sábado, 19 de março de 2016

UMA BADERNA ONDE NINGUÉM TEM RAZÃO – Ciro Gomes, Lupi e Janio se envolvem em barraco com o SEPE


* Video extraido do RC24Hs

Na noite de ontem (18/03) o ex-ministro e presidente do PDT, Carlos Lupi, compareceu a um evento organizado pelo deputado estadual e pré-candidato a prefeito, Janio Mendes (PDT), como convidado de uma palestra que seria proferida pelo pré-candidato a presidente da República, Ciro Gomes (PDT).

Em frente ao local do evento, clube Costa Azul em Cabo Frio, uma ala independente de professores do SEPE – atualmente dividido – protestava contra a conduta politica de Janio Mendes, apoiando as ações contra o prefeito de Cabo Frio mas votando contra a greve estadual da classe na Alerj.

Segundo relatos o pré candidato Ciro Gomes, ao sair do clube Costa Azul, teria se dirigido juntamente com Carlos Lupi aos manifestantes. Lupi teria segurado o rosto da manifestante com as mãos e, ao não conseguir contê-la, teria xingando a menina de "putinha", por várias vezes.

A adolescente, que teve o nome preservado, compareceu com sua mãe na 126ª DP e prestou queixa, onde foi lavrado Boletim de Ocorrência (B.O.) contra Lupi.

A repercussão -
A professora Denise Alvarenga Azevedo fez em rede social longo relato de sua versão dos fatos:

"Machista, covarde e agressor.
Estávamos no ato, no Costa Azul Iate Clube, contra o vice-lider do governo Pezão, deputado da cidade Janio Mendes e cantávamos palavras de ordem e explicávamos à população que o Governo Pezão ataca trabalhadores e precariza serviços que prejudicam à população.

Tudo estava tranquilo quando no fim do evento do PDT, o senhor Ciro Gomes veio até mim perguntando se era eu que queria falar com ele. Nós estávamos cantando "pensa que me enrola" e continuamos cantando. Ele insistia com a pergunta: é vc que quer falar comigo? Numa atitude provocativa. Ao meu lado, o presidente do PDT, sr. Carlos Lupi, segurou a cabeça de uma estudante, com força, com as duas mãos como quem puxa para dar um beijo. Ela tirou as mãos dele e disse: me larga. Ele então meteu a mão no rosto dela e a chamou de putinha. Ela disse: está me chamando de que? Ele disse: putinha! E repetiu várias vezes.

Muito triste testemunhar um ato covarde, machista e desequilibrado desse senhor!! A aluna ligou para mãe que decidiu ir à delegacia fazer o B.O.

Agressores, NÃO PASSARÃO!! Machistas, NÃO PASSARÃO!!" -

Professora Denise Alvarenga Azevedo

Foto: SEPE/Lagos
Na foto acima, tirada no momento da suposta agressão, aparece o professor e blogueiro Totonho, juntamente com outros integrantes que, tal como ele, aparentam estar rindo no momento em que a adolescente era confrontada com Carlos Lupi.

Estranhamente ausentes do evento o professor, pré candidato a vereador e militante do SEPE Rafael Peçanha (PDT) e sua esposa professora e sobrinha/filha do Janio, Lívia Mendes (PDT), não testemunharam o fato, mas através de seu blog, o pré candidato emitiu nota:

No que se refere ao ocorrido no encerramento do evento realizado no Clube Costa Azul, na noite de ontem, é preciso deixar claros alguns pontos em relação ao meu posicionamento, de forma simples, direta e objetiva, como sempre fiz:

1) Toda manifestação de trabalhadores é livre e democrática. De muitas delas participo com minha família e, independente da demanda, são sempre justas, e receberão sempre meu apoio, e sempre que possível, minha presença, enquanto instrumento de luta pelos direitos e pela cidadania;

2) De igual maneira, toda realização de evento aberto ao público para debate de ideias, como o de ontem, no qual não pude estar presente, é digno de meu apoio, em que pese qualquer discordância acerca do posicionamento político ou do temperamento do personagem Ciro Gomes, já que é de consenso ser o mesmo, de toda sorte, cidadão tecnicamente preparado para dissertar temas de interesse e necessidade atuais, inclusive, por sua formação acadêmica;

3) Repudio veementemente toda e qualquer agressão, incitação, provocação, ameaça, xingamento, ofensa, simulação ou ação semelhante que parta de qualquer indivíduo contra outro, como ocorreu na noite de ontem. E repudio essas atitudes independente de onde elas partam: seja do presidente do partido; de um companheiro sindicalista; e até de meus próprios pais, filhos e esposa se for preciso, pois nenhuma relação pessoal ou política pode me cegar sobre meu posicionamento contrário a esse tipo de postura.

