 2011, participou de alguns quadros do programa Show do Tom, da Rede Record; e em 2012, foi entrevistado por Danilo Gentili no programa Agora é Tarde. Serguei é um dos artistas que mais teve convites e aparições no Programa do Jô, apresentado por Jô Soares, de quem é grande amigo.

Em 2011, o Multishow produziu o programa "Serguei Rock Show", que contou com 10 episódios, e a participação de roqueiros como Rogério Skylab e Zéu Brito.

Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, Serguei faz shows até hoje ao lado de sua atual banda, a Pandemonium, que o acompanha desde 2008. É considerado cantor oficial do grupo Hells Angels (motoclube internacional).

Em abril de 2013, sentindo fortes dores pelo corpo, Serguei foi internado no hospital Nossa Senhora Nazareth, no Rio de Janeiro. Voltou para casa após alguns dias, mas duas semanas depois retornou, passando mais dois dias internado. Ao ser liberado novamente, declarou estar tomando remédios e querer voltar a fazer shows, pois já se sentia bem.

Em sua residência, na cidade de Saquarema, foi criado o "Museu do Rock", administrado por Serguei, constituído com peças de roupas, discos, prêmios, livros, cartazes, filmes em VHS e outros materiais sobre a vida do cantor. Sua residência é um ponto turístico da cidade.
Em 2009 concedeu a entrevista acima, na estreia do Opinião, e acabou por tornar-se o padrinho e muso inspirador do jornal.
Em 2010, a prefeitura de Saquarema fez uma ampliação em casa, reformando-a.
O Templo do Rock é considerado um local histórico na cidade.

Walter Biancardine



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

EDITORIAL - CRIANÇAS PROVINCIANAS



Câmara de Búzios pede o afastamento do Dr. André do Cargo.
Um fedelho em Cabo Frio protocola um requerimento querendo destituir Alair do poder.
Um sindicato faz greves sem fim, acreditando que o mundo parou para assisti-lo.
Requerimentos, protocolos, processos, greves, passeatas…em Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia...e por aí vai.
Qual dos casos acima é justo? Qual é mero oportunismo?

A classe politica e os aspirantes á ela na Região dos Lagos estão se assemelhando, nos últimos tempos, a bebês que descobriram seu poder de destruir empurrando um copo de cima da mesa: encantados, repetem, repetem, abusam do direito e o prostituem, transformando armas legítimas da democracia em um achincalhe – uma alavanca de suas vaidades e ambições pessoais.

Vivemos hoje em um momento que mal podemos distinguir o que é uma iniciativa cabível, embasada, daquilo que surge na mídia – sempre escandalosa – como mera fanfarronice eleitoral.

O desgaste provocado por este tipo de espetáculo tosco – na verdade, uma farsa, pois não se busca solucionar o problema e sim “aparecer bem na foto”, como defensor dos oprimidos – apenas gera o descrédito que hoje as instituições brasileiras sofrem.

Aos olhos do povo, um mar de impunidade corre solto quando, na verdade, muitas coisas não seriam realmente puníveis e sim lá arroladas apenas pelo desejo de aparecer, por parte de seus promotores.

Enquanto isso crimes verdadeiros são varridos para baixo do tapete, pois a atenção pública foi desviada para factóides com evidente finalidade de auto promoção.

Está na hora de abandonar o provincianismo.
Está na hora de crescer.


Walter Biancardine

GREVE DO SEPE TEM DATA E HORA PARA ACABAR


A greve do SEPE já tem data e hora para acabar: zero hora do dia 02 de outubro de 2016, dia das eleições municipais em todo o Brasil e, é claro, em Cabo Frio – onde o sindicato espera emplacar alguns de seus dirigentes como vereadores ou, no mínimo, angariar votos suficientes para garantir um bom cargo ou posição de poder e influência na administração municipal.

Publicamos ontem que os dirigentes do mais espúrio dos sindicatos teriam tomado algum tipo de calmante para terem sido tão compreensivos, educados e cordatos com o homem que, apesar de seus mais de 70 anos, xingavam não só a ele mas sua família também até o dia anterior.

Alair teve seu gesto de boa vontade. Procurou o diálogo, mostrou as contas, explicou as dificuldades e impossibilidades. Entre quatro paredes, dirigentes foram compreensivos e reconheceram o aperto passado pelo município. Mas esta compreensão funcionaria em uma assembleia repleta de militantes sedentos de sangue?

Falhou. Ainda que tenha havido uma boa vontade real do SEPE, o mesmo agora é prisioneiro do monstro que criou, a turba inflamada das assembleias, que não aceitará nada menos que a cabeça de Alair em uma bandeja de prata.

O SEPE não pode viver sem a greve. Não pode viver sem os holofotes que a mídia amiga – composta igualmente de candidatos – dirige a eles. Não pode se dar ao luxo de entrar em um acordo e dispensar o precioso palanque eleitoral, que sangrará pais e alunos de Cabo Frio por todo ano de 2016 até que cheguem as eleições e suas ambições sejam satisfeitas.

Talvez já tenhamos gasto linhas e páginas demais com semelhante ajuntamento de desqualificados.

É hora de parar de falar neste sindicato de bandidos, de dar o cartaz que tanto querem.

Chega de SEPE. E que pais e alunos se lembrem de quem os deixou sem aulas, sem esperanças e sem o direito de tocar a vida adiante.

Greve que nunca acaba: o palco do eterno comício do SEPE.


Walter Biancardine

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CURTAS & GROSSAS


Dia atípico
O prefeito Alair Corrêa reuniu-se, na Câmara de Vereadores nesta quarta feira, em uma conversa com os sindicalistas do SEPE intermediada pelos edis.
Mostrou as contas, explicou pela enésima vez a questão da insuficiência do FUNDEB para a folha de pagamentos da educação e, a tal ponto foi didático que o vereador Aquiles Barreto – pasmem! – teria se oferecido para conseguir um empréstimo junto a Caixa Econômica Federal para aliviar as dores do magistério.

Dia atípico II
Os sindicalistas do SEPE devem ter tomado alguma coisa antes da tal reunião. Valium 20mg, Lexotan, o que seja. Espantosamente calmos, espantosamente cordatos, igualmente concluíram que a situação financeira da Prefeitura é terrível e concordaram em receber estas mesmas contas apresentadas na Câmara para análise.

Dia atípico III
Aproveitando a maré – tá tranquilo, tá favorável – o prefeito Alair Corrêa falou sobre a reunião na mídia. Primeiro, no programa Amaury Valério e depois – pasmem 2! – no Região em Foco, aquele mesmo que esculhambou o governo diante de um Secretário de Cultura, no caso o Facury, atônito e sem direito de resposta diante de tanta grosseria.

Dia atípico IV
Alair falou – pausadamente, calmo e de modo quase didático – sobre o conversado na Câmara. Explicou a insuficiência de fundos, a questão dos atrasos no pagamento mas sem nunca deixar de pagar aos professores e o porquê de ter aberto o diálogo com o SEPE:
- Sou um democrata, mas não admito que se reúnam na porta de minha casa e me xinguem, ofendam minha família, minha mulher. Na audiência de conciliação eles (os dirigentes) se mostraram mais calmos e cordatos, por isso resolvi conversar, explicou o prefeito.
Com a carapuça enterrada até o pescoço os dois apresentadores, que meses antes o esculhambaram, apenas engoliram em seco.

