* Video extraido do RC24Hs
Na noite de ontem
(18/03) o ex-ministro e presidente do PDT, Carlos Lupi, compareceu a
um evento organizado pelo deputado estadual e pré-candidato a
prefeito, Janio Mendes (PDT), como convidado de uma palestra que
seria proferida pelo pré-candidato a presidente da República, Ciro
Gomes (PDT).
Em frente ao local
do evento, clube Costa Azul em Cabo Frio, uma ala independente de
professores do SEPE – atualmente dividido – protestava contra a
conduta politica de Janio Mendes, apoiando as ações contra o
prefeito de Cabo Frio mas votando contra a greve estadual da classe
na Alerj.
Segundo relatos o
pré candidato Ciro Gomes, ao sair do clube Costa Azul, teria se
dirigido juntamente com Carlos Lupi aos manifestantes. Lupi teria
segurado o rosto da manifestante com as mãos e, ao não conseguir
contê-la, teria xingando a menina de "putinha", por várias
vezes.
A adolescente, que
teve o nome preservado, compareceu com sua mãe na 126ª DP e prestou
queixa, onde foi lavrado Boletim de Ocorrência (B.O.) contra Lupi.
A repercussão -
A professora Denise
Alvarenga Azevedo fez em rede social longo relato de sua versão dos
fatos:
"Machista,
covarde e agressor.
Estávamos no ato,
no Costa Azul Iate Clube, contra o vice-lider do governo Pezão,
deputado da cidade Janio Mendes e cantávamos palavras de ordem e
explicávamos à população que o Governo Pezão ataca trabalhadores
e precariza serviços que prejudicam à população.
Tudo estava
tranquilo quando no fim do evento do PDT, o senhor Ciro Gomes veio
até mim perguntando se era eu que queria falar com ele. Nós
estávamos cantando "pensa que me enrola" e continuamos
cantando. Ele insistia com a pergunta: é vc que quer falar comigo?
Numa atitude provocativa. Ao meu lado, o presidente do PDT, sr.
Carlos Lupi, segurou a cabeça de uma estudante, com força, com as
duas mãos como quem puxa para dar um beijo. Ela tirou as mãos dele
e disse: me larga. Ele então meteu a mão no rosto dela e a chamou
de putinha. Ela disse: está me chamando de que? Ele disse: putinha!
E repetiu várias vezes.
Muito triste
testemunhar um ato covarde, machista e desequilibrado desse senhor!!
A aluna ligou para mãe que decidiu ir à delegacia fazer o B.O.
Agressores, NÃO
PASSARÃO!! Machistas, NÃO PASSARÃO!!" -
Professora Denise
Alvarenga Azevedo”
 |
Foto: SEPE/Lagos |
Na foto acima,
tirada no momento da suposta agressão, aparece o professor e
blogueiro Totonho, juntamente com outros integrantes que, tal como
ele, aparentam estar rindo no momento em que a adolescente era
confrontada com Carlos Lupi.
Estranhamente
ausentes do evento o professor, pré candidato a vereador e militante
do SEPE Rafael Peçanha (PDT) e sua esposa professora e
sobrinha/filha do Janio, Lívia Mendes (PDT), não testemunharam o
fato, mas através de seu blog, o pré candidato emitiu nota:
“No que se refere
ao ocorrido no encerramento do evento realizado no Clube Costa Azul,
na noite de ontem, é preciso deixar claros alguns pontos em relação
ao meu posicionamento, de forma simples, direta e objetiva, como
sempre fiz:
1) Toda manifestação
de trabalhadores é livre e democrática. De muitas delas participo
com minha família e, independente da demanda, são sempre justas, e
receberão sempre meu apoio, e sempre que possível, minha presença,
enquanto instrumento de luta pelos direitos e pela cidadania;
2) De igual maneira,
toda realização de evento aberto ao público para debate de
ideias, como o de ontem, no qual não pude estar presente, é digno
de meu apoio, em que pese qualquer discordância acerca do
posicionamento político ou do temperamento do personagem Ciro Gomes,
já que é de consenso ser o mesmo, de toda sorte, cidadão
tecnicamente preparado para dissertar temas de interesse e
necessidade atuais, inclusive, por sua formação acadêmica;
3) Repudio
veementemente toda e qualquer agressão, incitação, provocação,
ameaça, xingamento, ofensa, simulação ou ação semelhante que
parta de qualquer indivíduo contra outro, como ocorreu na noite de
ontem. E repudio essas atitudes independente de onde elas partam:
seja do presidente do partido; de um companheiro sindicalista; e até
de meus próprios pais, filhos e esposa se for preciso, pois nenhuma
relação pessoal ou política pode me cegar sobre meu posicionamento
contrário a esse tipo de postura.
