domingo, 13 de março de 2016

EDITORIAL – O DIA EM QUE O BRASIL DEMITIU UM GOVERNO -



Perdida, sozinha e acuada, a única reação da Presidente Dilma Roussef diante da esmagadora massa de milhões de brasileiros contra tudo que ela representa foi emitir nota pessoal, queixando-se de uma pichação feita na sede da UNE, uma entidade privada, bem como de uma suposta ação truculenta da PM de São Paulo em ato de apoio á Lula – que igualmente não está, oficialmente, no Planalto. Este governo nada mais tem a nos dizer.

Tão sem palavras quanto a governante estavam os comentaristas dos noticiários das TV's que cobriram as manifestações, só que por razões diversas: diante de dois milhões de revoltados somente na Avenida Paulista, por exemplo, nada que dissessem poderia suplantar a força das imagens de um impressionante oceano de pessoas a exigir o fim imediato de uma era.

A notada ausência de militantes do PT, que habitualmente tentam confrontar as passeatas contra o governo, não se deveu apenas ao massivo número de indignados: foi mais uma prova que a esquerda não possui o dom da espontaneidade em suas manifestações. Por mais que aleguem ser expressões da vontade popular, tais aparições vermelhas só ganham as ruas quando assim ordenadas, e de maneira claramente orquestrada. Desta vez, sem governo e sem maestro, entocados e com medo, nada fizeram além de patéticos churrascos isolados.

Certamente os costumeiros imbecis digitais aparecerão para dizer as sandices de sempre, acusando a manifestação de “elitista, sem negros e só com loiros e coxinhas”. Além de idiota, tal argumento demonstra a eterna e má intenção de dividir, de trazer de volta o “nós contra eles”. Do mesmo modo e ainda atônitos, outros órfãos do Estado-Pai tentam fazer graça alegando que “querem tirar a Dilma para que o Michel assuma – Michel Teló” - o que apenas causa piedade.

Ficou claro, neste ato de 13 de março, que a indignação não é seletiva: Aécio foi vaiado, Alkmin foi vaiado e, é claro, Martha Suplicy também teve seu gordo quinhão de apupos. O PMDB e seu fisiologismo é hoje tão execrado quanto o sinônimo de crime chamado PT. O único nome louvado de maneira unânime pela monstruosa massa humana foi o do Juiz Sérgio Moro, e toda a busca de justiça que o mesmo representa. Igualmente a Polícia Federal também foi objeto de aplauso – e considerando o número de manifestantes em 22 estados da Federação, seria o suficiente para calar a boca de governistas em qualquer país do mundo.

Mas não estamos em qualquer país do mundo: estamos em um surreal Brasil, com um Congresso espantosamente letárgico diante dos fatos, ainda insistindo em barganhar vantagens ou fugas, e uma presidente da República que – fossemos outro país – esta noite estaria assinando sua renúncia, em respeito á vontade da absoluta e esmagadora maioria popular.

O recado está dado: o Brasil quer Dilma, Lula, o PT e todos os quadrilheiros presos e fora do governo já, imediatamente, e um processo de impeachment é demorado.

O que mais espera a cidadã Dilma Vana Russef? Que o país afunde mais ainda em uma recesssão que, hoje, já se iguala ao “crack” da bolsa de 1929? Que a indignação popular com sua insistência de poder atinja tal ponto que provoque quebra-quebras nas ruas e justifique um estado de sítio?

Ou que a segunda feira chegue e encontre milhões de brasileiros exaustos para, só então, anunciar que Lula será empossado ministro, se livrará da cadeia e assumirá como novo e virtual presidente do Brasil?

O Brasil gritou: “Dilma, você está demitida!” e ela fingiu que não ouviu.

Estaremos vivendo as vésperas de um golpe do PT?

Walter Biancardine