Dia atípico V
Aliás vale ressaltar a mansidão, cordura, educação – quase miaram para o prefeito, na verdade – da dupla a frente do Região em Foco. Bem diferente da agressividade barraqueira com que destrataram um Secretário Municipal do mesmo governo, naquele mesmo programa.
Quando Alair – sem nenhum sorriso – fala baixo, calmo e pausado, o sangue dessa gente gela nas veias.

Rotina
Entretanto, nem tudo são flores nesta nova conjunção astral que parece ter alinhado os planetas no dia de hoje. O radialista Ademilton Ferreira segue batendo duro em Alair, com uma ferocidade nunca vista. Parece que, quando o assunto é Prefeitura, Ademilton esquece o risinho debochado com que costuma soltar suas eternas indiretas. Papai Ariston garante.

Nova rotina
Já o blogueiro Chicão prossegue em sua nova função de espinafrar o mesmo prefeito o qual – pouco tempo atrás – morria de amores. Desapoderado, sai batendo em todo mundo sem guardar critério, lógica, coerência ou respeito à verdade.
Daqui a pouco poderá dar o braço á “anciã culta” em suas críticas contra a mão que o afagou.

NOTA POSTERIOR: verificamos as postagens no blog do Chicão e, realmente, ele não afirma que o prefeito estaria doente. Ele fala, isto sim, que a "família deveria se preocupar com sua saúde". Mesmo considerando o sentido dúbio da frase, publicamos esta errata.

Aposta
A verdade é que se o SEPE finalmente entrar em acordo com Alair, o blogueiro protegido de Janio ficará – tal como seu patrono – sem discurso.
Apostas já estão sendo feitas na certeza de que o menino vai tentar ressuscitar o pedido de cassação do prefeito, reclamar do Ibascaf, falar do buraco na rua ou que um imbecil pichou o convento – e a culpa, é claro, será do chefe do Executivo.
Desespero puro.



domingo, 21 de fevereiro de 2016

CRÔNICAS DE DOMINGO - Um senhor que ajuda


- Graças a Deus ela tem um senhor que ajuda, senão nem sei o que seria dos seus estudos, exclamou aliviada dona Palmira, ao saber que os três últimos meses do colégio da filha – uma linda jovem de 15 anos que desabrochava em flor diante da cobiça alheia – estavam adiantadamente pagos.

Rousemar – ou simplesmente Rose – era o fruto dourado do casamento daquela pobre costureira da Vila Nova, viúva de um pescador que ninguém sabia ao certo se havia, de fato, morrido.

Seu Alberízio – o senhor que ajudava devotadamente a jovem – era um conhecido e circunspecto dono de comércio na praça Porto Rocha e, altruísta, tudo fazia para que o anonimato de sua filantropia permanecesse.

Proprietário de um armazém de aviamentos e passamanarias, não apenas custeava os estudos da jovem como também provisionava a mãe da menina com fornecimento abundante de matéria-prima para suas costuras. De fato, a vida finalmente parecia facilitar um pouco as dores de dona Palmira, agora amealhando seus trocados com as costuras e apostando na formosura da filha como o arrimo de sua velhice.

Aquele final do ano de 1966 seria, de todas as maneiras, marcante para a pequena e modesta família. Sua pequena jóia, Rose, terminaria o primeiro grau, completaria 16 anos e poderia ajudar a mãe em sua faina de costuras e arremates. Dona Palmira já ensaiava o discurso de agradecimento que faria aos pés do generoso Alberízio, quando a pequena irrompeu pela sala, decidida:
- Mãe, vou embora daqui.

A velha sentiu o teto desabar-lhe sobre a cabeça, e perguntou quase em uma expectoração:
- Como assim, minha filha? Endoidou?

-Não, o seu Alberízio me disse que quando eu completasse os estudos ele montava uma casa para mim, revelou, sem a menor cerimônia.

Palmira sentou-se em seu sofá puído, em busca de amparo. Compreendera de um só lance tudo o que se passara nos últimos dois anos; da mudança de comportamento da pequena passando pelos seus trejeitos e gostos precocemente femininos, as conversas cochichadas entre Rose e seu protetor – que supunha somente caridosos e ajuizados conselhos paternais – e sentiu-se enojada e envergonhada de jamais ter enxergado a concupiscência em tantos “colinhos” que o abastado senhor oferecia à jovem, ainda menina.

Uma surra de cinta limitou o trânsito da rapariga entre seu quarto e o banheiro enquanto, resoluta, Palmira ganhava a rua rumo ao armazém de aviamentos.

* * *

- O senhor é um homem casado, seu Alberízio! Como pode fazer isso? E com uma menina que podia ser sua filha, disparou Palmira, defronte ao balcão da loja que ficava na frente do lar do comerciante.

O até então circunspecto senhor gelou com a súbita aparição da costureira e quase desmaiou ao constatar que sua mulher, alarmada com os gritos, veio à venda para saber o que se passava.

Palmira olhou a mulher, uma senhora de idade aproximada à sua, que enxugava as mãos em seu avental e trazia atrás de sí uma pequena fieira de crianças curiosas – uma prole que ia de uns 9 aos seus 15 anos – e perdeu o ímpeto.
- Seu Alberízio, eu preciso falar em particular com o senhor!

* * *

Arrependera-se daquela conversa. Arrependera-se mesmo de ter sentido alguma piedade da mulher do negociante, dos seus filhos, completamente inocentes da depravação que minava seu lar, feito infiltração dos piores esgotos da alma. 

Realmente, arrependera-se de tudo ao constatar que – na prática – aquele seríssimo senhor era agora proprietário de sua filha, um cafetão em trajes sociais cujo único interesse teria sido preservar uma libido decadente, alimentando-a de mocinhas cada vez mais jovens e que porventura já houvessem nascido sem o sentido da decência em suas almas.

Sim, porque não há concubinato com menos de dois culpados. Agora Palmira sabia que, por razões que só Deus entenderia, sua pequena filha sempre estivera disposta a trocar a virtude pelo conforto, desde que aprendera a traduzir as razões de tanta gentileza do velho senhor, e isso mal saída da infância. Na cabeça suja da pequena, pensava Palmira, que mal haveria em deixar-se apalpar se era tudo o que o velho queria? Em troca ela teria boas roupas, passeios, estudo!

Concluíra finalmente que sua filha achara a troca justa, quase uma pechincha, antes de cair ao chão vitimada por um derrame.

* * *

Quatro anos se passaram desde a morte da pobre velha. Quatro anos se passaram, nos quais a agora moça feita insistia em seu sonho de casar-se com o velho Alberízio – insinuações sempre rechaçadas a custa de piadas, brigas ou mesmo presentes caros.

Naquela véspera da decisão da Copa do Mundo, Rose encheu-se de razões cuidadosamente garimpadas entre os grãos de sua moral e bateu às portas do comércio de seu protetor. Sem a condescendência de sua falecida mãe, a moça criou um escândalo de proporções bíblicas ao provocar a expulsão do velho de sua própria casa pela sua enfurecida mulher que agora, finalmente, sabia de todo o lodaçal que corria sob seu nariz.