4) Nesse sentido,
não enxergo nenhum constrangimento em dizer que repudio
categoricamente e veementemente qualquer desnecessária e
irresponsável atitude que possa ter sido realizada pelo presidente
do PDT, Carlos Lupi, nessa direção, cabendo às autoridades
policiais investigarem a fundo o fato, concluindo ou não pela sua
veracidade, a partir da juntada de provas, oitivas de testemunhas e
direito ao contraditório como ordena a boa democracia e a justiça.
5) Reafirmo,
finalmente, meus compromissos: com a dignidade e o respeito à mulher
de forma sagrada; com o combate a todo e qualquer tipo de machismo;
com a busca da verdade dos fatos, doa a quem doer, independente de
qualquer relação; com toda luta dos trabalhadores pelos seus
direitos, especialmente a dos profissionais da educação, em
qualquer esfera de poder - municipal, estadual ou federal.
6) Finalizo
lembrando que espero de todos os personagens desse episódio, seja de
que lado estiverem, a mesma coerência e justiça que busquei, a meu
modo, empreender neste texto. Cada cidadão é responsável por seus
atos, e somente o indivíduo deve ser culpado por suas ações, sendo
justo que pague por elas, sem que a culpa seja disseminada,
compartilhada ou estendida a ninguém, membros ou não do partido,
independente da posição que ocupe ou da relação que tenha comigo
ou com você, onde cito especialmente o deputado Janio Mendes, que
atuou de forma diplomática e republicana ao encontrar os
manifestantes na entrada e na saída do evento, nem estando presente
no momento do episódio em questão.”
Do mesmo modo, o
deputado Estadual Janio Mendes divulgou, através de sua assessoria,
uma nota sobre o ocorrido:
“Tendo em vista o
ocorrido ao final da palestra: "Cabo Frio – Brasil: os
desafios da próxima década", o deputado estadual vem a público
esclarecer que:
1 - Foi com profunda
tristeza, que ao final de um dos ricos e concorridos debates
políticos, havidos nossa cidade, o deputado Janio foi informado pela
direção do SEPE, do incidente ocorrido.
2 - Ainda nos
preparativos do evento, o deputado foi informado pela mídia social,
da manifestação programada e determinou a sua assessoria, que não
acionasse qualquer tipo de segurança pública ou privada, diante da
compreensão da liberdade de manifestação do pensamento e se
preparou, para que caso o manifesto se desse no espaço do evento,
fosse garantida a palavra a representante da categoria.
3 - Ao se dirigir ao
local do evento, informou ao convidado que o manifesto era dirigido à
sua pessoa, pedindo ao mesmo que se mantivesse tranquilo e certo que
se tratavam de pessoas bem, na luta legítima por direitos. Chegando
foi o primeiro, a cumprimentar a diretora Denise Teixeira, que se
encontrava na porta, distribuindo panfletos, e se comprometeu a um
debate sincero do tema.
4 - Durante o
evento, teve a oportunidade de reunir na mesma plateia, pensamentos
antagônicos, que estiveram em diferentes manifestações, mas que se
respeitam e ouviram um palestrante que defendeu seus argumentos,
respeitando as diferenças, fazendo intransigente defesa do estado
democrático de direito, maior conquista da sociedade contemporânea.
5 - Por fim, caso
tenha ocorrido qualquer forma de violência ou agressão o deputado a
repudia veementemente, se solidariza aos agredidos, pede a devida
apuração pela autoridade policial e reafirma seu compromisso com as
liberdades se prontificando ao debate institucional, certo de que se
não tivermos a disponibilidade e sabedoria do debate hoje, corremos
o sério risco de estar impedido de o fazermos no futuro. A luta
democrática, é pressuposto de diversidade de pensamento.