4) Nesse sentido, não enxergo nenhum constrangimento em dizer que repudio categoricamente e veementemente qualquer desnecessária e irresponsável atitude que possa ter sido realizada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, nessa direção, cabendo às autoridades policiais investigarem a fundo o fato, concluindo ou não pela sua veracidade, a partir da juntada de provas, oitivas de testemunhas e direito ao contraditório como ordena a boa democracia e a justiça.

5) Reafirmo, finalmente, meus compromissos: com a dignidade e o respeito à mulher de forma sagrada; com o combate a todo e qualquer tipo de machismo; com a busca da verdade dos fatos, doa a quem doer, independente de qualquer relação; com toda luta dos trabalhadores pelos seus direitos, especialmente a dos profissionais da educação, em qualquer esfera de poder - municipal, estadual ou federal.

6) Finalizo lembrando que espero de todos os personagens desse episódio, seja de que lado estiverem, a mesma coerência e justiça que busquei, a meu modo, empreender neste texto. Cada cidadão é responsável por seus atos, e somente o indivíduo deve ser culpado por suas ações, sendo justo que pague por elas, sem que a culpa seja disseminada, compartilhada ou estendida a ninguém, membros ou não do partido, independente da posição que ocupe ou da relação que tenha comigo ou com você, onde cito especialmente o deputado Janio Mendes, que atuou de forma diplomática e republicana ao encontrar os manifestantes na entrada e na saída do evento, nem estando presente no momento do episódio em questão.

Do mesmo modo, o deputado Estadual Janio Mendes divulgou, através de sua assessoria, uma nota sobre o ocorrido:

Tendo em vista o ocorrido ao final da palestra: "Cabo Frio – Brasil: os desafios da próxima década", o deputado estadual vem a público esclarecer que:
1 - Foi com profunda tristeza, que ao final de um dos ricos e concorridos debates políticos, havidos nossa cidade, o deputado Janio foi informado pela direção do SEPE, do incidente ocorrido.

2 - Ainda nos preparativos do evento, o deputado foi informado pela mídia social, da manifestação programada e determinou a sua assessoria, que não acionasse qualquer tipo de segurança pública ou privada, diante da compreensão da liberdade de manifestação do pensamento e se preparou, para que caso o manifesto se desse no espaço do evento, fosse garantida a palavra a representante da categoria.

3 - Ao se dirigir ao local do evento, informou ao convidado que o manifesto era dirigido à sua pessoa, pedindo ao mesmo que se mantivesse tranquilo e certo que se tratavam de pessoas bem, na luta legítima por direitos. Chegando foi o primeiro, a cumprimentar a diretora Denise Teixeira, que se encontrava na porta, distribuindo panfletos, e se comprometeu a um debate sincero do tema.

4 - Durante o evento, teve a oportunidade de reunir na mesma plateia, pensamentos antagônicos, que estiveram em diferentes manifestações, mas que se respeitam e ouviram um palestrante que defendeu seus argumentos, respeitando as diferenças, fazendo intransigente defesa do estado democrático de direito, maior conquista da sociedade contemporânea.

5 - Por fim, caso tenha ocorrido qualquer forma de violência ou agressão o deputado a repudia veementemente, se solidariza aos agredidos, pede a devida apuração pela autoridade policial e reafirma seu compromisso com as liberdades se prontificando ao debate institucional, certo de que se não tivermos a disponibilidade e sabedoria do debate hoje, corremos o sério risco de estar impedido de o fazermos no futuro. A luta democrática, é pressuposto de diversidade de pensamento.