Assustada com as consequências avassaladoras de seus atos, escondeu-se Rose em sua casa de teúda e manteúda enquanto os comentários ganhavam a cidade, desmoralizando toda uma família, um comércio, e sem sinal de que aquilo fosse ter um fim tão cedo.

Os meses correram. Alberízio perdera o comércio para sua mulher, ameaçado pelos cunhados. 

Empobrecido, mudou-se para uma pequena casinha cujo aluguel às duras penas pagava, com seus parcos rendimentos de caseiro na mansão de um milionário carioca.

Imaginou o velho que seria a hora, então, de casar-se de fato com sua protegida e poder contar com o conforto daquela casa, que tão cara – em todos os aspectos – lhe saíra. A resposta a sua reivindicação, entretanto, fora uma debochada gargalhada. A formosa Rose era agora noiva, casaria em breve com um tenente que servia na Base Aero Naval de São Pedro da Aldeia, e que se ele não fosse embora logo, ela mandaria chamar os militares.

Alberízio terminou seus dias na mais sórdida miséria, em uma cabana nas matas do Peró, onde fazia uma pobre menina cega vender conchinhas na beira da estrada, aos turistas que passavam.

Walter Biancardine


AOS ALUNOS, COM CARINHO


Sendo tal cartaz de autoria do SEPE, podemos traduzir:

"Querido aluno, estamos nos lixando pra você.

Não sentimos falta nenhuma das salas de aula, pois o que importa pra nós é eleger alguém da diretoria como vereador.

Não estamos deixando de ensinar: estamos ensinando que o importante é o poder, o dinheiro, a influência - essa história de ir à luta é só pra engambelar pais e mães otários.

Vamos infernizar a cidade, não importa o preço, e vamos deixar o Governo do Estado em paz, pois mesmo que nosso sindicato seja estadual, não vamos contrariar aqueles que nos financiam.

Assim, amanhã você vai entender que alguém te ferrou em nome de suas próprias ambições, e que nessa vida vale a lei do mais canalha."

Com carinho,


Dos dirigentes que se dizem professores.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

SILÊNCIO GRÁVIDO


Hoje é sexta feira, fim de semana que chega e momento de tirar dos ombros a pesada mochila das batalhas cotidianas.

Porém, ao contrário de tantas outras, percebe-se nesta um estranho e pesado silêncio – calmaria após as tempestades, dirão os otimistas. Ou a quietude que prenuncia tormentas, segundo os pessimistas – silêncio grávido, cujo rebento é fruto de grande e duradoura interrogação.

Paira nos ares a tensão surda, indefinível, inquietante e que nos faz temer respostas tanto quanto a malícia dos que perguntam, posto que – ultimamente – nada parece acontecer de forma aleatória e inocente.

É o silêncio ensurdecedor, que confunde bússolas e angustia os homens.

Se nada pode ser feito, algo há de ser dito.

O silêncio adormece os corações.


Walter Biancardine

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

BULLYING VIRTUAL: A VALENTIA DOS ANÔNIMOS


Há um limite claro entre a luta justa, o bom combate – não importando as razões – e o jogo sujo, o golpe baixo e o terrorismo, seja ele real ou virtual.

Existe um padrão claríssimo, fácil de perceber, nas táticas de imposição de ideias pela força, empregadas por toda a esquerda brasileira: a patrulha ideológica virtual, o ciber-bullying, as agressões em comentários postados, difamações, boatos e calúnias na mídia seguem uma linha descendente, idênticos entre si em seu modus operandi, cujo início percebemos nos defensores do governo petista – e, a reboque, nos manifestantes pró-PT, MST, Passe Livre e outros – e que permeia todas as esferas de oposição governamental.

Os ataques baixos empregados em defesa da roubalheira Federal são replicados de maneira idêntica quando o governo de um Estado ou Município se interpõe entre tais “guerrilheiros” e seus objetivos.

O que vemos em Cabo Frio atualmente não é uma reação espontânea de trabalhadores indignados: trata-se de um movimento calculado, orquestrado e com uma finalidade precisa, que é desestabilizar o governo. Só um cego não perceberá as mesmas táticas e golpes baixos, empregados pelo SEPE para conseguir seus objetivos eleitorais.

O mais espúrio dos sindicatos se utiliza dos serviços de “guerrilheiros virtuais” para lotar as páginas de seus adversários com ofensas, calúnias e provocações. Em sua maioria são pessoas que sequer pertencem ao magistério, e que usam como desculpa “simpatia pela causa” ou por ter algum parente exercendo a profissão.

Outros, mais óbvios, servem-se de perfis falsos cuja única finalidade – coordenados pela direção do sindicato e seus patrocinadores – é lotar as redes sociais de xingamentos e assim aparentar, aos olhos de um visitante incauto, que formam uma “maioria esmagadora e indignada”.

Tudo mentira, tudo falsidade, tudo orquestrado!

Não mais de 10 perfis conseguem engarrafar as redes sociais com suas agressões, chegando ao ponto de políticos, como o prefeito Alair Corrêa, se retirarem da internet para preservar um mínimo de dignidade e que culminou com o absurdo linchamento moral de um garoto de 13 anos, que atreveu a dizer-se contra o movimento.

Só que a criatura, engendrada pelas esquerdas e adotada pelo SEPE, começa a sair do controle e ganhar vida própria, já que passou recentemente a atacar até mesmo aliados, como o ex-prefeito Marquinho Mendes, em suas intervenções na rede.

Ao lado desta presença terrorista e agressiva nas redes sociais, reza a cartilha esquerdista que igualmente dominem a mídia – e não foi outra a razão de convidarem artistas e jornalistas conhecidos na cidade, para concorrerem á vereança.

O Opinião, por diversas vezes, já alertou – e os fatos provaram ser verdade – quanto á utilização de pessoas proeminentes e movimentos reivindicatórios para fins eleitorais.

Não é outra a razão de, agora, o SEPE tentar “limpar sua barra” convocando reuniões com pais de alunos objetivando convencê-los a engolir o prejuízo.

Não foi outra a razão de acusarmos como político o protesto solitário de uma “rapper” – foi convidada pelo deputado Janio Mendes para ser candidata a vereadora.

Não é outra a razão de afirmarmos serem estas greves palanques eleitorais – dirigentes do SEPE serão candidatos em outubro.

E não foi a toa que afirmamos o propósito de dominação da mídia – a jornalista Renata Cristiane, igualmente convidada para concorrer á vereança.

Ilesos nesta guerra e posando de inocentes, só Janio Mendes e seu fiel escudeiro, dublé de agitador e dirigente sindical – os fiéis depositários, em Cabo Frio, de todos os horrores do desgoverno petista que quebrou o Brasil.

Cabe a pergunta: por que será?

