Todo e qualquer
cidadão, no gozo de seus direitos políticos, tem o direito
constitucional de candidatar-se a qualquer cargo eletivo, no Brasil.
Por outro lado, ao
enveredar pela luta nas tribunas ou administrações municipais,
estaduais ou Federal, exige-se do mesmo um mínimo de coerência, boa
fé para com os eleitores e transparência em seus atos e,
principalmente, em suas intenções.
Todos já ficamos
com um sabor amargo de desilusão ao sermos noticiados da intenção
de candidatar-se à algo manifestada por atores, desportistas ou
mesmo protagonistas de acontecimentos de grande repercussão. Não
que os mesmos não possuam este direito sagrado, mas pela sempre
presente suspeita de que poderiam estar usando sua fama como carona
eleitoral.
No caso de um
desportista, por exemplo, pode-se aceitar de maneira mais fácil pois
é pouco provável que a fome de gols de um futebolista famoso tenha
como alvo uma futura candidatura. Entre a classe artística já
caminhamos no fio da navalha, pois no teor de canções ou pelo tipo
preferencial de personagens desempenhados, pode-se emprestar – de
maneira sub reptícia – uma aura ideológica àquele que os
desempenha.
Já os que adquirem
notoriedade pelo engajamento em ONG's, movimentos sociais, sindicatos
ou associações beneficentes deverão, obrigatoriamente, ter um
comportamento quase monástico – e este raciocínio vale igualmente
para jornalistas políticos – no que tange às suas possíveis
aspirações eleitorais.
Não há como o
cabofriense não sentir-se enganado, vítima de um verdadeiro conto
do vigário em sua boa fé, ao termos agora a confirmação da
candidatura de pessoas que, até recentemente, juravam de pés juntos
que seus atos públicos – repletos de repercussão nas mídias –
possuíam apenas intenções classistas, sociais, em suma: a melhor
das intenções.
Repetimos: é
direito de todo e qualquer cidadão candidatar-se a qualquer cargo
público.
Mas também é
direito do eleitor repudiar aqueles que já iniciam sua carreira
através da farsa.
Walter Biancardine