Mudar de idéia, de
escolhas ou de opinião é um direito de todos mas a coisa perde sua
legitimidade quando, para justificarmos essa mudança, usamos outras
pessoas para tal.
Em um postagem em
seu blog, o professor Chicão pede a renúncia do prefeito Alair
Corrêa por – segundo ele – dispor de um orçamento numericamente
maior que o valor da folha de pagamentos e ainda assim “não
conseguir pagá-la” e por não conseguir colocar “ordem” na
cidade.
O prefeito pediu
direito de resposta e lá foi publicada sua versão, contestando os
argumentos e apresentando alguns números, fatos tais que não são
meu objetivo aqui analisar.
Pois bem: em sua
“resposta á resposta” de Alair, Chicão finca pé em sua posição
e exige a saída do prefeito baseado no fato de que “ninguém
acredita mais em Alair. Só alguns de seus portariados ainda o
defendem, em geral por gratidão”.
E é aí que a porca
torce o rabo.
Que o professor
ignore – passe por cima mesmo, tal como fez – os argumentos do
prefeito, é algo de previsível. Afinal, o que esperar de uma
personalidade tão facilmente “fanatizável” por causas?
Um
professor que publica em seu blog a pérola “porque só loira
protesta contra Dilma ? Jamais vi uma negra protestando” -
incentivando assim o divisionismo e o ódio racial e de classes
pregado pela criminosa agenda do PT e do Foro de São Paulo (ambos
obedecidos cegamente por ele) – perdeu, de fato, a serenidade e
isenção para estar em uma classe.
A não ser que admitamos as
escolas e universidades como o que realmente se transformaram:
centros de doutrinação bolivariana.
Mas que este mesmo
professor inclua milhares de pessoas como justificativa de seu
raciocínio, apenas por terem cargos de confiança, aí já vai longe
demais.
É preciso que
Chicão cresça. A adolescência contestadora há tempos já se foi e
a obrigatoriedade, em seu ofício, de manter-se em contato com estes
jovens pressupõe uma pessoa que será a luz a guiá-los – e não
um espantoso caso de regressão, de assimilação de valores do mais
fraco pelo mais forte tornando-se um mestre em busca de aceitação,
cuja única ferramenta é “fazer-se colega”, como demonstra.
Chicão não
discute: Chicão quer, e pronto. Birra, comportamento infantil e –
pior – egoísta, pois sua maior fonte de decepção é ver seu
bairro em franca desordem, como de fato acontece.
Baseado no problema
salarial dos professores – classe honrada, da qual faz parte – e
no furdunço que os farofeiros, ano após ano, transformam seu bairro
do Peró, Chicão crê possuir argumentos para exigir a renúncia de
um prefeito.
Não é assim,
Chicão.
Não apenas o Peró,
mas muitos outros locais exigem atenção – mas não a renúncia,
argumento este tão descabido que até mesmo a oposição hesita em
usá-lo.
Garotos protestam,
xingam, fazem birra e malcriações – e desistem fácil, pois se
algo caracteriza os jovens é sua grande arrancada mas pouca
resistência, em termos de busca de objetivos.
E Alair, do alto de
seus setenta e poucos anos, talvez já tenha perdido a capacidade das
grandes arrancadas. Mas, tal como acontece aos homens maduros, possui
uma infinita capacidade de resistência – a resiliência da
maturidade.
Desistir é para os
fracos, Chicão.
O pedido saiu com
endereço errado.
Walter Biancardine