Assessoria de
comunicação do deputado estadual Janio Mendes”
OPINIÃO – UMA
BADERNA ONDE NINGUÉM TEM RAZÃO
Os acontecimentos
patéticos havidos no convescote patrocinado pelo deputado Estadual
Janio Mendes revelaram, de forma clara, o absoluto despreparo de
todos os envolvidos – todos, sem exceção; dos políticos sem
condições emocionais de debate, de um sindicato quase extinto e que
apela para a clara provocação e confronto e até da mídia que o
cobriu, oscilando entre a minimização do fato ou sua exploração
sensacionalista.
As notas dos
principais protagonistas do PDT divulgadas nesta matéria – Janio
Mendes e Rafael Peçanha – são dignas da piedade e repulsa do
eleitor, dada a rasteira subserviência de argumentos e ao claro
pânico diante da possibilidade de escândalo que atrapalhe suas
pretensões eleitorais.
Ambos desculpam-se e
solidarizam-se com agredidos, sem ao menos terem visto o vídeo ou
apurado com mais profundidade – a solidariedade é clara, focada na
agressão física que poderia ser provada por imagens. Pouco falam
sobre xingamentos – o que é até compreensível, dado o conhecido
“nível” das manifestações do SEPE.
A risível nota de
um agitador conhecido mostra o quão lívido, passado e assustado o
mesmo se encontra, já que começa sua declaração obedecendo os
moldes superiores de uma Dilma Roussef - “No que se refere...”.
Derrama solidariedade à tudo e todos, mas jamais deixa de elogiar a
“conduta diplomática” de seu padrinho Janio que, segundo o
próprio – sequer presenciou a suposta agressão.
Janio não fica
atrás, e ainda consegue a proeza de embutir velada propaganda de si
mesmo em seu pedido de desculpas – desculpas pelo quê, mesmo?
Tal como jamais
disfarçou a subserviência ao governo Estadual, segue a nota
explicitando essa postura junto a um destemperado Ciro Gomes e ao
chefe Lupi, pois que os dias são pré eleitorais e nada o impedirá
de granjear o apoio pretendido – ainda que à custa de sua própria
reputação.
Ambos, Rafael
Peçanha e Janio Mendes, derramaram-se em desculpas por algo que não
viram e não apuraram, em pleno desespero eleitoral.
Quanto ao SEPE, a
postura abjeta é, e sempre será, a mesma: no video podemos ver
claramente a atitude agressiva, confrontadora e desaforada – bem
diferente de posturas contestadoras que seriam esperadas de
sindicalistas – da militante envolvida no fato.
Pretende-se hoje
dividir o SEPE em duas bandas: o SEPE bom e o SEPE mau, que
pretenderia cargos eletivos. A verdade é uma só: ambos se perderam,
em que pese a certeza de que o mesmo rachou, perdeu a identidade e
abriga apenas palanques politicos. A “banda” que se manifestava
em frente ao Costa Azul poderá não ter pretensões eleitorais mas
age com a mesma má-fé politica de sua congênere: não há, no
vídeo, nenhum tapa desferido pelo indigitado Lupi, conforme
alardeado pela mesma ou pela sindicalista que a representava.
O que podemos ver
nas imagens é a tentativa de Lupi em segurar a cabeça da
manifestante – após a mesma peitar e desafiar o político – e,
em sequência, vermos a mesma se abaixar no intuito de livrar-se do
alegado “beijo”, segundo teria explicado Lupi.
Estas são as
imagens, e contra as mesmas não há argumentos.
Por outro lado, a
sonorização é precária e não se pode – de fato – aferir se
houve xingamentos por parte de Carlos Lupi. Neste ponto, apenas a
apuração testemunhal poderá esclarecer.
Para finalizar o
horror, a cobertura da imprensa oscila entre o sensacionalismo
explorador de tapas ou a cautela partidarizada dos que,
disfarçadamente, passam ao largo de semelhante despreparo – de
todos os envolvidos – sem fazer alarde.
Ao juntar-se
sindicalistas agressivos e partidarizados com políticos em regime de
patrão e empregado e noticiados por veículos descuidados ou cegos,
o que sobra é o histerismo das redes sociais.
Não há aquele que
tenha razão, em semelhante desinteligência.
A oposição ruiu.
Walter Biancardine