terça-feira, 8 de março de 2016

Guerrilha virtual – O que são os MAV's do SEPE?



Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais.
São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias, e que permeou por todas as organizações e partidos de esquerda no Brasil, tendo chegado a Cabo Frio de maneira mais evidente na recente polêmica em torno da greve politica do SEPE/Lagos.

Estes militantes podem ser os conhecidos “Fakes” - perfis falsos em redes sociais – como inclusive gente real, mas que se dedica a este tipo de “guerrilha” por interesses pessoais; quase um “alugar-se como soldado”. Do mesmo modo você poderá encontrá-los escrevendo em blogs, jornais ou até em programas de rádio e TV. Mas a linguagem os entrega: usam as mesmas expressões, termos e argumentos.

A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento, tal como a greve do SEPE,por exemplo. E a ordem vem de cima: um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos - os famosos "Fakes".

No fim da linha, um “Pensador Coletivo” (o cara que controla os fakes) fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos – por isso é um erro formar opiniões sobre qualquer assunto baseado em comentários da internet, pois de modo nenhum significam maioria ou senso comum.

Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias. Assim, ao acessar seu Facebook e ver que, sobre um determinado assunto, uma enxurrada de comentários praticamente domina o espaço, esteja certo: esta não é a opinião da maioria e sim o rugir da guerra virtual, pois o “Pensador Coletivo” se preocupa imensamente com críticas ao objeto de sua missão: um partido, sindicato ou ideologia.

Os sistemas políticos pluralistas são sustentados pela dissonância: a crítica é benéfica porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O “Pensador Coletivo” não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social e destrua seus objetivos – coisa que o SEPE falhou, pois apesar de seus “guerrilheiros virtuais”, a pressão da indignação de pais e alunos sobrepujou os esforços dos militantes para apontar a greve contra um adversário político.

Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, "a mídia", "a burguesia", ser “portariado”, puxa saco de prefeitos ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.

Suas fraquezas:
O MAV abomina argumentos específicos e não é treinado para rebatê-los.
Seu centro político não tem tempo para refletir sobre textos críticos e formular réplicas substanciais. Os militantes difusores não têm a sofisticação intelectual indispensável para refrasear sentenças complexas. Você está diante de um MAV quando se depara com fórmulas genéricas exibidas como refutações de argumentos específicos. O uso dos termos "elitista", "preconceituoso" e "privatizante", assim como suas variantes, é um forte indício de que seu interlocutor não é um indivíduo, mas o Pensador Coletivo que é incapaz de debater. E esta é sua fraqueza.

No seu mundo ideal, os dissidentes seriam enxotados da praça pública.
Como, no mundo real, eles circulam por aí, a alternativa é pregar-lhes o rótulo de "inimigos do povo". Você provavelmente conversa com um MAV quando, no lugar de uma resposta argumentada, encontra qualificativos desairosos dirigidos contra o autor de uma crítica cujo conteúdo é ignorado. "Direitista", "reacionário" e "racista" são as ofensas do manual, mas existem outras. Um expediente comum é adicionar ao impropério a acusação de que o crítico "dissemina o ódio".

O Pensador Coletivo – seja ele um fake ou pessoa de carne e osso – é uma máquina política regida pela lógica da eficiência, não pela ética do intercâmbio de ideias. Por isso, ele nunca se deixa enfrentar pela exigência de consistência argumentativa: ele simplesmente foge do assunto.

Vocês serão sempre espionados, monitorados e, como se diz por aí, “trolados” por um grupo organizado. Que fique claro: não são indivíduos debatendo em defesa de um sindicato. Trata-se de uma tropa de assalto à livre expressão e, não raro, de uma agressividade asquerosa.

Pagos com dinheiro público -
Esse trabalho é financiado com dinheiro público, que financia uma campanha suja, de interesse de uma legenda, de um político, de um grupo ou mesmo de um sindicato. Assim, é praticamente impossível fazer um debate honesto, entre indivíduos, em áreas de comentários de páginas abertas ao público como o Facebook.

Como combater:
A maneira de combatê-los? Desmascare-os através de questões específicas, insistentemente. Nunca desista de sua pergunta nem permita que mudem de assunto, mesmo as custas de ofensas pessoais para desviar de alvo. Insista e mostre a todos que participam do debate que o MAV não está ali expressando sua indignação, mas sim trabalhando á troco de dinheiro ou favores políticos.

Não se deixe impressionar pelo volume de “pessoas” contra seus argumentos: nenhum deles será capaz de rebater você com idéias, apenas com frases determinadas por superiores – e se calarão diante de questões específicas, repetidas com insistência por você.

Desmascarar um MAV – ainda mais do SEPE – é fácil: basta ter estômago e paciência.

Walter Biancardine