Walter Biancardine



terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

MOMENTO CULTURA – Sequelas do Vietnam


Talvez um dos momentos mais inglórios da história recente dos Estados Unidos tenha sido a guerra do Vietnam.
Horrores bélicos à parte, uma tremenda convulsão social envolveu governo, cidadãos, ativistas e ex-combatentes de volta ao lar.
Em plenos anos da filosofia “Paz e Amor”, os soldados que retornavam do front – muitos mutilados, feridos ou com a mente destruída pelos horrores da guerra – acabaram sendo hostilizados pelo próprio povo que defendiam.
Tornaram-se símbolos da matança – os “matadores de criancinhas” - e não encontraram em seus compatriotas, amigos e vizinhos o apoio necessário.
Abandonados até pelo próprio governo, hostilizados pelo povo e arrastando as sequelas dos horrores vividos, formaram o que se convencionou chamar de “geração perdida”.
Foram precisos muitos anos até que os ânimos esfriassem e o país compreendesse o sacrifício de quem se entregou à luta e nem ao menos um “muito obrigado” recebeu.
Alguns, felizmente, viveram para receber o agradecimento.
Muitos, entretanto, morreram amargurados, odiados e esquecidos.
Quem realmente colheu os louros foram os ativistas do “paz e amor”, cuja filosofia de omissão, embuste, intrigas e pleno domínio da mídia conseguiu impor sua versão dos fatos.
Existem guerras em que não há vencedores.
É preciso um mínimo de respeito aos que lutaram.
Walter Biancardine

O TEMPO ARRANCA AS MÁSCARAS


Um garoto de 13 anos resolveu agir contra o excesso de protestos do SEPE Lagos e, por esforço próprio organizou o mesmo, acreditando que tudo correria bem.

Ciente que os professores são uma classe honrada, que não compactuam com as manobras politicas de um sindicato-palanque, apostou que haveriam adesões e muitos encontrariam em seu ato a chance de externar suas opiniões.

Faltou experiência, faltou vivência, faltou “maldade”, e o protesto deu errado.

Ninguém gosta de sofrer um revés e o mesmo, por sí só, já seria uma consequência bastante pesada para o menino carregar, afinal até mesmo gozações por parte de colegas de escola ele poderia temer.
A nota triste é que nenhum colega sequer pensou nisso.

Mas o SEPE sim.

A direção do sindicato – e mais o batalhão de guerrilheiros virtuais, que repete a cartilha dos MAV's terroristas das redes sociais em patrulhas ideológicas – é composta, também, de professores, imagino.
E estes “professores” não perdoaram a iniciativa do jovem Davi.

Uma enxurrada de xingamentos, deboches, palavrões, calúnias – um verdadeiro “ciberbullying” - invadiu a matéria do Opinião postada ontem, sobre o movimento que deu errado.

“Professores” que xingaram o jovem; “professores” que debocharam de sua iniciativa, “professores” que desqualificaram seu direito a ter uma opinião, “professores” que atacaram não só um menino de 13 anos mas também sua família.

Pior: “professores” cheios de diplomas, inflados em suas arrogâncias intelectuais – já os chamei de “úteros sem ovários, apenas acumulam esperma sem nenhuma vida darem à luz”, ou seja, conhecimento sem frutos – e que mantém blogs, frequentam programas de rádio e TV, igualmente e sem a menor vergonha tentaram castrar o menino, debochando, rindo, desqualificando – matando-o espiritualmente, se possível fosse.

Tal comportamento delinquente, patológico, é um preocupante indício do caráter daqueles a quem o menino se atreveu a enfrentar.

Os verdadeiros educadores, os mestres reais e vocacionados, certamente não concordaram em sua totalidade com o menino – afinal, estamos tratando do recebimento de salários, do ganha pão – mas compreenderam que é dever daqueles que se propõem a formar uma pessoa permitir que tentem voar, e até incentivar a iniciativa. Os que não concordaram foram dignos, e mantiveram-se quietos.

Mas a direção do SEPE, não.

E tamanha foi a crueldade, a ânsia de linchamento moral de um garoto cuja única culpa é admirar um desafeto político do sindicato, que seus excessos acabaram por transformar o erro do menino em uma impressionante vitória da verdade sobre as ambições ocultas.

Em outubro, estes mesmos linchadores de crianças estarão pedindo seu voto, prometendo educar seus filhos e cuidá-los.

As aulas recomeçam. Você, pai e mãe, confiarão neles?


Walter Biancardine

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

COVARDES NEM TENTAM


Um garoto de 13 anos abriu mão do direito de ser espectador e decidiu ser protagonista, em uma situação absurda, abusiva e prejudicial não apenas a ele, mas também a muitos outros garotos e garotas perdidos, sem saber dos seus rumos – confiscados por um sindicato sem nenhum escrúpulo em tomar os destinos de jovens como reféns de suas pretensões políticas.

Errou, querendo combater fogo com fogo, protesto com protesto, multidão com multidão – que não apareceu, em parte farta de tantos transtornos nas ruas e em parte temerosa com a possível violência dos integrantes do tal sindicato que – coincidentemente – marcou mais uma manifestação, e para o mesmo dia.



Errou sim, mas enquanto muitos apenas sofriam passivamente uma decisão arbitrária e ilegal de um sindicato, ele tirou a bunda da poltrona e apresentou-se para a briga. Desigual? Sim, um jovem e inexperiente rapazola de pouco mais de uma década de vida não é páreo para baderneiros profissionais.

Mas sua coragem juvenil deixa evidências que podem ser plenamente observadas na reação do, digamos, “vitorioso” SEPE: professores, mestres educadores, responsáveis pela formação de toda uma juventude, agora zombam de um jovem e pretendem não apenas emprestar o ridículo ao que deveria ser cultivado e incentivado, mas também querem roubar-lhe até mesmo a iniciativa corajosa, atribuindo a terceiros sua tentativa.

Nem ao menos lembraram-se da dignidade do silêncio; a cegueira, barbárie e insensibilidade apodreceram o sindicato em seu cerne. Assim, colhem agora sua vitória de Pirro, desmoralizados em sua crueldade justamente contra aqueles que são a razão de seus ofícios.

Cabo Frio está de luto: morreram os mestres, nasceram os monstros.

Mas o futuro nos reserva um Davi.


Walter Biancardine

SEPE: PRIMÁRIOS E PREVISÍVEIS...


ATENÇÃO PAIS E ALUNOS: NÃO CEDAM AS PROVOCAÇÕES - ELES QUEREM SER "VÍTIMAS"!


domingo, 14 de fevereiro de 2016

ARMAÇÃO REVELADA – AGORA A PALHAÇADA SE EXPLICA!


Ratos costumam abandonar um navio quando farejam perigo.
O professor-censor, que não tem o faro muito apurado, imaginou farejar algo errado no atual governo e, esperto, tratou de bandear-se para o braço truculento da dupla Mendes & Mendes: o SEPE.

Não foi outra a razão da inexplicável (até então) birra contra o garoto Davi, que por iniciativa própria organiza uma manifestação popular contra o mais espúrio dos sindicatos já vistos.

A farsa foi evidenciada pela postagem sentimentalóide de Rafael Peçanha – um dos dirigentes do SEPE e virtual candidato a vereador – que tenta desqualificar a iniciativa de Davi com a alegação de que o mesmo estuda em escola particular.

