quinta-feira, 10 de março de 2016

OPOSIÇÃO: AMÉM PEZÃO, VADE RETRO ALAIR -


O governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, determinou recentemente que o pagamento se servidores ativos, inativos e pensionistas será realizado até o décimo dia útil do mês subsequente. 

A decisão foi publicada no Diário Oficial e já está em vigor, com o pagamento de fevereiro saindo no dia 11 de março e após o governador Pezão ter pedido a “compreensão” dos servidores públicos – sem merecer nenhuma observação ou crítica do deputado estadual por Cabo Frio, Janio Mendes, que critica acidamente medidas semelhantes adotadas pelo governo municipal.

A assessoria de imprensa do governo afirmou que o adiamento foi necessário "por causa do agravamento da crise financeira fluminense, provocada pelo aprofundamento da desaceleração da economia brasileira".

Crise causa greves, mas só agora
Semana passada, funcionários e alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizaram um protesto no primeiro dia de paralisação da instituição, votada em assembleia anteriormente.

No último dia 20 de fevereiro, em assembleia geral realizada no Clube Municipal, na Tijuca, profissionais de educação das escolas estaduais decidiram entrar em greve por tempo indeterminado.

De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro – SEPE/RJ – a decisão de paralisar as atividades foi tomada devido às últimas atitudes do governo estadual, que, além dos atrasos e parcelamentos nos vencimentos, mudou o calendário de pagamentos para, na ocasião da deflagração da greve, o sétimo dia útil. Além do mais, o governo enviou à Alerj projeto que prevê mudanças no sistema previdenciário do funcionalismo estadual.

A atitude do governador Pezão – que não foi criticado pelo deputado Janio Mendes – foi agravada pela nova data de recebimento ter sido novamente mudada, desta vez jogada para o décimo dia útil – e que, tal como seria de se esperar – não mereceu nenhum reparo do deputado cabofriense que, de maneira contraditória, apoia a greve do SEPE local e critica as ações municipais, em tudo semelhantes às de quaisquer governos em crise financeira.

Alerj autoriza Pezão a pegar empréstimo de R$ 1 bilhão no Banco do Brasil
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) também autorizou que o governo estadual pegue o empréstimo de R$ 1 bilhão para cobrir as dívidas do Rioprevidência. O crédito será feito com o Banco do Brasil e tem prazo de pagamento de 180 meses, carência de 12 meses e taxa de juros de 19,43% ao ano. Na sessão extraordinária, estavam presentes 61 dos 70 deputados da Casa.

Durante a sessão o vice-líder do governo, deputado Jânio Mendes, disse acreditar que as mudanças ajudaram a melhorar o projeto: “As emendas garantem a transparência, com a divulgação de relatórios sobre o uso dos recursos, e determinam que o dinheiro seja destinado exclusivamente para o pagamento de aposentados e pensionistas”, explicou, sem se lembrar de sua posição contra a reposição dos royalties pretendida por Cabo Frio – cidade que o elegeu – e que teria destinação semelhante.

OPINIÃO - Rio está mal, mas melhor que Cabo Frio
A presidente Dilma Rousseff já havia aprovado anteriormente um crédito de R$ 3,5 bilhões para ajudar o Estado do Rio a desafogar as contas até o fim do ano. O aporte é usado para diminuir o rombo de R$ 12 bilhões do Rioprevidência, fruto exatamente de uma antecipação da receita de royalties de petróleo do estado, que compensa a queda da arrecadação em 2015 por causa do recuo expressivo do preço do produto – a coincidência com a situação de Cabo Frio faz o leitor pensar: “Por quê para o Rio o deputado apoia, mas para sua cidade natal, não?”.

A verdade é que o distinto parlamentar não consegue explicar por que aqui, em nossa cidade, ele colheu – publicamente e de maneira espalhafatosa – assinaturas visando impedir o acesso a um direito enquanto na Alerj, sem respeitar a coerência e contrariando o bom senso, vota favorável em toda e qualquer ação do governo Pezão.

Exemplos? O voto do deputado à favor das contas do ano de 2014, da dupla Cabral/Pezão, apesar das graves denúncias de irregularidades nas mesmas.

Outro exemplo? Em 31 de março deste ano o nobre deputado votou favoravelmente ao empréstimo de 6 bilhões – mais um – e ainda enfiou no mesmo um projeto para ampliar serviços de radioterapia. Pois bem, o tal projeto foi vetado pelo governador Pezão e o sr. Janio – pasme – votou pela manutenção do veto! Ou seja, votou contra si mesmo!

Para sairmos do assunto “empréstimo”, abordemos então a questão da educação: o deputado é fervoroso defensor das ações do mais espúrio dos sindicatos, o SEPE/Lagos, que deflagrou uma greve em data absurda, com duração exagerada e com seu apoio. As causas do movimento são, principalmente, os atrasos no recebimento de salários.

Pois este mesmo deputado sequer consegue corar ao passear indiferente diante da situação dos igualmente professores – só que, palavra mágica, estaduais – com salários postergados por força de lei! E quem aprova estas leis?

Ao fim e ao cabo de todo o desgastante e desnecessário espetáculo de confissão de culpa trazido à público pelo SEPE – quando acusávamos o mesmo de empregar métodos determinados por instâncias superiores, ou mesmo quando denunciávamos o apoio dos Mendes cabofrienses – por diversas vezes sofremos a pecha de “paranóicos”, que estaríamos vendo conspirações em todos os lugares.

Pois com a sequência de matérias encerrada por esta, esperamos ter demonstrado claramente ao povo de Cabo Frio que – à parte as dificuldades financeiras da cidade – que o movimento do SEPE foi um ato político, desastroso para ele mesmo, mas foi.

Contou com gente treinada para a guerra psicológica nas redes sociais. Contou com apoio logístico de barracas, alimentos e, principalmente, dinheiro – pois deve á Justiça agora cerca de um milhão de reais pelo descumprimento da determinação judicial de retorno às aulas na data aprazada, mas parece tranquilo quanto a isso.

E contou também, como demonstramos, com o apoio político de um deputado que esperava ser o principal beneficiário de todo este horror.

O deputado escorrega para fora discretamente, enquanto o SEPE terá de se explicar ao Conselho Tutelar sobre o que aconselhavam que mães e pais fizessem com seus filhos em casa, ao saírem para o trabalho.

O deputado escorrega deixando a conta de um milhão de reais, devidos á Justiça, para o SEPE pagar.
O deputado escorrega, mas o SEPE escorrega também: fechado em copas, silencioso, apenas aguarda a poeira assentar pois prometeram mais baderna ao povo de Cabo Frio.

E ela virá.

Walter Biancardine.