segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

COVARDES NEM TENTAM


Um garoto de 13 anos abriu mão do direito de ser espectador e decidiu ser protagonista, em uma situação absurda, abusiva e prejudicial não apenas a ele, mas também a muitos outros garotos e garotas perdidos, sem saber dos seus rumos – confiscados por um sindicato sem nenhum escrúpulo em tomar os destinos de jovens como reféns de suas pretensões políticas.

Errou, querendo combater fogo com fogo, protesto com protesto, multidão com multidão – que não apareceu, em parte farta de tantos transtornos nas ruas e em parte temerosa com a possível violência dos integrantes do tal sindicato que – coincidentemente – marcou mais uma manifestação, e para o mesmo dia.



Errou sim, mas enquanto muitos apenas sofriam passivamente uma decisão arbitrária e ilegal de um sindicato, ele tirou a bunda da poltrona e apresentou-se para a briga. Desigual? Sim, um jovem e inexperiente rapazola de pouco mais de uma década de vida não é páreo para baderneiros profissionais.

Mas sua coragem juvenil deixa evidências que podem ser plenamente observadas na reação do, digamos, “vitorioso” SEPE: professores, mestres educadores, responsáveis pela formação de toda uma juventude, agora zombam de um jovem e pretendem não apenas emprestar o ridículo ao que deveria ser cultivado e incentivado, mas também querem roubar-lhe até mesmo a iniciativa corajosa, atribuindo a terceiros sua tentativa.

Nem ao menos lembraram-se da dignidade do silêncio; a cegueira, barbárie e insensibilidade apodreceram o sindicato em seu cerne. Assim, colhem agora sua vitória de Pirro, desmoralizados em sua crueldade justamente contra aqueles que são a razão de seus ofícios.

Cabo Frio está de luto: morreram os mestres, nasceram os monstros.

Mas o futuro nos reserva um Davi.


Walter Biancardine