Para variar e seguindo a tradição de frouxidão da oposição, afirmam ainda que “tudo é feito à mando de Alair”. Para eles, ninguém possui capacidade ou iniciativa própria, sempre são lacaios de alguém, fazendo seu “serviço sujo”. Ora, o gato que usa, acusa!

Sem argumentos, Rafael Peçanha mais uma vez apela para o drama. Faro errado, Chicão se bandeia para o lado que acredita ser mais popular – ambos professores, ambos historiadores, ambos socialistas, ambos úteros sem ovários.

E por que a convocação feita pelo menino Davi não é legitima? Só porque o sr. Rafael assim o quis? Porque é contra o SEPE? Ou por ciúmes e inveja? Por não querer correr o risco de um garoto de 13 anos mobilizar mais gente que seu sindicato fora da lei?

O professor Chicão se uniu ao também professor Rafael Peçanha com o único objetivo de esvaziar o movimento idealizado pelo jovem, esta é que é a verdade.

Um assim o fez por inveja. Outro, por medo. Enquanto se discute a idade de Davi, esquecemos a ilegalidade do SEPE e a manifestação contra o mesmo, já marcada.

Chicão quer a renúncia de Alair e uma boca no próximo governo, por isso se uniu ao SEPE, que teme uma manifestação pública contra seus desmandos, organizada pelo jovem Davi.

Ambos os professores emprenhados de títulos e diplomas, reivindicando o monopólio da sabedoria. Ambos professores, mas descrentes dos jovens.
Ambos medrosos e despeitados.
\Ambos querem os jovens somente se forem a seu favor.

Está desmascarada a farsa.


Walter Biancardine

INFANTILIDADE SEM FIM – PROFESSOR QUER CENSURAR JUVENTUDE


Um socialista que defende a meritocracia - “Consegui meus diplomas a custa de muito esforço” - quer calar a boca de quem discorda de sua ideologia -


Penso que, por causa de um menino birrento e teimoso, este assunto tão cedo terá fim. E não estou falando do menino de 13 anos, que escreve suas impressões e opiniões sobre a política cabofriense: falo sobre o outro menino, o de meio século de vida, que não se conforma em ver que o mundo é indiferente às suas pseudo verdades e condena o direito de um jovem postar suas opiniões, nas redes sociais e blogs.

De formação stalinista radical, praticante descarado de doutrinação política em salas de aula, sem o menor senso de democracia ou, ao menos, de equidade, grita o gorila ditador que o Conselho Tutelar intervenha no caso – pois, segundo ele, “não é possível responder á um adolescente”.

Pois este referido professor é notoriamente incapaz de responder a quem seja – garoto, velho ou tamanduá – já que, do alto de seus inúmeros diplomas, graduações e anos de sala de aula, revelou-se sem condições de produzir o que fosse, com tais conhecimentos acumulados.

É um útero sem ovários: acumula esperma, sem dar nenhuma vida á luz.

O tal “socialista empreendedor” quer CENSURAR o jovem blogueiro pois, como menor de idade, não teria o direito de fazer perfis em redes sociais ou blogs e – pior – de atrever-se a falar de política! Em sua lógica doente, aos 13 anos não pode sequer comentar sobre isso, mas aos 16 poderá eleger um presidente da República! Aos 13 anos pode mudar de sexo, mas não pode admirar Alair Corrêa. Qual seu problema com os heróis que o rapaz escolhe, meu caro?

Do alto de seus inúmeros diplomas, graduações e anos de sala de aula,
revelou-se sem condições de produzir o que fosse:
é um útero sem ovários, acumula esperma sem dar nenhuma vida à luz.


Em sua pobreza de argumentos, resolve atacar a mim também, imaginando ter uma grande arma ao chamar-me de “portariado neonazista”. Isso posto, resolvi ensinar ao professor de história o que – aparentemente – ele esqueceu: “Partido Nacional SOCIALISTA” - National Sozialistische Arbeitenpartei – é o nome completo do PARTIDO NAZISTA, que é o quê? Adivinharam! SOCIALISTA!

Matou 6 milhões de judeus, gays e ciganos que, somados aos mais de 100 MILHÕES de almas que foram trucidadas pelo regime SOVIÉTICO, CHINÊS e CUBANO que este professor tanto admira, dá bem uma ideia do calibre de sua imbecilidade: quem discorda das verdades sagradas do socialismo deve ser chamado de NAZISTA, FASCISTA – fácil, não?

Pois bem, meu caro e problemático chefe de torcida organizada; meu prezado – quando interessa – empreendedor capitalista, organizador do Dog Rock e Rock Humanitário, os quais tiveram o bondoso apoio do prefeito que hoje ele critica, fica aqui meu desafio: entre na Justiça contra o menino. Entre na Justiça contra mim, me acusando de nazismo. Entre na Justiça contra Deus, que te negou talentos e capacidades que inveja.

Mas, antes disso tudo, procure um bom terapeuta, pois socialismo é como espinhas: se não passar após a puberdade, melhor buscar ajuda.

Ditadura aqui não tem vez, filho.


Walter Biancardine.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

NUNCA SE ESCREVEU TANTA BESTEIRA


Por vezes julgamos um surto como terminado, mas pelos mistérios que só a psiquiatria conhece, o que pensávamos ser o fim era apenas uma pausa para novo acesso.
Não é nosso desejo entrar em nova polêmica, nova briga, novo desentendimento. Mas é impossível deixar passar impune um dos maiores arreganhos ditatoriais de um representante da (já ditatorial de berço e criação) esquerda cabofriense, clamando pela interferência do Conselho Tutelar sobre os escritos do jovem Davi Matos.
Nem vou comentar os excessos protecionistas da lei – citados pelo autor da reclamação – pois concordo. Apenas lembro que este protecionismo vitimista é obra da própria esquerda, que pune quem dá uma palmada em um jovem mas finge que não vê aqueles que o incentivam a mudar de sexo aos 6, 7 ou 8 anos ou – pior – tratam como coitadinho um assassino apenas por ter 17 anos e 11 meses.
Ora, o jovem em questão tem como único pecado – aos olhos censores de nosso esquerdista – escrever contrariando seus pontos de vista. Sim, pois desfilasse o garoto uma cartilha marxista em seus escritos e ele seria o primeiro a incensá-lo com o triste adjetivo de “prodígio”.
A que ponto de absurdo chegamos, onde um professor pretende que um adolescente tenha seu direito de escrever censurado, unicamente por divergir politicamente! ESTA É A ESQUERDA BRASILEIRA!
O menino exibe, em seus escritos, certa falta de maturidade própria de sua idade – mas é infinitamente superior ao seu pretenso censor, quatro vezes mais velho, neste quesito.
Em um país onde a garotada nada lê além de mensagens em código do WhatsApp ou outros neologismos dos games, é grata a satisfação de encontrar um jovem que não apenas escreve bem – com inicio, meio e fim – e sem apocalipses gramaticais, como sofremos ver todos os dias até em grandes jornais – mas também exibe coerência e segurança.
Eu próprio me vejo nele, em meus longínquos 13 anos, quando mimeografava um ridículo pasquim na escola – extinto em seu décimo número pelo dono do colégio – um almirante, e pai do nosso Carlos Eduardo Novaes.
Se com aquela mão de obra que um mimeógrafo dava eu segui em frente, quanto mais hoje em dia, que basta ter uma internet!
Podemos achar o apelido de “Prodígio” como exagerado e pretensioso, mas vá lá.
Podemos desejar que o garoto também se ocupe de outras coisas próprias de sua idade e não se embrenhe, tão precocemente, na imundície do jornalismo político ou da própria politica.
Podemos até não concordar com suas opiniões.
Mas enquanto eu tiver dois míseros dedos para batucar neste teclado, vou defender até a morte o direito do menino a postar seu blog – e nenhum troglodita leninista vai tirar isso dele.
O ridículo, em Cabo Frio, parece não ter mais limites.
Walter Biancardine