Assessoria de comunicação do deputado estadual Janio Mendes”

OPINIÃO – UMA BADERNA ONDE NINGUÉM TEM RAZÃO

Os acontecimentos patéticos havidos no convescote patrocinado pelo deputado Estadual Janio Mendes revelaram, de forma clara, o absoluto despreparo de todos os envolvidos – todos, sem exceção; dos políticos sem condições emocionais de debate, de um sindicato quase extinto e que apela para a clara provocação e confronto e até da mídia que o cobriu, oscilando entre a minimização do fato ou sua exploração sensacionalista.

As notas dos principais protagonistas do PDT divulgadas nesta matéria – Janio Mendes e Rafael Peçanha – são dignas da piedade e repulsa do eleitor, dada a rasteira subserviência de argumentos e ao claro pânico diante da possibilidade de escândalo que atrapalhe suas pretensões eleitorais.

Ambos desculpam-se e solidarizam-se com agredidos, sem ao menos terem visto o vídeo ou apurado com mais profundidade – a solidariedade é clara, focada na agressão física que poderia ser provada por imagens. Pouco falam sobre xingamentos – o que é até compreensível, dado o conhecido “nível” das manifestações do SEPE.

A risível nota de um agitador conhecido mostra o quão lívido, passado e assustado o mesmo se encontra, já que começa sua declaração obedecendo os moldes superiores de uma Dilma Roussef - “No que se refere...”. Derrama solidariedade à tudo e todos, mas jamais deixa de elogiar a “conduta diplomática” de seu padrinho Janio que, segundo o próprio – sequer presenciou a suposta agressão.

Janio não fica atrás, e ainda consegue a proeza de embutir velada propaganda de si mesmo em seu pedido de desculpas – desculpas pelo quê, mesmo?

Tal como jamais disfarçou a subserviência ao governo Estadual, segue a nota explicitando essa postura junto a um destemperado Ciro Gomes e ao chefe Lupi, pois que os dias são pré eleitorais e nada o impedirá de granjear o apoio pretendido – ainda que à custa de sua própria reputação.

Ambos, Rafael Peçanha e Janio Mendes, derramaram-se em desculpas por algo que não viram e não apuraram, em pleno desespero eleitoral.

Quanto ao SEPE, a postura abjeta é, e sempre será, a mesma: no video podemos ver claramente a atitude agressiva, confrontadora e desaforada – bem diferente de posturas contestadoras que seriam esperadas de sindicalistas – da militante envolvida no fato.

Pretende-se hoje dividir o SEPE em duas bandas: o SEPE bom e o SEPE mau, que pretenderia cargos eletivos. A verdade é uma só: ambos se perderam, em que pese a certeza de que o mesmo rachou, perdeu a identidade e abriga apenas palanques politicos. A “banda” que se manifestava em frente ao Costa Azul poderá não ter pretensões eleitorais mas age com a mesma má-fé politica de sua congênere: não há, no vídeo, nenhum tapa desferido pelo indigitado Lupi, conforme alardeado pela mesma ou pela sindicalista que a representava.

O que podemos ver nas imagens é a tentativa de Lupi em segurar a cabeça da manifestante – após a mesma peitar e desafiar o político – e, em sequência, vermos a mesma se abaixar no intuito de livrar-se do alegado “beijo”, segundo teria explicado Lupi.

Estas são as imagens, e contra as mesmas não há argumentos.

Por outro lado, a sonorização é precária e não se pode – de fato – aferir se houve xingamentos por parte de Carlos Lupi. Neste ponto, apenas a apuração testemunhal poderá esclarecer.

Para finalizar o horror, a cobertura da imprensa oscila entre o sensacionalismo explorador de tapas ou a cautela partidarizada dos que, disfarçadamente, passam ao largo de semelhante despreparo – de todos os envolvidos – sem fazer alarde.

Ao juntar-se sindicalistas agressivos e partidarizados com políticos em regime de patrão e empregado e noticiados por veículos descuidados ou cegos, o que sobra é o histerismo das redes sociais.

Não há aquele que tenha razão, em semelhante desinteligência.

A oposição ruiu.


Walter Biancardine