Inventada no 4º
Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes
Virtuais.
São núcleos de
militantes treinados para operar na internet, em publicações e
redes sociais, segundo orientações partidárias, e que permeou por
todas as organizações e partidos de esquerda no Brasil, tendo
chegado a Cabo Frio de maneira mais evidente na recente polêmica em
torno da greve politica do SEPE/Lagos.
Estes militantes
podem ser os conhecidos “Fakes” - perfis falsos em redes sociais
– como inclusive gente real, mas que se dedica a este tipo de
“guerrilha” por interesses pessoais; quase um “alugar-se como
soldado”. Do mesmo modo você poderá encontrá-los escrevendo em blogs, jornais ou até em programas de rádio e TV. Mas a linguagem os entrega: usam as mesmas expressões, termos e argumentos.
A ordem é fabricar
correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do
momento, tal como a greve do SEPE,por exemplo. E a ordem vem de cima:
um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma
coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com
variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em
massa de pseudônimos - os famosos "Fakes".
No fim da linha, um
“Pensador Coletivo” (o cara que controla os fakes) fala a mesma coisa em todos os lugares,
fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos – por
isso é um erro formar opiniões sobre qualquer assunto baseado em
comentários da internet, pois de modo nenhum significam maioria ou
senso comum.
Você pode não
saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias. Assim,
ao acessar seu Facebook e ver que, sobre um determinado assunto, uma
enxurrada de comentários praticamente domina o espaço, esteja
certo: esta não é a opinião da maioria e sim o rugir da guerra
virtual, pois o “Pensador Coletivo” se preocupa imensamente com
críticas ao objeto de sua missão: um partido, sindicato ou
ideologia.
Os sistemas
políticos pluralistas são sustentados pela dissonância: a crítica
é benéfica porque descortina problemas que não seriam enxergados
num regime monolítico. O “Pensador Coletivo” não concorda com
esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica
imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo
tecido social e destrua seus objetivos – coisa que o SEPE falhou,
pois apesar de seus “guerrilheiros virtuais”, a pressão da
indignação de pais e alunos sobrepujou os esforços dos militantes
para apontar a greve contra um adversário político.
Uma tática
preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses
de malévolos terceiros: um partido adversário, "a mídia",
"a burguesia", ser “portariado”, puxa saco de prefeitos
ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador
Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião
individual.
Suas fraquezas:
O MAV abomina
argumentos específicos e não é treinado para rebatê-los.
Seu centro político
não tem tempo para refletir sobre textos críticos e formular
réplicas substanciais. Os militantes difusores não têm a
sofisticação intelectual indispensável para refrasear sentenças
complexas. Você está diante de um MAV quando se depara com fórmulas
genéricas exibidas como refutações de argumentos específicos. O
uso dos termos "elitista", "preconceituoso" e
"privatizante", assim como suas variantes, é um forte
indício de que seu interlocutor não é um indivíduo, mas o
Pensador Coletivo que é incapaz de debater. E esta é sua fraqueza.
No seu mundo ideal,
os dissidentes seriam enxotados da praça pública.
Como, no mundo real,
eles circulam por aí, a alternativa é pregar-lhes o rótulo de
"inimigos do povo". Você provavelmente conversa com um MAV
quando, no lugar de uma resposta argumentada, encontra qualificativos
desairosos dirigidos contra o autor de uma crítica cujo conteúdo é
ignorado. "Direitista", "reacionário" e
"racista" são as ofensas do manual, mas existem outras. Um
expediente comum é adicionar ao impropério a acusação de que o
crítico "dissemina o ódio".
O Pensador Coletivo
– seja ele um fake ou pessoa de carne e osso – é uma máquina
política regida pela lógica da eficiência, não pela ética do
intercâmbio de ideias. Por isso, ele nunca se deixa enfrentar pela
exigência de consistência argumentativa: ele simplesmente foge do
assunto.
Vocês serão sempre
espionados, monitorados e, como se diz por aí, “trolados” por um
grupo organizado. Que fique claro: não são indivíduos debatendo em
defesa de um sindicato. Trata-se de uma tropa de assalto à livre
expressão e, não raro, de uma agressividade asquerosa.
Pagos com dinheiro público -
Esse trabalho é
financiado com dinheiro público, que financia uma campanha suja, de interesse de uma legenda, de um
político, de um grupo ou mesmo de um sindicato. Assim, é
praticamente impossível fazer um debate honesto, entre indivíduos,
em áreas de comentários de páginas abertas ao público como o
Facebook.
Como combater:
A maneira de
combatê-los? Desmascare-os através de questões específicas,
insistentemente. Nunca desista de sua pergunta nem permita que mudem
de assunto, mesmo as custas de ofensas pessoais para desviar de alvo.
Insista e mostre a todos que participam do debate que o MAV não está
ali expressando sua indignação, mas sim trabalhando á troco de
dinheiro ou favores políticos.
Não se deixe
impressionar pelo volume de “pessoas” contra seus argumentos:
nenhum deles será capaz de rebater você com idéias, apenas com frases
determinadas por superiores – e se calarão diante de questões
específicas, repetidas com insistência por você.
Desmascarar um MAV –
ainda mais do SEPE – é fácil: basta ter estômago e paciência.
Walter Biancardine