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

CARTA ABERTA AO PROF. CHICÃO


Prezado Chicão, peço que não apele para o chavão, dualismo, maniqueísmo e outros quetais, em nosso atual e passageiro desentendimento.
Alega você que era o "queridinho" do prefeito mas agora ele teria mandado um "portariado" te atacar" - no caso, eu.
Em primeiro lugar, mesmo que te seja difícil, acredite que existem pessoas a defender governos, religiões ou ideologias sem que precisem de um feitor as "ordenando" que tal o faça - e assim eu sou. Ou o "engajado" com "senso crítico" e "politizado" tem como única característica a crítica total? Aplaudiu, perdeu todas essas qualidades? Alair deve ter mais o que fazer, não acha?
Desde 2007 escrevo publicamente meu apoio á Alair; mesmo nos piores anos - na pressão total do governo passado, com o ex-mandatário me processando e encontrando todas as portas fechadas aqui para mim, não vendí minhas convicções.
Não preciso e nem aceito que Alair - ou qualquer outro - venha me dizer o que fazer ou como pensar. Não sou um de seus alunos, Chicão, permeáveis à sua doutrinação ideológica.
Poupe-se, pois sua infantilidade (não são outra coisa suas bravatas) por vezes resvala no ridículo ou ofensivo, como agora.
Agindo assim, você se coloca no mesmo nível que a "Velha Senhora" e tantos outros que, como última arma, recorrem ao demérito da iniciativa pessoal e mesmo à capacidade de escrever algo sem ajuda, ordem ou benefício posterior.
Em segundo lugar, não te ataquei - e nem desejaria, tendo em vista o teor de suas queixas. Ora, supor que você utiliza aulas para doutrinar, que sua ótica é imune à argumentos contrários e que suas verdades são absolutas, antigas e estanques seria alguma mentira?
Repito: serenidade é algo que realmente passa longe de seu temperamento.
Seu esquerdismo é adolescente, estereotipado, fanatizado e tenho a certeza absoluta que sua defesa veemente de tal ideologia falida e assassina decorre somente pela sua boa índole, do seu senso de justiça e amor ao próximo, sentimentos que infelizmente foram canalizados para a saída mais à mão, nas faculdades.
Caia na real - você e tantos outros, cuja única arma é associar quem defende um governo com alguém que dele se beneficia ilegalmente - e enxergue que ninguém é dono da verdade. Nem eu, nem você.
O governo de Alair tem falhas, algumas enxergo, outras não. Defendo porque ainda acredito, e quanto as falhas que observo, não sairei por aí fazendo propaganda delas. Ou para você, alardear erros é isenção?
Recentemente critiquei a atuação pífia da Secretaria de Comunicação e a turma do "Preto ou Branco" - desta vez do lado do governo - arreganhou os dentes para mim. Não me dirigí ao sr, Santa Rosa - o qual nem conheço e nada de mau ou bom poderia falar - e sim ao infeliz subalterno que lá faz as vezes de "gerente". Mas, então? Devo transformar isso numa bandeira? Repetir a cada dia? Repercutir o tema?
Insisto no fato de que missão dada é missão cumprida. Quem se propõe a fazer algo, deve ir até o fim, custe o que custar - e a eventual renúncia de Alair não traria nenhum benefício prático ao povo - nem mesmo a oposição se beneficiaria, pois perderiam o alvo a ser batido.
Usar o argumentos tais como "preservar a saúde" é algo de tão torto que mal dá para comentar, pois um prefeito, vereador, secretário ou mesmo seus queridos "portariados" SERVEM ao governo, e o servir tem prioridade, exige sacrifícios. Se não estiver disposto, se não acreditar que aguenta o rojão, que não se candidate.
Encerro esta esperando que, algum dia, a maturidade o alcance e você, finalmente, compreenda que a vida é cinza.
Preto e branco, certo ou errado, bom ou mau só existem em nossa conduta moral - nunca pertenceu a nenhuma ideologia - e a política é feita apenas de tons.
Você é um homem bom, Chicão, e por isso é meu amigo. Além do mais, o rock and roll nos une, mas não use mais deste tipo de maniqueísmo ao se dirigir a mim, pois com 52 anos de estrada, não engulo uma bobajada que nem na adolescência acreditei.
Fica meu abraço e o agradecimento público por resgatar um pouco da memória do meu pai, na presidência do Clube do Canal.
Sempre serei grato à você por isso.
Walter Biancardine

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

CHICÃO, RENÚNCIA É COISA DE FROUXO!


Mudar de idéia, de escolhas ou de opinião é um direito de todos mas a coisa perde sua legitimidade quando, para justificarmos essa mudança, usamos outras pessoas para tal.

Em um postagem em seu blog, o professor Chicão pede a renúncia do prefeito Alair Corrêa por – segundo ele – dispor de um orçamento numericamente maior que o valor da folha de pagamentos e ainda assim “não conseguir pagá-la” e por não conseguir colocar “ordem” na cidade.

O prefeito pediu direito de resposta e lá foi publicada sua versão, contestando os argumentos e apresentando alguns números, fatos tais que não são meu objetivo aqui analisar.

Pois bem: em sua “resposta á resposta” de Alair, Chicão finca pé em sua posição e exige a saída do prefeito baseado no fato de que “ninguém acredita mais em Alair. Só alguns de seus portariados ainda o defendem, em geral por gratidão”.

E é aí que a porca torce o rabo.

Que o professor ignore – passe por cima mesmo, tal como fez – os argumentos do prefeito, é algo de previsível. Afinal, o que esperar de uma personalidade tão facilmente “fanatizável” por causas? 

Um professor que publica em seu blog a pérola “porque só loira protesta contra Dilma ? Jamais vi uma negra protestando” - incentivando assim o divisionismo e o ódio racial e de classes pregado pela criminosa agenda do PT e do Foro de São Paulo (ambos obedecidos cegamente por ele) – perdeu, de fato, a serenidade e isenção para estar em uma classe. 

A não ser que admitamos as escolas e universidades como o que realmente se transformaram: centros de doutrinação bolivariana.

Mas que este mesmo professor inclua milhares de pessoas como justificativa de seu raciocínio, apenas por terem cargos de confiança, aí já vai longe demais.

É preciso que Chicão cresça. A adolescência contestadora há tempos já se foi e a obrigatoriedade, em seu ofício, de manter-se em contato com estes jovens pressupõe uma pessoa que será a luz a guiá-los – e não um espantoso caso de regressão, de assimilação de valores do mais fraco pelo mais forte tornando-se um mestre em busca de aceitação, cuja única ferramenta é “fazer-se colega”, como demonstra.

Chicão não discute: Chicão quer, e pronto. Birra, comportamento infantil e – pior – egoísta, pois sua maior fonte de decepção é ver seu bairro em franca desordem, como de fato acontece.

Baseado no problema salarial dos professores – classe honrada, da qual faz parte – e no furdunço que os farofeiros, ano após ano, transformam seu bairro do Peró, Chicão crê possuir argumentos para exigir a renúncia de um prefeito.

Não é assim, Chicão.

Não apenas o Peró, mas muitos outros locais exigem atenção – mas não a renúncia, argumento este tão descabido que até mesmo a oposição hesita em usá-lo.

Garotos protestam, xingam, fazem birra e malcriações – e desistem fácil, pois se algo caracteriza os jovens é sua grande arrancada mas pouca resistência, em termos de busca de objetivos.

E Alair, do alto de seus setenta e poucos anos, talvez já tenha perdido a capacidade das grandes arrancadas. Mas, tal como acontece aos homens maduros, possui uma infinita capacidade de resistência – a resiliência da maturidade.

Desistir é para os fracos, Chicão.

O pedido saiu com endereço errado.

Walter Biancardine


domingo, 7 de fevereiro de 2016

CRÔNICAS DE DOMINGO - GISLAINE DOS TRÊS VERÕES


Uma pré adolescente encantadora, dificilmente um turista – dos milhares que visitavam a cidade a cada verão – a suporia tão mal nascida nos baixios do Morubá, vizinha de esgotos a céu aberto e criações de galinhas.

Corpo esguio, olhos azuis e pele alva, era uma edição revista e melhorada dos rudes e vermelhos caiçaras que um dia povoaram o cabo.

Enquanto criança, denunciava sua pobreza pelos vestidinhos de chita rotos e desbotados, que esvoaçavam em suas loucas e desabaladas correrias com a criançada da rua, atrás de pipas, bolas e piões.

Sua beleza pueril passou quase menosprezada até seus onze ou doze anos, quando o faro apurado da molecada começou a querer sua companhia para outras brincadeiras que não pique bandeira, futebol ou búlica.

Apartada da fome nervosa de seus antigos amigos pela mãe, Gislaine – tal como uma borboleta em seu casulo– agasalhou sua beleza durante longos quatro anos até que, premida por vaidade tímida mas que ainda assim acarretava despesas, arranjou um emprego graças aos auxílios de um tio torto, visitante assíduo de sua família e que dedicara especial afeição à menina-moça durante todos esses anos difíceis de reclusão.

Sua família, entretanto, nunca entendeu sua mudança após começar a trabalhar: toda a afeição que Gislaine aceitava de seu tio transformou-se em um nojo inexplicável, e passou a cada vez mais evitar ficar em casa,sempre com desculpas de solicitações do trabalho ou da escola.

O primeiro verão

Esplendorosa em seus dezesseis anos, o verão de 1984 descobriu Gislaine nas finas areias do cabo.

Hordas de admiradores perseguiam-na, em busca do privilégio machista do débút com a donzela da restinga.Garotos locais e turistas se revezavam em suas impertinentes solicitações e convites mal formulados, e a todos a resposta era um inseguro e tímido “não”, acompanhado de uma inocente lambida em seu sorvete.

O seu “não”, junto com a pouca idade, impunham um respeito mal contido à sanha depravada dos seus solicitantes:

- Verão que vem ela vai estar uma uva, diziam, lambendo os beiços e arrepanhando as partes.

E assim seguiu o verão de Gislaine, em seus divertimentos acanhados no Fliperama ou passeios com as coleguinhas na rua do hotel Malibú – olhando os turistas em seus carrões, rindo e sonhando com o príncipe encantado que, certamente, as levariam para uma vida de sonho e luxo.

Entretanto, como é da vida acontecer, um dia Gislaine compreendeu todo o seu poder ao sofrer o constrangimento de uma declaração de amor de seu patrão na loja de doces, que se ajoelhou, chorou e prometeu montar uma casa para ela e ajudar toda sua família, se a menina fosse só dele.

Sua recusa transformou-se em demissão, tal como outras três antigas amadas do comerciante, que foram sumariamente dispensadas após o devido uso. Ela, ao menos, foi embora por negar seus favores.

O segundo verão

No verão seguinte Érica – a antiga Gislaine rebatizada pelas amigas – estava, de fato, uma uva.

Sabia que tinha uma arma entre as pernas. Seu tio a cumulara de favores durante anos e mesmo seu antigo patrão, por mais ordinário que fosse, prestava-se como seu capacho, na crença de que a demoveria em favor de ser sua propriedade.

Conseguira um emprego em uma boutique que, além do salário razoável, permitia que a beldade usasse algumas das roupas lá vendidas. Bela, bem vestida e devidamente protegida pela maldade recém-descoberta de seu poder libidinoso, apostou Érica todas as suas fichas naquele verão.

Não frequentava mais Cabo Frio, trocando suas praias pelas areias bem mais promissoras de Armação dos Búzios onde se misturava, sem destoar, com as belas moças cariocas, francesas, italianas e argentinas que lá banhavam e exibiam seus cobiçados e – agora sabia – caros corpos.

Um rapaz do Rio de Janeiro, jovem, bonito e rico, a levou um dia para passear de lancha. Tirou fotografias e disse que, breve, ela estaria desfilando nas passarelas. Se não alcançou de imediato o eixo Milão-New York-Paris, as fotos renderam-lhe prontamente convites para desfiles locais, onde donos de comércio da região,misturados a turistas cobiçosos, muito desfrutaram de sua companhia em troca de promessas de fama, sucesso e glamour.

Érica agora era requisitada, jovem e bela; o mundo estava a seus pés e ela não se misturava.

Seus antigos amigos não alcançavam seu grand monde superior, rarefeito em sofisticação, e nem de longe teriam dinheiro para frequentar os mesmos lugares onde – só lá – ela seria encontrada.

Durante um ano inteiro viveu uma vida de festas, passeios em carros importados, restaurantes caros e promessas – muitas promessas, tantas quantas foram seus amantes. Chegou mesmo a viver sozinha uns bons quatro meses em uma luxuosa cobertura, de conhecido magnata da construção civil, enquanto seu romance durou.

Porém, em um rápido balanço daquele ano tão louco, de seu conseguira apenas uma pequena motocicleta, presenteada por um empresário com quem tivera um curto e tumultuado caso.

As noites sem dormir empregadas em festas, os excessos, as bebidas, orgias e incessantes solicitações começaram a cobrar seu preço: às portas do verão seguinte, Érica já se olhava no espelho preocupada com seu viço, que se perdera.

O último verão

Seus olhos eram agora de um azul aguado, desbotados e vermelhos. Sua fina pele caiçara denunciava o castigo do sol, em rugas precoces que só realçavam seus cabelos de palha, queimados e sem brilho.

Tantos jantares e drinks mudaram sua silhueta, acrescentando quilos e culotes onde jamais houveram, e impondo à sua renitente vaidade o uso de cintas e calças cada vez mais apertadas.

Sentia que perdera as condições de disputar atenções em Búzios e voltara, como filha pródiga, a frequentar Cabo Frio. Nos inevitáveis reencontros com os antigos amigos, disfarçava o saber-se usada com umasimplicidade de alma há muito perdida:

- Cansei daquela confusão. Eu nem escutava o que me diziam, com toda aquela música alta. Por isso que agora prefiro barezinhos assim, escondidos e sossegados. Pelo menos a gente pode conversar, e é isso que importa, não é?

Os barezinhos, escondidos e sossegados, eram a trilha do despenhadeiro de seus sonhos: cada vez mais escondidos, cada vez mais simples, obrigavam Gislaine – Érica pertencia a um outro mundo – à esforços quase incoerentes para justificar seu ostracismo.

Os empregos eram crescentemente difíceis, levando-a à uma série de casamentos que a sustentaram ainda alguns poucos anos. O desrespeito dos homens pelas suas formas, sempre mais flácidas e maiores,invariavelmente terminavam em pancadas e privações.

Rendeu-se, um dia, à realidade. O mundo odeia a beleza e felicidade, Érica estava morta e ela, com a vida enxertada por uma esperança que não lhe pertencia, saltara direto da infância para a velhice.

Nunca chegou a saber se Érica seria a vida real e Gislaine o pesadelo, ou se Gislaine era seu destino e Érica apenas um sonho.

Esperanças mortas, vive hoje em companhia de seu tio torto – entrevado em uma cadeira de rodas, mas ainda solícito – e é atendente em sua barraca de caipifrutas na entrada da favela, juntamente com a mulher dele.

De seu passado, glorioso e breve, guarda apenas fotografias amareladas e um escondido caso com a pobre moça, companheira de trabalho, que a segue e ampara como cão fiel.

Walter Biancardine

sábado, 6 de fevereiro de 2016

TELMA FLORA TAMBÉM NO OPINIÃO


O Opinião passa a contar agora com a colaboração da jornalista Telma Flora, também editora do Diário Cabofriense e da revista eletrônica Visão La Flora.

Reconhecida por seu trabalho de anos em publicações que marcaram época em Cabo Frio, e igualmente tida no meio jornalístico como uma profissional “capaz de encher as páginas de um jornal sozinha”, Telma firma agora esta parceria conosco em busca de um jornalismo que faça a diferença.
Porque, da mesmice, estamos todos cheios!


Bem vinda, Telma! Vamos á sua estréia com o artigo abaixo!

No limite, sempre no limite haverá novos horizontes

É hora de tomar novos rumos... É hora de desgarrar de certos valores, desapegar e seguir em frente, esquecendo os medos e continuar a “botar a cara pra bater”... 

Ficar esperando que as coisas mudem e deixar passar as oportunidades é pura idiotice... As oportunidades podem e devem ser alcançadas... 

Há momentos na vida que devemos fazer escolhas, tomar decisões importantes para a nossa evolução... E para que isso ocorra precisamos nos desapegar de sentimentalismos e, pelo menos uma vez na vida, tomar decisões apenas utilizando a razão... 

É preciso fazer justiça, sentir o próprio valor independente dos outros o qual somente nós mesmos é que poderemos reconhecer...

Nossa intuição não deve jamais ser ignorada e sim lapidada a cada nova experiência, a cada situação que a vida nos oferece...

É preciso seguir, acreditar que as coisas sempre mudam e sempre vão mudar independente da nossa vontade, basta acreditar seguir nossa jornada, sem culpas, medos ou ressentimentos..

Precisamos pensar em nós mesmos... E deixar que os outros sejam apenas os outros...

As pessoas criam regras que não cumprem, impõem comportamentos que não têm, esperam o respeito que não dão e ditam princípios que não seguem, mas o pior de tudo é te fazer acreditar naquilo que não vão cumprir...

Telma Flora 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

OBRA PRIMA DO CINISMO


Uma impressionante peça dramática – é o melhor que podemos dizer – foi publicada em blog de dirigente e ativista partidário do SEPE, visando atingir o sentimento do leitor.

Sem nenhum argumento consistente, adota descaradamente a tática de vitimização e acusa o governo municipal de agir exatamente da maneira que o próprio SEPE age: jogando sujo.

A tal ponto chega o descaramento que o referido rapaz declara-se “surpreso” com o “prematuro acirrar de ânimos”, cujo protagonista é a própria entidade que ele defende. 

Prematuro? Há meses este sindicato promove badernas e paralisa a cidade, espalha o terror invadindo prédios públicos, realiza verdadeira patrulha ideológica nas redes sociais – unindo-se em bandos para achincalhar qualquer um que não concorde com os métodos do sindicato – e se vale do desrespeito, deboche e nenhuma disposição para negociar como armas de divulgação de candidaturas.

Surpreso com o que eles próprios iniciaram? Só pode ser deboche ou cinismo!

Em seu rosário de auto-vitimização não poderia faltar a propaganda politica – objetivo número um de todo esse transtorno que envolveu a cidade: chora pelo “coitado” Janio Mendes, tio de sua esposa e, tal como ele, do PDT, denunciando uma suposta campanha contra seu protetor e padrinho de candidatura.

Acusa os “coladores de cartazes” de serem “burros” por agirem perto de câmaras de segurança e facilitarem a identificação dos autores. 

Ora vejam só! Isso quer dizer que, nas ilegalidades que o SEPE ou ele próprio eventualmente poderiam cometer, os cuidados seriam maiores? Seriam eles “profissionais do jogo sujo”?

Pior: sequer tem a honestidade intelectual de admitir que quem pratica um ato à vista de todos, provavelmente está convicto do que faz, e não à mando de ninguém. 

Aquele que colou cartazes – ainda que seja uma forma primária de protesto – certamente está enojado com as atitudes do deputado e de seus seguidores. Tão enojado que pouco se importa que saibam quem é.

Conclui o rapaz – em sua obra prima de cinismo ou esquizofrenia – que atos assim denotam “o crescimento dos oponentes ao governo” e o “avanço da pré candidatura de Janio”. Ora essa! Mas o movimento não era distante da politica, como sempre teimam em dizer?

No mais e para concluir a dissecação de tão primário atestado de imaturidade, pavoneia-se o menino clamando que “o SEPE avança largamente nos braços da população”. 

Nem sabemos se vale a pena comentar tal coisa. 

Talvez seja bom perguntar aos milhares de pais e alunos, cujas vidas particulares, decisões pessoais, mudanças de cidade, de escola ou o simples desejo de saber se passaram de ano se tornaram reféns de uma enorme e perversa máquina de propaganda eleitoral.

É justamente devido a este tipo de dirigentes que o SEPE perdeu o respeito da população e virou sinônimo de transtorno em Cabo Frio.

Que haja uma reflexão por parte daqueles que comandam a entidade. 

Que reflitam sobre os prejuízos que a imposição de bandeiras eleitorais causa em toda a população, e que retornem às finalidades inerentes à organização: defender seus filiados e compreender que só existe uma força de trabalho pelo fato de alguém pagá-la.

Matar a mão que o alimenta é uma atitude cinematográfica e eleitoralmente espetacular.

Mas é pura burrice, paga pelo povo.


Walter Biancardine